Religião Afro-brasileira. Umbanda. Livro Código de Umbanda. Por Rubens Saraceni (1951-2015). OS MISTÉRIOS. Parte IV, Pessoas despreparadas, mas motivadas, ora pelo ego, ora pela vontade de ensinar, acabaram por bloquear um código aceitável que norteasse a nascente religião regida pelos mesmos Orixás. Cultuados pelos gregos, fenícios, egípcios, hindus, chineses, japoneses, indonésios etc. Que regem tanto o Candomblé como as religiões dos nossos irmãos da África. Se insistirmos no assunto “Mistério” é porque ele é importantíssimo para o entendimento da religiosidade. A Umbanda recorre em seu ritual prático a muitas divindades, umas opostas as outras quando estudamos os seus mistérios. Mas que se manifestam em um mesmo espaço dedicado as práticas religiosas. Se estudarmos o mistério “Ogum do Fogo”, descobrimos que o ar e o fogo são seus elementos básicos. No elemento ar, ele é ordenador da Lei, e no elemento fogo é aplicador da justiça. Contudo, se estudamos o mistério “Oxum das Cachoeiras”, descobrimos que o mineral, a água e o ar são seus elementos básicos. No elemento mineral, ela é energizadora, no elemento água, é geradora, no elemento ar é purificadora. Então, sabendo de tudo isso, perguntamo-nos por que as encantadas da Orixá Oxum das Cachoeiras formam, naturalmente, pares vibratórios com os encantados do Orixá Ogum do Fogo. Já que o fogo é diluidor da energia mineral, é antagônico a energia aquática e consome a energia ar, da qual se alimenta. O estudo dos mistérios nos mostra que todo Ogum é ar na sua essência original, e que o Ogum do Fogo usa dessa energia. Todavia a manipula conforme suas necessidades, já que tanto o alimenta quanto o enfraquece, sempre de acordo com as necessidades de seu mistério ordenador ou da Lei. Mostra-nos, que, justamente por ele não ser fogo, porém por controlá-lo naturalmente, então forma um par energético ideal com Oxum das Cachoeiras. Irradiando seu elemento básico (mineral) muito mais facilmente quando é “aquecido” pelo fogo. Irradiado na forma de calor por Ogum, e não como chamas que só Xangó consegue irradiar. O fogo do Ogum do Fogo chega a Oxum das Cachoeiras como o calor que ele irradia através de seu elemento básico ar. Este calor não altera o composto energético das irradiações da Oxum das Cachoeiras, porque aquece seu mineral, sua água e seu ar, dando-lhe maior mobilidade ou aumentando seu padrão vibratório. Sem alterar a energia composta que flui junto com suas irradiações. Adquirindo maior mobilidade, ela aumenta seu campo de ação e, aumentando sua vibração, ela realiza mais rapidamente o que seus fiéis lhe solicitam, energizando-os com muito mais intensidade. Já um Xangô tem como elemento básico o fogo, irradiando sua energia na forma de chamas, que chegam ao elemento básico mineral de Oxum por meio do elemento ar. Formando o composto energético irradiado por ela, mas por ele consumido, porque precisa dele para aumentar sua temperatura e tornar “líquido” o mineral. Que maleável, fluirá através do elemento água, junto com o mineral e o ar, formando a energia composta irradiada pelo seu mistério. O Ogum do Fogo dá mobilidade ao mineral de Oxum das Cachoeiras, aquecendo seu ar e sua água. Já Xangó do Fogo precisa consumir o ar dela para diluir seu mineral e aquecer sua água. Intensificando suas vibrações e acelerando suas irradiações energéticas. É dessa maneira que as lendas devem ser interpretadas, e não como querem alguns, que nada entenderam e dão as “ligações” elementais a interpretação de procedimentos humanos. Parece complicado, não? Pois saibam que é mesmo. E por isso a doutrina de Umbanda repele as codificações espúrias feitas ao sabor das vaidades dos médiuns dotados de pouco ou nenhum conhecimento a respeito da natureza elemental básica dos Orixás. Ou acerca dos seus mistérios e das energias puras ou compostas que eles irradiam. Divindades naturais, Orixás e mistérios de Deus são sinônimos. Não será fundamentado nas lendas e em um intelectualismo sofista que o Ritual de Umbanda Sagrada concretizará, no plano material, os conhecimentos fundamentais que sua doutrina precisa transmitir aos médiuns. Manipuladores dos mistérios dos Orixás, invocados nos trabalhos práticos por intermédio dos nomes simbólicos adotados pelo Ritual de Umbanda Sagrada. Quando um médium invoca um Orixá – Xangó, por exemplo – tanto pode chamar pelo Senhor da Justiça Divina, o Orixá maior, como pode invocar o regente de um dos mistérios da Justiça Divina, Xangó das Pedreiras, por exemplo. Logo, a hierarquia existe, é ativa e ocupa todos os níveis vibratórios das irradiações da Justiça Divina. Esse conhecimento não é visível por intermédio do estudo das lendas ou dos mitos, mas sim por meio da correta interpretação do mistério de Deus denominado “Justiça Divina”. Mas a doutrina de Umbanda estudou esse mistério e encontrou em cada um dos Orixás Xangós os manifestadores dos mistérios derivados do mistério “Justiça Divina”. Em que cada um atua como seu irradiador nas linhas regidas pelos outros senhores Orixás dos elementos. No elemento fogo é o Xangó do Fogo que atua. No elemento ar é o Xangó das Águas que atua. No elemento água é o Xangó das Águas que atua. No elemento terra é o Xangó da terra que atua. No elemento vegetal é o Xangó Vegetal que atua. No elemento mineral é o Xangó das Pedras que atua. No elemento cristalino é o Xangó do Tempo que atua. Cada um desses Xangós intermediários atua na irradiação desses elementos, que possuem vibrações próprias, pois são originados desses elementos, que possuem vibrações próprias, uma vez que são originados de essências diferentes. Eles também recebem nomes simbólicos pelos quais são invocados durante os trabalhos práticos realizados pelos médiuns. Cada um deles possui suas hierarquias intermediadoras que atuam na horizontal, ou nível terra. Onde nós nos localizamos juntamente com todos os espíritos. As vezes, os médiuns encontram dificuldades para interpretar corretamente os nomes simbólicos dos Orixás, já que lhes falta este conhecimento, que não está a disposição em livros que abordam os Orixás. Por isso, recomendamos estudarem com atenção os nomes simbólicos das linhas de caboclos e de exus. Eles são as chaves para os mistérios ocultados pelos nomes simbólicos dos Orixás. 1. Essência cristalina: irradiação dos mistérios da Fé. 2. Essência mineral: irradiação dos mistérios da Amor. 3. Essência vegetal: irradiação dos mistérios do Conhecimento. 4. Essência ígnea: irradiação dos mistérios da Justiça. 5. Essência eólica: irradiação dos mistérios da Lei. 6. Essência telúrica: irradiação dos mistérios da Evolução. 7. Essência aquática: irradiação dos mistérios da Geração. O Xangó ancestral é em si mesmo a irradiação da Justiça Divina, emitindo-a para as outras irradiações divinas por intermédio de seus Orixás Xangós intermediários. O Xangó do Fogo é o irradiador para a própria linha da justiça ou faixa vibratória por onde flui a irradiação pura ou elemental do fogo da Justiça Divina, purificador dos excessos. O Xangó do Tempo é o irradiador da Justiça Divina para a linha cristalina ou vibratória da Fé, regida por Oxalá e Oyá-Tempo. O Xangô das Pedras é o irradiador da Justiça Divina para a linha mineral ou vibratória do Amor e da Concepção, regida por Oxum e Oxumaré. O Xangô Vegetal é o irradiador da Justiça Divina para a linha vegetal ou vibratória do Conhecimento, regida por Oxóssi-Obá. O Xangô dos Raios é o irradiador da Justiça Divina para a linha do ar ou vibratória da Lei, regida por Ogum e Egunitá. O Xangô da Terra é o irradiador da Justiça Divina para a linha da terra ou vibratória da Evolução, regida por Obaluaiê e Nanã Buruquê. O Xangô da Água é o irradiador da Justiça Divina para a linha da água ou vibratória da Geração, regida por Iemanjá e Omolu. Esses sete Xangôs são divindades ou Orixás intermediários do mistério “Justiça Divina” regido pelo ancestral Orixá Xangô, um mistério de Deus em si mesmo. Eles irradiam os mistérios da Justiça Divina para as linhas de forças regidas por outros Orixás e nelas, com suas irradiações já incorporados, fluem naturalmente distribuindo a Justiça Divina. Isso significa que eles não aplicam “pessoalmente” a Justiça Divina, contudo sim que a irradiam e a fazem fluir junto com as vibrações dos Orixás Regentes das linhas de forças que irradiam outros mistérios de Deus. Um Orixá não entra pessoalmente na faixa vibratória dos outros, pois não é preciso. Ele é um mistério em si mesmo e irradia continuamente um padrão específico que interpreta todas as faixas, ainda que sejam de diferentes graus vibratórios. As faixas vibratórias localizam-se na horizontal e as irradiações divinas ou dos Orixás acontecem na vertical. Aqui só mostramos um pouco do conhecimento ainda não aberto a Umbanda praticada nas tendas, porém todo ele já codificado como noção fundamental do Ritual de Umbanda Sagrada e ensinado e ensinado nas escolas iniciáticas existentes no astral. O tempo possibilitará que esse conhecimento seja trazido para o plano material e assimilado pelos estudiosos dos mistérios. Automaticamente, as construções falaciosas surgidas de tempo em tempo cederão lugar a uma doutrina uniforme também no plano material, no entanto, ainda estamos no experimentalismo religioso. E se não adquirirem aqui, no plano material, certamente adquirirão no plano espiritual. Tudo é uma questão de tempo, e o primeiro passo foi dado quando se religaram as hierarquias de Umbanda. Abraço. Davi.
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