sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

A FONTE FUNDAMENTAL DO SUCESSO

 

Budismo. Livro A Vida de Compaixão. Autor Tenzin Gyatso. O Décimo Quarto Dalai-Lama. Capítulo IC. A FONTE FUNDAMENTAL DO SUCESSO. Como seres humanos, temos o potencial para sermos pessoas felizes e compassivas. Também para sermos infelizes e prejudiciais para os outros. O potencial para todas essas coisas está sempre presente em nós. Se quisermos ser felizes, então o importante é tentar estimular os aspectos positivos e úteis em cada um de nós e tentar reduzir os aspectos negativos. Fazer coisas negativas, como roubar e mentir, pode às vezes parecer proporcionar um tipo de satisfação a curto prazo, mas a longo prazo elas sempre nos trarão tristezas. Ações positivas sempre nos trarão força interior. Com ela, temos menos medo e mais autoestima, tornando-se muito mais fácil estender nossos sentimentos de afeição aos outros sem barreiras. Sejam elas religiosas, culturais ou de qualquer outro tipo. Assim, é muito importante reconhecer nosso potencial tanto para o bem quanto para o mal. Em seguida observá-lo e analisá-lo cuidadosamente. Isso é o que chamo de promoção do valor humano. Minha principal preocupação é sempre como promover uma compreensão do valor humano mais profundo. Esse valor humano mais profundo é a compaixão, o sentimento de afeição e o compromisso. Não importa qual seja sua religião, ou se você é crente ou não, sem eles não consegue ser feliz. Vamos examinar a utilidade da compaixão e de um bom coração na vida cotidiana. Se estivermos de bom humor ao acordar, se houver um sentimento generoso dentro de nós. Automaticamente nossa porta interior está aberta para aquele dia. Mesmo que encontremos uma pessoa agradável, não ficaremos muito perturbados e poderemos até conseguir dizer algo simpático para essa pessoa. Poderemos conversar com ela, ainda que não seja tão agradável e talvez até ter uma conversa significativa. Quando criamos uma atmosfera agradável e positiva, isso automaticamente ajuda a reduzir o medo e a insegurança. Desse modo podemos fazer mais amigos e criar mais sorrisos com facilidade. Mas no dia em que nosso humor estiver menos positivo e nos sentindo irritados, automaticamente nossa porta interior se fecha. O resultado disso é que, mesmo que encontremos nosso melhor amigo, sentimo-nos pouco à vontade e tensos. Esses exemplos mostram como nossa atitude interior faz muita diferença em nossas experiências diárias. Para criar uma atmosfera agradável dentro de nós mesmos, dentro de nossas famílias, dentro de nossa comunidade. Precisamos nos dar conta de que a fonte fundamental dessa atmosfera está dentro do indivíduo, de cada um de nós – bom coração, compaixão humana e amor. A compaixão não tem apenas benefícios mentais, contribui também para a saúde física. Segundo a medicina contemporânea, assim com em minha experiência pessoal. A estabilidade mental e o bem-estar físico estão diretamente relacionados. Não há dúvida de que a raiva e a agitação nos tornam mais suscetíveis às doenças. Por outro lado, se a mente estiver tranquila e ocupada com pensamentos positivos. O corpo não sucumbirá a doença com facilidade. Isso mostra que o corpo físico em si aprecia e reage à afeição humana, à paz de espírito humana. Outra coisa que me parece bastante clara é que, no instante em que você pensa apenas em si mesmo. O foco de toda a sua realidade se restringe, e por causa desse foco, mais restritos coisas desagradáveis podem parecer enormes e causar medo, desconforto e uma sensação de estar soterrado pela tristeza. Entretanto, no instante em que você pensa nos outros com um sentimento de afeição, sua visão se amplia. Nessa perspectiva mais ampla, seus próprios problemas parecem ter pouco significado, e isso faz uma grande diferença. Se você tiver um sentimento de afeição em relação aos outros vai, manifestar uma espécie de força interior apesar de suas próprias dificuldades e problemas. Com essa força, seus próprios problemas parecerão menos importantes e incômodos para você. Ao ir além de seus próprios problemas e cuidar dos outros, você ganha força interior, autoestima, coragem e uma maior sensação de calma. Esse é um exemplo claro de como o modo de pensar realmente pode fazer diferença. A realização dos interesses próprios e desejos de alguém é um subproduto de um verdadeiro trabalho em prol de outros seres sencientes, ou seja, que sentem. Como assinala o renomado mestre do século XV Tsongkhapa, em sua obra Grandes Exposição do Caminho da Iluminação “Quanto mais o praticante desenvolve atividades e pensamentos que estejam focalizados e dirigidos para a realização do bem-estar dos outros. O preenchimento ou a realização e suas próprias aspirações virá como consequência. Sem que ele precise fazer um esforço separado”. Alguns de vocês podem já ter me ouvido observar, coisa que faço com bastante frequência. Que em certo sentido os bodisatvas, os praticantes compassivos do caminho budista, são pessoas “sabiamente egoístas”. Enquanto pessoas como nós somos “totalmente egoístas”. Pensamos em nós mesmos e não consideramos os outros, e o resultado é que permanecemos infelizes e temos uma vida triste. Outros benefícios do altruísmo e de um bom coração podem não ser tão evidentes para nós. Um dos objetivos da prática budista é obter um nascimento favorável em nossa próxima vida. Objetivo que só pode ser alcançado evitando-se cometer atos que sejam prejudiciais aos outros. Assim, mesmo no contexto de tal objetivo, vemos que o altruísmo e o bom coração estão em sua origem. Também está muito claro que, para um bodisatva conseguir alcançar a prática das seis perfeições: Generosidade, Disciplina Ética, Tolerância, Esforço Entusiasta, Concentração e Sabedoria. A cooperação e a gentileza em relação a seus semelhantes são extremamente importantes. Vemos, portanto, que a gentileza e um bom coração formam a base de nosso sucesso nesta vida. De nosso progresso no caminho espiritual e da realização de nossa aspiração fundamental: a obtenção da iluminação completa. Por isso, a compaixão e um bom coração não são apenas importantes no início, mas também no meio e no fim. Sua necessidade e seu valor não se limitam a nenhum momento, lugar, sociedade ou cultura específicos. Assim, não apenas precisamos de compaixão e afeição humana para sobreviver. Mas elas são as fontes fundamentais de nosso sucesso na vida. Maneiras egoístas de pensar não apenas prejudicam os outros como impedem a própria felicidade que desejamos. Chegou a hora de pensar com mais sensatez, não? É nisso que acredito. Livro A Vida de Compaixão. Abraço. Davi

Nenhum comentário:

Postar um comentário