Budismo Nitiren
Daishonin. Texto escrito por Daisako Ikeda (1928- ). A BELEZA FEMININA. Eu acho bela a
face de uma mulher que traz no seu semblante as inúmeras tempestades que
passou. Não importa a idade - assim como há beleza nos veios das árvores que se
aprofundam no decorrer dos anos – a beleza originária da luta contra as
adversidades brilha com um esplendor único. Quando se observa realmente uma mulher, sem maquiagem ou
apetrechos, eu acredito que sua vida resplandece com toda a naturalidade, e sua
beleza real e indestrutível emerge. Mas, o que é esta qualidade elusiva chamada
beleza? Na antiga
literatura chinesa, as chamadas mulheres bonitas pareciam magras e frágeis.
Seus pés eram minúsculos, porque eles eram moldados. Assim, ela aparentava uma
fraqueza, quase que doentia. Esta era a preferência daquela época. Posteriormente,
na dinastia Tang, a mulher ideal era voluptuosa (prazer sexual) e com aparência
saudável. Mesmo nos dias de hoje, muitas culturas consideram bela uma mulher
rechonchuda, e as jovens são encorajadas a se alimentarem bastante. Isto pode
soar inacreditável para as mulheres que vivem em sociedades onde as modelos
altas e magras imperam como protótipos de beleza. No meu país, Japão, a definição de beleza parece
também mudar de acordo com a época. Durante o período Edo, as belas mulheres
que eram mostradas nas xilogravuras, tinham longas faces, olhos finos e
compridos e queixos protuberantes. Mas, após a Segunda Guerra Mundial, as
mulheres que eram um tanto rechonchudas foram repentinamente consideradas
atraentes. Isto me fez questionar as diferenças que existem nos padrões sociais
em relação a beleza feminina. As mulheres acabam sendo presas pela tendência de beleza da
época e buscam equiparar seu corpo a este modelo – um padrão imposto pela
sociedade vigente. Geralmente, o
propósito para quem é direcionada esta busca infinita acaba sendo esquecida.
Talvez, no final, o objetivo da beleza é realmente para si mesma, para que se
possa sentir bem consigo mesmo quando estiver diante de um espelho. Mas, se o
propósito da beleza é ser atraente para outros, então eu honestamente
recomendaria que esta energia e tempo dispendidos sejam utilizados para polir e
cultivar o seu eu interior. Eu acredito, que o seu caráter é muito mais efetivo
para que se torne uma pessoa atraente. Seja o seu namorado, marido ou amigos (...). Por que eles se
sentem atraídos? Eu tenho certeza de que não é somente por causa do seu
aspecto, mas sim por sua pessoa, a beleza que emana da sua mente e da sua
personalidade; as características que as pessoas ao seu redor encontram em seu
caráter. Não importa quão bela uma mulher possa ser, se a sua atração se
restringe ao físico, eu não acredito que seja duradoura. Ao contrário, irá
acabar com o tempo. Em suma, a verdadeira atração por outro ser humano tem
origem na confiança e beleza interior que brilha interiormente. Certa ocasião, eu ouvi uma história sobre uma
mulher que participou na vigésima reunião das suas colegas do colegial. Ela
descobriu algo impressionante. A maior parte das mulheres que eram belas na
juventude aparentavam certa apatia no aspecto, em contrapartida, muitas
daquelas que não se destacavam brilhavam com uma beleza interior. E no decorrer
do diálogo com as amigas de outrora, ela compreendeu que algumas das beldades
da juventude não mantiveram seus esforços para atrair a atenção alheia. Assim,
esta atitude complacente de autossatisfação permaneceu dentro delas através dos
anos. Enquanto isto, as mulheres menos atraentes claramente trabalharam em prol
do autodesenvolvimento e se tornaram verdadeiramente atraentes como seres
humanos. Para mim, a real
beleza feminina não reside na aparência, mas na profundeza do seu coração. Uma
mulher que empenha todos os seus esforços e agem com toda a sinceridade no seu
campo de atuação, é bela. Ela brilha de forma magnânima. Ela apresenta um olhar
perspicaz, direcionado e que transmite segurança. Este tipo de brilho irá
sempre resplandecer sobre mim, como uma beleza externa relacionada com as
vestes que ela está utilizando. De fato, aquelas que estão cientes de sua
beleza interior não precisam buscar a beleza ao seu redor. Infelizmente,
aquelas que somente se preocupam com a aparência física são geralmente pobres
de espírito e buscam compensar esta perda com apetrechos externos. Todos ansiamos por coisas belas – a beleza da
natureza, da aparência, da vida, uma bela família e assim por diante. Mas estas
não podem ser alcançadas se mantivermos uma atitude retraída, somente voltados
para si. Devemos criar
melhores relacionamentos com aqueles ao nosso redor e interagir com a nossa
comunidade e sociedade com um coração amplo. Devemos ser gentis. É somente
através deste processo que iremos crescer e cultivar nossa própria beleza. Uma mulher que pode elogiar, apreciar e
sinceramente respeitar aqueles ao seu redor é muito mais bela do aquela que
está constantemente criticando os outros. Da mesma forma, alguém que consegue
encontrar dentro de si alegria e estímulo na vida diária, ou mesmo na natureza
ou nas mudanças de estações, possui o calor e o brilho que pode proporcionar o
senso de paz e conforto aos outros. Bela é a pessoa que se torna um
profissional em descobrir a beleza. O famoso escultor francês Auguste René Rodin (1840-1917)
disse certa vez que a beleza não é encontrada em uma mulher, mas em todas as
mulheres. E ele identificou como a fonte que acende esta beleza como a
"chama da vida interior". A chama de um coração puro, a chama da
compaixão, a chama da esperança e a chama da coragem. Estas chamas são a fonte
da luz na qual capacita as mulheres a brilharem com beleza. É dito que "a beleza de uma mulher brilha
com a idade". Eu acredito que estas palavras são de grande sabedoria. As
pessoas geralmente relacionam beleza com juventude, e não conseguem estabelecer
uma analogia entre "mulher bela" e "mulher idosa". Com
certeza, uma jovem na adolescência é bela, mas há um tipo de beleza diferente
que é encontrada nas mulheres em seus trinta, cinquenta ou mesmo setenta anos.
Quando se busca a beleza interior, pode-se compreender que a real beleza
feminina reside naquela pessoa, cuja virtude é realçada e cultivada com o
tempo. O budismo ensina
que a sua aparência física é o reflexo da vida interior. Assim, uma mulher
realmente bela conhece a si mesmo, quais são os seus pontos fortes e é feliz e
confiante por ser autêntica consigo mesma. Hoje, vivemos numa época onde o comercialismo dita o que é
belo, mas por favor, se lembre que não é possível encontrar a verdadeira beleza
nas tendências da moda. Nem é possível comprá-la através do dinheiro. Muitas
jovens inseguras tendem a ficar confusas com todas as mensagens divulgadas
pelos meios de comunicação existentes (televisão, internet, revistas, jornais,
celulares) na sociedade atual, mas eu sinto que apreciar e compreender a sua
própria beleza significa estabelecer um caráter interior seguro e robusto que
não é abalado pelas circunstâncias externas. Toda mulher pode ser bela. E tudo
se inicia na crença da sua própria beleza. www.maisbelashistoriasbudistas.com.br. Abraço.
Davi.
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