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ANALECTOS – LIVRO V. Texto de Confúcio (551-479). 1. O Mestre disse de Kung-yeh
Ch’ang que ele era uma boa escolha para marido, pois, embora estivesse preso, não
havia feito nada errado. E lhe deu sua filha em casamento. 2. O Mestre disse de
Nan-jung que, quando o Caminho prevaleceu no reino, este não foi posto de lado
e, quando o Caminho caiu em desgraça, ele ficou longe da humilhação e da
punição. E lhe deu a filha do seu irmão mais velho em casamento. 3. O
comentário do Mestre sobre Tzu-chien foi “Que cavalheiro! Onde ele teria
adquirido as suas qualidades, se não houvesse cavalheiros no reino de Lu?”. 4.
Tzu-kung perguntou: “O que acha de mim?”. O Mestre disse: “Você é um navio”.
“Que tipo de navio?” “Um navio sacrificial”. 5. Alguém disse: “Yung é
benevolente, mas não fala muito bem”. O Mestre disse: “Qual a necessidade de
ele falar bem? Um homem rápido nas respostas frequentemente provocará o ódio
dos outros. Não posso dizer se Yung é benevolente ou não, mas qual a
necessidade de ele falar bem?”. 6. O Mestre aconselhou Ch’i-tiao K’ai a assumir
um cargo oficial. Ch’i-tia o K’ai disse: “Acho que ainda não estou pronto”. O
Mestre ficou satisfeito. 7. O Mestre disse: “Se o Caminho não pudesse
prevalecer e eu fosse lançado ao mar em uma jangada, aquele que me seguiria
seria Yu, sem dúvida alguma”. Tzu-lu, ao ouvir isso, transbordou de alegria. O
Mestre disse: “Yu tem mais amor à coragem do que eu, mas lhe falta juízo”. 8.
Meng Wu Po perguntou se Tzu-lu era benevolente. O Mestre disse: “Não posso
dizer”. Meng Wu Po repetiu a pergunta. O Mestre disse: “A Yu pode ser dada a
responsabilidade de coordenar as tropas de um reino de mil carruagens, mas se
ele é benevolente ou não, não posso dizer”. “E quanto a Ch’iu?” O Mestre disse:
“A Ch’iu pode ser dada a responsabilidade de administrar uma cidade de mil
casas ou uma família nobre de cem carruagens, mas se ele é benevolente ou não,
não posso dizer”. “E quanto a Ch’ih?” O Mestre disse: “Quando Ch’ih coloca a
sua faixa e toma lugar na corte, a ele pode ser dada a responsabilidade de
conversar com os convidados, mas se ele é benevolente ou não, não posso dizer”.
9. O Mestre disse a Tzu-kung: “Quem é o melhor homem, você ou Hui?”. “Como eu
ousaria me comparar a Hui? Quando lhe é dita uma coisa, ele compreende cem
coisas. Quando me é dita uma coisa, eu entendo apenas duas.” O Mestre disse:
“De fato, você não é tão bom quanto ele. Nenhum de nós dois é tão bom quanto
ele.” 10. Tsai Yü estava na cama durante o dia. O Mestre disse: “Um pedaço de
madeira podre não pode ser esculpido, tampouco pode uma parede de esterco seco
ser aplainada. Em se tratando de Yü, de que adianta condena-lo?”. O Mestre
acrescentou: “Eu costumava ouvir as palavras de um homem e confiar que ele
agiria de acordo. Agora, tendo ouvido as palavras de um homem, parto para
observar suas ações. Foi por causa de Yü que mudei quanto a isso.” 11. O Mestre
disse: “Nunca conheci alguém que fosse verdadeiramente constante”. Alguém
perguntou: “E quanto a Shen Ch’eng?”. O Mestre disse: “Ch’eng é cheio de
desejos. Como pode ser constante?12. Tzu-kung disse: “Do mesmo modo que não
quero que os outros mandem em mim, também não quero mandar nos outros”. O
Mestre disse: “Ssu, isso ainda está bem acima de você”. 13. Tzu-kung disse:
“Pode-se ouvir sobre as realizações do Mestre, mas não se pode ouvir suas
opiniões sobre a natureza humana e o Caminho para o Céu”. 14. A única coisa que
Tzu-lu temia era que, antes que pudesse colocar em prática algo que aprendera,
lhe ensinassem outra coisa diferente. 15. Tzu-kung perguntou: “Por que K’ung
Wen Tzu foi chamado de wen?”. O Mestre disse: “Ele era rápido e ávido por
aprender: não teve vergonha de buscar o conselho daqueles que lhe eram inferiores
em posição. É por isso que ele é chamado wen”. 16. O Mestre disse sobre
Tzu-ch’an que sob quatro aspectos ele tinha as maneiras de um cavalheiro: era
respeitoso no modo como se comportava; era reverente no serviço ao seu senhor;
ao tratar com as pessoas comuns, ele era generoso e, ao empregar os serviços
destas, era justo. 17. O Mestre disse: “Yen P’ing-chung era um excelente amigo:
mesmo quando conhecia seus amigos há muito tempo, ele os tratava com
reverência”. 18. O Mestre disse: “Ao fazer uma casa para sua grande tartaruga,
Wen-chung mandou esculpir os capitéis dos pilares na forma de montanhas e
pintar os caibros do telhado com desenhos de plantas aquáticas. O que se deve
pensar sobre a inteligência dele?19. Tzu-chang perguntou: “Ling Yin Tzu-wen não
demonstrou júbilo algum quando por três vezes foi feito primeiro-ministro.
Tampouco demonstrou desgosto quando por três vezes foi removido do cargo. Ele
sempre dizia ao seu sucessor o que havia feito durante seu mandato. O que acha
disso?” O Mestre disse: “Ele pode, de fato, ser considerado um homem que dá o
melhor de si”. “E pode ele ser chamado de benevolente?” “Sequer pode ser
chamado de sábio. Como poderia ser chamado de benevolente?” “Quando o senhor de
Ch’i foi assassinado por Ts’ui Tzu, Ch’en Wen Tzu, que possuía dez grupos de
quatro cavalos cada, abandonou-os e deixou o reino. Ao chegar em outro reino,
ele disse: ‘Os oficiais aqui não são melhores do que o nosso ministro Ts’ui
Tzu’e partiu de novo. O que acha disso?” O Mestre disse: “Ele pode, de fato,
ser considerado um homem puro”. “Pode ele ser chamado de benevolente?” “Sequer
pode ser chamado de sábio. Como poderia ser chamado de benevolente?” 20. Chi
Wen Tzu sempre pensava três vezes antes de agir. Quando o Mestre ficou sabendo
disso, comentou: “Duas vezes é suficiente”. 21. O Mestre disse: “Ning Wu Tzu
era inteligente enquanto o Caminho prevalecia no reino, mas foi estúpido quando
não prevaleceu. Outros podem igualar sua inteligência, mas não podem igualar
sua estupidez”. 22. Quando estava em Ch’en, o Mestre disse: “Vamos para casa.
Vamos para casa. Em casa, nossos jovens rapazes são furiosamente ambiciosos e
têm grandes talentos, mas não sabem usá-los”. 23. O Mestre disse: “Po Yi e Shu
Ch’i nunca lembravam de velhas rixas. Por essa razão, muito raramente
provocavam ressentimentos”. 24. O Mestre disse: “Quem disse que Wei-sheng era
correto? Uma vez, quando um pedinte lhe mendigou vinagre, ele foi e pediu-o
para um vizinho”. 25. O Mestre disse: “Palavras ardilosas, rosto adulador e
absoluta subserviência: essas coisas Tso-ch’iu considerava vergonhosas. Eu
também as considero vergonhosas. Ser amigável com alguém enquanto escondemos
nossa hostilidade: também isso Tso-ch’iu considerava vergonhoso. Eu também
considero vergonhoso”. 26. Yen Yüan e Chi-lu estavam presentes. O Mestre disse:
“Sugiro que cada um de vocês me conte os seus desejos mais fortes”. Tzu-lu
disse: “Eu desejaria partilhar minha carruagem e cavalos, roupas e peles com
meus amigos sem me arrepender, mesmo que eles ficassem gastos”. Yen Yüan disse:
“Eu desejaria nunca me vangloriar da minha própria bondade e nunca impor
tarefas pesadas aos outros”. Tzu-lu disse: “Eu gostaria de ouvir quais os seus
desejos secretos, Mestre”. O Mestre disse: “Trazer paz aos velhos, ter
confiança nos meus amigos e dar afeto aos jovens”. 27. O Mestre disse: “Acho
que devo abandonar as esperanças. Ainda estou para conhecer o homem que, ao ver
os próprios erros, seja capaz de se criticar internamente”. 28. O Mestre disse:
“Em um vilarejo de dez casas, sempre haverá aqueles que são meus iguais quanto
a fazer o melhor que podem pelos outros e quanto a ser fiéis às próprias
palavras, mas dificilmente terão tanta vontade de aprender quanto eu
tenho”. www.rl.art.br. Abraço. Davi
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