sexta-feira, 15 de setembro de 2017

A MISSA.

Cristianismo Católico Liberal. Escrito por Geoffrey Hodson (1886-1983). A MISSA. A celebração da Santa Eucaristia é um método cerimonial e sacramental de despertar, acelerar e liberar os poderes da Divindade em toda forma de vida. Executado com propriedade e produzindo seus resultados ideais, evoca os poderes da Santíssima Trindade profundamente ocultos em toda forma sob sua esfera de influência, no sacerdote, nos servidores, na congregação encarnada e desencarnada, nos santos anjos, nos espíritos da natureza, no material, nos edifícios e seus móveis, e mesmo nos arredores naturais fora da Igreja. De um ponto de vista exclusivamente humano, a MISSA poderia ser encarada como um método de meditação por cujo meio o adorador passa progressivamente a uma união cada vez mais íntima com o seu Deus interno, e especialmente com o Segundo ou Aspecto Sabedoria da Divina Trindade, que é o Filho. Este processo atinge sua culminância na recepção do Bendito Sacramento quando em Seu mais divino amor, o Senhor Cristo, tornado manifesto na Hóstia, torna-se uno com o comungante. Grandes torrentes de força e bênção são também liberadas sobre o mundo, sempre que se realiza a MISSA. Todo ser atingido por elas é abençoado, e experimenta um despertar de sua divina consciência interna. Estes três resultados de aceleramento, de união e bênção se alcançam de duas maneiras. A primeira é a evocação dos triplos poderes dentro de toda a vida manifestada nas circunvizinhanças imediatas e nas esferas de influência da igreja, e seu emprego pelos oficiantes, anjos e congregação à produção dos grandes resultados visados na cerimônia. A segunda é a externa projeção da bênção e da força estimuladoras. Esta é extraída de muitas fontes, se bem que a força primária deva ser a do Logos – mais especialmente em Seu Segundo Aspecto – e a do Próprio Senhor Cristo, como o glorioso Representante do Filho de Deus na Terra. A isto é adicionado o poder dos oficiantes, dos anjos, da congregação, dos quatro elementos da Terra, ar, fogo e água. Todas estas várias correntes de força são unidas em uma grande torrente, a qual é espargida primeiro sobre a congregação e depois sobre o mundo. Ao examinarmos estes resultados do ponto de vista humano e angélico, notamos que o seu efeito mais direto suscita o Eu espiritual em cada um, aumentando-lhe a atividade e vida autoconsciente. Poucos homens no presente estágio da evolução se acham amplamente despertos nos níveis espirituais da consciência. A MISSA ajuda-nos a acordar de nossos devaneios egóicos e a começar a expressar aqui em baixo os elevados poderes entesourados no “brilhante Augoeides (termo filosófico que significa corpo luminoso)” do homem. O derradeiro propósito deste maravilhoso auxílio que o próprio Nosso Senhor nos destinou, é que possamos atingir o estado de “A medida da estatura da plenitude do Cristo” conforme Efésios 4:13. Para não mais necessitarmos de auxílios externos. Então seguiremos Seu exemplo mais glorioso e a nosso turno nos tornaremos Salvadores de homens. Um oficiante espiritualmente avançado, trabalhando com sacerdotes altamente treinados, está apto a ajudar-nos enormemente pelo fato de sua própria consciência estar espiritualmente desperta: pode dar-nos uma certa autoconsciência “vicária” nos níveis mais elevados partilhando conosco seu próprio poder e desenvolvimento durante a celebração da MISSA. Por estes meios somos alçados acima de nosso estado normal e nos capacitamos a viver durante algum tempo em nossos eus mais elevados e, portanto, a participar da cerimônia e a ajudar na produção de seus dois efeitos principais em um grau quede outra maneira não nos seria possível. Um tal oficiante está apto a incluir os egos de sua congregação no seu próprio, e a permitir a seu povo participar de sua própria autoconsciência espiritual vividamente desperta. A cada membro da congregação é oferecida uma grande oportunidade espiritual. Cada um deles tem sua participação no trabalho da MISSA, e durante a sua realização deve absorver-se completamente naquele trabalho. Seria da maior importância, portanto, que cada adorador tentasse por si atingir o mais alto grau do despertamento. Isto pode ser melhor atingido por um regular sistema de autopreparação, pela meditação diária, pelo estudo dos assuntos espirituais e por uma vida de serviço ao mundo. São muitos os livros de instrução espiritual já escritos e chama-se especialmente a atenção do aspirante para os livros de Jiddu Krishnamurti (1895-1986), Anne Besant (1847-1933), James Ingall Wedgwood (1883-1951) e George Sidney Arundale (1878-1945). O próprio autor contribuiu com três livros aos muitos agora acessíveis que são: Primeiros Passos na Senda – Assim eu ouvi – e Sede Perfeitos. O senhor Krishnamurti ensina particularmente a conveniência de atingirmos a realização espiritual e auto emancipação por nossos próprios esforços independentes de auxílio. Seus ensinamentos são, portanto, de suprema importância a todos os que aspiram à expansão espiritual. Mais de uma vez, ele proclama a verdade antiquíssima de que o homem possui dentro de si todos os poderes necessários a este empreendimento. Ele inspira e ilumina os que o ouvem falar e que Leem seus escritos, com algo do poder de sua própria exaltada consciência espiritual. Há também muitos pontos na cerimônia em que se sugere um esforço para encontrar a realização interior. Em todas as referências à Santíssima Trindade, por exemplo, podemos pensar e esforçar-nos em realizar o Pai, o Filho e o Espírito Santo em cada um de nós. Além de projetar adoração, àquela Trindade, objetivamente, poderíamos resolutamente tentar despertá-la subjetivamente, de forma que Ela resplandeça em nós mais e mais durante a ministração do serviço e finalmente governe nossa vida diária. A invocação de abertura, o introito, e o Kyrie Eleison (termo latim: Senhor, tende piedade) que a acompanham, oferecem oportunidade para este esforço. A Prece do Senhor é um auxílio maravilhoso para essa realização, tanto no serviço como em devoções particulares, porque principia com um apelo direto ao Deus dentro de nós – o “Pai que está no Céu” – para emitir-nos Seu Triplo poder cada dia, e finaliza com uma dedicação do eu inferior ao serviço do Eu superior durante os dilatados períodos da peregrinação humana. Toda vez que os vários salmos e cânticos terminam com louvores à glória da Trindade, como frequentemente o são em nossos serviços de igreja, deveríamos procurar despertar a Trindade dentro de nós próprios. Podemos pensar, não somente na glória da Trindade externa que é o Logos, mas também no Deus Trino em nós, e afirmar Sua glória ali, de forma que Ele possa resplandecer e iluminar nossas vidas. Mesmo os espíritos da natureza que ainda não atingiram espiritualmente a existência individual, acham mais fácil a senda para aquela realização, enquanto que seus irmãos mais velhos das hostes angélicas experimentam um aceleramento de toda a sua natureza interna por sua participação na cerimônia da MISSA. Talvez o propósito e efeito da celebração da Santa Eucaristia, que os devotos cristãos mais apreciam, seja a manifestação direta do poder, amor e presença do Senhor Cristo; porque, além do despertar da consciência crística e qualidades crísticas no homem, anjo e na Natureza, a Presença real e viva de Nosso Senhor se torna manifesta. Em seu mais terno amor, Ele aparece em nosso meio no mistério da transubstanciação (mudança da substância do pão e do vinho na substância do corpo e do sangue de Jesus Cristo no ato da consagração), bem como no maravilhoso Anjo da Presença que resplandece com Sua imortal beleza e está cheio de Sua divina compaixão. Devido à Sua própria Presença na Eucaristia pode-se experimentar um sentido mais profundo e duradouro de união espiritual e de íntima camaradagem com o Senhor, na cerimônia que Ele instituiu para ajudar-nos nessa direção. Na Liturgia CATÓLICA LIBERAL, somos preparados para esta consumação pela linda prece: A Ti, Ser Perfeito, o Senhor e Amor dos homens, confiamos nossa vida e esperança. Pois Tu és o Pão Celeste, a Vida de todo o mundo; Tu estás em todos os lugares e susténs todas as coisas, o Tesouro de infindável bem e a fonte de infinita Compaixão”. Imediatamente após receber o Santo Sacramento, toda a congregação se une ao sacerdote, afirmando: “Sob o véu das coisas terrenas comungamos agora com Nosso Senhor Jesus Cristo; logo o contemplaremos face a face e regozijando-nos em Sua glória, nos tornaremos semelhantes a Ele. Então Seus verdadeiros discípulos serão levados por Ele, com inexcedível alegria, ante a presença da glória de Seu Pai”. Esta ministração celeste não se limita apenas à congregação, porque enquanto ela ocorre, poderosas forças estão sendo desencadeadas sobre o mundo. Ainda que os efeitos espirituais produzidos fora da igreja por esta irradiação de luz e poder não sejam comparáveis aos produzidos dentro dela, são contudo muito benéficas ao povo e circunvizinhanças e atingem a uma distância de pelo menos uma milha. Onde houver uma igreja dentro da área em que o Sacramento é guardado, essa igreja agirá como uma estão em cadeia, da qual o poder é retransmitido, para alcançar uma área mais vasta. Além disso, seu poder individual é acelerado e aumentada a esfera de influência. Assim o poder e bênção da igreja circulam, de estação, por todo o mundo. Um quarto resultado dos serviços Sacramentais regulares da igreja é o estabelecimento de centros de força, que dia a dia se tornam mais fortes, mais firmemente estabelecidos à medida que se repetem os serviços. Um centro extremamente poderoso existe na Igreja de São Miguel e de Todos os Anjos, em Huizen – Holanda. Muitas milhas antes de penetrarmos aquele distrito, nossa consciência é despertada e atingida por um poder que se aprofunda à medida que nos aproximamos mais e mais do seu coração, que é a própria igreja. Efeitos similares são produzidos por várias velhas catedrais do continente europeu e na Inglaterra e em menor grau por toda a igreja cristã. O autor ainda não visitou os países de outras crenças, porém não duvida que acontece o mesmo, em graus diversos, nos templos e mesquitas das religiões orientais. Examinemos mais de perto algumas das forças que são empregadas para produzir estes vários resultados. Como foi dito, uma das grandes forças, a força central da qual todas as outras emanam, é a da Santíssima Trindade manifestada em nosso sistema solar, em nosso planeta e em nós próprios. Infelizmente a realização espiritual é extremamente rara em nossos dias. Os sacerdotes executam as ações prescritas e repetem as palavras escritas, porém na maior parte têm pouco ou nenhum conhecimento dos efeitos produzidos por tais ações e tais palavras. Entretanto, o sacerdote altamente proficiente, trabalhando com conhecimento direto, pode conscienciosamente evocar essa Trindade oculta. Pode deliberada e conscienciosamente usar a MISSA e seus próprios poderes despertos para suscitar a trina Divindade em sua congregação, nos anjos, na matéria ambiente, nas árvores, plantas e flores, no próprio solo em que a igreja se ergue, e no material de que está construída. Só esta influência estimuladora a vida, consciência e poder subjacente resplandecem cada vez com maior brilho enquanto se executa a cerimônia e, num centro como o de Huizen, no qual as mesmas pessoas ajudam diariamente e são diretamente treinadas para participar conscientemente nos aspectos internos e externos do serviço, o efeito é muito mais marcante. Ao final do serviço os eus espirituais da congregação parecem tornar-se manifestos através da carne e ajoelhar-se ante o altar para receber o Bendito Sacramento. Dos três aspectos da Santíssima Trindade, o Amor Sabedoria de Deus é especialmente manifesto através da Presença de Nosso Senhor. Em seu cargo de Instrutor do Mundo, e de Fundador da Fé Cristã, Ele também manifesta e libera forças do grande reservatório da energia espritual pela qual todas as religiões do mundo são inspiradas. Um dos propósitos da MISSA é sugar desse reservatório, de forma a liberar as águas da vida nele depositadas. As forças de cada um dos sete poderosos Espíritos ante o Trono também são evocadas sobre o mundo. Também aqui a presença de um oficiante cuja visão espiritual esteja desperta difere maravilhosamente no grau em que estas elevadas forças são evocadas. Este poder desce em sete grande Raios nos mundos interiores, e no externo através de sete grandes candelabros e sete cruzes, cada uma das quais, na IGREJA CATÓLICA LIBERAL, é dedicada a servir de canal de um dos Raios. O sacerdote treinado evoca o poder de cada Raio, de sorte que ele resplandeça e flua através da joia consagrada ao candelabro e na cruz dentro da igreja. Esta força desperta e estimula o poder e qualidades daquele Raio em cada membro da congregação. Os grandes anjos que são os representantes dos Sete Poderosos Espíritos entre as hostes angélicas derramam suas bênçãos e seu particular tipo de poder para o enriquecimento de todo o serviço e auxílio do mundo. A despeito do rápido progresso da Ciência moderna, restam ainda muitas formas de energia, muitas forças naturais, que nenhum cientista físico descobriu ainda. Entre estas estão os típicos poderes dos quatro elementos, ou princípios, de Terra, água, ar e fogo, com cada um dos quais está associada uma ordem ou raça de espíritos da natureza e de seres angélicos. Na ciência espiritual e, particularmente, na MISSA estas forças da Natureza são evocadas e usadas num grau considerável. Durante o Ofertório as forças dos quatro elementos são invocadas através da Pedra do Altar, que está no seu centro, e sobre a qual repousa o Cálice. As inteligências correspondentes também são evocadas  e empregadas. Poderosas energias residem em nosso globo físico e especialmente no grande princípio da Natureza denominado o elemento da Terra. Uma tentativa para projetar nossa consciência no interior da Terra revela o fato de que no centro deste Planeta há um poderoso reservatório de energia solar. Isto pode ser encarado como uma estação retransmissora, através da qual algumas das forças do próprio Sol são liberadas por todo o Planeta. A ciência está iniciando a descoberta disto em suas manifestações elétricas e magnéticas: o sacerdote que é um taumaturgo (aquele que opera milagres), conscienciosamente as evoca e a grande ordem de anjos e espíritos da natureza a ela associados adiciona seu esplendor, poder, inteligência e beleza à adoração e devoção humanas, que estão sendo ofertadas ao Mais Elevado. Da mesma forma os poderes do ar e a grande ordem dos silfos, ou anjos do ar, podem ser atraídos pelo oficiante para a aura da igreja quando os elementos são oferecidos. A água e o fogo também se manifestam até certo ponto, segundo o poder e o conhecimento do oficiante. Quando a igreja está  perto do mar, como em Huizen, na Holanda, onde foram colhidas muitas das informações em que se baseia este capítulo, apresentou-se uma magnífica oportunidade de reunir grandes hostes de membros da ordem dos anjos da água e espíritos da água. É possível ao sacerdote, se suficientemente avançado, dilatar bastante a sua consciência e lança-la à grande distância até o Mar de Zuides, em cujas praias está construída a igreja e reunir as hostes da água, a fim de que elas e todas as suas forças convirjam para o altar. Depois o sacerdote pode liberá-las para enriquecer o jato de poder e bênção sobre o mundo produzindo os vários resultados que a Missa visa atingir. Durante as condições especiais criadas, numerosos anjos têm sido atraídos para Huizen. Eles assistem às cerimônias mais importantes, e juntam-se ao canto e aos atos de adoração e prece. Algumas vezes muitos deles descem dentro da igreja e se ajoelham ao lado dos vários devotos humanos. Outras vezes contribuem com o poder de suas consciências mais elevadas e vívidas permanecendo sobre este ou aquele adorador, para ajudá-lo a expressar-se mais livremente, ou mantendo o poder descensional da cerimônia e dirigindo-se mais definidamente para as mentes e corações de diferentes pessoas. Isto, em si, é um belíssimo trabalho, porque esses anjos, em seu terno amor pelos homens e sua reverência por Nosso Senhor, que é Instrutor dos anjos e dos homens, aproximam-se mais de nós e ajudam-nos a dar e a receber de Sua bênção e Sua graça tanto quanto pudermos. É bom nos recordamos disto algumas vezes, durante o serviço; quando nos levantarmos de nossos joelhos, sentindo-nos soerguidos e inspirados, pouco sabemos o quanto devemos aos serviços das hostes angélicas. A cooperação, o poder e a bênção da Grande Fraternidade Branca, e especialmente a de Nossa Senhora e de certos Mestres de Sabedoria formam uma outra poderosa corrente de força que ilumina e enriquece o trabalho da igreja. Todos os Grandes Seres respondem instantânea e infalivelmente às preces e invocações endereçadas a Eles durante o serviço. Outra ordem de poder empregado durante a MISSA, é a energia emocional, mental e espiritual gerada e liberada por todos os participantes; inclui o do oficiante, de todos os sacerdotes e servidores, da congregação tanto vivente como “morta”, e dos anjos e espíritos da natureza presentes. Todas estas numerosas correntes são fundidas pela cerimônia, e especialmente pelo anjo diretor em cooperação com o sacerdote. Se o oficiante é suficientemente adiantado, ele enriquece tudo isto, repartindo seus grandes poderes com todos os participantes do serviço. Se um dos assistentes não está executando sua tarefa tão efetivamente quanto poderia, instantaneamente do oficiante principal emana uma  energia e poder que o completam o trabalho. Se o aspergir do incenso, por exemplo, é feito por alguém muito jovem de corpo, embora velho de alma – demasiado jovem para produzir grandes efeitos extras – instantaneamente o poder do sacerdote avança e enriquece o seu trabalho, e zela para que tudo seja feito em ordem e tão esplendidamente quanto possível. Em todo este trabalho oculto de modo algum interferem as atividade físicas que se processam, pois o verdadeiro sacerdote desenvolve a técnica do emprego destas forças com o auxílio de sua consciência superior, ao passo que conserva sua plena eficiência e perfeição de ação no corpo físico. Esta é uma das grandes faculdades que o método cerimonial desenvolve. A adoração, o amor, a devoção e a cooperação inteligente de uma congregação treinada aumentam enormemente o poder da cerimônia. A riqueza da força descensional que eles evocam é um tanto proporcional as grau em que estas qualidades estão presentes, embora pareça haver um mínimo irredutível de esplendor e beleza, que é produzido pela cerimônia da MISSA, toda vez que é celebrada; e isto, em si, é de uma glória além de toda nossa compreensão. Quando, entretanto, a MISSA é usada e celebrada com inteligência, e com todos os poderes extras de um sacerdócio altamente espiritualizado e de uma congregação perseverante e eficiente, esse mínimo é largamente excedido. A descida e o derramamento de poder e bênção do alto sobre o mundo, é de um esplendor acima de qualquer descrição. O Bispo Charles Webster Leadbeater (1854-1934) relatou-nos esse esplendor oculto em sua magnífica obra A Ciência dos Sacramentos. Ao lado de sua descrição seria penosamente desajeitada qualquer tentativa que fizesse a pena menos inspirada do autor. Há, entretanto, ainda outras forças utilizadas no culto da igreja, que por seu interesse e valor merecem ser investigadas. Cada um dos símbolos e cores, por exemplo, estão em seus próprios canais de poder. Um símbolo corresponde à força super física, justamente como uma palavra corresponde a uma ideia. Quando uma palavra é pronunciada, o sentido da palavra é manifestado, é realizado, e o poder contido na ideia dessa palavra é então liberado. Quando um símbolo é construído e exposto para fins do cerimonial, as forças espirituais, de que ele é uma forma expressiva, manifestam-se em determinado grau e quando os símbolos são empregados conscienciosamente, como nos processos sacramentais, tornam-se animados de poder viventes e as grandes forças atrás deles são então liberadas. O simples ato do oficiante ao fazer o sinal da cruz no ar libera uma tremenda energia, cujas qualidade e espécie são determinadas pela sua intenção mental ao fazê-lo. Ele pode atrair os poderes da Vontade Espiritual, da Intuição ou da Inteligência Superior, por exemplo, ao fazer o sinal da cruz. Quando executa o símbolo no ar, visivelmente brilha nos mundos emocional e mental uma cruz cintilante de luz e cor, que é uma entidade vivente criada por ele, e que pode subsistir por muitas horas e mesmo dias. Quando, por exemplo, durante uma procissão, um bispo faz cruzes ao passar, deixa atrás de si uma bel cadeia de coisas viventes, cada uma irradiando a força por trás do símbolo da cruz e, em adição, o tipo particular de poder que ele lhe imprimiu. Pode também aumentar a durabilidade e eficiência destes poderes viventes, associando-lhes um espírito da natureza, de sorte que possam tornar-se seres inteligentemente dirigidos e ativos no trabalho durante um certo período de tempo. Quando se estudam estas forças ocultas, torna-se cada vez mais claro que o culto da igreja é um meio maravilhosamente ordenado e cientificamente disposto para espiritualizar o mundo e auxiliar o homem a aproximar-se e por fim unificar-se com Deus. Esta grande consumação se acha prefigurada na administração do Bendito Sacramento. Nessa ocasião, a própria presença do Senhor se torna manifesta no serviço com uma proximidade e intimidade além de toda suposição. A partir do momento da consagração, sua Presença se torna cada vez mais íntima da Igreja. Opera-se uma transformação maravilhosa na Hóstia, e que é visível a quem quer que tenha a mínima extensão de visão oculta. A Hóstia se torna cintilante e maravilhosa, e a matéria de que está composta parece uma finíssima película, envolvendo o radiante e dourado esplendor da vida crística nela manifestada. E depois no ato da comunhão, parece como se, de um modo para nós indescritível, Cristo e Seu devoto se tornam unos. A transubstanciação parece ocorrer no próprio comungante ao receber o corpo e sangue espirituais de Cristo. As vezes ocorrem transformações maravilhosas na aparência dos devotos nos mundos ocultos, pois parecem tornar-se Cristo e brilham com uma dimensão de Sua beleza e Sua luz. Estamos aptos a recebe-lo desta maneira, segundo o grau que Ele  esteja desperto em nós. Qualquer que seja essa dimensão, a resposta lhe será equivalente, de forma que o cálice de cada adorador é plenamente cheio. Nada falta na ilimitada beneficência com que Ele Se dá a todos os que Dele se aproximam, em Seu Altar. Assim Ele trabalha através dos séculos, por meio de Sua Fé Cristã, vertendo Sua vida e amor de forma que Seu povo possa ascender como Ele. Gradualmente todo o gênero humano se aproxima da época em que tal auxílio externo não mais será necessário, quando o Cristo Infante, que Ele ajuda a nascer em cada coração humano, tiver atingido a “medida da estatura do Cristo”. Então, por Suas obras, Ele terá auxiliado o Criador de todos os mundos a produzir uma raça de Salvadores de homens. Do Livro O Lado Interno do Culto na Igreja. Abraço. Davi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário