Teosofia. Livro
O Reino dos Devas e dos Espíritos da Natureza. Texto de Geoffrey Hodson
(1886-1983). FADAS. De todos os habitantes do Reino da Fantasia que pude
observar, a “fada” autêntica, tal como a descrita neste capítulo, é aquela cujo
contato me proporcionou o maior prazer e com quem sinto uma afinidade maior. A
fim de ajudar o leitor a visualizar claramente o aspecto de uma fada, recomendo
o estudo das fotografias de fadas que ilustram o livro de Sir Arthur Conan
Doyle (1859-1930), The Coming of the Faireis (O Advento das Fadas).
Pessoalmente, estou convencido da bona fides (de boa-fé) das duas moças que
tiraram as fotografias. Passei algumas semanas na companhia delas e de seus
familiares e certifiquei-me da autenticidade de suas clarividências, bem como
da presença de fadas exatamente iguais às fotografadas no vale de Cottingly –
Reino Unido, e da absoluta honestidade de todos os envolvidos no caso. UMA FADA
DOURADA. No jardim, 17 de outubro de 1921. A sua coloração é positivamente
clara, ela é risonha e cheia de alegria, possui uma expressão franca e
destemida e é rodeada por uma aura dourada, em que se pode delinear o contorno
de suas asas. Observa-se também uma ponta de travessura em sua pose e
fisionomia, como se ela se preparasse para pregar alguma peça nos pobres
mortais que se dispõem a estuda-la. Sua atitude se transforma subitamente e ela
se põe séria. Esticando ao máximo os braços, mergulha num estado de
concentração que tem por efeito reduzir o tamanho de sua aura e interiorizar
lhe as energias. Após manter-se nesse estado por cerca de quinze segundos, ela
liberta toda a energia represada, que se propaga por todas as direções sob a
forma de fluxos energéticos dourados e parece afetar todos os talos e flores
que se acham ao seu alcance. Ela se encontra no meio de crisântemos (grupos de
ervas arbustivas e de cheiro forte; pertencem a família das margaridas). A vibração
que já se fazia presente no local, provavelmente por causa de atividades
similares de sua parte, é então reforçada. Outro efeito dessa operação é fazer
com que o duplo astral da moita brilhe com redobrada intensidade, efeito este
que se pode notar também nas raízes. FADAS DA ILHA LE MANX – Reino Unido. Nas
encostas ocidentais do Snaefell. Agosto de 1922. Encontramos uma raça
encantadora desse “povinho” quando escalávamos a montanha, a partir de Sulby
Glen, uma raça que se distinguia, em muitos pontos, dos espíritos da Natureza
ingleses. Tendo de dez a quinze centímetros de altura, seu aspecto sugere, em
miniatura, homens e mulheres de eras muito remotas. Ao contrário de seus irmãos
do continente, eles se movem calmamente, quase com languidez (moleza), pela
encosta da colina. Seus olhos, que têm uma expressão suave e sonhadora, são
amendoados e estreitos. O rosto ostenta um perpétuo sorriso; os traços são bem
proporcionados, embora o queixo seja excessivamente recuado. Parece haver
representantes de ambos os sexos, as mulheres trajando longos vestidos
estampados e coloridos e os homens com vestimentas feitas de um material
lustroso, parecido com a seda, predominando uma cor azul escuro de brilho
elétrico. Sugerem vagamente um cavalheiro e uma dama do período Stuart da
Inglaterra (1603-1714), mas suponho que as suas figuras sejam modeladas com
base em povos bem mais antigos. Produzem uma música suave, semelhante ao som de
uma flauta, e que, provindo simultaneamente de várias fontes, causa um efeito
como que de um gorjeio (trinado que os pássaros fazem quando cantam). Eles
dançam e brincam na encosta da colina, que se mostra povoada por um sem número
dessas criaturas. Ocasionalmente, surgia no meio deles uma criatura que
lembrava um pouco um gnomo, embora provida de patas traseiras como as de um
animal. Estas criaturinhas não possuem asas e carecem de intensa vitalidade que
caracteriza todas as outras espécies de fadas com que nos deparamos. A sua
consciência mal chega a influir sobre suas formas: algumas delas dão a
impressão de estar caminhando enquanto dormem. São extremamente gentis e
cordiais em seu relacionamento mútuo, exprimindo antes amor, do que alegria. A
sua existência é das mais pacíficas e sossegadas, quase como num sonho. O
núcleo vital parece estar localizado exatamente na parte mais estreita do
dorso, no ponto de ligação entre os corpos físicos e astral, flutuando este um
pouquinho atrás e acima daquele. É uma criatura informe cujas cores
predominantes são o rosa e o prateado, que apresentam uma intensa luminosidade.
Parece estar parcialmente incorporada. Trata-se, provavelmente, de uma raça
bastante antiga, a ponto de se encontrar em vias de extinção. FADAS. Kendal,
dezembro de 1922. Aqui vive uma variedade bastante atraente de fadas. Elas possuem
a expressão mais suave e gentil que já me foi dado ver, à exceção talvez das
fadas da Atlântida (o continente perdido, submerso em provavelmente 10.986 AC,
nas profundezas frias e escuras do oceano Atlântico) observadas nas encostas
ocidentais do Snaefell. São verdadeiramente belas e se deslocam da maneira mais
delicada possível, com extrema graça e beleza. Uma delas nos avistou, mas não
parecia estar amedrontada. Com a mão direita, ela suspende o vestido diáfano
(transparente), no qual se podem discernir as cores rosa e branco. Com a
esquerda, carrega algum objeto que no momento não consigo identificar; seus
membros se mostram descobertos, seus cabelos são longos e soltos e em torno da
cabeça piscam pequenos pontos de luz, tal uma grinalda; é tão formoso o seu
porte que, não fosse a falta total de autoconsciência e a perfeita candura
transmitida pela expressão do rosto e dos olhos, eu teria julgado que ela
posava. Vejo por todos os lados outros exemplares tão belos como este, os quais
se distinguem entre si por algum ínfimo pormenor. Uma delas, que se encontra de
costas para mim, possui cabelos longos e escuros, que caem livremente bem
abaixo da cintura; o seu braço, alvo e belo, estende-se à sua frente e um pouco
para o lado à medida em que ela caminha lentamente pelo bosque. O lugar parece
ser o próprio Reino da Fantasia, e se houvesse tempo eu poderia passar horas
descrevendo as suas criaturas. Preston,1922. Um belo espírito da Natureza, do
sexo feminino, exatamente igual a um pequeno deva das árvores, tem sua morada
numa espessa sebe das redondezas, por onde proliferam amoreiras silvestres,
plantas rasteiras e espinheiros avermelhados. Obviamente, processos similares
àqueles que ocorrem com as árvores verificam-se também nas extensas sebes
(arbustos). Este espírito da Natureza constitui uma atração toda especial.
Possui cerca de um metro ou um metro e trinta de altura, veste uma roupa leve,
um vestido ondulante e transparente, e olha direto para nós, com um sorriso dos
mais francos e cordiais. Demonstra uma incrível vitalidade e dá a impressão de
manter em perfeito equilíbrio uma grande energia dinâmica. A sua aura é
singularmente intensa, assemelhando-se a uma nuvem, com tons suaves, porém
radiosos, na qual piscam e se irradiam deslumbrantes feixes de luz. As suas
cores não tem paralelo com as cores conhecidas, em matéria de delicadeza,
abrangendo matizes suaves de rosa claro, verde claro, lavanda e azul celeste,
perpassados continuamente por brilhantes feixes luminosos. Ela se encontra num
estado de exaltada felicidade. A título de experiência, submeti-me
voluntariamente ao forte fascínio de sua presença e, por algum tempo,
inconsciente do meu corpo, porém suficientemente desperto para retornar a ele
quando assim o desejasse, experimentei um pouco da radiante e jubilosa
felicidade que parece constituir o estado permanente de todos os habitantes do
Reino de Fantasia. Um contato mais direto oferece riscos; exige um esforço
supremo, o abandonarmos a existência carnal para uma vez mais retornarmos a
ela. 26 de setembro de 1921. Numa clareira, a poucas milhas de casa. Árvores
belas e velhas, apresentando já a sua coloração outonal, um ribeirão que corre
suavemente e a luz do Sol de outono que tudo banha. A superfície destes campos
acha-se densamente povoada por fadas, por duendes, elfos, e por uma espécie de
criatura da relva, algo entre um elfo e um duende, embora de tamanho menor e
aparentemente menos evoluída que ambos. As fadas adejam pelo lugar com seus
breves voos, assumindo poses muito graciosas. Manifestam em seu mais lato grau
virtudes como a despreocupação, a graça e a joia de viver. Algumas delas voam
pelo lugar separadamente. Entre um pouso e outro, observam uma pequena pausa.
Parecem transportar alguma coisa que, a cada pouso, é transmitida à relva ou às
flores; pelo menos, tocam com as mãos o terreno em que vão aterrissar, como se
estivessem aplicando-lhe alguma substância, para, em seguida, tornarem a
levantar voo rapidamente. São visíveis mais claramente nos momentos em que vão
pousar ou levantar voo; depois de pousar, desaparecem de vista. São fêmeas. Os
seus vestidos costumam ser de cor branca ou rosa clara, sendo justos e
confeccionados de um material lustroso, com textura extremamente fina, preso à
altura da cintura e brilhando como uma madrepérola de várias cores. As pernas e
os braços mostram-se a descoberto. As asas são pequenas e alongadas, de formato
oval. FADAS DANÇARINAS. Cottingly. Agosto de 1927. Uma intensa radiação
luminosa espalha-se pelos campos, sendo visível a uma distância de quinhentos
metros. Ela é ocasionada pela chegada de um grupo de fadas que se acham sob o
controle de uma fada superior, bastante severa e taxativa em suas ordens,
exercendo uma autoridade incontestável. Elas se espalham num círculo cada vez
maior à sua volta e, à medida em que o fazem, uma suave incandescência
alastra-se pela relva. De dois minutos para cá, desde que elas passaram a voar
até o alto das árvores e daí de volta ao chão, o círculo expandiu-se até
alcançar um diâmetro aproximado de três metros e meio, achando-se
magnificamente iluminado. Cada um dos integrantes desse bando de fadas está em
contato com a fada que as conduz, posicionada no centro do círculo e um
pouquinho mais acima do que as outras, devido à ação de jatos de luz. Tais
juros apresentam variados matizes de amarelo, com propensão para o laranja,
convergindo para o centro e ali fundindo-se à aura, podendo observar-se ainda
um continuo fluxo, para o centro ou vice-versa, em volta deles. A forma assim
produzida apresenta-se tal qual uma compoteira (vaso de vidro ou louça com
tampa) invertida, fazendo a fada dirigente as vezes de suporte, e as linhas
luminosas, que fluem segundo uma curva graciosa e uniforme, o bojo. Suas
atividades ininterruptas estavam engendrando uma forma mais complexa ainda, mas
infelizmente o adiantado da hora nos obriga a partir. Lake District. Agosto de
1922. Um grupo de fadas dança e dá cambalhotas sobre um pequeno platô do outro
lado do ribeirão. Seus corpos possuem formas femininas e sua principal
vestimenta é de cor azul clara; suas asas, que possuem um formato quase oval,
agitam-se constantemente enquanto elas dançam, em círculo e de mãos dadas.
Algumas delas trazem um cinturão folgado, do qual pende um instrumento parecido
com uma corneta. Todas estão recobertas por um material que serve para ocultar
as suas figuras, mais do que se observa geralmente entre essa espécie de
espíritos da Natureza. Medem aproximadamente quinze centímetros. Os cabelos,
que em todas elas são de cor marrom, apresentam desde as tonalidades mais
claras até as quase negras. A figura da fada apresenta uma cor rosa clara
bastante esmaecida, verificando-se também, em quase todos os casos, uma cor
azul clara na aura e nas asas. Elas estão representando alguma coisa não muito
diversa de uma dança folclórica; e suponho que seja o seu pensamento que
engendra inúmeras e minúsculas margaridas que aparecem e desaparecem, às vezes
sob a forma de uma única flor, outras vezes reunidas em grinaldas ou coroas.
Elas descarregam, na atmosfera, considerável quantidade de uma energia especial
sob a forma de faíscas prateadas. O efeito produzido por esse espetáculo de
eletricidade em miniatura, fluindo através de suas auras e do curioso
alumbramento ou névoa em que todo o grupo é banhado, é dos mais belos. Esta névoa
alcança uma altura de vinte a vinte e cinco centímetros, atingindo o seu ponto
mais alto acima do centro do grupo. O seu efeito sobre as fadas é o de
proporcionar-lhes um sentimento de completo isolamento. De fato, as outras
espécies de espíritos da Natureza que se acham na vizinhança mantêm-se
afastadas da esfera encantada. Agora, elas modificam a sua formação e passam a
realizar uma evolução bastante complexa, produzindo eixos radiais através do
círculo. Elas não permanecem exatamente no mesmo lugar, pois, quando o grupo se
move, a aura isolada também o acompanha. A dança, que é também um ritual,
lembra certos personagens dos Lanceiros. Possuem um apurado senso de ritmo,
pois, apesar de seus movimentos espontâneos e livres, conseguem “manter o
passo”. Enquanto eu as observo, uma figura cor de rosa, semelhante a um glóbulo
ou a um coração, desenvolveu-se lentamente no centro do círculo, descarregando
a cada pulsação uma força que flui segundo finas linhas ou estrias. O invólucro
áurico expandiu-se consideravelmente, e não deixa de lembrar uma grande
compoteira de vidro invertida. Parecem alimentar a ideia de que estão
constituindo um edifício, pois agora surgem divisões radiais, extremamente
finas e brilhantes, que dividem a fundação em compartimentos. Aos poucos, o
grupo vai deixando o meu campo de visão. Lancashire. 1921. Estamos rodeados por
um grupo de encantadoras fadas dançarinas. Elas sorriem, cheias de alegria. A
líder, nesse caso, é uma figura feminina com provavelmente sessenta centímetros
de altura, envolvida por roupagens transparentes e ondulantes. Na sua testa, há
uma estrela. Possui grandes asas que refletem matizes pálidos e delicados, do
rosa à lavanda; com a rapidez de seus movimentos, entretanto, o efeito
produzido é branco. Os cabelos são finos e castanhos dourados e, ao contrário
das fadas menos evoluídas, caem para trás e se confundem com as forças fluentes
menos evoluídas, caem para trás e se confundem com as forças fluente da aura. A
sua figura é perfeitamente proporcionada, com formas arredondadas como as de
uma garotinha. Na mão direita, ela segura uma varinha de condão. Embora sua
expressão seja de pureza e ingenuidade, o rosto transmite ao mesmo tempo uma
decidida impressão de força. Isso se nota particularmente nos olhos azuis e abertos,
que ardem como chama e tem todo o aspecto de fogo vivo. A testa é alta e
imponente, os traços são pequenos e redondos, as pequeninas orelhas constituem
um poema de perfeição física. Não existe nenhuma angulosidade neste figura de
uma beleza transcendental. O porte da cabeça, do pescoço e dos ombros é
majestoso, sendo toda a sua pose um modelo de graça e beleza. Uma radiação azul
clara envolve essa gloriosa criatura, tornando-se ainda mais bela, enquanto
jatos de luz dourada partem de sua cabeça e a circundam. A parte inferior da
aura é cor de rosa e iluminada por uma luz branca. Ela tem consciência de nossa
presença e, por isso, permaneceu graciosamente imóvel para que essa descrição
pudesse ser feita. Ela ergue a sua varinha de condão que possui aproximadamente
o comprimento de seu antebraço e brilha com uma luz branca, ardendo com uma luz
amarelada nas extremidades. Ela se reclina graciosamente, exatamente como uma
prima dona faria para agradecer a uma plateia educada. Ouve-se uma música um
tanto tênue e remota, demasiado sutil para que eu possa representá-la, uma
música que seria como que produzida por minúsculas agulhas, delicadamente
entoada e marcada pela batida de martelos também minúsculos. Trata-se antes de
uma série de tinidos do que de uma melodia contínua, talvez porque eu seja
incapaz de captá-la integralmente. O grupo, então, levanta voo e desaparece no
ar. Livro O Reino dos Devas e dos Espíritos da Natureza. Ótimo. Abraços.
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