quarta-feira, 14 de maio de 2014

O Corpo Mental Superior.

(C.008) O curso de introdução ao pensamento teosófico avança para completarmos o setenário humano. Dessa vez meditaremos no Corpo Mental Superior ou Manas Superior em (uma antiga língua hindu) sânscrito. Entraremos agora na chamada tríade superior constituída do Manas superior que tipifica nossa alma humana, Buddhi que representa nossa alma divina e Atma que é o espírito universal ou consciência cósmica. O filósofo grego Platão (428 AC 347) concebia o homem em três distintas partes que eram: o corpo, a alma e o espírito, bem antes do Apóstolo São Paulo (5 DC 67) falar em I Tessalonicenses 5: 23 "O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo e, o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis". Muitos cristãos pensam que os grandes mistérios humanos foram primeiramente semeados nas Sagradas Escrituras Cristãs, um equívoco pois quando estudamos as principais religiões mundiais vemos que há uma fio que conduz todas as verdades, passando por cada uma das tradições espirituais com formas, maneiras e práticas diferentes. A germinação das verdades pela Sabedoria Divina ou gnose como os antigos sábios a chamavam vem dos primórdios distantes, mas milagrosamente esses mistérios menores e maiores foram conservados intactos até hoje. Vamos refletir agora sobre uma famosa narrativa grega chamada de O Mito de Eros. Os dois principais personagens dessa fábula são: Eros o deus do amor ou Cupido e Psique uma das mais belas mortais que havia na época. O conto tem características de um drama pois, a mãe de Eros que se chamava Afrodite a deusa da beleza e do amor enciumada por Psique está sendo mais cortejada e apreciada pelos homens resolve arquitetar um plano onde uma terrível criatura (uma serpente) se apaixonaria por ela prendendo-a em um castelo. O responsável por aplicar o plano era seu filho Eros que devia atingir o réptil com sua flecha encantada, mas acidentalmente fere-se com sua própria seta. Assim acaba enamorando-se de Psique. O rei Menelau pai de Psique tinha mais duas filhas que já eram casadas e nem de longe chegavam na beleza de Psique. Preocupado com Psique seu pai foi consultar o Oráculo de Apolo sobre a situação e o Oráculo influenciado pelo semideus Eros disse a Minelau que o destino de sua filha era ficar com uma assustadora serpente em um palácio sobre uma montanha. Conformado com o vaticínio Psique foi levada a uma alta montanha e cansada da subida adormece sendo levada pelas asas do vento Zéfiro para o suntuoso palácio. Como Eros nada falou sobre o incidente com sua mãe ele assumiu a proteção de Psique no palácio. Assim os dois estavam junto e comunicavam-se apenas audivelmente pois Eros se mantinha invisível, mas quando se amavam Psique o percebia sem contemplar o rosto do seu amado sendo esse um segredo que nunca deveria ser desvendado. Psique por está isolada no palácio sente saudades da família e pede autorização à Eros para visitá-los, mas ele a adverte quanto a inveja de suas irmãs. Estando em casa suas irmãs falam que o personagem misterioso que mora com ela é na verdade uma monstruosa serpente e apenas aguarda o momento oportuno para matá-la. Retornando ao palácio Psique induzida pelas irmãs espera que seu amado adormeça para conhecer sua verdadeira identidade e para isso usaria uma lamparina com azeite e uma faca caso se confirmasse a previsão das irmãs. Quando Eros entrega-se a um profundo sono Psique com a luz reconhece que a beleza de seu amado é indescritível, mas deixa cair um pingo de azeite no ombro dele e isso o faz despertar. Vendo seu mistério revelado Eros enlouquece e foge gritando repentinamente: a amor não sobrevive sem confiança. Até aqui é a metade do conto, mas vou parar. Adiantando a narrativa do conto os dois se reencontram novamente e casam-se. Psique recebe permissão de Zeus deus do Olimpo para tornar-se uma semideusa e tem uma filha que foi chamada de Prazer. A alegoria é agora necessária para pontuarmos algumas questões. Primeiro as filhas do rei Menelau representam nossa constituição humana: o corpo físico, o corpo mental e o corpo emocional. Psique simboliza nossos pensamentos, desejos, vontades, sentimentos, prazeres e tudo que diz respeito ao mundo terrenal. A necessidade de conquistarmos aquilo que produzirá satisfação e alegria numa comodidade que tem o propósito de realizar o equilíbrio mental, mas geralmente isso é inverossímil pois demonstra a interminável guerra dos conflitos interiores. O Corpo Mental Superior é exemplificado por Eros. Esse corpo está na parte espiritual do homem onde se evidencia a luta entre o material e o espiritual. São Paulo na epístola aos Gálatas 5: 17 diz: "Porque a carne cobiça contra o Espírito e o espírito contra a carne e, estes opõem-se um ao outro para que não façais o que quereis". O misticismo oculto costuma comparar o homem como uma carruagem puxada por três cavalos. O cocheiro é o corpo mental superior tentando controlar os cavalos que são o corpo físico, o corpo mental inferior e o corpo emocional, conduzi-los numa mesma direção mas, na experiência isso não é fácil. A carruagem nos levará ao destino (devachan) para continuarmos nosso processo evolutivo. II Reis 2: 11 "E sucedeu que indo eles (Elias e Eliseu) andando e falando eis que, uma carruagem de fogo com cavalos de fogo os  separou". A menção da serpente na narrativa do conto leva-nos a pensar no Jardim do Éden. Os orientalistas tem um conceito diferente do nosso em relação a serpente pois no misticismo esotérico este réptil simboliza a eternidade, imortalidade e a regeneração. No filme O Pequeno Buda (1993) do diretor: Bernardo Bertolucci uma cena chama a atenção quando em seu processo de iluminação numa posição de meditação surge sobre a cabeça de Sidarta Gautama (563 AC 483) uma serpente. Os orientalistas entendem este réptil como símbolo da sabedoria exemplo disso é que as profissões na civilização ocidental como medicina, nutrição e farmácia usam este conceito em seus emblemas (cobra) representativos. O princípio místico da volta a origem completando o ciclo evolucionário da vida é tipificado pela serpente que com sua cabeça alcança a própria calda. Cogitando na alegoria da cobra no Jardim do Éden não há a conotação negativamente dogmática compreendida pelos teólogos cristãos. A árvore do conhecimento do bem e do mal sugerida pela serpente para ser comida por Eva não era tão ruim assim, pois dentro do pensamento evolucionista tanto Adão como Eva poderiam sair do estado de inocência e começar a vivenciar o livre arbítrio da consciência concreta e abstrata, um desenvolvimento intelectual que não seria possível caso o fruto não fosse comido. O lado ruim do fruto tipificado pelo mal precisava aparecer, pois só desta maneira o homem saberia distinguir nas circunstâncias diárias o melhor para sua existência. Deus nunca quis controlar o homem ou manipulá-lo, em sua presciência usou o livre arbítrio e a predestinação para efetivá-lo como ser único e singular, a volta para nossa origem pela lei da causa e do efeito (carma) produzindo a escolha humana como instrumento para individualização da personalidade. O bem e o mal são mecanismo para definirmos nossa (dharma) missão divina nesta terra. Como ainda estamos nesse corpo terreno devemos esforçar-nos para alcançarmos o desapego da materialidade mundana, elevando nossa alma espiritual à Consciência Cósmica para através da fraternidade e filantropia junto ao outro, vivamos pela meditação, contemplação e oração os nossos méritos e beatitudes, diminuindo os vícios e deméritos para um ajuste compensatório nas reencarnações futuras. Saúde. Davi.   

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