terça-feira, 23 de junho de 2020

OS ANALECTOS - LIVRO XII


Confucionismo. www.https//rt.br. OS ANALECTOS – LIVRO XII. 1. Yen Yüan perguntou sobre a benevolência. O Mestre disse: “Voltar-se à observância dos ritos sobrepondo-se ao indivíduo constitui a benevolência. Se por um único dia um homem puder retornar à observância dos ritos ao sobrepor-se a si mesmo, então todo o Império o considerará benevolente. Entretanto, a prática da benevolência depende inteiramente da própria pessoa, e não dos outros”. Yen Yüan disse: “Gostaria que vocês listassem os passos deste processo”. O Mestre disse: “Não olhe a menos que esteja de acordo com os ritos; não escute a menos que esteja de acordo com os ritos; não fale a menos que seja de acordo com os ritos; não se mexa a menos que seja de acordo com os ritos”. Yen Yüan disse: “Embora eu não seja rápido, hei de dirigir meus esforços para o que o Mestre falou”. 2. Chung-kung perguntou sobre a benevolência. O Mestre disse: “Quando em terra estrangeira, comporte-se como se recebesse um convidado importante. Quando empregar os serviços do povo comum, comporte-se como se estivesse oficiando um importante sacrifício. Não imponha aos outros aquilo que você não deseja para si próprio. [130] Desse modo, você estará livre de maus sentimentos, seja no âmbito do reino ou de uma família nobre”. Chung-kung disse: “Embora eu não seja rápido, hei de dirigir meus esforços para o que o Mestre falou”. 3. Ssu-ma perguntou sobre a benevolência. O Mestre disse: “Amarca distintiva do homem benevolente é que ele reluta em falar”. “Nesse caso, pode-se dizer que um homem é benevolente simplesmente porque reluta em falar?” O Mestre disse: “Quando agir é difícil, causa alguma surpresa que alguém relute em falar?”. [131] 4. Ssu-ma Niu perguntou sobre o cavalheiro. O Mestre disse: “O cavalheiro é livre de preocupações e medos”. “Nesse caso, pode-se dizer que um homem é um cavalheiro simplesmente porque está livre de preocupações e medos?” O Mestre disse: “Se, ao examinar a si próprio, um homem não encontra nenhuma razão para se repreender, que preocupações e medos pode ele ter?”. 5. Ssu-ma Niu apareceu preocupado, dizendo: “Todos os homens têm irmãos. Só eu não tenho nenhum”. Tzu-hsia disse: “Já ouvi dizer: vida e morte são uma questão de Destino; riqueza e honra dependem do Céu. O cavalheiro é reverente e não faz nada errado, é respeitoso para com os outros e observa os ritos, e todos habitantes dos Quatro Mares serão seus irmãos. Qual a necessidade de o cavalheiro preocupar-se quanto a não ter irmãos?”. 6. Tzu-chang perguntou sobre a perspicácia. O Mestre disse: “Quando um homem não é influenciado por difamações continuamente repetidas ou por denúncias pelas quais ele sente alguma simpatia, ele pode ser chamado de perspicaz. Ao mesmo tempo, ele pode ser chamado de previdente”. 7. Tzu-kung perguntou sobre governo. O Mestre disse: “Dê-lhes comida suficiente, dê-lhes armas suficientes, e as pessoas comuns confiarão em você”. Tzu-kung perguntou: “Se alguém tivesse de abrir mão de um desses três, de qual deveria abrir mão primeiro?”. “Abra mão das armas.” Tzu-kung disse: “Se alguém tivesse que abrir mão de um dos dois restantes, de qual deveria abrir mão primeiro?”. “Abra mão da comida. Amorte sempre esteve conosco, desde o começo dos tempos, mas quando não há confiança, as pessoas comuns não terão nada a que se agarrar.” 8. Chi Tzu-ch’eng disse: “O mais importante a respeito de um cavalheiro é o material do qual ele é feito. Para que ele precisa de refinamento?”. Tzu-kung comentou: “É uma pena que um cavalheiro fale desse modo sobre o cavalheiro. ‘Uma parelha de quatro cavalos não pode ir mais rápido do que a língua de alguém.’O material não difere do refinamento; o refinamento não difere do material. A pele de um tigre ou de um leopardo, desprovida de pelos, não é diferente da de um cachorro ou de uma ovelha”. 9. O duque Ai perguntou a Yu Juo: “A colheita vai mal, e não tenho o suficiente para cobrir os gastos. Que devo fazer?”. Yu Juo respondeu: “Que tal taxar as pessoas em uma de dez partes?”. “Já não tenho o suficiente agora que as taxo em duas partes de dez. Como eu poderia taxá-las em uma parte de dez?” “Quando as pessoas têm o suficiente, quem sobra na insuficiência? Quando as pessoas não tem o suficiente, quem resta para gozar da abundância?” 10. Tzu-chang perguntou sobre a exaltação da virtude e sobre como reconhecer a incoerência. O Mestre disse: “Faça o seu princípio norteador dar o melhor de si pelos outros e ser coerente com aquilo que diz, e vá onde há retidão, então você estará exaltando a virtude. Quando se ama um homem, deseja-se que ele viva, e quando se odeia um homem, deseja-se que ele morra. Se, tendo uma vez desejado que ele vivesse, você depois deseja que ele morra, isso é incoerência. Se você não o fez pelo bem dos ricos, Você deve tê-lo feito pelo bem da mudança”. [132] 11. O duque Ching de Ch’i perguntou a Confúcio sobre governo. Confúcio respondeu: “Deixe que o governante seja um governante, o súdito, um súdito, o pai, um pai, o filho, um filho”. O duque disse: “Esplêndido! Realmente, se o governante não for um governante, o súdito, um súdito, se o pai não for um pai e o filho, um filho, então, mesmo que houvesse grãos, conseguiria eu comê-los?”. 12. O Mestre disse: “Se alguém pode chegar à verdade de uma disputa legal apenas a partir das evidências de uma das partes, é, talvez, Yu”. Tzu-lu nunca posterga o cumprimento de uma promessa ao dia seguinte. 13. O Mestre disse: “Ao julgar uma disputa judicial, sou igual a qualquer outro homem. Mas, se vocês insistem em uma diferença, é, talvez, que, em primeiro lugar, tento convencer as partes a não recorrer ao litígio”. 14. Tzu-chang perguntou sobre governo. O Mestre disse: “Quanto à rotina diária, não mostre cansaço, e quando houver alguma ação a ser tomada, dê o melhor de si”. 15. O Mestre disse: “O cavalheiro que é muito culto mas que é levado às coisas essenciais pelos ritos dificilmente vai se voltar contra aquilo que apoiou”. [133] 16. O Mestre disse: “O cavalheiro ajuda os outros a perceberem o que há de bom neles; não os ajuda a perceberem o que há de ruim. O homem vulgar faz o contrário.” 17. Chi K’ang Tzu perguntou a Confúcio sobre governo. Confúcio respondeu: “Governar (cheng) é corrigir (cheng). [134] Se você der exemplo ao ser correto, quem ousaria continuar sendo incorreto?”. 18. O grande número de ladrões na região era uma fonte de preocupação para Chi K’ang Tzu, que pediu conselho a Confúcio. Confúcio respondeu: “Se você não fosse um homem ganancioso [135] , ninguém roubaria, nem mesmo se oferecessem recompensas aos ladrões”. 19. Chi K’ang Tzu perguntou a Confúcio sobre o governo, dizendo: “O que o Mestre pensaria se, para me aproximar daqueles que seguem o Caminho, eu matasse aqueles que não o seguem?”. Confúcio respondeu: “Qual a necessidade de matar para administrar um governo? Apenas deseje o bem, e o povo será bom. A virtude do cavalheiro é como o vento; a virtude do homem comum é como grama. Que o vento sopre sobre a grama, e ela com certeza se dobrará”. [136] 20. Tzu-chang perguntou: “Como um cavalheiro deve ser para que digam que ele conseguiu distinguir-se?”. O Mestre disse: “Que diabos você quer dizer com ‘distinguir-se’?”. Tzu-chang respondeu: “O que tenho em mente é um homem que tem certeza de ser conhecido, sirva ele em um reino ou em uma família nobre”. O Mestre disse: “Isso é ser conhecido, não se distinguir. O termo ‘distinguir-se’descreve um homem que é correto por natureza e que gosta do que é certo, sensível às palavras das outras pessoas e observador da expressão nos rostos delas e que sempre se preocupa em ser modesto. Tal homem é destinado a distinguir-se, sirva ele em um reino ou em uma família nobre. Por outro lado, o termo ‘ser conhecido’descreve um homem que não tem dúvidas de que é benevolente, quando tudo o que ele está fazendo é mostrar uma fachada de benevolência que não condiz com suas ações. Tal homem é destinado a ser conhecido, sirva ele em um reino ou em uma família nobre”. 21. Fan Ch’ih estava com Confúcio durante uma visita ao Altar da Chuva. Ele disse: “Posso perguntar sobre o acúmulo da virtude, a reforma dos corrompidos e a admissão do mau julgamento?”. O Mestre disse: “Que esplêndida pergunta! Colocar o serviço prestado acima da recompensa que você ganha, não é isso acúmulo da virtude? [137] Atacar o mal como o mal e não como o mal de um homem em particular, não é isso o caminho para reformar os corrompidos? Deixar que um repentino ataque de raiva faça com que você esqueça da segurança da sua própria pessoa ou mesmo da dos seus parentes, não é isso um mau julgamento?” 22. Fan Ch’ih perguntou sobre benevolência. O Mestre disse: “Ame seus semelhantes”. Ele perguntou sobre a sabedoria. O Mestre disse: “Conheça os homens”. Fan Ch’ih não entendeu. O Mestre disse: “Promova os justos e coloque-os acima dos corrompidos. [138] Isso pode endireitar os corrompidos”. Fan Ch’ih retirou-se e foi falar com Tzu-hsia, dizendo: “Há pouco fui ver o Mestre e perguntei sobre a sabedoria. O Mestre disse: ‘Promova os justos e coloque-os acima dos corrompidos. Isso pode endireitar os corrompidos’. O que ele quis dizer?”. Tzu-hsia disse: “Rico, de fato, é o significado de tais palavras. Quando Shun dominava o Império, escolhendo entre a multidão ele promoveu Kao Yao e, ao fazer isso, afastou aqueles que não eram benevolentes. Quanto T’ang dominava o Império, escolhendo entre a multidão promoveu Yi Yin e, ao fazer isso, afastou aqueles que não eram benevolentes”. 23. Tzu-kung perguntou sobre como os amigos devem ser tratados. O Mestre disse: “Aconselhe-os o melhor que puder e guie-os corretamente, mas pare quando hão houver esperança de sucesso. Não peça para ser rejeitado”. [139] 24. Tseng Tzu disse: “Um cavalheiro faz amigos por meio da sua cultura, mas busca os amigos para apoio benevolente”. www.https//rt.br. Abraço. Davi

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