Islamismo. www.ccib.org.br. I.
O ALCORÃO SAGRADO. A
leitura do Alcorão requer uma iniciação e um preparo indispensáveis para uma
melhor compreensão, especialmente no caso do leitor não-muçulmano. Tentar
compreender o Alcorão baseando-se apenas na informação oral ou em passagens
específicas e não em seu texto como um todo, levará o leitor despreparado a um
entendimento distorcido dele. Quando lemos o Alcorão, percebemos que muitos
conceitos usados em nosso dia a dia são citados e enfatizados frequentemente em
seus versículos. É importante lembrar que esses conceitos são decisivos para a
boa compreensão do Alcorão e assim, agirmos de acordo com os seus postulados.
Entre estes conceitos, encontramos sabedoria, paciência, lealdade, descrença,
favores especiais de Allah (swt). O alcorão foi à última palavra revelada por
Allah (swt) e a fonte básica para os ensinamentos islâmicos e suas leis.
Trata-se de moralidade, adoração, conhecimento, sabedoria e a relação Allah
(swt) - homem e as suas relações entre os seres humanos. Compreende
ensinamentos sobre o sistema de justiça social, política e relações
internacionais, economia, legislação, jurisprudência, e leis podem ser formadas
através de partes importantes do Alcorão. Apesar do Profeta Muhammad (saws)não
haver tido uma educação formal, o Alcorão assim que lhe revelado foi transcrito
por seus secretários. Desta forma, cada palavra foi escrita e preservada por
seus companheiros. O texto completo e original do Alcorão é em árabe. Tradução
em outros idiomas podem ser encontrados em bibliotecas e livrarias. De acordo com
o Alcorão, sabedoria é uma qualidade peculiar aos fiéis, o nível de sabedoria
pode aumentar ou diminuir com relação ao seu comportamento correto. Sabedoria,
o modo de compreensão, é uma orientação divina que capacita o homem a mostrar o
comportamento correto e a atitude com a qual ele espera agradar a Allah (swt) e
alcançar a Sua justa estima. é a capacidade de julgar entre o certo e o erro,
atingir a mais elevada atitude moral, tomar as decisões certas para cada
citação, e agir, tendo sempre em mente, a vida após a morte. INTRODUÇÃO
AO ALCORÃO SAGRADO. Louvado seja Allah (swt), Senhor do Universo, e
que a paz e a misericórdia estejam com o Mensageiro e toda a sua estirpe, seus
companheiros e seus seguidores! Alcorão é a palavra de Allah (swt), revelada a
Muhammad (saws), desde a Surata da Abertura até a Surata dos Humanos,
constituindo o derradeiro dos livros revelados à humanidade. Ele encerra, em
sua totalidade, diversificadas nuanças, tais como: a felicidade, a reforma
entre os homens, a concórdia, no presente e no futuro; ele foi revelado,
versículo por versículo, surata por surata, de acordo com as situações e os
acontecimentos, no decorrer dos vinte e três últimos anos da vida do Profeta
Muhammad (saws). Uma parte foi revelada antes da Hégira, em Makka, e outra
depois, em Madina. Os versículos e as suratas revelados em Makka abrangem as
normas da crença em Allah (swt), em Seus anjos, em Seus livros, em Seus
mensageiros e no Dia do Juízo Final. Os versículos e as suratas revelados em
Madina dizem respeito aos rituais e à jurisprudência. Nele há narrativas sobre
os nossos antecessores e sobre os nossos sucessores, e é um árbitro entre nós.
Há narrativas de povos anteriores, de séculos passados; há histórias dos
profetas, dos mensageiros, dos povos, dos grupos, das pessoas, dos
acontecimentos e do desenrolar da história da civilização; nele há explicações
e exemplos para aqueles que por ele queiram pautar suas vidas, e exortação para
quem tem coração e está disposto a aceitá-la, e a prestar testemunho. Ele
revela a Lei imutável de Allah (swt), quer seja na perdição dos extraviados,
quer seja na salvação dos encaminhados. Ele ensina que o mundo dos homens, no
decorrer dos séculos, só é benéfico com a religião de Allah (swt); que a
humanidade, o que quer que faça, não alcançará a almejada felicidade se não se
iluminar, guiando-se com a Mensagem Divina. Nele há revelações do futuro sobre
o dia da Ressurreição, sobre a Vida Futura, no dia em que os homens se
congregarão junto ao Senhor do Universo. "Aquele que fizer um bem, quer
seja do peso de um átomo, vê-lo-á; e aquele que fizer um mal, quer seja do peso
de um átomo, vê-lo-á" (99ª Surata, versículos, 7 e 8). Nele há o
julgamento dos problemas e das questões onde é premente uma explicação e uma
diretriz do caminho a seguir, no que diz respeito às questões da crença e do
pensamento, do caráter e do comportamento, das relações econômicas, dos ramos
doutrinários, dos julgamentos pessoais ou não: "Ó humanos, já vos chegou
uma prova convincente de vosso Senhor e vos enviamos uma translúcida Luz"
(4ª Surata, versículo, 174). "Recorda-lhes o dia em que faremos surgir uma
testemunha de cada povo para testemunhar contra os seus, e te apresentaremos
por testemunha contra os teus. Temos-te revelado, pois, o Livro que é uma explanação
de tudo, é guia, misericórdia e auspício para os muçulmanos" (16ª Surata,
versículo, 89). Não há uma lei religiosa ou um problema, no que diz respeito ao
mundo e à vida dos homens, que não tenha no Alcorão uma solução; ele é um
auxílio inesgotável, guia, explicação e orientação para todos, quer seja em
partes ou no todo: "Já vos chegou de Allah (swt) uma Luz e um Livro
esclarecedor" (5ª Surata, versículo 15) Sim, este fabuloso Alcorão é a luz
orientadora para a humanidade. Ele arrancou-a das trevas e transportou-a para a
luz, para a verdade e para a verdadeira senda. Foi o ponto de transformação na
sua longa história, tirando-a da vida atroz de corrupção e levando-a para a
vida de liberdade, de religião e de orientação, e instituiu, no mundo todo, o
direito e a compreensão, tirando a humanidade do mais baixo degrau, e
elevando-a aos píncaros da perfeição, de maneira sobranceira. As evidências e
os significados que o Alcorão abrange, já citados, só podem ser entendidos
através de explicações do texto alcorânico e de seus versículos. Tal explicação
é uma pesquisa sobre a vontade de Allah (swt), sobre o conhecimento dessa
vontade através de Suas palavras no Alcorão, de acordo com a capacidade humana.
A ciência da exegese nasceu débil e cresceu paulatinamente, até alcançar a
maturidade e seguir formidavelmente neste diapasão que conhecemos hoje. Na
época da revelação do Alcorão, enquanto o Profeta vivia, não havia necessidade
para a explicação dos versículos, nem a regulamentação dessa ciência, porque o texto,
na sua totalidade, era claro, compreensível para o Profeta e seus companheiros.
Apesar disso, o Profeta explicava alguns versículos e algumas pronúncias que
podiam causar ambigüidades; também os companheiros do Profeta e alguns adeptos
assim o fizeram. Isto porque poderia haver má interpretação, quaisquer que
fossem as razões que teriam de se desenrolar na alvorada de um povo
progressista, em formação, que iria expandir-se através de conquistas,
enriquecendo sua existência com acontecimentos históricos, discussões
doutrinárias e pesquisas, em jurisprudência e política. O Alcorão era e
continua sendo o centro da cultura islâmica, dos movimentos filosóficos e de
todas as suas atividades intelectuais; seus versículos estimulam a nele
pensarmos. Disse o Altíssimo: "Eis o Livro que te revelamos, para que os
sensatos recordem seus versículos e neles meditem (38ª Surata, versículo 29).
Disse mais: "Não meditam, acaso, no Alcorão? Se fosse de outra origem que
não de Allah (swt), haveria nele muitas discrepâncias" (4º Surata,
versículo 82). E disse ainda: "Não meditam, acaso, no Alcorão, ou é que
seus corações são insensíveis?" (47ª Surata, versículo 24). Sua explicação
nada mais é do que o resultado de meditação e deliberação. O ponto de vista dos
doutos na matéria, bem como seus métodos, são diversificados. Alguns, levados
pela simpatia doutrinária, apegaram-se à explicação dos versículos, nesse
sentido. Outros, levados pela simpatia linguística, eloquente, estilística e
literária, apegaram-se também a esse particular; o mesmo aconteceu com os
simpatizantes da jurisprudência. Outros, ainda, apegaram-se à explicação das
narrativas. Neste particular, houve aqueles que se prolongaram na explicação,
até a prolixidade estafante, e outros restringiram-na à sucintez chocante, e
outros, ainda, quedaram-se no meio-termo. Deles, houve quem tendesse para a
explicação pessoal; e outros ainda houve que introduziram na explicação muitos
outros conhecimentos. Alguns fizeram-no em estilo esdrúxulo; outros em estilo
claro. De tudo isso resultou uma grande riqueza científica e um movimento
intelectual considerável, que elevam e glorificam um povo que serve ao Livro de
seu Senhor, quer seja em decorá-lo, preservá-lo e explicá-lo, quer seja em
examiná-lo, elevá-lo e consagrá-lo, ao longo de catorze séculos, que serão
seguidos por muitos outros, até que tudo que há no universo compareça perante o
Criador: "Nós revelamos a Mensagem e somos Seu Preservador" (15ª
Surata, versículo 9). "Este é o Livro (o Alcorão) veraz por excelência. A
falsidade não se aproxima dele nem pela frente, nem por trás, porque é a
revelação do Prudente, Laudabilíssimo." (41ª Surata, versículo 41-42).
Todas as importantes religiões do mundo são baseadas nos seus Livros Sagrados,
os quais são frequentemente atribuídos a revelações divinas. Seria patético se,
por algum infortúnio, uma delas viesse a perder o texto original da revelação;
a substituição jamais poderia estar em inteira conformidade com o que fora
perdido. Os brâmanes, os budistas, os judeus, os masdeístas e os cristãos podem
comparar o método empregado para a preservação dos ensinamentos básicos de suas
respectivas religiões com o método dos muçulmanos. Quem lhes escreveu os
livros? Quem lhes transmitiu de geração a geração? Será a transmissão provinda
de textos originais ou apenas tradução? Não haveria as guerras fratricidas
causado danos às cópias dos textos? Não haverá contradições internas ou lacunas
cujas referências são encontradas em outro lugar? Estas são algumas das
questões que poderão ser aventadas, e isso requer respostas satisfatórias. No
tempo em que emergiram o que nós chamamos de as Grandes Religiões, os homens
não apenas confiaram em suas memórias, mas também inventaram a arte de
escrever, para preservarem seus pensamentos, assentando tudo por escrito, de
modo mais premente do que fariam as memórias individuais dos seres humanos que,
afinal de contas, têm um limitado ciclo de vida. Mesmo assim, nenhum destes
dois meios é infalível quando tomados separadamente. É uma questão de
experiência cotidiana o ato de que, quando se escreve algo e então se o revisa,
encontram-se mais ou menos erros inadvertidos, omissão de letras ou mesmo de
palavras, repetição de relatos, uso de palavras contrárias àquelas pretendidas,
erros gramaticais, etc., sem falar nas mudanças de opinião do escritor, que
também corrige seu estilo, seus pensamentos, seus argumentos e, às vezes,
reescreve todo o documento. O mesmo acontece quanto à faculdade da memória.
Aqueles que têm obrigação de ou habilidade em aprender de cor algum texto, para
recitá-lo mais tarde, especialmente quando isso envolve longuíssimas passagens,
sabem que às vezes suas memórias falham durante a recitação: pulam passagens,
misturam umas com as outras, ou não se lembram de toda a sequência; às vezes o
texto correto permanece na subconsciência e é relembrado no último momento, ou
no rebuscamento da memória por indicação de outrem, ou ao ser consultado o
texto em documento escrito. O Profeta do Islam, Muhammad (saws), de memória
privilegiada, empregava ambos os métodos simultaneamente, um ajudando o outro,
reforçando a integridade do texto e diminuindo ao mínimo as possibilidades de
erro. Os ensinamentos islâmicos são baseados no que o Profeta Muhammad (saws)
disse ou fez. Ele próprio ditou certos textos a seus escribas, o que chamamos
de Alcorão; outros textos foram compilados por seus companheiros, na maioria
das vezes por iniciativa própria; e a esses escritos damos o nome de Tradição.
A palavra Alcorão literalmente significa "leitura por excelência" ou
"recitação". Enquanto o ditava a seus companheiros, o Profeta lhes
assegurava que era a Revelação Divina que ele havia recebido. Ele não ditou
tudo de uma só vez: as revelações chegavam-lhe em fragmentos, de tempos em
tempos. Tão logo ele recebia uma, costumava comunicá-la a seus companheiros e
pedir-lhes não somente que a aprendessem de cor - para que a recitassem durante
a prática das orações -, mas também que a escrevessem e que multiplicassem as
cópias. Em tais ocasiões, ele indicava o lugar preciso da nova revelação no
texto; não era dele a compilação cronológica. Não é de admirar a precaução e o
cuidado tomados para a precisão, levando-se em consideração o padrão da cultura
dos árabes daquele tempo. É razoável acreditarmos que as primeiríssimas revelações
recebidas pelo Profeta não foram imediatamente submetidas à escrita, pela
simples razão de que não havia, ainda, companheiro algum ou aderentes. Estas
primeiras partes não eram nem longas, nem numerosas. Não havia risco de que o
Profeta pudesse esquecê-las, uma vez que ele as recitava frequentemente em suas
orações e em conversas proselíticas. Alguns fatos da história dão-nos a ideia
do que aconteceu. Ômar Ibn al Khattab (586-644) é considerado a quadragésima
pessoa a abraçar o Islam. Isso se refere ao ano quinto da Missão (oito antes da
Hégira). Mesmo em uma data primordial existiram cópias escritas de certas
Suratas do Alcorão e, como Ibn Hicham relata, foi devido ao profundo efeito
produzido pela leitura acurada de alguns versículos da vigésima Surata que Ômar
abraçou o Islam. Não sabemos precisamente o tempo em que a prática de escrever
o Alcorão começou; contudo, há informações precisas de que durante os
remanescentes dezoito anos da vida do Profeta, o número dos muçulmanos, como
também das cópias do texto Sagrado, continuou aumentando dia a dia. Como o
Profeta recebia as revelações em fragmentos, era natural que o texto revelado
se referisse aos problemas do dia. Se acontecesse o fato de um de seus
companheiros morrer, a revelação consistiria em promulgar a lei da herança; não
seria a de lei penal, tratando de roubo, por exemplo, a ser revelada no
momento. As revelações continuaram durante a inteira vida missionária de
Muhammad (saws), treze anos em Makka e dez em Madina. Uma revelação consistia
às vezes de uma inteira Surata, curta ou longa, e às vezes de apenas uns poucos
versículos. A natureza das revelações impunha ao Profeta repeti-las
constantemente em suas recitações, e revisar continuamente a forma que as
coleções dos fragmentos teriam que tomar. Todos os doutos afirmam, com
autoridade, que o Profeta recitava todos os anos, no mês de Ramadan, perante o
anjo Gabriel, a parte do Alcorão até então revelada, e que no último ano de sua
vida Gabriel pediu-lhe que o recitasse por inteiro duas vezes. O Profeta
concluiu, desde então, que iria, em breve, despedir-se da vida. O Profeta
costumava revisar, nos meses do jejum, os versículos e as Suratas, e colocá-las
em sua sequência adequada. Isto era necessário por causa da continuidade das
novas revelações. É também sabido que o Profeta tinha o hábito de celebrar uma
prática adicional de oração durante os meses do jejum, todas as noites, às
vezes mesmo em congregação, na qual ele recitava o Alcorão do princípio ao fim,
tarefa esta que era completada ao cabo de um mês. Esta prática, chamada de
tarawih, continua a ser observada com grande devoção até a estes nossos dias.
Quando o Profeta deu seu último suspiro, uma rebelião estava tomando vulto em
certas partes do país. Tentando debelá-la, várias pessoas que conheciam o
Alcorão de cor tombaram. O Califa Abu Bakr sentiu a urgência da codificação do
Alcorão, e a tarefa foi cumprida um mês depois da morte do Profeta. Durante
seus últimos anos de vida, o Profeta costumava usar Zaid Ibn Sábet como
principal amanuense, para tomar em ditado as revelações recentemente recebidas.
Abu Bakr encarregou a mesma pessoa da tarefa da preparação de uma cópia
condizente de todo o texto, em forma de livro. Havia então em Madina vários
Huffaz (aqueles que sabiam todo o Alcorão de cor), e Zaid era um deles. Sob a
direção do Califa, Zaid transcreveu o texto escrito em pergaminhos ou pedaços
de couro, nas omoplatas das reses, nos ossos, nas pedras polidas e mesmo em
pedaços de porcelana. A cópia condizente, assim preparada, foi chamada de
Musshaf (encadernação). Esta foi conservada sob a própria custódia do Califa
Abu Bakr e, depois dele, por seu sucessor, Ômar Ibn al Khattab. Nesse meio
tempo o estudo do Alcorão foi encorajado em toda parte do Império Muçulmano. www.ccib.org.br. Abraço. Davi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário