Espiritualidade.
www.oshobrasil.com.br. Rajneesh
Chandra Mohan Jain – Osho (1931-1990).
RELIGIOSIDADE SEM RELIGIÃO. Osho. É necessário, uma organização, para uma
religião sobreviver? Infelizmente é. A religião necessita de algum tipo de
organização, embora surjam problemas. A organização em si mesma é uma entidade
política; ela não precisa de religião alguma. Para sobreviver, a religião
necessita de uma organização. Para sobreviver a organização não necessita de
religião alguma. Esse é o xis de todo o problema. No passado ocorreram esforços
para se criar religião sem qualquer organização, por se perceber que todas as
organizações de algum modo acabam sendo antirreligiosas. Por exemplo, a Igreja
Católica – ela é uma organização muito sólida, mas é apenas uma organização,
nenhuma religião restou. A religião é uma perturbação para os interesses da
hierarquia de uma organização. A religião é um problema contínuo; as pessoas
religiosas são problemas. A Igreja Católica colocou para fora todas as pessoas
que eram realmente religiosas porque essas pessoas não suportavam esse ato
criminoso de destruir a religião. Elas se opuseram a isso, se rebelaram contra
isso. Mas a Igreja tem muita autoridade. O chefe da Igreja, o papa, é um chefe
religioso e também um chefe temporal, o Vaticano é o seu reinado, uma nação
política. Ela já foi grande, vasta. Hoje tem apenas oito milhas quadradas, mas
ainda assim, ele é o chefe temporal e o chefe espiritual. Existem religiões em
que há separação entre o chefe temporal e o chefe religioso, mas aí surgem
conflitos. O chefe temporal tem todo o poder do exército, da lei, do estado e o
chefe espiritual não tem poder temporal algum. Por exemplo, no hinduísmo, o
Shankaracharya é apenas um chefe espiritual. Mas isso cria outro problema: um
conflito contínuo entre o estado e a religião – e naturalmente o estado é mais
poderoso. Você tem que se lembrar de que quanto mais elevada é uma coisa, mais
frágil ela é. Quanto mais baixa ela for, mais forte ela é. As raízes são fortes
e as flores não. Embora as raízes não tenham significado se as flores
desaparecerem – as raízes somente têm sentido por causa das flores. Mas a
árvore não é tão estúpida como o homem, por isso existe uma harmonia entre as
flores e as raízes, não existem conflitos. As flores representam a fragrância
espiritual e as raízes representam o estado, o exército e todo o seu poder. As
raízes podem negar alimento às flores e elas morrerão e desaparecerão em pouco
tempo. Mas nenhuma árvore é tão estúpida: existe uma harmonia; as raízes dão
suporte para as flores, para as folhas, para os ramos. E isto não acontece
apenas de um lado. As flores, as folhas e os ramos vão recolhendo os raios do
sol e o dióxido de carbono no ar, e continuamente os enviam para as raízes.
Isso é uma comunhão, não existe a questão de conflito. Mas na religião, isso
tem sido um problema. Se você os mantiver separados, logo o estado irá tentar
controlar a religião. Por exemplo, na Inglaterra a religião é separada, mas a
rainha é na verdade a chefa de ambos; da igreja e do estado. A igreja tem seu
próprio chefe, mas existe uma chefa coroada que está acima dele. O que pode o
arcebispo de Canterbury fazer contra a rainha? (...) tende a corrompe-lo. Ele
pode fazer mau uso do poder; e é quase certo que ele faça mau uso. Em primeiro
lugar, se a chefia incluir ambos os poderes, o temporal e o espiritual, as
pessoas que são espirituais não farão qualquer esforço para se tornar chefe,
porque pessoas espirituais não querem se envolver com o poder político. Então,
apenas as pessoas que têm a mente voltada para a política (...). Elas podem
usar vestimentas religiosas, podem ser bispos, cardeais ou ministros, podem ter
estudado teologia. Mas elas não são pessoas espirituais. Se elas estivessem no
mundo, teriam tentado se tornar presidente ou primeiro-ministro; é apenas
acidental que elas estão com vestimentas religiosas. A ambição delas somente
pode ser preenchida se elas se tornarem papa. Por isso, elas fazem todos os
esforços para se tornar papa. Quando elas chegam ao poder, é muito provável que
elas façam mau uso dele. Em primeiro lugar, essas pessoas nunca foram
espirituais. O hinduísmo tentou uma outra coisa também. Se você fizer de uma
pessoa um chefe espiritual, existe a possibilidade de que essa pessoa não seja
realmente espiritual. Você pode ter errado, porque não existe critério algum
para julgar e isso não pode ser decidido numa eleição, pois as pessoas não tem
ideia do que seja espiritualidade. Como elas poderão decidir quem é espiritual?
Elas podem apenas nomear. Isso não pode ser escolhido numa eleição – e se
houver uma eleição – você atrairá políticos para ela. O papa católico é eleito,
por isso, naturalmente, os cardeais que tem a mente voltada para a política
fazem todos os esforços para abordarem todas aquelas pessoas – talvez sejam
duzentos cardeais que escolhem o papa – assim existe continuamente uma campanha
que corre às escondidas, uma campanha eleitoral. Mesmo depois que já existe um
papa, a campanha continua porque um papa não vive muito tempo, pela simples
razão de que quando uma pessoa se torna papa ela já está próxima dos setenta
anos. Assim, você pode esperar que dentro de dois, três, quatro ou cinco anos
ele já esteja lindo. (...). O hinduísmo tentou assegurar-se de que sua religião
teria muitos chefes; todos seriam nomeados. Mas então outro problema surgiu:
uma grande confusão. O hinduísmo é uma grande confusão – você nem pode dizer
que é uma religião. São mil e uma religiões juntas, porque não existe nenhum
controle central. Qualquer um pode reunir discípulos, tornar-se um chefe e
ninguém pode impedi-lo. A ideia era dar liberdade, mas acabou virando uma
confusão. Qualquer idiota pode encontrar alguns outros idiotas que sempre estão
disponíveis em qualquer lugar. Existem muitas seitas no hinduísmo e cada seita
tem muitas sub seitas e cada sub seita tem seu próprio chefe. Eles nem mesmo
tem um relacionamento dialogal com os outros chefes da mesma religião. Elas
estão continuamente brigando nos tribunais porque algumas vezes acontece de
duas pessoas proclamarem que elas é que são as chefes, e se elas puderem dar
alguma prova (...). O sânscrito é uma língua que, apenas com um pouco de
lógica, tudo pode ser interpretado de muitas maneiras. Cada palavra tem muitos
significados; o que lhe dá beleza, lhe dá poesia, pois você pode brincar com as
palavras de muitas maneiras, elas não têm um significado fixo. Mas isso também
é perigoso: você não pode escrever em sânscrito, senão haverá muitas
interpretações, e isso é o que está acontecendo. No Bhagavad Gita existem mil
comentários famosos, sem considerar os não famosos, que são outros muitos
milhares. Mas existem mil comentários muito famosos. Considera-se que qualquer
um que escreva um comentário sobre as três escrituras – os Vedas, os Brahmasutras
de Badarayana e o Shrimad Bhagavagita de Krishna – se torna um acharya, um
chefe, e ele pode criar um grupo de adeptos. Ora, não é difícil escrever
comentários sobre essas três escrituras (...). Por isso, o hinduísmo não é uma
religião como o cristianismo, o judaísmo ou o islamismo. No islamismo existe um
Profeta, um Deus e um Livro – e isso é tudo. No hinduísmo são milhares de
escrituras, todas de tremendo valor, e em cada escritura existem mil
comentários, e todo comentário tem algum valor, algum insight. E depois existem
os comentários sobre os comentários (...). Shankara escreve um comentário sobre
o Gita, então, entre os seguidores de Shankara, um escreve sobre os comentários
do Shankara, e um outro seguidor escreve um outro comentário sobre o comentário
do comentário do Shankara. Porque o comentário é também tão vulnerável à
interpretação quanto o original. Assim os seus discípulos continuarão
escrevendo mais comentários (...). Vendo tal situação, os seguidores ortodoxos
os Mahavira (...). Eles são chamados digambaras porque eles vivem nus, os seus
monges vivem nus. Digambara significa aquele cuja única roupa é o céu – nada
existe entre ele e o céu. Para evitar confusão, para evitar comentários, para
evitar organização, eles simplesmente destruíram todas as escrituras de
Mahavira. Assim, os digambaras não tem qualquer escritura de Mahavira – um ato
estranho. Exatamente para preservar seus ensinamentos, eles são repassados aos
discípulos palavra por palavra, oralmente, não através de livros. Você não consegue
compra-los nas livrarias, ninguém pode escrever um comentário sobre eles. Os
ensinamentos seguem silenciosamente, sendo transferidos de uma geração de
monges a outra geração de monges. Foi um grande esforço, uma tremenda coragem,
destruir todas as escrituras, de modo que você não possa imprimi-las. Mas o que
aconteceu foi que mesmo transferindo de um indivíduo a outro indivíduo, existem
diferentes versões, porque naturalmente (...). Vocês todos estão me ouvindo,
mas se forem para casa e escreverem o que eu disse, vocês acham que irão
relatar a mesma coisa? Amanhã de manhã poderão verificar todos os cadernos de
anotações e ficarão surpresos pois todo mundo pegou alguma coisa a mais, cada
um colocou ênfase em algo que o outro tinha ignorado completamente. O que você
ouviu ela nem se preocupou a respeito. Assim, embora eles tentassem evitar
escrever as escrituras e permanecer consistente, havia diferentes versões.
Atualmente existem apenas vinte e dois monges nus; eu me encontrei com todos os
vinte e dois. Eu fiquei confuso, pois todos eles tinham versões diferentes de
seus instrutores, e eles estavam dando uma versão diferente a seu discípulo que
um dia iria se tornar um monge nu. Eles estavam treinando o discípulo e eles
achavam que dessa maneira a pureza da mensagem estava preservada. Mas, eu lhes
perguntei: Alguma vez você já comparou os seus comentários com os dos outros
vinte e um? Eles disseram: Não, isso nunca foi feito. O que o meu instrutor me
deu, eu darei ao meu discípulo-chefe, e ele dará ao seu discípulo-chefe. Mas,
eu disse: Eu encontrei todos os vinte e dois e vocês estão dizendo coisas
diferentes. Se isto estivesse num livro, pelo menos poderia haver alguma
possibilidade de se chegar a um acordo. Agora não tem jeito de se chegar a
qualquer acordo. Existem vinte e duas religiões surgindo de um a fonte – a qual
eles destruíram. Assim, agora não existe algo para se voltar e conferir; e você
não pode provar que alguém está errado e que alguém está certo (...). Para
evitar organização, Mahavira disse: “Agora não haverá sucesso a mim”. Mas isso
não fez qualquer diferença. Sim, não existe um sucessor para ele, mas existem
milhares de chefes de pequenas seitas. Eles não se proclamam sucessores de
Mahavira, eles não dizem que são tirthankaras. Eles são instrutores dos
ensinamentos de Mahavira. Mas todos esses instrutores estão continuamente em
conflito a respeito de tudo. O mesmo aconteceu com Buda. Enquanto estava vivo,
ele não permitiu que fosse escrito o que ele estava dizendo – você simplesmente
teria que compreendê-lo, experienciá-lo e compartilhar com as pessoas. Senão
haveria toda possibilidade de as pessoas venerarem aqueles livros – com os
muçulmanos veneram o Alcorão Sagrado, os cristãos a Bíblia Sagrada. Assim, é
melhor não terem as minhas palavras, disse Buda aos seus discípulos, em forma
de um livro. Quando ele estava ali para dizer isso, naturalmente tudo estava
sendo assim. Mas quando ele morreu, os discípulos se viram em dificuldades
porque havia muitas pessoas dizendo coisas diferentes. Alguma coisa teria que
ser decidida, pois já havia um caos. Então, trezentos discípulos se juntaram e
compilaram o que Buda havia dito. A compilação foi feita num local fechado,
porque aconteceram muitos conflitos e eles não queriam que as pessoas soubessem
que os discípulos-chefes estavam em conflito, brigando: isso não foi dito por
Buda. Assim, eles chegaram a um acordo, através de negociações, seguindo o
caminho do meio. Se duas pessoas estão dizendo duas coisas, então se chega ao
meio e mantém aquilo. Mas aquilo era uma mistura heterogênea. Buda não seria
capaz de reconhecer aquilo como sendo as suas palavras. Aquilo era o acordo de
trezentas pessoas. Ora, trezentas pessoas em desacordo, chegando a um acordo –
você pode imaginar que resultado seria. Sim, para o mundo eles puderam então
mostrar que tinham uma escritura. Mas como eles podem enganar aqueles que de
fato compreendem? Buda evitou criar qualquer chefe para sua religião. Isso
gerou trinta e duas seitas imediatamente após sua morte. Existiram também
outros na época de Buda (563 AC 480) e Mahavira (599 AC 497). Um deles foi
Sanjay Vilethiputta. Ele evitou até mesmo a iniciação. Ele dizia: Vocês
simplesmente me ouçam. Se vocês sentirem que gostam de fazer o que eu estou
dizendo, então façam, mas eu não iniciarei vocês. Se eu inicia-los, logo vocês
irão criar uma organização. Vocês precisarão de uma organização para manter
juntos todos os que são meus discípulos. Existem muitas razões para eles
estarem juntos – para sua segurança, para sua proteção, pois eles serão
perseguidos pelas outras religiões. E se eles forem sós no vasto oceano de
inimigos, eles serão mortos. Assim, Sanjay Vilethiputta dizia: Se eu
inicia-los, uma organização será necessária. Eu não lhes darei iniciação, então
os outros não irão saber que vocês são meus seguidores. Vocês simplesmente
continuam suas vidas, experienciando, fazendo aquilo que eu lhes disser. E se
vocês sentirem que querem repassar isso a alguém, vocês podem repassar, mas sem
essa questão de iniciação. Mas o que aconteceu? Nós não temos escrituras de
Sanjay Vilethiputta. O homem deve ter sido de uma inteligência imensa, pois
Buda o criticava, Mahavira o criticava. Caso contrário, Mahavira e Buda não
iriam criticar um homem que não tivesse status. Ele deve ter tido um status
exatamente igual ao de Buda e Mahavira. Um dos grandes monges hindus, Karpatri
(1907-1982), escreveu um livro inteiro contra mim e quando eu vi, fiquei
curioso para saber como se conseguiu. Declarações que eu nunca fiz, ele colocou
em meu nome, e em seguida criticou-as. Ora, alguém lendo esse livro pensará que
ele acabou comigo completamente. E ele nem mesmo tocou-me. O seu secretário escreveu a introdução ao
livro, e parecia ser um homem inteligente porque naquela introdução ele disse:
Nós somos agradecidos a Osho porque ele criou esta oportunidade e o desafio
para todos aqueles que pensam em reconsiderar tudo e não simplesmente aceitar
qualquer coisa sem reconsiderá-la. O secretário é um seguidor de Karpatri e por
isso ele lhe agradece por fazer um grande trabalho, aceitando o desafio de Osho
e criticando-o. Ele veio pessoalmente me dar o livro. Eu olhei aqui e ali e lhe
perguntei: Você é o secretário de Karpatri – ele próprio era um sannyasin hindu
– Você observou que essas declarações não são minhas? Muito provavelmente o
livro foi ditado por você. Ele disse: Eu estava com medo de que você fosse
dizer isso. Eu simplesmente dei uma folheada no livro e lhe disse: Esta
declaração não é minha. Não apenas não é minha, ela é contrária a mim,
totalmente contrária às minhas confissões. Você é uma pessoa educada, como você
permitiu isso acontecer? Você deveria ter impedido, porque este livro é
totalmente falso e qualquer um que lê-lo terá um conceito errado de mim. Por
isso você não pode confiar nessas pessoas – eu estou comparando o que Buda
disse a respeito de Sanjay Vilethiputta com o que foi dito por Mahavira e são
coisas diferentes. Buda cita a filosofia de Sanjay Vilethiputta de maneira
diferente do que faz Mahavira. Isso mostra certamente que ninguém está
descrevendo a outra pessoa cuidadosamente. Isso é desonestidade. A pessoa
honesta deve declarar primeiro o argumento da outra pessoa em sua totalidade,
em sua força e depois ele pode criticar. Mas, sem uma organização, Sanjay
Vilethiputta está completamente perdido – nós não temos qualquer coisa dele
para comparar. Não temos qualquer anotação de discípulos porque ele jamais
iniciou alguém. Assim, talvez depois de uma ou duas gerações, a coisa deve ter
desaparecido – e a contribuição daquele homem deve ter sido de imenso valor.
Jiddu Krishnamurti (1895-1986) está fazendo exatamente o que Sanjay
Vilethiputta fez. Ele abandonou a organização e por quase sessenta anos ele tem
tentado ajudar as pessoas individualmente a compreender – mas nada tem
acontecido. Ele tem sido sempre o mestre mais frustrado. E agora, ao chegar a
idade de oitenta e cinco anos, ele criou a Fundação Krishnamurti na Inglaterra.
Essa foi a sua experiência de sessenta anos – quando compreendeu que no momento
em que ele morrer não haverá ninguém para preservar as suas palavras. O que
dizer então de sua experiência? Se nem mesmo as suas palavras estão
preservadas. O que está acontecendo em torno de mim é totalmente diferente do
que tem sido feito até agora, pois nada foi bem sucedido. De uma maneira ou
outra todos os esforços fracassaram. Agora, o esforço ao meu redor não é criar
uma organização com os católicos, porque então todo o poder se torna
concentrado em uma pessoa – e isso e perigoso. Isso cria ambição nos outros
para alcançar o posto mais elevado. Eles esquecem tudo a respeito de
espiritualidade, crescimento. Daí, todo o esforço passa a ser como se tornar
papa. Bem no fundo, aquele desejo. Assim, isso se torna um outro mundo, uma
outra política mundana. E é sempre perigoso deixar todo poder nas mãos de uma
pessoa. Em torno de mim, o esforço desde o início tem sido o de descentralizar
o poder. Por isso, ao meu redor, pouco a pouco, muitas organizações paralelas
foram sendo criadas, e cada organização é autônoma, funcionando em uma direção.
Por exemplo, a Osho International Foundation estará cuidando das minhas
palavras e assuntos com outras religiões. A Academia, uma outra organização,
será puramente esotérica. Para a Academia eu criei três círculos de pessoas.
Elas serão a Academia – elas terão todo o poder espiritual em minha ausência
física. Ela terá tudo que houver de melhor, os sannyasins mais inteligentes
estarão nela. A inteligência delas combinada será o suficiente – um poder para
si mesmo. Então a comuna terá um corpo separado de si própria (...). Os nossos
sannyasins, sob vários aspectos, são pessoas muito inocentes. Eles podem ser
muito educados, mas são pessoas inocentes – e depois que se tornaram
sannyasins, se tornaram ainda mais inocentes. E por essa razão não existe problema;
é preciso um simples senso comum. A organização não pode ser evitada. Nós
apenas temos que ser um pouco mais sofisticados, mais científicos e mais
matemáticos a respeito disso. Nós temos que usá-la ao invés de sermos usados
por ela. Assim, eu não sou contra a organização, mas nós podemos aprender com o
passado. Tudo aquilo que aconteceu no passado nós podemos evitar. E nós podemos
fazer alguma coisa totalmente nova que nunca foi feita antes. E se você pode
ver todas as possibilidades que destroem a religião (...) Antes que elas peguem
a minha religião e u vou acabar com todas essas possibilidades. Os sannyasins
podem ter uma organização totalmente diferente. Dessa promessa vocês podem
sempre se lembrar: eu não vou deixá-los num estado de caos. O que aconteceu no
passado? Aquelas pessoas montaram suas organizações no último momento, quando
elas estavam morrendo ou a maioria das organizações foram criadas depois que os
fundadores estavam mortos, porque enquanto ele estava aqui as coisas caminhavam
perfeitamente bem, de modo que ninguém se preocupava com isso. Mas quando o
fundador morreu, imediatamente surgiu a necessidade (...). A sua ausência
estava ali. E isso era um grande vazio, impossível para as pessoas conectarem.
Elas tinham se conectado com o fundador, mas não tinham uma interconexão entre
elas mesmas. E isso é na verdade o que a organização é. A palavra é muito
significativa; ela vem de órgão. A sua mão é um órgão seu, a sua perna é um
órgão seu, o seu nariz, os seus olhos – estes são os seus órgãos. E todo o seu
corpo é uma organização. E todos eles funcionam em imensa harmonia. Quantas
partes você tem - todas elas funcionando
em harmonia; você nem mesmo tem consciência disso. Tudo está acontecendo tão
silenciosamente que os cientistas dizem que se nós tivéssemos que montar um
mecanismo que funcionasse tão silenciosamente e fizesse todo o serviço que o
corpo faz, precisaríamos pelo menos de uma área de uma milha quadrada para
realizar isso dentro de uma fábrica. Mesmo hoje não é possível levar sangue ao
cérebro – como o seu corpo faz isso é um milagre que acontece todos os dias.
Milhões de células vivas estão dentro de você; você é quase uma cidade. Existem
sete milhões de células vivas, talvez cada uma tendo um certo cérebro pequeno
próprio, pois o trabalho delas é tão inteligente que não se pode dizer que elas
não tenham cérebro. Tudo está sendo substituído e fornecido no local onde é
necessário. Os cuidados estão sendo tomados por aquelas pequenas células dentro
de você de modo que a nutrição chegue às partes que são mais essenciais. O seu
cérebro é alimentado primeiro, as pernas podem esperar um pouco. Mas é apenas
questão de minutos – eu acho que são seis minutos – se o seu cérebro não tiver
oxigênio, ele começa a se desintegrar. Por isso, primeiro o oxigênio deve
alcançar o cérebro. E é um mistério como essas pequenas células estão fazendo e
decidindo isso. Depois que as necessidades do cérebro estão satisfeitas, então
são os órgãos de segundo grau, de terceiro grau, de quarto grau (...). Dessa maneira
ele deve se mover. Vocês são uma cidade de sete milhões de seres vivos. Isso é
uma organização e isso é o que deve ser. Todos os nossos órgãos separados devem
estar conectados, ajudando uns aos outros, lembrando-se de onde a ajuda é mais
necessária. E lembre-se primeiro que todo o seu trabalho é para alcançar a
iluminação, por isso a tocha da iluminação permanece acesa. Não existe pausa.
Eu estou tomando todos os cuidados para que não exista pausa. Bodhidharma
sentirá inveja de mim. www.oshobrasil.com.br.
Abraço. Davi
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