Teosofia.
Revista Teosófica. Texto de Sushma Webber. ESTUDO, MEDITAÇÃO E SERVIÇO. Que
nossas vidas sejam grandiosas e não mesquinhas. A grande vida é a vida feliz, e
aquele cujas ideias são grandiosas é ele próprio grandioso; pois a matéria se
amolda à vontade do Espírito, e uma vida mesquinha sob o ponto de vista
exterior pode ser feita grandiosa pelo esplendor do ideal que a anima. The
Theosophic Life. A busca da felicidade parece ser a maior preocupação de muitas
pessoas no mundo de hoje. Esforçamos na direção de um estilo de vida
confortável, envolvendo variadas formas de entretenimento, com foco em um
bem-estar físico, emocional e mental para sermos capazes de curtir o máximo da
vida. Será realmente a busca da verdadeira felicidade, ou apenas uma tentativa
de obter umas poucas experiências agradáveis para aliviar o peso de uma vida de
sofrimento? Annie Besant (1847-1933) trata este tema da felicidade em um nível
mais fundamental. Ela chama a atenção para um aspecto da vida raramente
discutido hoje em dia: viver de acordo com nossos ideais. Para sermos capazes
de defender nossos ideais, teríamos que desenvolver resiliência espiritual para
alegremente enfrentar as circunstâncias da vida, sem sermos influenciados por
elas. Dizem que os três elementos da vida espiritual são Estudo, Meditação e
Serviço, e integrar essas disciplinas em nossa vida nos ajudaria a encontrar os
grandes ideais que ressoam em nós, proporcionando-nos a força para viver de
acordo com eles, encontrando a maneira de acabar com o sofrimento, vivendo
assim uma vida feliz. Recentemente, diversos estudos foram s para descobrir o
que nos faz felizes. O Instituto de Pesquisa da Felicidade (Happiness Research
Institute), na Dinamarca, conduz pesquisas personalizadas sobre bem-estar,
satisfação e qualidade de vida, para capacitar cidades, comunidades e governos
a desenvolver estratégias para alcançar maiores níveis de bem-estar para seus
cidadãos. O centro de Psicologia Positiva (Positive Psychology Centre), na
Pensilvânia, está explorando a ideia de que pessoas podem melhorar seu
bem-estar por meio de determinadas práticas tais como o perdão, a gratidão e a
reflexão. A maioria dos psicólogos diz que é possível incutir felicidade em
nossos cérebros permanecendo totalmente presentes nos momentos de alegria da
vida. Mathieu Ricard (1946- ), escritor
e monge budista, diz que é importante “aumentar o patamar” de felicidade, o que
é diferente de uma experiência temporária de prazer como quando fazemos coisas
de que gostamos como tomar sorvete, sair para correr, ou assistir a um filme.
Ricard tem sido alvo de intensos testes clínicos, na Universidade de Wisconsin,
sendo frequentemente descrito como o homem mais feliz do mundo. Aumentar o
patamar significa treinar a mente e harmonizar as emoções de forma a manter a
calma e o equilíbrio em nossos níveis mais profundos. Seríamos calmos como a
água nas profundezas do oceano, mesmo durante uma grande tempestade em sua
superfície. Uma das razões da ênfase na pesquisa sobre a felicidade nos últimos
anos pode ser atribuída ao aumento de casos de angústia emocional (uma “doença
mental” como depressão, ansiedade ou psicose), observado desde a década de
setenta, especialmente na geração mais jovem. De acordo com Oliver James
(1953- ), psicólogo clínico da infância
e autor de Afflueza: How to Be Successful and Stay Sane (Affluenza: Como Ser
Bem-Sucedido e Permanecer São). A grande maioria das pessoas das nações de
língua inglesa (Grã-Bretanha, Cingapura, Austrália, Canadá, EUA, Nova Zelândia)
agora definem suas vidas pelos ganhos, posses, aparências e status de celebridade,
o que as está tornando miseráveis, pois isso as impede de satisfazer as
necessidades fundamentais. James dá a isso o nome de “Vírus Affuenza”, um
conjunto de valores que implica atribuir alto valor à capacidade de ganhar
dinheiro e bens, parecer bem aos olhos dos outros, desejando a fama. A China e
a Índia urbanas não estão muito longe de adotar esses valores, embora não sejam
tão afetadas quanto outras nações. Ele salienta que estar infectado pelo “Vírus
Affluenza” aumenta a suscetibilidade à angústia emocional mais comum:
depressão, ansiedade, abuso de substâncias e disfunção de personalidade (como o
narcisismo “eu, eu, eu”, os estados febris, ou a confusão de identidade). No
entanto nem todas as doenças mentais são causadas pela adoção dos valores do
“Virus Affluenza”. Podem ser também o resultado do ambiente e das condições
criadas por tais valores que a todos afeta. Em 1910, em sua palestra “A Próxima
Raça”, Annie Besant mencionou uma causa mais fundamental para a instabilidade
mental quando falava do aparecimento de um novo tipo de corpo humano conhecido
como a Sexta Raça Raiz. “(...). Quais são as características especiais de corpo
e consciência desta Raça. De consciência, claramente a habilidade de reconhecer
a unidade. Com esta consciência em desdobramento virá um tipo de corpo já
apresentado por muitos entre nós hoje. Quando uma variação é introduzida para
iniciar um novo tipo evolucionário, sempre se nota certa instabilidade naqueles
em que tal variação é desenvolvida. A instabilidade é marca de progresso, ou de
degeneração. Distúrbios nervosos de todos os tipos é demonstrada de diversas
maneiras. O mais triste de tudo, no extraordinário aumento de loucura nas
nações mais altamente civilizadas do mundo. Naquele tempo, a palavra “loucura” era
usada para descrever doenças mentais, especialmente os casos extremos. Mesmo
quando o ambiente e as condições, principalmente nas áreas urbanas, são
prejudiciais para a evolução de um organismo nervoso mais delicado, ainda assim
as forças da Natureza fazem pressão, estando a raça humana preparada para ir
adiante ou não. É uma das lições a aprender nesses estudos visando aplicação
imediata em nossas vidas. Besant continua: “Estamos vivendo em um ambiente
prejudicial à evolução mais elevada e corremos o risco de deixar as coisas como
estão (...). Se vamos persistir, teremos que nos adaptar (...). Apesar de
Besant ter falado sobre as condições reinantes de 100 anos atrás, a construção
de uma Raça Raiz não é trabalho de uns poucos cem anos, mas de milhares. Está
em nossas mãos se vamos ajudar ou atrapalhar a evolução da humanidade.
Importantes perguntas precisam ser respondidas, se decidimos nos adaptar às
forças evolucionárias da Natureza. A solução deve ser procurada em um nível
muito mais profundo e além da mente iluminada. Há que se ter foco na
“regeneração espiritual do homem”, o elevado propósito pelo qual a Sociedade
Teosófica foi fundada 140 anos atrás. Entretanto, existe uma tendência em
considerar os princípios e ensinamentos teosóficos como meras teorias ou
informações interessantes. Raramente as consideramos como informações que
norteiam nossas vidas, atitudes, relacionamentos, deveres e responsabilidades,
bem como de outros. Os três elementos da vida espiritual: Estudo, Meditação e
Serviço podem nos ajudar no trabalho de regeneração espiritual. No entanto,
nenhuma diretriz rigorosa pode ser encontrada na literatura teosófica sobre
como estudar, meditar ou prestar serviço. Cabe a cada um de nós fazer o esforço
necessário pra aplicar as sugestões feitas em diversos textos e escrituras
sagradas, e na literatura teosófica, para encontrar nossa própria maneira de se
preparar pra o próximo passo evolucionário. É importante lembrar que a
negligência em qualquer item destes três elementos pode conduzir ao fracasso
espiritual. Frequentemente enfrentamos questões e desafios que assumimos saber
as respostas de como solucioná-los. Entretanto, temos que ir além de nossa
mente funcional, dual e fragmentada, possuidora de soluções prontas, detendo-a
em suas trilhas para que a solução verdadeira possa emergir. Uma maneira de
fazer isso é manter uma mente fixa no “eu não sei”. Pergunta: O que significa
“estudar”? É ler textos sagrados? É o estudo do SELF? É reunir informações?
Tenho que ler os clássicos teosóficos? Preciso estudar A Doutrina Secreta?
Resposta: Eu não sei. Pergunta: O que é “meditação”? É uma técnica? É a
observação da respiração? É fixar a atenção em um objetivo? Trata-se de
“consciência superior”? Resposta: Eu não sei. Pergunta: O que significa “serviço”?
É ser voluntário de organizações como a Cruz Vermelha ou a Sociedade Protetora
dos Animais? Devo prestar serviço em um Comitê ou Conselho? Ou é simplesmente
ajudar os outros sempre e quando eu poder em minha vida diária? Resposta: Eu
não sei. Fazer uma pausa após dizer ou pensar: “Eu não sei” nos ajudará a
encontrar uma resposta diferente e inesperada. Pois, se não formos cuidadosos,
repetiremos antigos padrões de pensamento e ação. As perguntas acima são apenas
exemplos, mas temos que pensar no contexto quando formulamos a pergunta. Será
que estamos pensando no contexto do progresso espiritual pessoal, ou da
regeneração espiritual da humanidade? Precisamos estar cientes de que o mundo
da matéria está constantemente exercendo pressão. Também existe sobre nós a
influência advinda dos planos espirituais. Cabe a nós escolher se vamos
sucumbir ao mundo da matéria ou nos sintonizar com as influências espirituais.
O próximo desafio é para os que gostariam de trabalhar em benefício da
humanidade através da Sociedade Teosófica. Como aplicar os princípios: Estudar,
Meditar e Servir no trabalho em grupo de nossas Seções, Federações,
Lojas/Sucursais, Grupos de Estudo? Novamente, a mente do “eu não sei” pode nos
ajudar a encontrar soluções criativas para efetivamente dar continuidade ao
trabalho tanto com membros como para com o público em geral. Como esses três
elementos podem ser incluídos nas atividades das Lojas/Seções da Sociedade
Teosófica? Será que temos que organizar aulas formais, montar grupos de
meditação, fazer doações em dinheiro ou oferecer voluntariado coletivo em
auxílio de outras organizações de caridade ou comunidades? Resposta: Eu não
sei. Qual a finalidade da Sociedade Teosófica? Será meramente compartilhar
informações sobre assuntos teosóficos ou existe um objetivo superior? Resposta:
Eu não sei. Qual a nossa responsabilidade com nossos irmãos afiliados e o mundo
em geral? O que é prioritário, trabalhar com o público, ou ajudar nossos
membros a ampliar a compreensão sobre teosofia? Resposta: Eu não sei. Formular
perguntas é um exercício interessante. Dizem que só se pode formular uma
pergunta quando já se sabe metade da resposta. Somos afortunados por termos à
disposição um grande volume de recursos acessíveis na forma de especialistas,
livros, bibliotecas, arquivos, professores de meditação, líderes religiosos e
filantrópicos, organizações altruístas e assim por diante. Ao longo de anos, os
líderes e trabalhadores teosóficos compartilharam suas experiências e sugestões
através de livros e artigos publicados. O trabalhador teosófico motivado pode
encontrar dicas na revista Thesophist, desde o início do século XX até agora,
bem como em revistas de diferentes Seções da época. As pessoas daquela época
pareciam ter confiança e clareza quanto aos propósitos da organização. Vale a
pena ponderar sobre as sugestões do doutor I. K. Taimni (1898-1978): O trabalho
das Lojas, no que se refere aos membros, envolve três itens: A. Ajudá-los a
adquirir conhecimento sobre os princípios fundamentais da Teosofia, tomando a palavra
teosofia no seu significado mais amplo. B. Prepará-los, tanto quanto possível,
para qualquer tipo de serviço para o qual tenham aptidão ou inclinação
especial. C. Ajudá-los a desenvolver um caráter forte e nobre e adquirir uma
perspectiva espiritual. Devido ao fácil acesso a especialistas em todos os
assuntos espirituais, parece que pegamos o caminho mais fácil e colocamos foco
sobre assuntos que podem livremente ser tratados sob o guarda-chuva da
Teosofia, especialmente com relação ao trabalho público. O comentário usual
quando se fala sobre os textos dos antigos líderes teosóficos é que se trata de
“coisa velha”. Cada vez menos os membros estão se esforçando para se concentrar
nos três elementos acima. Parece que se esquecem de que os princípios teosóficos
sempre estarão à frente de seu tempo, pois chamamos a atenção para a Sabedoria
Divina que aponta para a inevitável perfeição da humanidade. O doutro Deepak
Chopra (1946- ), em seu discurso aos
colaboradores do Google em Seattle – USA, sugeriu que eles haviam auxiliado a
consolidação da “Era da Informação” e que agora é hora de inaugurar a “Era da
Sabedoria” em tecnologia. Que ideal maior poderíamos pedir do que sermos
parceiros no trabalho de inaugurar a “Era da Sabedoria”, não apenas em ciência e
tecnologia, mas também na religião, filosofia, vida social, cultura e outros
campos de interesse humano. Pois nossa mais profunda compreensão sobre Teosofia
irá se revelar em cada aspecto de nossa vida. Existe uma piada sobre um neófito
Zen que mais tarde se tornou um dos maiores mestres Zen. Ele disse à pessoa
sentada a seu lado no templo, após uma palestra sobre Dharma “Não vim aqui para
ouvir do Mestre uma palestra sobre Dharma, mas para ver como ele amarra seus
sapatos”. Revista Teosófica. Abraço. Davi
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