sexta-feira, 19 de março de 2021

II. O SACERDÓCIO

 

Cristianismo. www.graodetrigo.com. Texto de David W. Dayer. II. O SACERDÓCIO. Quando Jesus Cristo ascendeu ao Pai, deu dons à Sua Igreja. Esses talentos ou dons espirituais não foram só a uns poucos escolhidos, mas a todos (1 Coríntios 12:7). Cada função e cada parte é vital, à semelhança do que acontece com nossos diferentes órgãos e membros do corpo físico. Quando uma parte aparentemente pequena ou insignificante não está funcionando normalmente, todo o resto sofre. Dá-se o mesmo com a Igreja hoje. Quando todo o trabalho é feito pelos superdotados, talentosos ou treinados, existe uma grande perda para o corpo de Cristo e para Deus. Deveríamos nos interessar seriamente por essa verdade. Pouco importa o que você pensa de si mesmo ou de suas habilidades espirituais. Também não têm importância as diferenças existentes entre você e os demais. Mesmo aqueles que possuem um só talento são e serão solicitados por Deus a usá-lo ao máximo (Mateus 25:14-30). Se nos acovardarmos, comparando-nos com outros, ou se ficarmos temerosos e não fizermos nada, teremos de prestar contas um dia ao nosso Criador. Temos, é certo, o privilégio, mas também a séria responsabilidade de descobrir diante de Deus a que trabalho Ele nos chamou a realizar, para então começar a aprender pelo Espírito Santo a nos exercitar na função que nos foi confiada. Sem esse tipo de ministério não cresceremos adequadamente. Sim, talvez obtenhamos algum progresso principalmente no início mas, para que de fato atinjamos a maturidade, nós mesmos precisamos começar a ministrar. À medida que dermos, mais nos será dado. Trata-se de uma lei espiritual. Se somos meros recebedores – semana após semana escutando de outros que, é esperado, gastaram seu tempo na presença de Deus – nosso conhecimento provavelmente aumentará, mas nossas vidas não serão mudadas. Essa é a infeliz condição de muitos e muitos na Igreja de hoje. Temos nossos “super astros,” talvez famosos e ocupados dia e noite, mas temos igualmente a “maioria passiva” a depender de outros para a realização do trabalho. As consequências danosas desse fenômeno às vezes não estão evidentes à primeira vista, principalmente numa organização “bem lubrificada”; contudo, elas estão ali ocultas. Inúmeras reuniões cristãs estão repletas de bebês espirituais super alimentados que permanecem inativos. Eles vêm semanalmente para receber e imaginam que, porque ouvem uma boa mensagem, estão bem com Deus. Não raras vezes, entretanto, tais indivíduos ainda possuem pecados escondidos e sérios desvios de caráter. Ao procurarmos servir aos outros, essas falhas ficam expostas. Quando começamos a ministrar, percebemos o quanto nossas vidas precisam de transformação e isso nos estimula a buscar o Senhor para nos libertar. Se desejamos verdadeiramente avançar em direção à maturidade, é essencial que todos nos tornemos sacerdotes: sacerdotes que estejam exercendo suas funções na casa de Deus. O ministério espiritual não tem como finalidade apenas o nosso crescimento, mas também o progresso dos demais. Não importa quais sejam as suas funções espirituais no corpo, existem sempre pessoas que precisam do que você tem. Quer seja uma pequena ou grande porção, é absolutamente indispensável. Em algum lugar, entre os cristãos que você conhece ou no mundo à sua volta, existem pessoas para as quais sua porção é muito importante. Por exemplo, os cristãos com quem você se relaciona podem estar buscando aquela porção específica de discernimento espiritual que você possui. É possível que muitos que você conhece estejam sofrendo porque você não reservou um tempo para orar por libertação, nem buscou uma palavra de Deus para encorajar ou admoestá-los, nem deu atenção às suas necessidades. É sempre mais fácil criticar ou fazer fofocas, do que orar ou auxiliar. Sua porção é certamente essencial para o crescimento e bem-estar espiritual dos outros. Deus a entregou a você por causa deles, sendo, portanto, importante exercitá-la. Em Sua sabedoria, nosso Pai construiu a Igreja de tal sorte que cada membro depende dos demais. Assim sendo, para que “todos cheguemos” à maturidade (Efésios 4:13), a colaboração de cada parte é indispensável. MAS, QUAL É O PAPEL DOS “LÍDERES”? A esta altura, alguém perguntaria: “Qual é o papel dos líderes?” Sem dúvida a liderança tem base nos ensinamentos bíblicos e é necessária para uma condição saudável da igreja. Muitas vezes, entretanto, é também mal compreendida. O papel do líder é liderar. Isso não significa dominar ou controlar os outros, mas sim tomar a dianteira e avançar! Os demais irão notá-lo e segui-lo. As palavras “presidir” e “guias” encontradas em 1 Timóteo 5:17 e Hebreus 13:7,17 e 24, da tradução de Almeida, talvez tenham sido a fonte de muitos mal-entendidos. Estas palavras vêm do grego PROESTEMI e deveriam ser traduzidas como “andar em frente” ou “prece-der”. Isso não tem nada a ver com “controlar” ou “organizar”. A função de um verdadeiro líder não é o de dirigir a igreja, mas sim o de auxiliar os outros a cumprirem o seu ministério, crescendo em tudo o que Deus lhes preparou. Tais líderes são facilmente reconhecíveis, pois sempre terão como prioridade os interesses e o progresso espiritual dos outros. Infelizmente, a tendência humana é outra. O anseio por estrelismo, destaque, fama, poder, etc., é, não somente permitido, mas considerado bom na igreja de hoje. Muitos estão impelidos, por ambição própria ou pelos outros, a buscar posições de autoridade sobre os outros e a liderança. Mas tudo isso é proibido por nosso Mestre Jesus. Ele disse: “Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve” (Lucas 22:25-26). Os “líderes” que estão apenas alimentando a si mesmos (edificando seu próprio ministério, forrando seu próprio ninho financeiro etc.) e, como consequência, mantendo passivos aqueles que estão sob seus cuidados, enfrentarão o julgamento divino. Os que se exaltam e impedem o progresso dos demais, objetivando a sua própria posição, segurança e autoridade, enfrentarão juízo ainda mais severo. Quem abusou de seus conservo vai ser castigado com muitos açoites (Mateus 24:49-51). A verdadeira liderança sempre é, na realidade, algo que Deus faz. É somente Ele movendo por meio de Seu povo que providencia liderança real que beneficia Seu povo. Se a obra de quem está “liderando” é um resultado apenas de instrução teológica, de designação para um cargo ou de ambição pessoal, por certo se constituirá num obstáculo para o progresso espiritual. A ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA HUMANA. A organização religiosa e rígida também é um empecilho para o cumprimento dos desejos de Deus. Quando uma pessoa ou até algumas pessoas estão dando conta de todas as tarefas – e por consequência disso, mantendo todas as outras inativas – isso resulta em imaturidade espiritual. Muitas vezes, uma organização religiosa abafa o desenvolvimento dos ministérios dos membros dela. Se a obra que Deus chamou você não encaixa bem na organização do qual você pertence, vai precisar servir os outros fora desta restrição. Talvez você esteja se reunindo com um grupo de cristãos onde não existe qualquer encorajamento ou oportunidade para que você cresça em sua função. É provável que nesse grupo a experiência seja a de ter “um homem em evidência” ou de ter tudo tão organizado sem a orientação do Espírito que o funcionamento de cada membro não está em evidência. O seu talento pode estar sendo negligenciado, mal utilizado, ridicularizado ou até desencorajado. Nada disso, contudo, poderá servir de desculpa à passividade. Quando você estiver diante do Rei, já não haverá ninguém mais para levar a culpa pelo descumprimento de suas funções sacerdotais. Não deve esperar até um grupo reconhecer seus dons e liberar um espaço para você. Não pode depender de outros homens para dar uma abertura ou “força” para você começar a servir. Fica você incumbido em seguir a liderança do seu Mestre. Comece onde Ele abre as portas e continue seguindo Seu Espírito. É essencial aprender a não depender dos homens mas saber seguir Jesus. Nosso serviço no corpo Dele tem que ser liderado por Ele também. Em Seu plano, a programação humana é substituída por ministérios espirituais, levantados por Ele em nosso meio. Planos futuros decorrem de Sua orientação e a autoridade organizacional ou posicional é substituída pela verdadeira autoridade Dele, que é espiritual. A tarefa à mão não consiste em desenvolver grandes ministérios “bem sucedidos” ou ter pessoas comparecendo às centenas. Tudo isso pode ser alcançado sem que a vontade de Deus tenha jamais sido atendida. Nosso papel é, na simplicidade, obedecer a Jesus. Vamos colocar de lado toda ambição, desejo por reconhecimento e fama. Vamos abandonar qualquer cheiro de ego humano e auto serviço. Vamos nos humilhar, como Jesus fez, e nos vestir com a toalha. Vamos começar lavando os pés daqueles ao nosso redor que precisa do que Deus tem nos dado. Nossa recompensa não será aqui, nesse mundo. Não será que as multidões vão nos apreciar. Servir Jesus por meio de servir o corpo Dele, significa que vamos nos tornar escravos, servindo em obediência sem motivo próprio. Considerando que Deus o preparou e chamou, Ele também irá prover uma forma de você começar a servir. Por exemplo, você poderá orar em qualquer lugar, a toda hora. Você pode proporcionar ajuda material sem precisar de uma permissão “oficial” de alguém. Pode ensinar e aconselhar. Quando você realmente começar a agir na função para a qual Deus o designou, as portas se abrirão diante de você e as pessoas reconhecerão a mão divina em sua vida. Provavelmente tudo começará aos poucos e poderá até parecer pequeno e insignificante (Zacarias 4:10). Todavia, à medida que você exercitar os talentos que Deus lhe deu, fiel e diligentemente, estes crescerão e você igualmente crescerá. Não fique surpreso se, com o passar de tempo, você encontra oposição. Se o que está fazendo é de Deus, isso vai acontecer. Quando Deus começa a usar você, o inimigo vai tentar lhe derrubar. Usando outras pessoas que se sentem ameaçadas, enciumadas ou competitivas, o diabo, com certeza, vai levantar dificuldades e barreiras tentando lhe desanimar. Isso é normal. Faz parte de ser um servo do Altíssimo. Mas, se somos servos fiéis, precisamos continuar em fé, não desanimando por causa de outros homens, e cumprir a obra que Deus nos concedeu. É a Ele que vamos prestar contas naquele Dia. A vontade de Deus é que sejamos, para Ele, reino de sacerdotes. Somos todos Seus profetas (Apocalípse 1:5-6 e 1 Coríntios 14:1,31). Cada um de nós possui um ministério para ser desempenhado e serviços espirituais para realizar, os quais ninguém mais conseguirá levar a cabo da mesma forma que nós o faríamos. Quando aparecermos perante Ele, teremos de prestar contas de nossas obras (Apocalipse 2:23). Naquele dia, aquilo que realizamos testificará a nossa verdadeira condição espiritual. Não poderemos dizer que não conhecíamos as necessidades ou que não estávamos qualificados. Não poderemos culpar outros por não nos “deixar” exercitar nosso serviço em um determinado lugar ou ambiente. Lembre-se que foi Deus que chamou você. É Ele que abre as portas que ninguém fecha (Ap 3:7). O mesmo Deus que operou poderosamente nos apóstolos e profetas vive também em cada um dos Seus filhos. Ele é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos se apenas O obedecermos. Precisamos encarar essas considerações com seriedade. Devemos analisar nossas próprias vidas e ver se somos trabalhadores realmente ativos para o nosso Rei ou se somente somos passivos observadores. Teríamos acaso estabelecido uma distância “segura” entre nós e Deus e deixado que outros assumissem a responsabilidade em nosso lugar? Será que nos retraímos em decorrência do medo ou da incapacidade humana e permitimos que outros realizassem o trabalho? Em caso positivo, paremos por um momento e arrependamo-nos diante Dele. Entreguemos novamente toda a nossa vida a Deus. Digamos-Lhe que, de agora em diante, estamos totalmente dispostos a nos tornar um vaso para o Seu serviço. Depois disso, à medida que Ele nos dirigir, cooperemos com Ele diligentemente em Sua vinha. Todos nós somos chamados para ser sacerdotes. www.graodetrigo.com. Abraço. Davi

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