Bhagavad
Gita. A Mensagem do Mestre. SANKHYA YOGA. Capítulo Dois. A VERDADEIRA NATUREZA DO
ESPÍRITO. Neste capítulo se ensina como se pode, por meio da meditação
filosófica, obter a verdadeira concepção do Universo. Isto é, o conhecimento da
nulidade e instabilidade de todas as formas que existem no mundo dos fenômenos,
em contraste com o Ser Eterno, e como este conhecimento nos conduz ao caminho
da liberdade espiritual e da imortalidade.
Continua
Sanjaya a contar:
Krishna,
cheio de amor, piedade e compaixão, disse a Arjuna, vendo a sua pungente
tristeza e as lágrimas nos seus olhos:
Donde
te vem, ó Arjuna, essa pusilanimidade? Esta fraqueza, indigna de um homem,
faz-te infeliz, pois te fecha as portas do céu (1). (1). O homem que está cheio
de medo e dúvidas, afasta-se por si mesmo do céu da bem-aventurança, que é
própria a alma que conhece a verdade.
Não
te entregues a ela; sacode de ti essa cisma desprezível; levanta-te resoluto e
bravo, ó vencedor de inimigos!
Respondeu
Arjuna:
Ó
meu caríssimo! Como posso eu atacar e combater a Bhishma e Drona, quando a
ambos, respeito e estimo?
Seria
melhor, para mim, comer o pão seco e sem sabor de mendigo, do que ser o
instrumento de morte a estes nobres e respeitáveis homens, que eram meus
preceptores e mestres! É verdade que eles são ávidos dos meus bens; mas como
poderia eu gozar a riqueza e o poder, sobre os quais há manchas de sangue dos
meus queridos?
Não
posso dizer se é melhor que nós os vençamos ou que eles nos vençam a nós. Mas
sei que eu não desejaria viver nem um minuto mais, se visse morrer os meus
parentes e amigos, os filhos do rei Dhritarashtra e o povo de Kuru.
Compaixão
e ânsia comprimem o meu coração, e a minha mente vacila diante do problema que
se lhe apresenta. Não sei o que devo fazer. Dissipa tu, ó KRISHNA, estas
dúvidas; dize-me, qual é o meu dever. Eu sou teu discípulo: prostrado perante
ti, peço que me dês as instruções de que careço.
Tão
confuso está o meu entendimento, que não posso descobrir nada que acalme a
febre da minha mente; o meu interior está em fogo que seca as minhas
faculdades. Ainda que eu ganhasse um reino na terra, cujo brilho excedesse a
todos os outros reinos como o sol excede às estrelas, ou conseguisse o poder
dos deuses e o domínio sobre os exércitos celestes, minha aflição não diminuiria.
Não, eu não quero combater.
Continua
Sanjaya:
Depois
de ter falado assim ao Senhor da Criação, Arjuna caiu em silêncio
Então,
KRISHNA, sorrindo ternamente, dirigiu ao desanimado as seguintes palavras,
achando-se ambos no meio do espaço entre os dois exércitos:
Palavras
do Verbo Divino (1). Sem necessidade te entristeces e afliges; contudo, as tuas
palavras têm grãos de verdade. Elas exprimem a sabedoria do mundo exterior
(exotérica), mas não satisfazem à mente interior (esotericamente). São, pois,
apenas a expressão de um aparte da verdade. Os sábios não se entristecem nem
por causa dos vivos nem por causa dos mortos. (1) KRISHNA é o representante do
Verbo Divino ou Logos (Cristo em nós).
Sabe,
ó príncipe de Pându, que nunca houve tempo em que não existíssemos eu ou tu, ou
qualquer destes príncipes da terra. Igualmente, nunca virá tempo em que algum
de nós deixe de existir (1). (1) O que no homem é divino, o seu Ser verdadeiro,
é eterno. Não nasce nem morte, e forma a sua individualidade, que aparece
periodicamente, vestida de corpo material, mas é independente dele.
Assim
como a alma, vestindo este corpo material, passa pelos estados de infância,
mocidade, virilidade e velhice. Assim, no tempo devido, ela passa a um outro
corpo, e em outras encarnações, viverá outra vez. Os que possuem a sabedoria da
doutrina esotérica (interior), sabem isto e, não se deixam influenciar pelas
mudanças a que está sujeito este mundo exterior.
Os
sentidos dão-te, pelas apropriadas faculdades mentais, o sentimento do calor e
do frio, do prazer e da dor. Mas estas mudanças vêm e vão, porque pertencem ao
temporário, impermanente, inconstante. Suporta-as com equanimidade, valentia e
paciência, ó príncipe!
O
homem que não se deixa mais atormentar por essas coisas, que se conserva firme
e inabalável no meio do prazer e da dor, que possui a verdade igualdade de
ânimo. Esse, crê-me, entrou no caminho que conduz à imortalidade.
Aquilo
que é irreal, ilusório, não tem em si o Ser Real, não existe na realidade, e
sim só na ilusão. E aquilo que é o Ser Real, nunca cessa de ser, nunca pode
deixar de existir, apesar de todas as aparências contrárias. Os sábios, ó
Arjuna, fizeram pesquisas relativas a isto e descobriram a verdadeira Essência
e o sentido interior das coisas (1). Só aquele Ser, no homem que é penetrado
pela Verdade, pode conhece-la, porque a Verdade é a sua essência e conhece-se,
no homem, a si mesma.
Sabe
que o Ser Absoluto, de que todo o Universo tem o seu princípio, está em tudo, e
é indestrutível. Ninguém pode causar a destruição desse imperecível (2). (2) O
corpo é o instrumento do Espírito, é a sombra incorporizada em que a Luz se
esforça por manifestar-se.
Estes
corpos caducos, que servem como envoltórios para as almas que os ocupam, são
coisas finitas, coisas do momento, e não são o verdadeiro homem real. Eles
perecem, como todas as coisas finitas, deixa-os perecer, ó príncipe de Pandu,
e, sabendo isto, prepara-te para o combate.
Aquele
que pensa, em sua ignorância; Eu mato ou Eu serei morto, procede como criança
que não tem conhecimento da verdade, porque o que é na realidade, é eterno, e o
Eterno não pode matar nem ser morto.
Conhece
esta verdade, ó príncipe! O Homem Real, isto é, o Espírito do homem, não nasce
nem morre. Inato, imortal, perpétuo e eterno, sempre existiu e sempre existirá.
O corpo pode morrer ou ser morto e destruído; porém, aquele que ocupou o corpo,
permanece depois da morte deste (1). (1) O Espírito é a vida mesma, isto é, a
Vida Eterna, de que a Vida Exterior, corporal, é só um reflexo, uma
manifestação de ordem inferior.
Quem
conhece a verdade de que o Homem real é eterno, indestrutível, superior ao
tempo, à mudança e os acidentes. Não pode cometer a estultice de pensar que
pode matar ou ser morto.
Como
a gente tira do corpo as roupas usadas e as substitui por novas e melhores,
assim também o habitante do corpo (que é Espírito), tendo abandonado a velha
morada mortal, entra em outra, nova e recém-preparada para ele (1). (1) A
reencarnação é uma lei universal em toda a natureza. O espírito do homem
desencarnado volta, depois de um tempo de descanso, a ocupar um novo corpo,
formando assim nova pessoa. Enquanto a alma não tem conhecimento espiritual de
si mesma este processo é inconsciente.
O
Homem Real, o Espírito, não pode ser ferido por armas, nem queimado pelo fogo:
a água não o molha, o vento não o seca nem move. Ele é impermeável,
incombustível, indissolúvel, imortal, permanente, imutável, inalterável,
eterno, e penetra tudo.
Em
sua essência, é invisível, inconcebível, incognoscível (2). Sabendo isto, não
te entregues à aflição pueril. (2). Isto é, para o intelecto exterior; mas é
cognoscível para a percepção interior de homem espiritualmente iluminado.
Se,
porém, não o crês, e pensas que nascimento e morte são coisas reais, mesmo
assim te pergunto: por que te lamentas e entristeces?
Pois,
em verdade, a morte deriva do nascimento e o nascimento dimana da morte. Não te
aflijas, pois, pelo inevitável.
Aqueles
que carecem da Sabedoria interior, ignoram de onde vimos e para onde vamos;
conhecem só aquilo que é transitório. No Ser Eterno, todas as coisas são
compreendidas no estado invisível. Depois se fazem visíveis, e na morte tornam
a ser invisíveis. Por que então lamentar?
Quanto
à alma, o homem real, Espírito ou Ser Eterno, alguns o tomam por coisa
maravilhosa; outros ouvem falar e falam dele como de uma maravilha, com
incredulidade e sem compreensão. Mas a mente mortal não compreende esse
mistério, nem o conhece em sua natureza verdadeira e essencial, apesar de tudo
o que foi dito, ensinado e pensado a seu respeito (1). (1) Só pode compreender
o Ser Eterno, quem o realizou em si mesmo.
O
Espírito, esse Homem real que habita o corpo, é invulnerável e indestrutível: é
a vida mesma. Não há, motivo para te abandonares a aflição e tristeza. Deves
estar atento ao teu dever. Tu, que és um príncipe da casa dos guerreiros, tens
por dever combater com resolução e heroísmo.
O
dever de um soldado é combater, e combater bem. O combate justo honra o
guerreiro e abre-lhe a porta do céu.
Se
desistires da legítima luta pela verdade e pelo direito, cometerás um grande
crime contra a tua honra, contra o teu dever e contra o teu povo.
Os
homens de perto e de longe falarão de ti com desprezo, classificando de
vergonhoso o teu proceder. E a vergonha e a desonra são piores do que a morte
para quem é de nobre nascimento.
Todos
os generais pensarão que foi por medo que fugiste do campo de batalha, e te
tratarão como covarde. E aqueles que até agora te estimam, desprezar-te-ão.
Os
teus inimigos espalharão má fama a teu respeito; com bula e com desdém falarão
de ti e de tua falta de coragem. Poderia acontecer-te coisa pior?
Se
fores morto em batalha, o céu dos guerreiros será a tua recompensa. Se fores o
vencedor, será teu o domínio sobre a terra. Tem, pois, coragem, ó filho de
Kunti, e decide-te a combater com ânimo firme!
Com
a mente tranquila, aceita como igual o prazer e a dor, o ganho e a perda, a
vitória e a derrota. Cinge-te para a peleja, cumpre o teu dever e evita assim o
pecado.
O
que te expus, ó Arjuna, é a doutrina de Sankya, filosofia especulativa da vida
e das coisas. Agora, prepara-te também para ouvir a doutrina de uma escola,
chamada Yoga. Se com a devida profundeza e concentração, chegares a compreender
estas verdades, libertar-te-ás das cadeias das ações.
Nada
de teus esforços se perde neste caminho. Já a menor porção desta ciência e
prática (1) nos livra de grande medo e perigo. (1) Yoga significa “união”, não
só no sentido de doutrina filosófica, como também na prática; o saber teórico
sem a realização prática não tem valor.
Neste
ramo de ciência, há um só objeto em que a mente pode concentrar-se com
segurança, muito ao contrário de outros campos de esforço mental, cheios de
múltiplos ramos, numerosos caminhos e divergentes fins.
Muitos
existem, que saciando com as letras (ou com o sentido exterior, superficial)
das Sagradas Escrituras e doutrinas, e não podendo perceber o seu verdadeiro
sentido interior, acham grande deleite em controvérsias técnicas a respeito do
texto, em definições monstruosas e abstrusas interpretações.
Os
corações desses homens estão cheios de desejos e esperanças pessoais; o seu
mais alto ideal é um céu, onde acham todos os objetos de seus prazeres. A
satisfação do seu sensualismo, e não se elevam à altura de onde se percebe a
união de todos os seres. Usam palavras floreadas, inventam várias cerimônias e
falam muito dos prêmios que esperam aqueles que as observam, e dos castigos em
que caem os que são de outras opiniões.
Fica,
porém, sabendo que laboram em erro; é-lhes desconhecido o uso de razão
concentrada, e estranhas lhes são as alturas da consciência espiritual.
Os
Vedas (isto é, as Sagradas Escrituras) tratam das três gunas ou qualidades da
Natureza e instruem os pensadores a se elevarem acima delas. Liberta-te, ó
Arjuna, dessas gunas. Sê livre dos contrastes das forças opostas da natureza,
que pertencem à vida finita e às coisas sujeitas à mudança. Procura para teu
descanso a consciência do teu Eu Real, a Verdade eterna. Deixa longe de ti os
cuidados mundanos e a avidez de possessões materiais. Concentra-te em ti mesmo,
e não te entregues às ilusões do mundo finito.
Como
de um tanque, em que de todos os lados aflui água, pode-se tirar o fluido
cristalino para encher-se com ele muitos vasos de diferentes formas e
dimensões. Assim as doutrinas dos livros sagrados fornecem à mente do estudante
sério, tudo aquilo de que ele precisa para chegar ao conhecimento das coisas
divinas, conforme o grau e o caráter de seu desenvolvimento.
Seja,
pois, o motivo das tuas ações e dos teus pensamentos sempre o cumprimento do
dever, e faze as tuas obras sem procurares recompensa, sem te preocupares com o
teu sucesso ou insucesso, com o teu ganho ou o teu prejuízo pessoal. Não caias,
porém, em ociosidade e inação, como acontece facilmente aos que perderam a
ilusão de esperar uma recompensa das suas ações.
Coloca-te
no meio entre esses dois extremos, ó príncipe, e cumpre, em tranquila
resignação, o dever por ser dever, e não pela expectativa da recompensa.
Conserva ânimo igual na ventura ou desventura. Assim é que faz o iogue.
Por
muito importante que seja a tua reta ação, o primeiro lugar pertence sempre ao
reto pensamento. Procura, portanto, o teu refúgio na paz e na calma do reto pensar,
ó Arjuna. Porque aqueles que baseiam o seu bem-estar só nas ações, com estas
necessariamente perdem a felicidade e a paz, e caem na miséria e no
descontentamento.
Quem
atingiu a consciência de iogue é capaz de elevar-se acima dos resultados bons e
maus. Esforça-te por atingir esta consciência, porque ela é a chave que abre o
mistério da ação.
Os
sábios, que renunciam mentalmente os frutos possíveis de suas retas ações,
libertam-se das cadeias dos renascimentos e se encaminham para a morada eterna.
Quando
te tiveres elevado acima da trama das ilusões, não te inquietaras com os
cuidados e questões a respeito das doutrinas, nem com as disputas sobre ritos,
cerimoniais e outros enfeites dispensáveis da vestimenta da ideia espiritual.
Livre
serás, então, de todas as opiniões alheias, tanto das que se acham nos livros
sagrados, como das dos teólogos eruditos ou dos que ousam interpretar o que não
compreendem. Em lugar disso, fixarás a tua mente na mais séria contemplação do
Espírito, e assim alcançarás a harmonia com o teu Eu Rela, que é a base de
tudo.
Diz
Arjuna:
Explica-me,
ó Mestre cujos raios de saber tudo penetram, quais são os sinais distintivos
que caracterizam os homens sábios, aqueles que são firmes e constantes no
conhecimento e fixos na contemplação. Como se comportam e como agem? Como se
pode reconhece-los?
Fala
o Verbo Divino:
Quando
um homem, ó príncipe, quebrou os vínculos dos desejos do seu coração e está
internamente satisfeito consigo, atingiu a Consciência Espiritual e firmou-se
no conhecimento.
A
sua mente não é turbada nem pela adversidade nem pela prosperidade. Aceita
ambas, sem apagar-se a nenhuma. Nele não tem parte a ira, nem o medo, nem as
paixões. Ele merece o nome de sábio.
Com
equanimidade suporta as vicissitudes da vida, tanto as favoráveis como as
desfavoráveis. Não se entrega nem à alegria excessiva, nem à tristeza. Nada lhe
rouba a liberdade.
Quando
um homem chegou a possuir a verdadeira sabedoria espiritual, é semelhante à
tartaruga que encolhe para dentro da sua casa os seus membros. Assim o homem
sábio é capaz de desviar os seus sentidos dos objetos que neles produzem
impressão, e abriga-los das ilusões do mundo exterior, protegendo-os pela
armadura do Espírito.
É
verdade que o homem que se abstém dos excessos sensuais, é capaz de negar a
satisfação aos sentidos. Tal homem, porém, ainda é inquietado pelos desejos de
gratificação. Mas aquele que achou o seu Eu Real dentro de si é libre até do
desejo e de toda tentação que desaparecem como a sombra ante a luz meridiana.
O
homem que se abstém, às vezes sucumbe ainda ao ataque repentino de um desejo
tumultuoso. Mas quem conhece que o seu Eu Real é a única realidade, esse é
senhor de si mesmo, de seus desejos e de seus sentidos.
Tendo
vencido os sentidos, pode descansar em minha Divindade, contemplando o Ser
Real. O irreal, o ilusório, não existe para ele.
Quem
anela objetos dos sentidos, nos quais pensa e os quais contempla, fica atraído
e enlaçado por esses objetos. Desta atração e deste enlace provém o desejo, e o
desejo gera a paixão
A
paixão é a causa da perturbação mental e da temeridade. Estas trazem a confusão
e a perda da memória (das verdades já reconhecidas). Da perda da memória
resulta, e, com isso, perde-se o homem totalmente.
Mas
quem, senhor de si mesmo, encontra os objetos dos sentidos, sem a eles anelar e
sem deles fugir, esse alcança a Paz.
E
na Paz que é superior a todo intelecto, ele encontra a sua libertação de todas
as aflições e dores da vida. Quando, porém, a sua mente está livre destes
elementos de inquietação, fica aberta ao influxo da sabedoria e da ciência.
Não
podem chegar à verdadeira ciência aqueles que não entraram nessa Paz, pois, sem
a Paz e sem a calma não é possível existir sabedoria, nem felicidade.
Onde
não há Paz, encontra-se somente a tormenta dos desejos sensuais, que destrói a
faculdade do saber. Assim como um feroz vento borrascoso impede o forte navio
que caminha pelas ondas no Oceano.
Por
isso, ó príncipe, só aquele cujos sentidos são plenamente livres de atração dos
objetos sensuais e protegidos pelo saber do Espírito, tem o verdadeiro
conhecimento.
Aquilo
que parece ser claridade de dia à massa do povo é, para ele, escuridão e
ignorância. E aquilo que é noite para a multidão, ele reconhece como luz
meridiana. Isto quer dizer que aquilo que à gente do mundo sensorial parece ser
real e verdadeiro, para o sábio é ilusão. E aquilo que a maior parte dos homens
julga ser irreal e não existente, o sábio conhece como o único que é Real e
existente.
O
homem, cujo coração é como o Oceano, a que afluem todos os rios e que, apesar
disso, permanece constante e não sai dos seus limites. O homem que sente o
ímpeto dos desejos, das paixões e inclinações, mas que, todavia, fica imóvel –
esse alcança a Paz (1). Aquele, porém, que se entrega aos desejos, não conhece
a Paz, e é escravo dos desejos inquietantes. (1) Tal estado, em que todos os
desejos e todos os pensamentos “dormem”. Mas em que se sente a mais elevada
consciência da Divindade, chama-se (com o termo sânscrito) Samadhi.
Aquele
que se separou dos efeitos dos desejos, e abandonou os prazeres da carne, tanto
em pensamento como em ação, caminha diretamente para a Paz. Quem deixou atrás
de si o orgulho, a vanglória e o egoísmo, caminha diretamente para a
Bem-aventurança.
Este
é, ó príncipe de Pându, o estado da união com o Ser Real, o estado
bem-aventurado da Consciência Espiritual. Quem o atingiu, não se deixa
embaraçar nem desviar pela ilusão. E quem, havendo-o atingido, nele permanece
na hora da morte, entra diretamente em Nirvana (2), em Brahma, (3), no seio do
Pai-Eterno. (2) A palavra Nirvana designa a desaparição de todas as ilusões. É
o domínio completo do espírito sobre a matéria. (3) Brahma – Deus Criador.
Livro Bhagavad Gita – A Mensagem do Mestre. Abraço. Davi
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