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O SACRAMENTO DA CRISMA OU DA CONFIRMAÇÃO. Em nosso estudo anterior apresentamos
uma exposição sobre o Sacramento do Batismo. - Vimos que neste Sacramento somos
mergulhados no Espírito do Cristo Ressuscitado. Esse Espírito nos
"cristifica" e nos dá uma vida nova, a vida no Ressuscitado, aquela
vida plena que a Escritura chama de Vida Eterna, porque é a Vida do próprio
Eterno, que é Deus. Vimos que, habitados pelo Espírito de Amor, Espírito que é
o Amor do Pai e do Filho, somos feitos Templos da Trindade Santíssima. Vamos
agora tratar de um outro Sacramento, o segundo dos três que constituem a
iniciação cristã. Trata-se do Sacramento da Crisma ou Confirmação. Desde
os seus primórdios, a Igreja de Cristo conhece este Sacramento, intimamente
ligado ao Batismo, denominado Crisma ou Confirmação. Em que consiste este
Sacramento? Qual o seu significado? Qual a sua fundamentação bíblica? É destas
questões que trataremos neste artigo, começando com o Catecismo da Igreja
Católica (CIC), que ensina: “A Confirmação aperfeiçoa a graça batismal; é o
Sacramento que dá o Espírito Santo para enraizar-nos mais profundamente na
filiação divina, incorporar-nos mais firmemente a Cristo, tornar mais sólida a
nossa vinculação com a Igreja, associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a
dar testemunho da fé cristã pela palavra, acompanhada das obras”. (CIC §1316). Vale a pena, antes de mais nada, analisar essas
palavras. São ditas duas coisas importantes a respeito da Crisma: ela
aperfeiçoa a graça batismal e é o Sacramento que dá o Espírito Santo. Ora, será
que a graça batismal é imperfeita? Mais ainda: o Batismo já não nos deu o
Espírito? Não é no Espírito do Cristo ressuscitado que fomos mergulhados no
santo Batismo? Além do mais, como católicos cremos que todo e cada Sacramento
nos dá o Espírito Santo, e que somente no Espírito pode haver Sacramento. Sendo
assim, como compreender as afirmações do Catecismo citadas
acima? Afirma-se que a Crisma aperfeiçoa a graça batismal no sentido de
torná-la "madura", aperfeiçoada, plenamente desenvolvida. É
importante compreender bem isto. No Batismo, nós recebemos o Espírito do Cristo
Ressuscitado; ele nos é dado como vida divina, vida nova, vida eterna que faz
de nós novas criaturas. Procure reler tudo quanto dissemos sobre isso ao expor
o Sacramento do Batismo. Ora, esta vida não é algo estático, parado, congelado;
como toda vida, ela vai crescendo sempre mais, e assim vai nos configurando
cada vez mais ao Cristo Jesus, para que sejamos como ramos da Videira que é Ele
próprio, vivamos como reflexo do Senhor neste mundo. Pois bem, o Sacramento da
Crisma é o que leva esta vida na Graça, recebida no Batismo, à sua maturidade.
Na Crisma, o Espírito que nos tinha sido dado como vida, nos é dado como Força
divina, que nos dá a capacidade de testemunhar Jesus, de anunciar o Evangelho e
assumir ativamente nosso lugar na comunidade eclesial. Por isso mesmo é que se
diz que a Crisma confirma o Batismo, que é o Sacramento da
Confirmação. Não é que o Batismo seja incompleto e necessite ser
completado. O sentido é outro: a Confirmação nos dá a graça da maturidade
cristã, de tal modo que a vida nova recebida no Batismo pode e deve, agora com
a Crisma, ser testemunhada e transbordada para os outros com a graça deste
Sacramento. Em outras palavras: enquanto que no Batismo a vida recebida é
graça que nos renova e transforma, na Confirmação esta mesma vida é Dom que
devemos testemunhar e partilhar. Por isso o crismado deve estar consciente do
seu lugar na Igreja, na comunidade eclesial, e do seu dever de testemunhar o
Cristo sendo, como se diz, um soldado do Senhor. Aqui convém
eliminar um mal-entendido. Em geral afirma-se que a Crisma é o Sacramento da
maturidade cristã e confirma o Batismo porque recebemos este quando crianças
pequenas e aquele quando jovens, já sabendo o que queríamos. Não é assim: a
maturidade que a Crisma nos dá não é a maturidade psicológica, mas sim a
maturidade espiritual. Em outras palavras: se uma criancinha for batizada e
crismada, seu “organismo espiritual”, sua estrutura cristã, por assim dizer, já
recebeu a maturidade. Que fique bem claro: a Confirmação nos concede uma graça
distinta do Batismo. Sem este Sacramento não há maturidade na vida cristã. Por
isso mesmo, rigorosamente falando, todo aquele que assume qualquer trabalho na
Comunidade deve ser crismado. Há ainda uma outra distinção importante no modo
de agir do Espírito no Batismo e na Confirmação: no Batismo o Espírito nos é
dado como Espírito que torna o Pai e o Filho presentes em nós, fazendo-nos,
assim, templos da Trindade. Na Confirmação, ao invés, o Espírito dá-nos algo
que é próprio dele como Terceira Pessoa da Trindade, a saber: a força, a
coragem, o ânimo, o vigor, a doçura para testemunhar o Senhor Jesus. A fé da
Igreja exprimiu isso muito bem com a imagem dos Dons do Espírito. Agora podemos
entender porque o Catecismo fala, no texto acima citado, numa mais profunda
incorporação a Cristo: é que com a Confirmação o Espírito nos une ao Cristo na
sua missão de Sacerdote, Profeta e Rei, para que sejamos, na comunidade
eclesial e no mundo, continuadores de sua Missão, continuadores do próprio
Cristo. Por fim e como complemento, importa dizer que a Crisma está
relacionada, direta ou indiretamente, com o Batismo no Espírito Santo
mencionado nas Sagradas Escrituras (At 1,5). Embora haja alguma controvérsia
teológica, por um lado não podemos afirmar que se tratem exatamente de uma
"mesma coisa"; porém, se cremos que este Sacramento nos confere os Dons
do Espírito Santo, a relação é real e inevitável. Resumo. Crisma,
portanto, é o Sacramento que confere os Dons do Espírito Santo, conduzindo
o fiel católico ao caminho da perfeição cristã. Representa como que a passagem
da infância para a fase adulta, espiritualmente falando. Nesse sentido é que a
Crisma é o Sacramento da Confirmação do Batismo. A Crisma é a confirmação do
Batismo porque fortalece a Graça que este nos deu: se o Batismo nos imerge no
Espírito Santo, a Crisma deve nos tornar “fortes e robustos” no mesmo Espírito,
enquanto cristãos e membros do Corpo Místico de Cristo neste mundo, a Santa
Igreja. A palavra Crisma vem do grego e significa Óleo da Unção. O termo, no
feminino (a Crisma), refere-se ao Sacramento em si, e no masculino (o crisma),
refere-se ao óleo de ungir. Ungir é untar a fronte do crismando com o óleo
próprio, em cruz. O óleo usado na cerimônia da Crisma é consagrado na Missa da
Quinta-Feira Santa. Três passos são necessários à administração da
Crisma: a imposição das mãos sobre a cabeça do crismando; a unção com o óleo na
fronte; as palavra do Bispo: “Recebe por este sinal o Espírito Santo, Dom de
Deus”, ao que o crismando responde: “Amém”. É o Bispo quem
ministra o Sacramento da Crisma, mas em sua ausência pode delegar essa missão a
um padre. Durante a celebração, o Bispo suplica os Dons do Espírito Santo na
seguinte oração: “Deus Todo-Poderoso, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, pela água e
pelo Espírito Santo destes uma vida nova a estes vossos servos, libertando-os
do pecado, enviai sobre eles o Espírito Santo Paráclito; dai-lhes, Senhor, o
Espírito de sabedoria e de inteligência, o Espírito de conselho e de fortaleza,
o Espírito de ciência e de piedade, e enchei-os do Espírito do vosso temor.” Os Sete Dons do Espírito Santo: Sabedoria - Não
sabedoria do mundo, mas aquela que nos faz reconhecer e buscar a Verdade, que é
Deus, Fonte da Sabedoria. Verdade que encontramos na Bíblia e na orientação da
Igreja. Entendimento - Dom
que nos faz aceitar as verdades reveladas por Deus. Conselho - É a luz
para distinguir o certo do errado, o verdadeiro do falso, e assim orientarmos
acertadamente a nossa vida, e as vidas daqueles que precisam de um conselho
nosso. Ciência - Não as
ciências do mundo, mas a ciência do Sagrado, das coisas de Deus. Ciência da
Verdade e da Vida. Por esse Dom, o Espírito Santo nos indica o caminho a seguir
na realização da nossa verdadeira vocação. Fortaleza - É o Dom da coragem para
viver fielmente a fé no dia-a-dia, até mesmo no martírio, se for preciso. Piedade - É o Dom
pelo qual o Espírito Santo nos dá o gosto de amar e servir a Deus com alegria.
Nesse Dom nos é dado o "sabor" inigualável das coisas de Deus. Temor
de Deus - Não é "medo de Deus", já que “o Perfeito Amor
lança fora o medo; quem tem medo não é perfeito no Amor” (Jo 4, 18). Temor de
Deus significa viver o Amor sincero por Deus, tão grande que queima o coração
de respeito e sincera devoção pelo Criador. Não é pavor da Justiça Divina, é
zelo em agradar a Deus. A Crisma na prática. Quem pode receber a Confirmação? Todo batizado pode receber este Sacramento (Cân. 889, §1) uma vez.
Para recebê-la licitamente é necessário estar devidamente preparado, disposto e
em condições de renovar as promessas do Batismo (Cân. 889, §2). Como regra
geral, a idade mínima é de 14 anos. O candidato à Confirmação deve professar a
fé, estar em estado de graça (confessar antes), ter a intenção de receber o
Sacramento e estar preparado para ser discípulo e testemunha de Cristo, na
comunidade eclesial e nas ocupações temporais (CIC §1319). Padrinho/Madrinha: não
podem ser os pais do crismando (Cân. 893 e 874). Precisa ser católico,
confirmado, ter recebido o Santíssimo Sacramento da Eucaristia e estar disposto
a orientar sua vida de acordo com a fé e o encargo que vai assumir (Cân. 874,
§1). Precisa ter dezesseis anos completos, a não ser que outra idade seja
determinada pelo Bispo diocesano (Cân. 874, §1). É desaconselhável escolher
como padrinho o esposo(a), namorado(a) ou noivo(a). Alguém de outra religião
pode ser admitido como testemunha da confirmação, ao lado de um padrinho
católico. Preparação: Após a primeira Eucaristia, o adolescente
deve participar de encontros de perseverança e atividades paroquiais próprias
para sua idade, dando continuidade ao processo de formação na Fé. Os padrinhos
e pais devem acompanhar a formação do crismando, e participar dos encontros e
palestras promovidas pela Igreja, sobre temas bíblicos, morais, doutrinários e
litúrgicos. É recomendada a leitura dos bons livros católicos que levem à
melhor compreensão possível a respeito do grande passo que será dado. A
preparação deve ter a duração de ao menos um ano, com encontros de
evangelização e formação na fé, bem como a participação nas celebrações da
comunidade. www.ofielcatolico.com.br. Abraço. Davi
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