quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Não Se Apegar nem a Verdade.


Do livro Budismo: Psicologia do Auto Conhecimento. Buda, o sublime, ensinou que estar apegado a uma coisa, "sob um ponto de vista", e desprezar outras coisas, "outros pontos de vista", chama-se vínculo.
Certa vez, Buda explicou a seus discípulos a doutrina de causa e efeito, e eles disseram que a viam e a compreendiam claramente.
Então disse:
— Ó bhikkhus, esse ensinamento, que compreendeis de uma maneira tão pura e clara; se vos apegais a ele, e o guardais como a um tesouro, então não compreendeis que o ensinamento é semelhante a uma jangada que é feita para um determinado fim, e não para ser continuamente carregada às costas.
E, assim, deu o seguinte exemplo:
— Um homem, viajando, chega à margem perigosa e assustadora de um rio de vasta extensão de água. Então vê que a outra margem é segura e livre de perigo. Pensa: "Esta extensão de água é vasta e esta margem é perigosa, aquela é segura e livre de perigo. Não há embarcação nem ponte com que eu possa atravessar. Acho que seria bom juntar troncos, ramos e folhas e fazer uma jangada com a qual, impulsionada por minhas mãos e meus pés, passe com segurança à outra margem." Então esse homem executa o que imagina, utilizando-se de suas mãos e seus pés, e passa para a margem oposta sem perigo. Tendo alcançado a margem oposta, ele pensa: "Esta jangada me foi muito útil e me permitiu chegar a esta margem. Seria bom carregá-la à cabeça ou às costas onde quer que eu vá."
— Que pensais, bhikkhus? Procedendo dessa forma, esse homem agiria adequadamente em relação à jangada?
— Não, Senhor! — responderam os bhikkhus.
— Como agiria ele adequadamente em relação à jangada? Tendo atravessado para a outra margem, esse homem deveria pensar: "Esta jangada me foi de grande auxilio e graças a ela cheguei com segurança; agora seria bom que eu a abandonasse à sua sorte e seguisse o meu caminho livremente".
Assim, lembrou aos monges, contra um dogmatismo excessivo: "A doutrina se assemelha à jangada; deve ser considerada não como um fim, mas como um meio; da mesma forma, a jangada é um meio para atravessar, mas não para se apegar." (Majjhima-Nikaya).
Com esta parábola ficou claro que Gautama Buda era um instrutor prático; só ensinava o que era útil e o que poderia trazer paz e felicidade ao homem, não dando atenção à especulação intelectual. Achava indispensável ter um ponto de vista não egocêntrico e impessoal, único capaz, aos seus olhos, de amenizar os inevitáveis sofrimentos da vida. Shunya. Grupo de Estudo e Prática Budista. Abraço. Davi.



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