Espiritualidade.
www.oshobrasil.com.br. EXISTE ALGUMA
RAZÃO EM VIVER? Texto de Osho
(1931-1990). Tradução de Issa Maluf. Osho. Existe alguma razão em viver? O
homem tem sido conduzido por todas as tradições de uma maneira esquizofrênica.
Isso foi útil para dividir o homem em todas as dimensões possíveis, e criar um
conflito entre essas divisões. Desta maneira o homem se torna fraco, inseguro,
medroso, pronto para submeter-se, render-se; pronto para ser escravizado pelos
sacerdotes, pelos políticos, por qualquer pessoa. Essa questão também surge a
partir de uma mente esquizofrênica. Será um pouco difícil para você entender
porque você pode nunca ter pensado que a divisão entre fins e meios é a
estratégia básica da criação de divisões no homem. Viver tem algum significado,
alguma razão, algum valor? A questão é: Existe algum objetivo a ser alcançado
na vida, vivendo? Existe um lugar aonde você chegará algum dia através da vida?
Viver é um meio e a meta, a realização, e em algum lugar distante, é o fim. E
esse fim irá torná-lo significativo. Se não existe fim, então certamente a vida
é sem sentido; um Deus é necessário para fazer sua vida significativa. Primeiro
cria-se a divisão entre fins e meios. Que divide sua mente. Sua mente está
sempre perguntando: Por que? Para que? E qualquer coisa que não tenha resposta
para a questão, "Para que?" Lentamente, lentamente se torna sem valor
para você. É por isso que o amor se tornou sem valor. Qual é a razão existente
no amor? Para onde isso levará você? Qual será a realização disso? Você
alcançará alguma utopia, algum paraíso? Claro, não há razão no amor dessa
maneira. É sem razão. Qual é a razão da beleza? Você vê um pôr do sol você fica
estonteado, é tão lindo, mas qualquer idiota consegue perguntar: "Qual é o
significado disso?" e, você ficará sem nenhuma resposta. Se não tem nenhum
significado então porque desnecessariamente você está comentando sobre a
beleza? Uma bela flor, ou uma bela pintura, ou uma bela música, uma bela
poesia, elas não têm nenhuma razão. Elas não estão argumentando para provar
algo, nem são meios para chegar a qualquer fim. E viver consiste só em coisas
que são sem razão. Deixe-me repetir isso: viver consiste só em coisas que são
absolutamente sem razão, as quais não tem nenhum significado, significado no
sentido de que não tem nenhuma finalidade, que não leva você a lugar algum, que
você não obtém nada através disso. Em outras palavras, a vida é significativa
em si mesma. Os meios e os fins estão juntos, não separados. E essa é a
estratégia de todos os que tem cobiçado o poder, ao longo dos séculos: que
meios são meios e fins são fins. Meios são úteis porque eles o levam para um
fim. Se eles não o levam para um fim, eles são sem sentido. Dessa forma, eles
destruíram tudo o que realmente é significativo. E eles impuseram coisas para
você que são absolutamente insignificantes. Dinheiro tem uma razão. Uma
carreira política tem uma razão. Ser religioso tem uma razão, por que esse é o
meio para se chegar ao céu, a Deus. Negócios tem uma razão porque imediatamente
você vê o resultado final. Negócio tornou-se importante, política tornou-se
importante, religião tornou-se importante; poesia, música, dança, amor,
simpatia, beleza, verdade, todas desapareceram da sua vida. Uma simples
estratégia, que destruiu tudo aquilo que faz de você digno, que dá êxtase para
o seu ser. Mas a mente esquizofrênica perguntará, "Qual é a razão do
êxtase?" Pessoas tem me perguntado, centenas de pessoas, "Para que
serve a meditação? O que eu ganharei com isso? Primeiro, é muito difícil
alcançar e mesmo se conseguirmos alcançar, qual vai ser o resultado
final?" É muito difícil explicar para essas pessoas que a meditação é um
fim em si mesma. Não existe um final além disso. Qualquer coisa que tenha um
final além dela mesma é só para a mente medíocre. E qualquer coisa na qual
tenha um fim em si mesma é para as verdadeiras pessoas inteligentes. Mas você
verá pessoas medíocres se tornando presidente de um país, primeiro ministro de
um país; se tornando o homem mais rico do país, se tornando papa, se tornando
um líder religioso. Mas essas são todas pessoas medíocres; sua única
qualificação é a sua mediocridade. Eles são de terceira categoria e basicamente
são esquizofrênicos. Eles dividiram suas vidas em duas partes: fins e meios. Minha abordagem é totalmente diferente: Fazer de vocês um único todo.
Eu quero que vocês vivam apenas pela graça de viver. Os poetas têm definido a
arte como para sua própria graça, não existe nada além disso: arte pela graça
da arte. Não apelará pela mente medíocre absolutamente porque ele não conta as
coisas em termos de dinheiro, posição, poder. Sua poesia fará de você o
primeiro ministro de um país? Daí seria significativo. Mas na verdade sua
poesia pode fazer de você apenas um mendigo, porque quem vai comprar sua
poesia? Eu conheço muitos gênios que
estão vivendo como mendigos pela simples razão de que eles não aceitaram viver
mediocremente, e eles não se permitiram tornar esquizofrênicos. Eles estão
vivendo de maneira clara, eles têm um júbilo que político nenhum irá jamais
ter, eles tem uma certa radiância que bilionário nenhum irá conquistar. Eles
tem um certo ritmo em seus corações no qual essas pessoas chamadas religiosas
não tem ideia. Mas, até onde o exterior deles é julgado, eles tem sido
reduzidos pela sociedade a viver como mendigos. Eu gostaria que vocês se lembrassem de um grande, talvez o maior,
pintor holandês; Vicent van Gogh. Seu pai queria que ele se tornasse um
ministro religioso, viver uma vida de respeito confortável, conveniente e não
apenas nesse mundo, no outro mundo depois de morrer também. Mas Vicente
van Gogh (1853-1890) queria ser pintor. O pai dele disse, "Você está
maluco!" Ele disse, "Pode ser. Para mim, você é o maluco. Eu não
vejo nenhum significado em se tornar ministro porque tudo que eu iria dizer não
seria nada além de mentiras. Eu não conheço Deus. Eu não sei nem se existe céu
ou inferno. Eu não sei nem se existe vida após a morte ou não. Eu estaria
continuamente contando mentiras. Claro, isso é respeitável, mas esse tipo de
respeito não é para mim; Eu não estarei feliz com isso. Será uma tortura para
minha alma." Seu pai o expulsou de casa. Ele
começou a pintar e ele é o primeiro pintor moderno. Você pode traçar uma linha
em Vicente van Gogh; antes dele a pintura era ordinária. Até mesmo os maiores
pintores, como Michelangelo (1475-1564), são de menor importância comparados
com Vicente van Gogh, porque o que eles estavam pintando era ordinário. A
pintura deles era mercadoria. Michelangelo pintou para igrejas sua vida
toda; pintando muros e tetos de igrejas. Ele quebrou a coluna pintando o teto
de uma igreja, porque para pintar um teto você tem que deitar num andaime alto
enquanto você pinta. É uma posição muito desconfortável e por dias seguidos,
meses seguidos (...). Mas ele estava ganhando dinheiro, e estava ganhando
respeito. Ele estava pintando anjos, Cristo, Deus criando o mundo. A pintura
mais famosa dele é Deus criando o mundo. Vicente van Gogh começou em uma
dimensão totalmente nova. Ele não vendeu uma simples pintura em toda sua vida.
Agora, quem dirá que as pinturas dele tinham alguma razão? Nem uma simples
pessoa poderia ver que havia qualquer coisa em suas pinturas. Seu irmão
mais jovem costumava mandar dinheiro para ele; suficiente para ele não morrer
de fome, apenas o suficiente para sete dias, comida para toda semana porque se
ele desse de uma vez o suficiente para um mês inteiro ele iria gastar dentro de
dois ou três dias, e os outros dias eles passaria fome. Toda semana ele mandava
dinheiro para ele. E o que Vicente van Gogh estava fazendo era, por quatro dias
ele comia, e por três dias, entre os quatro dias, ele guardava dinheiro para
suas tintas e telas. É algo totalmente
diferente de Michelangelo, que ganhou dinheiro suficiente, que se tornou um
homem rico. Ele vendeu todas as suas pinturas. Elas foram feitas para serem
vendidas, era negócio. Claro, ele era um grande pintor, então mesmo pintando
para serem vendidas eram lindas. Mas se ele tivesse tido a profundidade de um
Vicente van Gogh, ele teria enriquecido o mundo todo. Três dias passando fome,
e van Gogh comprava as tintas e telas. Seu irmão mais novo ouviu dizer que
nenhuma de suas pinturas tinham sido vendidas, ele deu dinheiro a um homem, um
amigo dele, não conhecido por Vicente van Gogh, e disse a ele para ir lá e
comprar pelo menos uma das pinturas: "Isso daria a ele alguma satisfação.
O pobre homem está morrendo; ele pinta durante todo o dia, passa fome para
poder pintar mas ninguém compra suas pinturas ninguém vê nada nelas." Porque
para ver algo nas pinturas de Vicent van Gogh você precisa o olho de um pintor
do calibre de van Gogh; menos que isso não é possível. As pinturas dele parecerão estranhas para você. As
árvores dele são pintadas tão altas que vão além das estrelas; as estrelas são
deixadas para trás. Agora, você achará esse homem maluco (...) árvores indo
mais alto do que as estrelas? Você já viu essas árvores em algum lugar? Quando
perguntaram a Vicent van Gogh, "Suas árvores sempre vão além das estrelas?
ele disse, "Sim porque eu entendo as árvores. Eu sempre senti que as
árvores tem a ambição sobre a terra de alcançar as estrelas. Caso contrário,
por quê? Tocar as estrelas, sentir as estrelas, ir além das estrelas - isso é o
desejo da terra. A terra se esforça, mas não pode realizar seu desejo. Eu posso
fazer isso. As árvores entenderão minhas pinturas, e eu não me importo com
vocês, se vocês entendem ou não. "Agora, esse tipo de pintura você não
consegue vender. O homem que seu irmão mandou veio. Van Gogh estava muito
feliz: pelo menos alguém tinha vindo comprar. Mas logo sua felicidade tornou-se
frustração porque o homem olhou ao redor, pegou uma pintura e deu o
dinheiro. Vicent van Gogh disse, "Mas, você entendeu a pintura? Você
pegou tão descuidado, você nem olhou; Eu tenho centenas de pinturas. Você nem
mesmo preocupou-se em olhar a sua volta; você simplesmente pegou uma que estava
acidentalmente a sua frente. Eu suspeito que você foi mandado pelo meu irmão.
Coloque a pintura de volta, e pegue seu dinheiro de volta. Eu não venderei a
pintura para um homem que não tem olhos para pintura. E diga ao meu irmão para
nunca mais fazer tal coisa novamente." O homem ficou intrigado. Como é que ele conseguiu descobrir isso? Ele
disse, "Você não me conhece, como você descobriu?" Ele disse,
"É tão simples. Eu sei que meu irmão quer que eu me sinta valorizado. Ele
deve ter manipulado você - e esse dinheiro pertence a ele porque eu posso ver
que você é tão cego quanto ao valor das pinturas. E eu não sou do tipo que
vende pinturas para pessoas cegas; Eu não posso explorar um homem cego e vender
uma pintura. O que ele fará com isso? E diga ao meu irmão que ele também não
entende pinturas, de outra forma ele não mandaria você." Quando o irmão ficou sabendo, ele veio se desculpar.
Ele disse, "Em vez de dar a você um pouco de consolo, eu o feri. Eu jamais
farei tal coisa de novo." Em sua
vida inteira, van Gogh só deu pinturas para amigos: para o hotel onde ele
costumava comer quatro vezes por semana ele presenteou com uma pintura, ou para
uma prostituta que lhe disse certa vez que ele não era um homem bonito. Para
ser absolutamente sincero, ele era feio. Nenhuma mulher sequer se apaixonou por
ele, era impossível. E essa prostituta por compaixão, e às vezes as prostitutas
tem mais compaixão do que as suas chamadas senhoras, elas entendem mais sobre
homens só por compaixão ela disse, "Eu gosto muito de você." Ele
nunca havia escutado isso. Amor era uma coisa tão distante. Até mesmo um gostar
(...) Ele disse, "Sério, você gosta de mim? O que você gosta em mim?"
Agora, a mulher estava perdida. Ela disse, "Eu gosto das suas orelhas.
Suas orelhas são lindas." E você ficará surpreso que van Gogh foi para
casa, cortou a orelha com uma navalha, empacotou-a lindamente, foi até a prostituta
e deu sua orelha à ela. E o sangue estava escorrendo (...). Ela disse, "O que você fez?" Ele disse, "Ninguém jamais gostou de qualquer
coisa em mim. E eu sou um homem pobre, como eu posso agradecer você? Você gosta
da minha orelha; Eu presenteei você com ela. Se você tivesse gostado dos meus
olhos, eu teria lhe dado meus olhos. Se você tivesse gostado de mim, eu teria
lhe dado minha vida." A prostituta
não pode acreditar. Mas pela primeira vez, van Gogh estava feliz, sorrindo;
alguém gostou pelo menos de uma parte dele. E a mulher só tinha feito uma
brincadeira caso contrário, quem se importaria com suas orelhas? Se as pessoas
gostam de algo, elas gostam dos seus olhos, seu nariz, seus lábios você não irá
ouvir dois amantes dizendo que gostam das orelhas um do outro. Somente nas
antigas escrituras Hindu sobre sexologia: o Kamasutra de Vatsyayana (...). Este
é o único livro que eu fui capaz de encontrar que pode estar conectado com esse
incidente cinco mil anos depois com Vicent van Gogh, porque só o Vatsyana diz, "Pouquíssimas
pessoas sabem que os lóbulos das orelhas são tremendamente sexuais e sensitivos
pontos no corpo. E os amantes deveriam brincar com os lóbulos dos ouvidos um do
outro" e isso é um fato, embora desconhecido. Se você começar a brincar
com os lóbulos das orelhas do seu amante, ela ou ele pode achar que você é um
pouco louco - o que você está fazendo? Porque as pessoas se tornaram
aficionadas em certas ideias: beijar tudo bem (...) Mas existem tribos onde
ninguém jamais ouviu falar sobre beijo; ninguém jamais ouviu falar sobre beijo;
eles esfregam os narizes, e isso é considerado o mais amável gesto. Certamente
é mais higiênico, muito mais medicamente suportável do que o beijo francês. As
pessoas que esfregam os narizes acham as pessoas que se beijam a moda francesa
sujas, simplesmente sujo. Mas essa prostituta talvez fosse ciente (...) porque
prostitutas se tornam consciente de muitas coisas que a mulher e o homem
ordinário não se tornam, porque elas estão sempre em contato com tantas
pessoas. Talvez ela soubesse que as orelhas tem um significado sexual. Elas
certamente tem. Vatsayana é um dos maiores especialista. Freud (1856-1939) e
Havelock Ellis (1859-1939) e outros sexólogos são só pigmeus ante Vatsayana. E
quando ele diz algo, ele quer mesmo dizer. Van
Gogh viveu sua vida inteira na pobreza. Ele morreu pintando. Antes de morrer
ele enlouqueceu, porque por um ano continuamente ele ficou pintando o sol:
centenas de pintura, mas nada chegou ao ponto que ele queria. Mas o dia todo em
pé no lugar mais quente da França, em Arles, com o sol na cabeça - porque sem a
experiência como você pode pintar? Ele pintou sua última pintura, mas ele
enlouqueceu. O calor, a fome (...) mas ele era imensamente feliz; e mesmo na
sua loucura ele pintou. E essas pinturas que ele fez no hospício agora valem
milhões. Ele se suicidou pela simples
razão de que ele já tinha pintado tudo que ele queria pintar. Agora a pintura
já estava acabada; ele havia chegado ao final. Não havia nada mais a se fazer.
Agora continuar vivendo era só ocupar espaço, o lugar de alguém; isso era feio
para ele. Por isso ele escreveu uma carta para seu irmão: "Meu trabalho
está terminado. Eu vivi intensamente da maneira que eu escolhi viver. Eu pintei
o que eu quis pintar. Minha última pintura eu terminei hoje, e agora eu estou
pulando dessa vida para dentro do desconhecido, o que quer que isso seja,
porque essa vida não mais contém qualquer coisa para mim." Você considerará esse homem um gênio? Você
considerará esse homem inteligente, sábio? Não, ordinariamente você pensará que
ele é simplesmente maluco. Mas eu não diria isso. Sua vida e suas pinturas não
eram duas coisas: pintar era sua vida, essa era a vida dele. Então, para o
mundo todo isso parece suicídio - não para mim. Para mim isso simplesmente
parece um fim natural. A pintura está completa. A vida está cumprida. Não havia
outro objetivo; se ele recebe o Prêmio Nobel, se qualquer pessoa aprecia suas pinturas
(...) Na sua vida ninguém apreciou seu trabalho. Na sua vida nenhuma galeria de
arte aceitou suas pinturas, mesmo de graça. Depois dele morrer, lentamente, lentamente, por causa do sacrifício
dele, pintar mudou todo o sabor. Não teria havido Pablo Picasso (1881-1973) sem
Vicent van Gogh. Todos os pintores que vieram depois de Vicent van Gogh são
gratos a ele, incalculavelmente, porque esse homem mudou toda a direção.
Lentamente, lentamente, com a mudança da
direção, suas pinturas foram descobertas. Uma grande procura foi feita. As
pessoas jogaram suas pinturas em suas casas vazias, ou em seus porões, achando
que elas eram inúteis. Eles correram para seus porões, descobrindo as pinturas
dele, limpando-as. Até mesmo pinturas falsificadas chegaram ao mercado como
autênticas de van Gogh. Agora há somente duzentas pinturas; ele deve ter
pintado milhares. Mas qualquer galeria de arte que tem um Vicent van Gogh se
sente orgulhosa, porque ele derramou toda sua vida em suas pinturas. Elas não
foram pintadas por cores, mas por sangue, por coração; seu coração bate nelas.
Não pergunte a esse tipo de homem,
"Existe alguma razão em pintar?" Ela
está lá nas suas pinturas, e você está perguntando, "Existe alguma razão
em pintar?" Se você não pode ver o significado, você é responsável por
isso. Quanto mais alto uma coisa se eleva, menos pessoas irão reconhecê-la.
Quando algo atinge o ponto mais alto, é muito difícil encontrar até mesmo
poucas pessoas que reconheçam. No ponto Omega final, só a própria pessoa sabe o
que aconteceu com ele; ele não consegue encontrar nem mesmo um segundo homem.
Por isso que um Buda tem que declarar-se por
si mesmo que ele é iluminado. Ninguém mais pode reconhecer isso. porque para
reconhecer, você terá que provar isso. Caso contrário, como você reconhece?
Nenhum reconhecimento é possível porque o ponto é tão alto. Mas, o que
significa um estado búdico? O que significa se tornar iluminado? Qual é a
razão? Se você pergunta sobre a razão, não há nenhuma. Ela em si mesma é
suficiente. Não precisa nada mais para tornar-se significante. É isso que eu quero dizer quando eu digo que as
coisas realmente importantes na vida não são divididas em fins e meios. Não
existe divisão entre fins e meios. Fins são os meios, meios são os fins, talvez
dois lados da mesma moeda inseparavelmente juntas; na verdade elas são uma
unidade, uma totalidade. Você me pergunta, "Existe alguma razão na
vida, em viver?" Eu estou com medo
de dizer que não existe nenhuma razão na vida, você pensará que isso significa
que você deve cometer suicídio, porque se não há razão em viver, então o que
mais fazer? - cometa suicídio! Eu não
estou dizendo suicide-se, porque cometer suicídio também não há
razão. Vivendo: viva, e viva totalmente. Morrendo: morra, e morra
totalmente. E nessa totalidade você encontrará significado. Eu estou
consideravelmente não usando a palavra "sentido", e usando a palavra
significado porque "sentido" é contaminada. A palavra sentido sempre
quer dizer algo mais. Você deve ter escutado, você deve ter lido em sua infância,
muitas estórias (...). Por que eles escrevem para crianças? Talvez os
escritores não saibam, mas isso é parte do mesmo tipo de exploração da
humanidade. As estórias são assim: há um homem cuja vida depende de um
papagaio. Se você matar o papagaio, o homem morrerá, mas você não pode matar o
homem diretamente. Você pode atirar, e nada acontecerá. Você pode atacá-lo com
sua espada e a espada passará pelo seu pescoço, mas o pescoço permanecerá ainda
junto ao corpo, intacto. Você não pode matar o homem, primeiro você tem que
descobrir onde sua vida está. Então nessas estórias a vida sempre está em outro
lugar. E quando você descobre você só mata o papagaio e onde quer que o homem
esteja, ele morrerá imediatamente. Até
mesmo quando eu era criança, eu costumava perguntar para meu professor
"Esse tipo de estória é muito estúpida porque eu não vejo ninguém cuja
vida depende de um papagaio ou um cachorro ou qualquer outra coisa, como uma
árvore." Era a primeira vez que eu escutava essa estória, esse tipo de estória;
então eu me deparei com muitas outras. Eles escreviam especialmente para
crianças. O homem que estava me ensinando era muito bacana e um senhor
respeitável. Eu perguntei para ele,
"Você pode me contar onde está sua vida? Porque eu gostaria de tentar
(...)" Ele disse: "O que você quer dizer?" Eu disse, "Eu
gostaria de matar o pássaro do qual sua vida depende." Você é uma homem
inteligente, sábio, respeitável. Você deve ter colocado sua vida em algum outro
lugar, assim ninguém pode matá-lo. É este o significado dessa estória - que as
pessoas sábias mantém suas vidas em outro lugar, assim você não consegue
matá-los, assim ninguém consegue matá-los. E é impossível descobrir onde eles
guardaram suas vidas a menos que eles contêm o segredo, ninguém pode descobrir.
E esse mundo é tão grande, e há tantas pessoas e tantos animais, e tantos
pássaros, e tantos homens árvore (...) ninguém sabe onde aquele homem colocou
sua vida. "Você é um homem sábio,
respeitável você deve ter mantido em algum lugar; você pode contar só para mim.
Eu não matarei o pássaro completamente; só darei a ele alguns puxões e
beliscões, e ver o que acontece com você. "Ele disse, "Você é um
garoto estranho. Eu tenho ensinado essa estória a minha vida inteira, e você
quer me dar puxões e beliscões. Isso é só uma estória." Mas eu disse,
"Qual é o significado da estória? Por que você continua ensinando essa
estória e esse tipo de coisa para as crianças?" Ele não pode responder.
Eu perguntei para meu pai, "Qual será o
significado dessa estória? Por que essas coisas devem ser ensinadas, que são
absolutamente absurdas?" Ele disse, "Se seu professor não é capaz de
responder, como posso eu responder? Eu não sei. Ele é muito mais educado,
inteligente e sábio do que eu. Vá perturbá-lo, ao invés de perturbar a
mim." Mas agora eu sei qual é o
significado daquela estória e porque elas continuam sendo ensinadas para as
crianças. Elas entram nos seus inconscientes e elas começam a pensar que a vida
está sempre em outro lugar no céu, em Deus, sempre em outro lugar - não
está em você. Você é vazio, apenas uma concha vazia. Você não tem sentido na sua
vida aqui e agora. Aqui você é só um meio, uma escada. Se você subir a escada,
talvez algum dia você encontrará sua vida, seu Deus, seu objetivo, seu
significado, qualquer que seja o nome que você dê a isso. Mas eu lhe digo que
você é o sentido o significado, e a própria vida está intrinsecamente completa. A vida não precisa de nada a ser adicionado. Tudo
que essa vida precisa é que você viva-a totalmente. Se você só vive
parcialmente, então você não sentirá a emoção de estar vivo. É como qualquer
mecanismo quando apenas uma parte está funcionando (...) Por exemplo, em um relógio: se só o ponteiro dos
segundos funcionar, mas nem o ponteiro das horas e dos minutos se moverem, só o
ponteiro dos segundos continuar se movendo de que servirá? Haverá movimento,
uma parte estará funcionando, mas a menos que todas as partes funcionem e
trabalhem em harmonia, ele não poderá funcionar. E essa é a situação: todo mundo está vivendo parcialmente, uma pequena
parte. Então, você faz barulho, mas você não consegue criar som algum. Você
mexe suas mãos e pernas, mas nenhuma dança acontece. A dança, a música, o
significado entra em harmonia com todas as funções da existência imediatamente, em acordo. Daí você não
perguntará tal questão como: Existe alguma razão em viver? você saberá. A vida
em si mesma é a razão. Não existe outra razão. Mas não foi permitido a você ser
um com o todo. Você foi dividido, cortado em várias partes. Algumas partes
foram completamente fechadas tão fechadas que você nem sabe que pertencem a
você. Muito de você foi jogado no porão. Muitos de você foi tão condenado que
embora você saiba que exista, você não ousa aceitar que isso faz parte de você;
você continua negando; você continua reprimindo. Você conhece apenas um
fragmento muito pequeno de você, o que eles chamam de consciente, o qual é um
produto da sociedade, não um coisa natural, o qual a sociedade cria dentro de
você para controlá-lo internamente. A
polícia está do lado de fora, os tribunais estão do lado de fora controlando
você. E o consciente está do lado de dentro, que é de longe o mais poderoso. É
por isso que até mesmo nos tribunais, primeiro eles lhe dão a bíblia. Você faz
um juramento sobre a bíblia porque o tribunal também sabe que se você é um
cristão, colocando sua mão sobre a bíblia e dizendo, "Eu juro dizer
somente a verdade, toda a verdade, nada mais que a verdade," seu
consciente forçará você a falar a verdade, porque agora você jurou em nome de
Deus, e tocou a bíblia. Se você falar uma mentira você será jogado no inferno.
Antes, no máximo, se você fosse pego você seria jogado dentro da prisão por
alguns meses, alguns anos. Mas agora você será jogado para dentro do inferno
pela eternidade. Até mesmo o tribunal aceita que a bíblia é mais poderosa, que
o Gita é mais poderoso, que o Koran é mais poderoso do que o tribunal, do que
os militares, do que o exército. O
consciente é uma das piores invenções da humanidade. E desde o primeiro dia em
que a criança nasce nós começamos a criar um consciente nela; uma pequena parte
que continua condenando qualquer coisa que a sociedade não quer em você, e
continua apreciando qualquer coisa que a sociedade quer em você. Você não é
mais um todo. Você não é mais um todo. O consciente passa continuamente a
forçá-lo, de modo que você tem que sempre olhar para fora, Deus está
assistindo. Todos os atos, todos os pensamentos, Deus está assistindo, tenha
cuidado! Mesmo em pensamento não é permitido liberdade: Deus está assistindo.
Que tipo de Fulano espiador é esse Deus? Em todos os banheiros 'Ele' está
olhando através do buraco da fechadura; Ele não lhe deixa sossegado - até mesmo
no seu banheiro? Existem tribos no mundo onde mesmo em seus sonhos se você
faz algo errado, de manhã você tem que ir até a pessoa (...). Por exemplo, você
insultou alguém no seu sonho de manhã você tem que ir até a pessoa e pedir
perdão; "Perdoe-me, noite passada eu o insultei em meu sonho; Eu sinto
muito." Até os sonhos são controlados pela sociedade. Você não é permitido
até mesmo em sonho ser você mesmo. Eles
continuam falando sobre livre iniciativa. Isso é tudo tolice porque desde o
começo eles colocam as bases em todas as crianças para a não livre iniciativa.
Eles querem controlar seus pensamentos. Eles querem controlar seus sonhos. Eles
querem controlar tudo em você. É através de um dispositivo muito inteligente, o
consciente. Isso o atormenta. Continua lhe dizendo, "Isso não é certo, não
faça isso; você sofrerá." Continua forçando você: "Faça isso, é a
coisa certa a se fazer; você será recompensado por isso." Esse consciente nunca permitirá você ser um todo,
não permitirá você viver como se não existisse nada proibido, como se não
existisse limites, como se você fosse deixado totalmente independente para ser
o que quer que você possa ser. Aí sim a vida tem um significado, aí viver tem
um significado, não no sentido de que isso o conduziu para fins, mas no sentido
de que o conduziu para a vida em si mesma. Então, o que quer que você faça, nesse
fazer está a sua recompensa. Por
exemplo, eu estou aqui falando para vocês. Eu gosto disso. Por trinta e cinco
anos eu tenho estado continuamente falando sem nenhum propósito. Com todo esse
falatório eu poderia ter me tornado um presidente, um primeiro ministro; não
teria problema algum. Com tanto falatório eu poderia ter feito qualquer coisa.
O que eu ganhei? Mas eu não estou aqui para ganhar nada, em primeiro lugar. Eu
gosto. Essa é minha pintura, essa era minha música, essa era minha poesia.
Só nesses momentos quando eu estou falando e
eu sinto a comunhão acontecendo, nesses momentos quando eu vejo os seus olhos
flamejando, quando eu vejo que vocês alcançaram o ponto (...) isso me dá uma
tremenda alegria que eu não consigo pensar em nada que possa ser adicionada a
isso. Ação, qualquer ação feita totalmente, com cada fibra do seu ser (...).
Por exemplo, se você amarrar minhas mãos eu
não consigo falar, embora não exista nenhuma relação entre mãos e fala. Eu já
tentei. Um dia, eu disse a um amigo que estava comigo, "Amarre as
minhas mãos (...)" Ele disse, "O que?" Eu disse,
"Apenas amarre-as, e então faça uma pergunta." Ele disse,
"Eu sempre tive medo de você, você é louco. E agora se alguém ver que eu
amarrei suas mãos (...) e agora eu estou fazendo uma pergunta e você está
respondendo, o que eles irão pensar?" Eu disse, "Esqueça tudo
isso. Feche a porta e faça o que eu digo." Ele fez, porque ele tinha que
fazer caso contrário eu teria mandado ele embora. Eu disse, "Sendo meu
convidado, você não pode fazer essa simples coisa para mim? Então não me
atrapalhe, caia fora." Então ele
amarrou minhas mãos em dois pilares, e ele fez uma pergunta. Eu tentei de todas
as maneiras possíveis, mas minhas mãos estavam atadas; Eu não consegui dizer
qualquer coisa para ele. Eu simplesmente disse, "Por favor desamarre
minhas mãos." Ele disse, "Eu
não consigo entender o porquê de tudo isso." Eu disse, "É simples, eu
estava tentando ver se eu poderia falar sem as minhas mãos. Eu não
consigo." O que dizer sobre as
mãos (...) se eu colocar essa perna para o outro lado, e a outra perna sobre
essa que é o jeito que eu sento no meu quarto quanto eu não estou falando (...)
Se eu colocar sobre a outra perna, daí algo vai mal, eu não me sinto em casa. Então, o jeito que
eu me sento, o jeito como eu movo minhas mãos, é um envolvimento total. Não é
apenas falar com uma parte de mim; tudo em mim está envolvido nisso. E só então você pode encontrar o valor intrínseco de
cada ato. Caso contrário você tem que viver uma vida de tensão, estendida entre
aqui e ali, esse e aquele objetivo distante. Os pseudos (falsos) religiosos dizem, "Claro, essa vida é só um
meio você não pode se envolver totalmente; é só uma prova pela qual você tem
que passar. Não é algo valioso, é só um degrau. O real está lá, bem
distante." E assim sempre permanece distante. Onde quer que você esteja, o
que é real está sempre distante. Então onde quer que você esteja, você estará
perdendo a vida. Eu não tenho um
objetivo. Quando eu estava na universidade eu costumava ir para uma caminhada
de manhã, à noite, a qualquer hora (...) De manhã e de noite absolutamente, mas
se tivesse outro tempo disponível, eu iria também para uma caminhada, porque o
lugar, as árvores, as ruas eram tão lindas, e cobertas com árvores tão grandes
de ambos os lados que até mesmo no alto verão havia sombras nas ruas. Um dos meus professores que gostava muito de mim
costumava me assistir: que alguns dias eu ia por uma rua, e outros dias eu ia
por outra rua. Havia um pentágono em frente ao portão da universidade, cinco
ruas indo para cinco direções, e ele vivia muito perto de lá; na última
instalação perto do portão. Ele me perguntou, "Às vezes você vai por essa
rua, as vezes por aquela rua. Para onde você vai?" Eu disse, "Eu não
vou a lugar algum. eu simplesmente vou caminhar." Se você está indo para algum lugar então certamente
você continuará indo pela mesma rua; mas eu não estava indo a lugar algum, isso
era só parte da minha excentricidade. Eu ia para o pentágono e eu costumava
ficar lá de pé parado por alguns instantes. Isso deixava-o mais intrigado: como
eu decidia? O que eu fazia ficando lá de pé? Eu costumava decidir dependendo
para onde o vento estivesse soprando. Para onde quer que o vento estivesse
soprando era para lá que eu iria; esse era o meu destino. "Então às
vezes," ele dizia, "Você vai pela mesma rua por uma semana
continuamente; às vezes você vai só um dia, e no dia seguinte você muda. O que
você faz lá? E como você decide?" E eu disse a ele, "É muito simples.
Eu fico lá de pé e eu sinto' qual rua me chama, para onde o vento está
soprando. Eu vou com o vento. E é lindo ir com o vento. Trotando, correndo, o
que quer que eu queira fazer. E o vento está lá, fresco, disponível. Então, é
assim que eu decido." A vida não é
ir para algum lugar. É apenas um ir para uma caminhada matinal'. Escolha para
onde quer que todo seu ser esteja fluindo, para onde o vento esteja soprando.
Vá por esse caminho o mais longe que ele puder lhe levar, e nunca espere
encontrar qualquer coisa. Por isso que eu nunca fui surpreendido, porque eu
nunca estive esperando nada. Então a questão não é o que me surpreende: tudo é
uma surpresa. E não existe desapontamento: tudo é contentamento. Se for assim,
bom; se não for assim, melhor ainda. Uma
vez entendido que viver momento a momento é tudo o que significa religião,
então você entenderá o porquê de eu dizer em abandonar essa ideia de Deus, céu
e inferno, e toda essa baboseira. Só precisa abandonar isso completamente por
causa disso, estando carregado com tantos conceitos você está sendo impedido de
viver momento a momento. Viva a vida numa unidade orgânica. Nenhum ato deveria
ser parcial, você deveria estar inteiramente envolvido nisso. Uma estória Zen. Um rei muito curioso, querendo saber sobre o que essas pessoas fazem
em um mosteiro, perguntou, "Quem era o Mestre mais
famoso?" Descobrindo que o Mestre mais famoso daqueles tempos era
Nan-in, ele foi ao mosteiro dele. Quando ele entrou no mosteiro ele encontrou
um lenhador. Ele o perguntou, "O mosteiro é grande, onde eu encontro
Mestre Nan-in?" O homem fechou os
olhos e pensou por alguns instantes, e ele disse, "Agora você não
conseguirá encontrá-lo." O rei
disse, "Por que eu não conseguirei encontrá-lo agora? Você sabe que eu sou
o imperador?" Ele disse,
"Isso é irrelevante. Quem quer que você seja, isso é problema seu, mas eu
lhe garanto que você não conseguirá encontrá-lo agora." "Ele saiu?" perguntou o rei. "Não, ele está ai," respondeu o lenhador.
O rei disse, "Mas ele está trabalhando,
está em alguma cerimônia, ou em isolamento? Qual é o problema? O homem disse, "Ele está agora cortando lenha
na sua frente. E quando eu estou cortando lenha, eu sou só um lenhador. Agora,
onde está Mestre Nan-in? Eu sou só um lenhador. Você terá que esperar."
O imperador pensou, "Esse homem é maluco,
simplesmente maluco. Mestre Nan-in cortando lenha? Ele foi em frente, e deixou o lenhador para trás.
Nan-in continuou cortando madeira. O inverno estava chegando, e precisava-se
estocar lenha. O imperador poderia esperar, mas o inverno não esperaria. O
imperador esperou por uma hora, duas horas - e então pela porta dos fundos veio
Mestre Nan-in, em seu traje de Mestre. O rei olhou para ele. E ele se parecia
com o lenhador, mas o rei curvou-se. Mestre
sentou-se, e perguntou, "Por que você dificultou tanto a sua vinda até
aqui?" O rei disse, "Tem
muitas coisas, mas deixarei as perguntas para depois. Primeiro eu quero saber:
você é o mesmo homem que estava cortando lenha?" Ele disse, "Agora eu sou Mestre Nan-in. Eu não
sou o mesmo homem; tudo se transformou. Agora eu estou aqui sentado como Mestre
Nan-in. E você pergunte como um discípulo, com humildade, receptividade. Sim,
um homem muito, muito parecido comigo estava cortando lenha, mas aquele era o
lenhador. O nome dele também é Nan-in." O rei ficou tão intrigado que foi embora sem perguntar o que ele tinha
vindo perguntar. Quando ele voltou para a corte, seus assessores perguntaram o
que tinha acontecido. Ele disse,
"O que aconteceu é melhor ser esquecido. Esse Mestre Nan-in parece ser
absolutamente insano! Ele estava cortando lenha e disse, ‘Eu sou o lenhador e
Mestre Nan-in não está disponível no momento.’ Então o mesmo homem veio em
trajes de Mestre e eu o perguntei, e ele disse, ‘Um homem parecido estava
cortando lenha, mas ele era o lenhador. Eu sou o Mestre.” Um dos homens da corte disse, "Você perdeu o
ponto do que ele estava tentando lhe dizer - que quando ele corta lenha ele
está totalmente envolvido nisso. Nada é deixado que possa ser parte de Mestre
Nan-in; nada é deixado, ele é apenas um lenhador." E na linguagem Zen, que
é difícil de se traduzir, ele não dizia exatamente que "Eu sou um
lenhador", ele dizia, "Agora a lenha está sendo cortada não um
lenhador, porque não há nem mesmo espaço para o lenhador." É simplesmente
lenha sendo cortada, e ele está tão envolvido nisso, que é só lenha sendo
cortada: o corte da lenha está acontecendo. E quando ele vem como Mestre,
claro, é em uma qualidade diferente. As mesmas partes estão agora em diferente
acordo. Assim, em cada ação você é uma pessoa diferente, se você
envolve-se totalmente nisso. Buda costumava dizer, "É como a chama de uma
vela que parece ser a mesma, mas nunca é a mesma nem sequer por dois momentos
consecutivos. A chama está continuamente se tornando fumaça, e nova chama está
surgindo. A velha chama está indo, a nova chama está chegando. A vela que você
acendeu a noite não é a mesma vela que você assoprará pela manhã. Esta não é a
mesma chama que havia começado; aquela já se foi, ninguém sabe para onde. É
apenas a semelhança da chama que lhe deu a ilusão de que esta é a mesma
chama." O mesmo acontece com o seu
ser. É uma chama. É um fogo. A cada momento o seu ser está mudando, e se você
se envolver totalmente em qualquer ação você verá como a mudança acontece em
você - cada momento um novo ser, e um novo mundo, e uma nova experiência. Tudo
de repente se torna tão cheio de novidade que você nunca vê a mesma coisa duas
vezes. Então, naturalmente, a vida se torna um mistério contínuo, uma
surpresa contínua. Em cada passo um novo mundo se abre, de tremendo
significado, de um êxtase incrível. E quando a morte chega, a morte também não
é vista com algo separado da vida. É parte da vida, não um fim da vida. É
exatamente como os outros acontecimentos: o amor aconteceu, o nascimento
aconteceu. Você era uma criança, e então sua infância desapareceu; você se
tornou jovem, e então sua juventude desapareceu; você se tornou velho, e então
a velhice desapareceu - quantas coisa já aconteceram! Por que você não permite
que a morte também aconteça assim como os outros incidentes? E, na verdade, a
pessoa que viveu a vida momento a momento, vive a morte também, e descobre que
todos os momentos da vida podem ser postos de um lado e que o momento da morte
pode ser posto do outro lado, e ainda assim pesa mais. Em todos os sentidos
pesa mais porque é a vida toda condensada; e algo a mais é adicionado à ela, o
qual nunca foi disponível a você. Uma nova porta se abre, com toda a vida
condensada: uma nova dimensão se abre. www.oshobrasil.com.br.
Abraço. Davi
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