Cristianismo. Revista Arautos
do Evangelho. Maio de 2022. MARIA SANTÍSSIMA – ÁPICE DOS MILAGRES DE DEUS. Na
bula sobre o dogma da Imaculada Conceição, o Papa Pio IX (1792-1878) enaltece
as incontáveis virtudes e privilégios de Nossa Senhora. Ciente de que nada
basta para exaltar aquela que é superior a todo louvor humano e angélico. O
Deus inefável – cuja conduta é misericórdia e verdade, cuja vontade é
onipotência e cuja sabedoria abarca tudo com fortaleza. Dispondo suavemente
todas as coisas – previu desde toda a eternidade a lamentabilíssima ruína de
todo o gênero humano, proveniente de Adão. Por isso, tendo decretado, com
misterioso plano oculto desde toda a eternidade, levar até o fim a primitiva
obra de sua misericórdia por meio da Encarnação do Verbo. Escolheu e preparou
desde o princípio e antes dos tempos, num plano mais secreto ainda, uma Mãe.
Nela se encarnando, seu Filho Unigênito nasceria na ditosa plenitude dos
tempos, para que não perecesse o homem impelido ao pecado pela astúcia da
diabólica maldade e para que aquilo que no primeiro Adão havia de cair fosse
restaurado de modo mais esplêndido no segundo. De tal modo Deus a amou acima de
todas as criaturas que só nela se comprouve com assinaladíssima benevolência
(...). A criatura mais unida Deus. A gloriosíssima Virgem Maria, na qual operou
grandes coisas o Onipotente, reluziu com tal abundância de todos os dons
celestiais, com tal plenitude de graça e com tal inocência que ela é como um
inefável milagre de Deus. Mais ainda, como o ápice de todos os milagres, em
suma, a digna Mãe de Deus. Unindo-se o mais possível ao seu Criador, tanto
quanto lhe permitia a condição de criatura, ascendeu a um patamar superior a
todo louvor humano e angélico. A Virgem reluz com tal abundância de dons
celestiais e tal plenitude de graça, que ela é como um inefável milagre de
Deus. Em consequência, para atestar original inocência e a santidade da Mãe de
Deus, os Padres da Igreja não só a compararam muito amiúde com Eva ainda
virgem, ainda inocente, ainda incorrupta e não enganada pelos mortíferos
artifícios da astuciosíssima serpente. Como também a elevaram, Virgem Maria,
acima daquela com maravilhosa variedade de palavras e pensamentos. Pois Eva,
miseravelmente complacente com a serpente, caiu da inocência original e se
tornou sua escrava. Mas a Virgem Maria Santíssima, aumentando incessantemente o
dom original e nunca dando ouvidos à serpente, arrasou até aos alicerces, pela
virtude divina recebida do alto, sua poderosa força. Maria Santíssima,
imaculada e toda formosa, esmagou a cabeça venenosa dá cruel serpente e trouxe
ao mundo a salvação. Por isso eles nunca deixaram de dar à Mãe de Deus o nome
de: lírio entre os espinhos, terra absolutamente intacta, virginal, sem mancha,
imaculada, sempre bendita e livre de toda mancha de pecado, da qual se formou o
novo Adão. Paraíso imaculado, atraentíssimo, ameníssimo, esmeradamente feito de
inocência, de imortalidade e de delícias, plantado pelo próprio Deus e
protegido de toda intriga da venenosa serpente. Árvore imperecível que jamais
foi carcomida pelo verme do pecado, fonte sempre límpida e marcada pela virtude
do Espírito Santo. Diviníssimo templo, tesouro de imortalidade, única filha,
não da morte, mas da vida, germe não da ira, mas da graça que, por singular
providência de Deus, floresceu sempre viçosa de uma raiz corrompida e
deteriorada, fora das leis ordinariamente estabelecidas. Contudo, como se esses
títulos, embora muito gloriosos, não fossem suficientes, declararam eles, com
expressões adequadas e precisas que, tratando-se de pecado, não cabia fazer
sequer mínima menção à Santíssima Virgem Maria. A quem se concedeu mais graça
para vencê-lo totalmente. Professam, ademais os Padres da Igreja, que a
gloriosíssima Virgem foi reparadora de sua raça e fonte de vida para o gênero
humano. Eleita desde a eternidade, preparada por Deus para si próprio,
prenunciada por Ele quando disse à serpente em Gênesis 3,15 “Porei inimizade
entre ti e a mulher (...). Esplendor e baluarte da Santa Igreja. A Santíssima
Virgem, imaculada e toda formosa, esmagou a cabeça venenosa da cruel serpente e
trouxe ao mundo a salvação. Ela é a glória dos profetas e dos Apóstolos, honra
dos mártires, alegria e coroa dos Santos. É refúgio seguro e auxiliadora
invencível de todos quantos estão em perigo, medianeira e conciliadora de todo
o orbe terrestre perante seu Filho único – Jesus Cristo – é glória, esplendor e
baluarte da Santa Igreja. Sempre destruiu as heresias, livrou das maiores
calamidades e de toda espécie de males os povos fiéis e as nações. E a nós
mesmo livrou de inúmeros perigos que nos assaltavam. Assim, temos firmíssima
esperança e absoluta confiança de que esta nossa poderosa protetora fará com
que – removidos todos os obstáculos e vencidos todos os erros – a Santa Igreja
Católica, nossa Mãe, se fortifique e floresça cada dia mais em todos os povos e
todas as nações, reine de um mar ao outro, desde o grande rio até os confins da
terra conforme Salmos 7,8. Que desfrute de toda paz, tranquilidade e liberdade
para que possam obter perdão os pecadores, remédios aos doentes, força de alma
os fracos, consolação aos aflitos, socorro aos periclitantes. E para que os
transviados, vendo dissiparem-se as trevas de seu espírito, retornem ao caminho
da verdade e da justiça e assim haja um só rebanho e um só pastor. Sob seu
amparo nada temos a temer. Ouçam essas nossas palavras nossos amadíssimos filhos
da Igreja Católica e com fervor cada vez mais ardente de piedade, religião e
amor, continuem a venerar, invocar, orar à Bem-Aventurada Virgem Maria.
Concebida sem pecado original, recorram sempre com inteira confiança a esta
doce Mãe de graça e misericórdia, em todos os perigos, angústias, necessidades,
em todas as situações obscuras e tremendas da vida. Nada temos a temer, nada de
que nos desesperarmos, quando caminhamos sob a guia, a proteção e o amparo
daquela que, tendo por nós um coração de Mãe e ocupando-se da obra de nossa
salvação, estende a todo o gênero humano sua maternal solicitude. Suas preces
maternais têm enorme poder, pois foi constituída pelo Senhor Rainha do Céu e da
terra, exaltada acima de todos os coros dos Santos. Entronizada à direita de
seu Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela sempre obtém o que pode, nunca roga
em vão. Excertos de PIO IX. Ineffabilis Deus, 08/12/1854. Tradução: Arautos do
Evangelho. Abraço. Davi.
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