segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

O NATAL COMO SIMBOLISMO DO RENASCIMENTO


www.psiqueemequilibrio.com.br. Texto da psicóloga jungiana Juliana Pereira dos Santos. O NATAL COMO SIMBOLISMO DO RENASCIMENTO. A mística da gravides. O natal como símbolo do renascimento da nossa criança interior. Em tempos de atitudes polarizadas a necessidade de transformação e renovação se faz presente. Algumas datas específicas são um convite para que algumas reflexões e mudanças possam ser feitas. O natal é uma delas. Segundo a tradição cristã, o natal marca o nascimento de Jesus, o filho de Deus. Independente, de ser ou não cristão, a encarnação do Verbo simboliza psicologicamente para toda a humanidade a síntese dos símbolos fundamentais do universo: o céu e a terra, que une divino e humano. O Cristo, por sua totalidade pode ser considerado o arquétipo do Si mesmo, o centro regulador da psique. Aquele que vem para promover a mudança, restabelecer o equilíbrio e oferecer um novo padrão de consciência, mais adequado às necessidades de amor e preservação. A estrela que guiou os reis magos até o menino, certamente é o símbolo do espírito, farol projetado na noite do inconsciente (Chevalier, 2009). Assim, não seria o natal tempo oportuno para seguirmos a estrela rumo ao nosso interior? Mais do que nos preocuparmos com os presentes ou nos deixarmos seduzir pelas brilhantes estratégias comerciais que querem a todo custo lucrar e lucrar, poderíamos aproveitar deste momento para, assim como os reis magos, levarmos presentes à nossa criança interior. A nossa criança é o lugar da origem onde tudo já existe. Olhar para ela é como voltar onde tudo começou, não no sentido de regressão, mas para se encontrar com a verdade esquecida ou negligenciada por conta de nossos tropeços e falta de consciência. Assim como Maria, é como se estivéssemos todos grávidos, no sentido místico, gerando a criança que nos trará coisas novas. “Eis que faço nova todas as coisas”. Apocalipse 21:6. O local singelo onde ocorreu o nascimento simboliza que precisamos resgatar em nós aqueles aspectos mais simples e para os quais, muitas vezes, não damos o valor devido. Alguns estudos sobre Jesus dizem que ele nasceu numa gruta. Ela simboliza um útero materno. Portanto é o lugar da iniciação. Nas tradições do extremo oriente, a caverna é o símbolo do mundo, a imagem do centro do coração. Simbolicamente, o coração é onde homens e mulheres podem gerar todas as coisas (Chevalier 2009). Há temo para nascer e tempo para morrer. Esta é a proposta do natal. Celebramos com nossos familiares o que pudemos viver, e desejamos um ano novo cheio de sonhos e expectativas. Apesar de em nosso calendário celebramos o dia 25 de dezembro, todos os dias pode ser natal dentro de nós”. http://www.psiqueemequilibrio.com.br. Redator do Mosaico. Nesse texto da Juliana, a meu ver, podemos refletir numa perspectiva humanista dentro da subjetividade (algo trabalhado pelo ser individualmente envolvendo sua sensação, emoção e percepção) espiritual, que sinto devemos singularizar em nossa experiência. A objetividade (o lado do ser marcado pela teleologia, finalidade como o principal fator de motivação existencial. Os ganhos e perdas se misturam num emaranhado do cientificismo e tecnicismo duma praticidade estressante e entediante) que vivenciamos representando nossa fascinação no entendimento embotado. Onde a compreensão é obstaculizada pelo que enxergamos do todo, e ficamos com o fracionamento, um quebra cabeça que geralmente não conseguimos montar. Abordagem diferente costuma abrir nossos olhos para outros panoramas, quebrando nossos paradigmas, tornando-nos maleáveis e em sintonia com o Universo. Não fugimos do princípio da natividade (o nascimento virginal do Cristo) e ganhamos contextualizando o tema para um humanismo contemporâneo. Geralmente tendemos a pensar o natal de fora pra dentro nos preocupando em oferecer algo (presentes) aos nossos queridos familiares e amigos. Além da tradicional festa, com jantar e mesa farta regada a bebidas e outras guloseimas. Completamente fugindo do conceito original, que espiritual, deveria levar-nos a reflexão do nascimento de Jesus, sua condição humilde e vida de privação e sofrimento. Sua entrega a missão divina e seu propósito cumprido à nos resgatar da mundanidade passageira. Isso faz com que percamos de vista o verdadeiro sentido dessa data, que é apresentar ao nosso consciente o caminho da mudança interior, valorizando pela meditação a busca pelo divino e conhecendo maneiras seguras e firmes de produzir nosso desenvolvimento espiritual. Grifarei alguns pontos que a psicóloga compartilhou em sua dissertação. As atitudes polarizadas mencionada é uma realidade que enfrentamos. O eu e o objeto se contrapõem numa dualidade que encerra um materialismo de forte egocentrismo narcisista. Expressamos emoções e sensações distorcidas, pois estão embasadas em apegos e futilidades mundanas. O nascimento de Jesus como a síntese dos símbolos denota o arquétipo  universal em todas as tradições espirituais da união do divino com o humano. A divindade sem forma se humanizou em forma precária e temporária dando-nos a lição de que todos os seres existentes possuem a partícula do Logos Eterno indivisível e indestrutível em sua substância. O Cristo é o princípio do Si mesmo, aquele capaz de trazer a harmonia e equilíbrio ao nosso ser tão envolto em turbulências e inquietação. Efésios 5:18 “(...) enchei-vos do Espírito”. Essa é a medida recomendada à que saiamos da condição de desarmonia interior e assumamos uma rotação condizente com o eixo no qual devemos está fixados. Mas na experiência diária não é fácil desenvolvermos esse processo em nossa convivência. Ora estamos abaixo do nível permitido ora estamos acima dele. Penso ser recorrente a simbologia da estrela com o espírito. Ao olharmos os astros no céu temos a impressão que estão bem perto, não estando imensuravelmente distantes. Ao continuar olhando o espaço sideral, em nosso inconsciente, não diferenciamos perceptivelmente o tempo do espaço. As vezes tendemos a um passado infinito ou um presente infinito, como se fossem a mesma coisa, estando no mesmo plano. Engano grosseiro pois "na relatividade geral postulada por Einstein, tempo e espaço não existem independentemente do Universo ou um do outro. Eles são definidos por medições dentro do Universo, como o número de vibrações de um cristal de quartzo em um relógio ou o comprimento de uma régua. É totalmente concebível que o tempo, dentro do Universo, deva ter um valor mínimo ou máximo, em outras palavras, um início ou um fim. Não faria sentido perguntar o que aconteceu antes do início ou o que acontecerá após o fim, porque tais tempos não seriam definidos". Assim é o espírito que na sua infinitude acoplou-se na finitude humana, sendo um guia em nossos momentos de escuridão. Levar presentes a nossa criança interior passa pela valorização do ser “in natura”, seu estado puro como substancia desarraigada da forma e característica mundana impregnada da sócio cultura moderna. Esse conceito de limpeza espiritual é trabalhado quando assumimos uma postura de desapego a dogmas, crenças e superstições. Chamando para nós a responsabilidade pelo crescimento rumo a uma experiência mística com o Espírito crístico em nossa alma. A criança é a origem onde tudo já existe. Esse conceito é da filosofia orienta, onde é mostrado que em nosso ser interior temos as resposta para todos os questionamento, e caminhos, para nos desvencilharmos das coisas que trazem apegos: desejo, vontade e prazer acima do padrão saudável da vida. Como se estivéssemos todos grávidos, aqui podemos fazer um paralelo com o que a Juliana falou, introduzindo a passagem bíblica de Gálatas 4:19 “Meus filhinhos por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja gerado em vós”. Essa criança precisa ser formada em nosso interior em cada experiência humana e espiritual, simbolizando nossa mudança e transformação até a plenitude de Cristo. Inferimos que o verdadeiro proselitismo (discipulado) deve ser realizado conosco mesmo, devemos formar Cristo em nós que é a esperança da glória é não necessariamente nos outros, pois todos os seres humanos tem Cristo como princípio, bastando ter consciência disso para aprender a gera-lo, transparecendo essa glória a outros. Nossa espirituosidade baseada em supostas verdades e conceitos exclusivistas fecham nossa mente e coração para aqueles que pensam e praticam conceitos diferentes dos nossos. Isso bloqueou nossa comunicação e sintonia em relação aos desiguais em termos de espiritualidade. Perdemos o rico acervo místico depositado em outras culturas e religiosidades. O resgate dos aspectos simples dito pela psicóloga começam, imagino, a partir do momento que conciliamos nossas diferenças com as divergências de noções e pressupostos contrários aos nossos. Esse conceito é um arquétipo da visita dos três reis magos ao menino Jesus, onde os astrólogos Melchior, Gaspar e Baltazar como símbolos do consciente coletivo representam as principais religiões monoteístas: cristianismo, judaísmo e islamismo. Todas de comum acordo em sintonia, se respeitando e proclamando a divindade suprema, em sua característica e peculiaridade própria com nomes diferentes como Jesus (Cristo), Maomé (Mohammad) ou Messias (Masiach). Entretanto tendo o mesmo Espírito de Luz e revelação para o mundo.  Esse trabalho de interação e prolongamento da “verdade”, visto na revelação de outras culturas pressupõe tempo, mas devemos ter isso em mente. Esta aproximação leva-nos a praticar a fraternidade, coerência e harmonia com os desiguais. Certos de que Cristo, Budha, Aláh e o Messias nascem diariamente em nossos corações nos trazendo felicidade e compaixão para com todos os seres humanos e não humanos. Feliz Natal a todos os amigos do Mosaico.  Abraço. Davi. 

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