Islamismo. Livro Manual para
o Novo Muçulmano. Por Jamaal Zarabozo (1960 - ). A RELIGIÃO DO ISLAM. Parte V.
As características do Islam. O monoteísmo puro. Como já foi mencionado
anteriormente, este é o principal objetivo do Islam, além de uma de suas
características particulares. O Islam liberta o homem da servidão a todo e
qualquer elemento da criação. Sua vida se torna clara e fácil de ser seguida.
Há apenas um Senhor e um caminho a ser seguido. Nada é associado a Deus. Em
diversas passagens do Qur’an, Allah expõe as ramificações e os efeitos da fé
correta n’Ele com os efeitos das diferentes crenças incorretas. Na seguinte
passagem, Allah descreve os frutos da fé correta como também os resultados de
todas as falsas crenças. Disse Allah: “Não reparas em como Deus exemplifica?
Uma boa palavra é como uma árvore nobre, cuja raiz está profundamente firme, e
cujos ramos se elevam até ao céu. Frutifica em todas as estações com o
beneplácito do seu Senhor. Deus fala por parábolas aos humanos para que se
recordem. Por outra, há a parábola de uma palavra vil, comparada a uma árvore
vil, que foi desarraigada da terra e carece de estabilidade. Deus firmará os
fiéis com a palavra firme da vida terrena, tão bem como na outra vida; e
deixará que os iníquos se desviem, porque procede como Lhe apraz.” (14:24-27).
Foi narrado que Ibn Abbas disse: “a boa palavra é o testemunho que não existe
nada digno de louvor, exceto Allah.” Este versículo demonstra que o monoteísmo
puro ou a fé correta é o cimento sobre o qual se constrói todo o bem. É uma
base que continua dando suporte e seus resultados são elevados. Esse é o
caminho da fé verdadeira: beneficiar a pessoa, contínua e eternamente, nesta e
na próxima vida. Além disso, quanto mais fortes e melhor apoiadas sejam as
bases ou raízes, maiores serão os frutos. Por outro lado, as falsas crenças,
como associar companheiros a Deus, não têm nenhum fundamento sólido. De fato,
não são mais que uma ilusão no sentido de que nunca produzirão o que seus
seguidores crêem ou sustentam. Portanto, não é um segredo, muito menos uma
surpresa, que a primeira parte da missão do Profeta, segundo é provado pelas
revelações que recebeu em Makkah, foi concentrada na purificação da fé. Foi
dedicada a eliminar todas as formas de ignorância, superstição e falsas
crenças, pois a alma humana não pode descansar se está dispersa em várias
direções, perseguindo objetivos distintos. Allah descreveu, de uma bela
maneira, a semelhança entre quem não enxerga que sua alma só reconhece um
objeto de adoração e quem tem esta consciência: “Deus expõe, como exemplo, dois
homens: um está a serviço de sócios antagônicos e o outro a serviço de uma só
pessoa. Poderão ser equiparados? Louvado seja Deus! Porém, a maioria dos homens
ignora.” (39:29). De uma perspectiva islâmica, não existe forma de que uma
pessoa compraza a mais de um deus, pois, segundo a definição islâmica da
palavra “Deus”, Deus deve ser o primeiro e principal no coração do indivíduo.
Na realidade, quando a pessoa se dá conta de que tem apenas uma meta clara, o
efeito sobre sua alma é muito profundo. Já não precisa perseguir uma grande
quantidade de objetivos, sem nunca conseguir satisfazê-los ou alcançá-los
completamente. De fato, muitas vezes as metas das pessoas são contraditórias e
nunca todas podem ser alcançadas. Pode-se ter certeza que suas metas e caminhos
estarão desperdiçados. Suas energias não devem ser esgotadas buscando alcançar
um sem-fim de metas. Quando se tem apenas uma meta, pode-se determinar com
facilidade se avança até esta meta ou não. Pode-se empregar toda a sua energia
e sua mente em trabalhar por alcançar esta única meta. Pode-se ter a certeza de
que sua meta e seu caminho estarão definidos. Assim, não há razão para que se
tenha dúvidas ou confusões. Logo, à medida que se aproxima mais e mais à meta,
pode-se experimentar a verdadeira felicidade e gozo. Tudo isso é parte da
beleza e o legado quando os seres humanos reconhecem, recebem e aceitam o
verdadeiro monoteísmo, o único sistema de fé compatível com sua própria criação
e natureza. A religião de Allah O Islam não é uma filosofia ou uma religião
criada pelo homem. Seus ensinamentos vêm diretamente do Criador. É a orientação
que o Criador, por Sua misericórdia, outorgou à humanidade. Na verdade, Deus é
o único que sabe como quer ser adorado. Ele é o único que sabe que forma de
viver o agrada. Os filósofos e pensadores se perguntam que tipo de vida agrada
a Deus, mas na realidade os detalhes dessa vida estão além do alcance da
racionalidade e da experiência humana. O que os humanos declaram,
independentemente da revelação de Deus, como o melhor modo de adorar a Deus,
não necessariamente é o que mais agrada a Deus senão o que mais agrada à pessoa
que estabeleceu as regras. Assim, só Deus conhece, por exemplo, a maneira a
qual devemos rezar para Ele. Por haver apenas uma forma de vida que Deus
aprova, esta também será a única aceita por Ele no final. Dois versículos do
Qur’an foram escolhidos para assinalar esta conclusão: “Para Deus a religião é
o Islam. E os adeptos do Livro só discordaram por inveja, depois que a verdade
lhes foi revelada. Porém, quem nega os versículos de Deus, saiba que Deus é
Destro em ajustar contas.” (3:19). “E quem quer que almeje (impingir) outra
religião, que não seja o Islam, (aquela) jamais será aceita e, no outro mundo,
essa pessoa contar-se-á entre os desventurados.” (3:85). Deve-se insistir neste
ponto constantemente. A pergunta principal deve ser: O que é aceitável e
compraz a Allah? Ninguém pode afirmar seriamente com uma prova real que algum
caminho divergente ao que Allah estabeleceu com Sua orientação seja de Seu
agrado. Tal afirmação seria absurda e infundada. Integralidade O Islam é
integral de muitas maneiras. É completo no sentido de que se aplica a todos os
seres humanos e é aplicável por todos, sendo o local e época irrelevantes. O
Islam ou submissão a Deus é a verdadeira forma de vida desde os primeiros seres
humanos até o último que pise nesta terra. Além disso, o Islam é para todas as
classes de pessoas. O Islam é tão relevante para o cientista de renome quanto
para o beduíno mais analfabeto. Allah falou sobre o Profeta Muhammad (que a paz
e as bênçãos de Allah estejam com ele): “Dize: Ó humanos, sou o Mensageiro de
Deus, para todos vós” (7:158). “E não te enviamos, senão como universal
(Mensageiro), alvissareiro e admoestador para os humanos; porém, a maioria dos
humanos o ignora.” (34:28). Entre os seguidores do Profeta havia ricos e
pobres, nobres e humildes, letrados e analfabetos. Todos eles podiam aplicar o
Islam e assim, pela vontade de Allah, ganhar a complacência d’Ele. O Islam
também engloba esta vida e a próxima, não é uma religião que só se ocupa da
outra vida. O Islam também oferece uma orientação prática e completa para os
assuntos deste mundo. Como foi dito, uma das metas do Islam é estabelecer uma
sociedade sólida e correta nesta vida. E quanto à próxima vida, o benefício da
mesma depende completamente do Islam e de como foi trabalhado para chegar lá da
maneira correta. Allah pode dar a qualquer um alguns dos bens deste mundo, mas
reserva o bem da próxima vida apenas para aqueles que são crentes devotos. Allah
disse: “Quanto àqueles que preferem a vida terrena e seus encantos,
far-lhes-emos desfrutar de suas obras, durante ela, e sem diminuição. Serão
aqueles que não obterão na vida futura senão o fogo infernal; e tudo quanto
tiverem feito aqui tornar-se-á sem efeito e será vão tudo quanto fizerem.”
(11:15-16). “A quem quiser as coisas transitórias (deste mundo), atendê-lo-emos
ao inferno, em que entrará vituperado, rejeitado. Aqueles que anelarem a outra
vida e se esforçarem para obtê-la, e forem fiéis, terão os seus esforços
retribuídos. Tanto a estes como àqueles agraciamos com as dádivas do teu
Senhor; porque as dádivas do teu Senhor jamais foram negadas a alguém.”
(17:18-20). O Islam também se encarrega de todos os pormenores do ser humano.
Ocupase do espírito, intelecto, corpo, fé, ações e moral. Protege o ser humano
das enfermidades do coração como também das enfermidades do corpo e da
sociedade em sua totalidade. Assim, pode-se encontrar ajuda sobre a enfermidade
da arrogância, que aparece no coração; sobre como fazer com que os seres
humanos comam e bebam sem extravagâncias e como afastá-los da corrupção e
enfermidades sociais como adultério e outras. Na essência, o Islam orienta os
seres humanos a uma vida equilibrada, onde não se ignora nenhuma particularidade.
Pelo contrário, cada detalhe recebe toda a atenção que merece. O Islam também é
integral no sentido que envolve todos os aspectos da vida de uma pessoa, desde
os rituais de adoração ao comportamento moral, passando pelas relações
comerciais e governamentais. Nada, pela graça e misericórdia de Allah, tem sido
deixado de lado. Não há razão para que alguém se sinta perdido, em qualquer
área de sua vida. Não importa qual seja o assunto, encontrará algo que o guie.
O novo muçulmano deve aceitar o Islam em sua integralidade. Não está livre para escolher qual aspecto do Islam o favorece ou não. Com respeito a este comportamento, Allah disse: “Credes, acaso, em uma parte do Livro e negais a outra?” (2:85). Por exemplo, não se pode restringir seu Islam simplesmente a crer e realizar atos de adoração, rechaçando o que o Islam diz sobre o matrimonio, comércio, bebidas alcoólicas e drogas. Sim, é certo que não se pode esperar que uma pessoa se converta em um muçulmano perfeito da noite para o dia. Sem dúvidas, o assunto principal é a meta, a compreensão e a aceitação no coração da totalidade do Islam. A beleza e consistência da integralidade do Islam é outro sinal de que esta religião foi revelada por Allah. É impossível que os seres humanos, inclusive organizados em grupos, abranjam todos os detalhes desta criação de tal maneira que possam dar uma orientação integral para cada aspecto da vida. A esse respeito, Sayid Qutb escreveu: “Quando um ser humano tenta construir um conceito metafísico ou um sistema de vida através de seus próprios meios, este conceito ou sistema não pode ser integral. Só será válido parcialmente, para um momento e lugar, mas não para os outros momentos e lugares e será apropriado para certas circunstâncias, porém não para outras. Além disso, incluindo ao enfrentar um simples problema, é incapaz de abordá-lo de todos os pontos de vista possíveis e de considerar todas as conseqüências da solução proposta, pois, todo problema se estende no espaço e tempo e está conectado com precedentes e antecedentes que vão além do âmbito de observação e compreensão dos seres humanos. Portanto, concluímos que nenhuma filosofia ou sistema de vida produzido pelo pensamento humano pode ter as características da “integralidade”. Em suma, poderá cobrir um segmento da vida humana e ser válido por certo período. Devido a seu alcance limitado, sempre será deficiente em muitos aspectos e devido a seu caráter temporal, está destinado a causar problemas que requerem modificações e mudanças na filosofia ou sistema de vida original. Os povos e nações que baseiam seus sistemas econômicos, políticos e sociais em filosofias humanas se enfrentam constantemente em contradições e dialéticas. Ter em conta o bem-estar deste mundo e do próximo Como disse antes, o Islam não é uma religião que se ocupa somente da próxima vida ou do que habitualmente se conhece com o “lado espiritual” da vida. A mudança promove o bem-estar dos seres humanos tanto neste mundo como no próximo. Por isso, disse Allah: “A quem praticar o bem, seja homem ou mulher, e for fiel, concederemos uma vida agradável e premiaremos com uma recompensa, de acordo com a melhor das ações.” (16:97). Muitos sábios analisam a Lei Islâmica em sua totalidade e afirmam que a Lei está desenhada para alcançar metas específicas neste mundo (além dos objetivos óbvios da próxima vida). Pode-se dividir os “desejos” e “necessidades” deste mundo em três categorias: necessidades básicas, necessidades secundárias e comodidades. As necessidades básicas são aqueles elementos da vida que são requeridos para que se leve uma vida digna. Em outras palavras, sem elas nos sentiríamos miseráveis. Depois das necessidades básicas vêm as necessidades secundárias que tornam a vida mais suportável, ainda que seja possível viver sem elas. E então, vêm as comodidades que fazem a vida mais cômoda e desfrutável. A Lei Islâmica, vinda do Criador, identifica e enfatiza quais são as verdadeiras necessidades básicas da vida. Quando se estudam as leis do Islam e a sabedoria por trás das mesmas, descobre-se que foram criadas para estabelecer, proteger, reforçar e perpetuar estas necessidades básicas. Logo que isso tudo esteja realmente garantido e estabelecido, a lei busca satisfazer as necessidades secundárias da vida. E, depois de considerar as necessidades básicas e secundárias devidamente, então a lei procura brindar comodidades para fazer a vida mais fácil para a humanidade. Por razão de espaço, não se discutirão detalhadamente estas três categorias. Portanto, só daremos uma vista geral às cinco necessidades básicas da vida identificadas através da Lei Islâmica. As necessidades básicas segundo estabelecido na Lei Islâmica são: (1) a religião, (2) a vida, (3) os laços e relações familiares, (4) a saúde mental e a riqueza e as posses. Em uma eloquente passagem, o que é representativo do estilo do Qur’an, Allah cita todas as metas da Lei Islâmica: “Dize (ainda mais): Vinde, para que eu vos prescreva o que vosso Senhor vos vedou: Não Lhe atribuais parceiros; tratai com benevolência vossos pais; não sejais filicidas1 , por temor á miséria - Nós vos sustentaremos, tão bem quanto aos vossos filhos; não vos aproximeis das obscenidades, tanto pública, como privadamente, e não mateis, senão legitimamente, o que Deus proibiu matar. Eis o que Ele vos prescreve, para que raciocineis. Não disponhais do patrimônio do órfão senão da melhor forma possível, até que chegue á puberdade; sede leais na medida e no peso - jamais destinamos a ninguém carga maior á que pode suportar. Quando sentenciardes, sede justos, ainda que se trate de um parente carnal, e cumpri os vossos compromissos para com Deus. Eis aqui o que Ele vos prescreve, para que mediteis. E (o Senhor ordenou-vos, ao dizer): Esta é a Minha senda reta. Segui-a e não sigais as demais, para que estas não vos desviem da Sua. Eis o que Ele vos prescreve, para que O temais.” (6:151-153). A mais importante destas metas é a religião. De um ponto de vista islâmico, se as pessoas não têm religião e uma relação sólida com seu Senhor, não chegarão a ter uma vida sã. Portanto, espera-se que as pessoas se esforcem para levar uma vida sã, tanto individual quanto coletivamente, pondo Allah acima de seus próprios interesses e inclusive de seu próprio ser. De fato, disse Allah: “Pode, acaso, equiparar-se aquele que estava morto e o reanimamos á vida, guiando-o para a luz, para conduzir-se entre as pessoas, àquele que vagueia nas trevas, das quais não poderá sair? Assim foram abrilhantadas as ações aos incrédulos.” (6:122). Muitas das leis do Islam estão desenhadas, obviamente, para a conservação desta meta máxima. Por exemplo, o estabelecimento da oração em congregação e, após, a continuidade da vida normal. Assim, a lei de retribuição (lei de Talião) e a pena de morte são parte da legislação islâmica. Estas leis não estão ali simplesmente para castigar. Ditas leis, na realidade, têm como objetivo proteger a vida, como disse Allah: “Tendes, no talião, a segurança da vida, ó sensatos, para que vos refreeis.” (2:179). Com respeito aos laços familiares, foram mencionadas as leis sobre adultério, fornicação e calúnia. Quanto à proteção à riqueza, vemos que sob condições específicas, a mão do ladrão deve ser amputada. A proibição dos “resíduos” da riqueza, a extravagância e os juros, tem como finalidade conservá-la de maneira adequada. Sobre a proteção da capacidade mental, proibisse toda substância embriagante e foram estabelecidos severos castigos por se violar esta lei. - Facilidade e ausência de dificuldade na Lei Um dos aspectos mais claros da Lei Islâmica é o objetivo de trazer facilidades aos seres humanos e evitar a dificuldade, uma vez que os resultados são positivos para todos. Portanto, não é um objetivo independente das outras metas, como a piedade, a justiça, a equidade, o equilíbrio e outras. Próxima página 57. Abraço. Davi
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