Cristianismo.
www.graodetrigo.com. Texto de David W.
Dayer. II. O SACERDÓCIO. Quando Jesus Cristo ascendeu ao Pai, deu dons à Sua
Igreja. Esses talentos ou dons espirituais não foram só a uns poucos
escolhidos, mas a todos (1 Coríntios 12:7). Cada função e cada parte é vital, à
semelhança do que acontece com nossos diferentes órgãos e membros do corpo
físico. Quando uma parte aparentemente pequena ou insignificante não está
funcionando normalmente, todo o resto sofre. Dá-se o mesmo com a Igreja hoje.
Quando todo o trabalho é feito pelos superdotados, talentosos ou treinados,
existe uma grande perda para o corpo de Cristo e para Deus. Deveríamos nos
interessar seriamente por essa verdade. Pouco importa o que você pensa de si
mesmo ou de suas habilidades espirituais. Também não têm importância as
diferenças existentes entre você e os demais. Mesmo aqueles que possuem um só
talento são e serão solicitados por Deus a usá-lo ao máximo (Mateus 25:14-30).
Se nos acovardarmos, comparando-nos com outros, ou se ficarmos temerosos e não
fizermos nada, teremos de prestar contas um dia ao nosso Criador. Temos, é
certo, o privilégio, mas também a séria responsabilidade de descobrir diante de
Deus a que trabalho Ele nos chamou a realizar, para então começar a aprender
pelo Espírito Santo a nos exercitar na função que nos foi confiada. Sem esse
tipo de ministério não cresceremos adequadamente. Sim, talvez obtenhamos algum
progresso principalmente no início mas, para que de fato atinjamos a
maturidade, nós mesmos precisamos começar a ministrar. À medida que dermos,
mais nos será dado. Trata-se de uma lei espiritual. Se somos meros recebedores
– semana após semana escutando de outros que, é esperado, gastaram seu tempo na
presença de Deus – nosso conhecimento provavelmente aumentará, mas nossas vidas
não serão mudadas. Essa é a infeliz condição de muitos e muitos na Igreja de
hoje. Temos nossos “super astros,” talvez famosos e ocupados dia e noite, mas
temos igualmente a “maioria passiva” a depender de outros para a realização do
trabalho. As consequências danosas desse fenômeno às vezes não estão evidentes
à primeira vista, principalmente numa organização “bem lubrificada”; contudo,
elas estão ali ocultas. Inúmeras reuniões cristãs estão repletas de bebês
espirituais super alimentados que permanecem inativos. Eles vêm semanalmente
para receber e imaginam que, porque ouvem uma boa mensagem, estão bem com Deus.
Não raras vezes, entretanto, tais indivíduos ainda possuem pecados escondidos e
sérios desvios de caráter. Ao procurarmos servir aos outros, essas falhas ficam
expostas. Quando começamos a ministrar, percebemos o quanto nossas vidas precisam
de transformação e isso nos estimula a buscar o Senhor para nos libertar. Se
desejamos verdadeiramente avançar em direção à maturidade, é essencial que
todos nos tornemos sacerdotes: sacerdotes que estejam exercendo suas funções na
casa de Deus. O ministério espiritual não tem como finalidade apenas o nosso
crescimento, mas também o progresso dos demais. Não importa quais sejam as suas
funções espirituais no corpo, existem sempre pessoas que precisam do que você
tem. Quer seja uma pequena ou grande porção, é absolutamente indispensável. Em
algum lugar, entre os cristãos que você conhece ou no mundo à sua volta,
existem pessoas para as quais sua porção é muito importante. Por exemplo, os
cristãos com quem você se relaciona podem estar buscando aquela porção específica
de discernimento espiritual que você possui. É possível que muitos que você
conhece estejam sofrendo porque você não reservou um tempo para orar por
libertação, nem buscou uma palavra de Deus para encorajar ou admoestá-los, nem
deu atenção às suas necessidades. É sempre mais fácil criticar ou fazer
fofocas, do que orar ou auxiliar. Sua porção é certamente essencial para o
crescimento e bem-estar espiritual dos outros. Deus a entregou a você por causa
deles, sendo, portanto, importante exercitá-la. Em Sua sabedoria, nosso Pai
construiu a Igreja de tal sorte que cada membro depende dos demais. Assim
sendo, para que “todos cheguemos” à maturidade (Efésios 4:13), a colaboração de
cada parte é indispensável. MAS, QUAL É O PAPEL DOS “LÍDERES”? A esta altura,
alguém perguntaria: “Qual é o papel dos líderes?” Sem dúvida a liderança tem
base nos ensinamentos bíblicos e é necessária para uma condição saudável da
igreja. Muitas vezes, entretanto, é também mal compreendida. O papel do líder é
liderar. Isso não significa dominar ou controlar os outros, mas sim tomar a
dianteira e avançar! Os demais irão notá-lo e segui-lo. As palavras “presidir”
e “guias” encontradas em 1 Timóteo 5:17 e Hebreus 13:7,17 e 24, da tradução de
Almeida, talvez tenham sido a fonte de muitos mal-entendidos. Estas palavras
vêm do grego PROESTEMI e deveriam ser traduzidas como “andar em frente” ou
“prece-der”. Isso não tem nada a ver com “controlar” ou “organizar”. A função
de um verdadeiro líder não é o de dirigir a igreja, mas sim o de auxiliar os
outros a cumprirem o seu ministério, crescendo em tudo o que Deus lhes
preparou. Tais líderes são facilmente reconhecíveis, pois sempre terão como
prioridade os interesses e o progresso espiritual dos outros. Infelizmente, a
tendência humana é outra. O anseio por estrelismo, destaque, fama, poder, etc.,
é, não somente permitido, mas considerado bom na igreja de hoje. Muitos estão
impelidos, por ambição própria ou pelos outros, a buscar posições de autoridade
sobre os outros e a liderança. Mas tudo isso é proibido por nosso Mestre Jesus.
Ele disse: “Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade
são chamados benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre
vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve” (Lucas
22:25-26). Os “líderes” que estão apenas alimentando a si mesmos (edificando
seu próprio ministério, forrando seu próprio ninho financeiro etc.) e, como
consequência, mantendo passivos aqueles que estão sob seus cuidados,
enfrentarão o julgamento divino. Os que se exaltam e impedem o progresso dos
demais, objetivando a sua própria posição, segurança e autoridade, enfrentarão
juízo ainda mais severo. Quem abusou de seus conservo vai ser castigado com
muitos açoites (Mateus 24:49-51). A verdadeira liderança sempre é, na
realidade, algo que Deus faz. É somente Ele movendo por meio de Seu povo que
providencia liderança real que beneficia Seu povo. Se a obra de quem está
“liderando” é um resultado apenas de instrução teológica, de designação para um
cargo ou de ambição pessoal, por certo se constituirá num obstáculo para o
progresso espiritual. A ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA HUMANA. A organização religiosa e
rígida também é um empecilho para o cumprimento dos desejos de Deus. Quando uma
pessoa ou até algumas pessoas estão dando conta de todas as tarefas – e por
consequência disso, mantendo todas as outras inativas – isso resulta em
imaturidade espiritual. Muitas vezes, uma organização religiosa abafa o
desenvolvimento dos ministérios dos membros dela. Se a obra que Deus chamou
você não encaixa bem na organização do qual você pertence, vai precisar servir
os outros fora desta restrição. Talvez você esteja se reunindo com um grupo de
cristãos onde não existe qualquer encorajamento ou oportunidade para que você
cresça em sua função. É provável que nesse grupo a experiência seja a de ter
“um homem em evidência” ou de ter tudo tão organizado sem a orientação do
Espírito que o funcionamento de cada membro não está em evidência. O seu
talento pode estar sendo negligenciado, mal utilizado, ridicularizado ou até
desencorajado. Nada disso, contudo, poderá servir de desculpa à passividade.
Quando você estiver diante do Rei, já não haverá ninguém mais para levar a
culpa pelo descumprimento de suas funções sacerdotais. Não deve esperar até um
grupo reconhecer seus dons e liberar um espaço para você. Não pode depender de
outros homens para dar uma abertura ou “força” para você começar a servir. Fica
você incumbido em seguir a liderança do seu Mestre. Comece onde Ele abre as
portas e continue seguindo Seu Espírito. É essencial aprender a não depender
dos homens mas saber seguir Jesus. Nosso serviço no corpo Dele tem que ser
liderado por Ele também. Em Seu plano, a programação humana é substituída por
ministérios espirituais, levantados por Ele em nosso meio. Planos futuros
decorrem de Sua orientação e a autoridade organizacional ou posicional é
substituída pela verdadeira autoridade Dele, que é espiritual. A tarefa à mão
não consiste em desenvolver grandes ministérios “bem sucedidos” ou ter pessoas
comparecendo às centenas. Tudo isso pode ser alcançado sem que a vontade de
Deus tenha jamais sido atendida. Nosso papel é, na simplicidade, obedecer a
Jesus. Vamos colocar de lado toda ambição, desejo por reconhecimento e fama.
Vamos abandonar qualquer cheiro de ego humano e auto serviço. Vamos nos
humilhar, como Jesus fez, e nos vestir com a toalha. Vamos começar lavando os
pés daqueles ao nosso redor que precisa do que Deus tem nos dado. Nossa
recompensa não será aqui, nesse mundo. Não será que as multidões vão nos
apreciar. Servir Jesus por meio de servir o corpo Dele, significa que vamos nos
tornar escravos, servindo em obediência sem motivo próprio. Considerando que
Deus o preparou e chamou, Ele também irá prover uma forma de você começar a
servir. Por exemplo, você poderá orar em qualquer lugar, a toda hora. Você pode
proporcionar ajuda material sem precisar de uma permissão “oficial” de alguém.
Pode ensinar e aconselhar. Quando você realmente começar a agir na função para
a qual Deus o designou, as portas se abrirão diante de você e as pessoas
reconhecerão a mão divina em sua vida. Provavelmente tudo começará aos poucos e
poderá até parecer pequeno e insignificante (Zacarias 4:10). Todavia, à medida
que você exercitar os talentos que Deus lhe deu, fiel e diligentemente, estes
crescerão e você igualmente crescerá. Não fique surpreso se, com o passar de
tempo, você encontra oposição. Se o que está fazendo é de Deus, isso vai
acontecer. Quando Deus começa a usar você, o inimigo vai tentar lhe derrubar.
Usando outras pessoas que se sentem ameaçadas, enciumadas ou competitivas, o
diabo, com certeza, vai levantar dificuldades e barreiras tentando lhe
desanimar. Isso é normal. Faz parte de ser um servo do Altíssimo. Mas, se somos
servos fiéis, precisamos continuar em fé, não desanimando por causa de outros
homens, e cumprir a obra que Deus nos concedeu. É a Ele que vamos prestar
contas naquele Dia. A vontade de Deus é que sejamos, para Ele, reino de
sacerdotes. Somos todos Seus profetas (Apocalípse 1:5-6 e 1 Coríntios 14:1,31).
Cada um de nós possui um ministério para ser desempenhado e serviços
espirituais para realizar, os quais ninguém mais conseguirá levar a cabo da
mesma forma que nós o faríamos. Quando aparecermos perante Ele, teremos de
prestar contas de nossas obras (Apocalipse 2:23). Naquele dia, aquilo que
realizamos testificará a nossa verdadeira condição espiritual. Não poderemos
dizer que não conhecíamos as necessidades ou que não estávamos qualificados.
Não poderemos culpar outros por não nos “deixar” exercitar nosso serviço em um
determinado lugar ou ambiente. Lembre-se que foi Deus que chamou você. É Ele
que abre as portas que ninguém fecha (Ap 3:7). O mesmo Deus que operou
poderosamente nos apóstolos e profetas vive também em cada um dos Seus filhos.
Ele é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos
se apenas O obedecermos. Precisamos encarar essas considerações com seriedade.
Devemos analisar nossas próprias vidas e ver se somos trabalhadores realmente
ativos para o nosso Rei ou se somente somos passivos observadores. Teríamos
acaso estabelecido uma distância “segura” entre nós e Deus e deixado que outros
assumissem a responsabilidade em nosso lugar? Será que nos retraímos em
decorrência do medo ou da incapacidade humana e permitimos que outros
realizassem o trabalho? Em caso positivo, paremos por um momento e
arrependamo-nos diante Dele. Entreguemos novamente toda a nossa vida a Deus.
Digamos-Lhe que, de agora em diante, estamos totalmente dispostos a nos tornar
um vaso para o Seu serviço. Depois disso, à medida que Ele nos dirigir,
cooperemos com Ele diligentemente em Sua vinha. Todos nós somos chamados para
ser sacerdotes. www.graodetrigo.com.
Abraço. Davi
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