Religião
Afro-brasileira. Candomblé. www.brasilescola.uol.com.br. Por Rainer Sousa. OS ORIXÁS. "A chegada dos escravos africanos ao Brasil
foi responsável pela consolidação de uma nova experiência religiosa em nosso
território. Contudo, ao contrário do que muitos chegam a imaginar, não podemos
supor que esse movimento simplesmente instalou a mesma lógica e as mesmas
divindades cultuadas no território africano. Ao mesmo tempo em que alguns
deuses ficaram para trás, outros foram criados para compor uma experiência
singular. Desse vasto panteão de divindades, os orixás se tornaram os mais
conhecidos entre os praticantes e não praticantes das religiões de origem e
influência africana. Segundo os ensinamentos do candomblé, todas as pessoas são
filhas de orixás. Para que seja possível determinar a quais orixás um indivíduo
pertence, ele precisa recorrer aos saberes oferecidos pelo jogo de búzios. O
jogo de búzios consiste basicamente no lançamento de dezesseis conchas, também
conhecidas como cauris, em uma peneira. O pai de santo é o único capaz de
realizar o lançamento das conchas e realizar a correta leitura da posição de
cada búzio. Além do jogo, os praticantes do candomblé também associam a pessoa
ao seu orixá através das características físicas e psicológicas do praticante.
Segundo a crença, cada pessoa recebe a influência de dois orixás principais. O
primeiro é conhecido como o “orixá da frente” e o segundo como o “orixá de
trás”, “segundo santo” ou “jutó”. Esse casal de divindades promove a proteção
de seu seguidor e são reverenciados pelo pai de santo quando, este, toca a
testa, para o orixá da frente, e a nuca para o orixá de trás. Além dessas duas
divindades, uma pessoa pode incorporar a proteção de outros deuses, completando
o número máximo de sete orixás." "No conjunto das religiões afro-brasileiras,
os orixás podem assumir diferentes nomenclaturas segundo a crença que o adota.
Na umbanda, os orixás não são diretamente incorporados pelas pessoas com
aptidões mediúnicas. Geralmente, o orixá envia um representante, o falangeiro,
que tem a função de repassar as ordens e orientações do orixá que o domina.
Entre os mais conhecidos orixás podemos destacar as figuras de Exu, orixá
mensageiro sem o qual nenhuma transformação acontece: Ogum, divindade que está
correntemente associada às guerras e à agricultura. Oxossi, reconhecido como
irmão de Ogum e associado à caça e proteção. Além disso, podemos destacar
Omulu, poderosa divindade responsável pelos poderes de cura e doença. Xangô,
senhor dos raios e trovões, Iemanjá, a mãe de todos os orixás. E Oxalá, o
grande orixá da criação”.
OBÁ.
"Na sua mitologia de origem, Obá pode ser vista como um interessante orixá
que se alterna entre a força de uma guerreira e a ingenuidade de uma
apaixonada. Isso porque vemos que sua trajetória é marcada por essas duas
situações curiosamente distintas. Em suma, Obá é conhecida como um orixá muito
poderoso e que, mesmo sendo feminina, tinha força suficiente para vencer vários
orixás masculinos durante uma luta. Contrastando com sua força, Obá vivia uma
imensa angústia por sentir que Xangô, seu marido, tinha maior predileção pelas
suas outras duas esposas: Iansã e Oxum. Por muito tempo, ela se esforçou em
chamar a atenção do marido preparando deliciosos pratos que pudessem aumentar
seu apreço. Entretanto, Xangô era mais próximo a Iansã durante as guerras e não
resistia aos mimos de Oxum. Um dia, cansada de se sentir em condição
subalterna, Obá resolveu perguntar a Oxum qual era o segredo que mantinha
o poderoso rei encantado por ela. Percebendo a fraqueza da esposa rival, Oxum
inventou que ela preparara um amalá (prato bastante apreciado por Xangô) e que
nele misturara a sua orelha em prova de devoção e profundo afeto ao esposo.
Ansiosa, ela preparou o amalá e decepou a própria orelha na esperança de
enfeitiçar Xangô. Contudo, ao oferecer o prato, Xangô ficou muito furioso e
enojado quando percebeu que a orelha de Obá se encontrava misturada ao amalá.
Desesperada com a reação do marido, Obá percebeu que tinha sido vítima de uma
tramoia ao ver que Oxum havia tirado o seu turbante e ostentava as suas orelhas
completamente intactas." "Mesmo tendo sido enganada, a
insensatez de Obá despertou a ira de Xangô. Expulsas do reino de Oyó, Obá e
Oxum se transformaram nos dois rios que levam os seus nomes. Dessa forma, Obá é
uma divindade sempre associada à força de transformação das águas revoltas. No
continente africano, o encontro entre os rios Obá e Oxum simboliza a
verificação do mito que explica a rivalidade entre essas duas divindades. Nos
terreiros em que Obá se manifesta, suas devotas dançam com uma das mãos ou um
pano encobrindo uma das orelhas. Em sua arquetipia, as pessoas pertencentes a
esse orixá são muito zelosas e se determinam em alcançar os seus ideais.
Entretanto, a sua determinação acaba sendo prejudicada pelo ciúme excessivo, a
agressividade, a frustração e a ingenuidade." www.brasilescola.uol.com.br.
Abraço. Davi
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