Cristianismo
Católico Liberal. Escrito por Geoffrey Hodson (1886-1983). A MISSA. A
celebração da Santa Eucaristia é um método cerimonial e sacramental de
despertar, acelerar e liberar os poderes da Divindade em toda forma de vida.
Executado com propriedade e produzindo seus resultados ideais, evoca os poderes
da Santíssima Trindade profundamente ocultos em toda forma sob sua esfera de
influência, no sacerdote, nos servidores, na congregação encarnada e desencarnada,
nos santos anjos, nos espíritos da natureza, no material, nos edifícios e seus
móveis, e mesmo nos arredores naturais fora da Igreja. De um ponto de vista
exclusivamente humano, a MISSA poderia ser encarada como um método de meditação
por cujo meio o adorador passa progressivamente a uma união cada vez mais
íntima com o seu Deus interno, e especialmente com o Segundo ou Aspecto
Sabedoria da Divina Trindade, que é o Filho. Este processo atinge sua
culminância na recepção do Bendito Sacramento quando em Seu mais divino amor, o
Senhor Cristo, tornado manifesto na Hóstia, torna-se uno com o comungante.
Grandes torrentes de força e bênção são também liberadas sobre o mundo, sempre
que se realiza a MISSA. Todo ser atingido por elas é abençoado, e experimenta
um despertar de sua divina consciência interna. Estes três resultados de
aceleramento, de união e bênção se alcançam de duas maneiras. A primeira é a
evocação dos triplos poderes dentro de toda a vida manifestada nas
circunvizinhanças imediatas e nas esferas de influência da igreja, e seu
emprego pelos oficiantes, anjos e congregação à produção dos grandes resultados
visados na cerimônia. A segunda é a externa projeção da bênção e da força
estimuladoras. Esta é extraída de muitas fontes, se bem que a força primária
deva ser a do Logos – mais especialmente em Seu Segundo Aspecto – e a do
Próprio Senhor Cristo, como o glorioso Representante do Filho de Deus na Terra.
A isto é adicionado o poder dos oficiantes, dos anjos, da congregação, dos
quatro elementos da Terra, ar, fogo e água. Todas estas várias correntes de
força são unidas em uma grande torrente, a qual é espargida primeiro sobre a
congregação e depois sobre o mundo. Ao examinarmos estes resultados do ponto de
vista humano e angélico, notamos que o seu efeito mais direto suscita o Eu
espiritual em cada um, aumentando-lhe a atividade e vida autoconsciente. Poucos
homens no presente estágio da evolução se acham amplamente despertos nos níveis
espirituais da consciência. A MISSA ajuda-nos a acordar de nossos devaneios
egóicos e a começar a expressar aqui em baixo os elevados poderes entesourados
no “brilhante Augoeides (termo filosófico que significa corpo luminoso)” do
homem. O derradeiro propósito deste maravilhoso auxílio que o próprio Nosso Senhor
nos destinou, é que possamos atingir o estado de “A medida da estatura da
plenitude do Cristo” conforme Efésios 4:13. Para não mais necessitarmos de
auxílios externos. Então seguiremos Seu exemplo mais glorioso e a nosso turno
nos tornaremos Salvadores de homens. Um oficiante espiritualmente avançado,
trabalhando com sacerdotes altamente treinados, está apto a ajudar-nos
enormemente pelo fato de sua própria consciência estar espiritualmente
desperta: pode dar-nos uma certa autoconsciência “vicária” nos níveis mais
elevados partilhando conosco seu próprio poder e desenvolvimento durante a
celebração da MISSA. Por estes meios somos alçados acima de nosso estado normal
e nos capacitamos a viver durante algum tempo em nossos eus mais elevados e,
portanto, a participar da cerimônia e a ajudar na produção de seus dois efeitos
principais em um grau quede outra maneira não nos seria possível. Um tal
oficiante está apto a incluir os egos de sua congregação no seu próprio, e a
permitir a seu povo participar de sua própria autoconsciência espiritual
vividamente desperta. A cada membro da congregação é oferecida uma grande
oportunidade espiritual. Cada um deles tem sua participação no trabalho da
MISSA, e durante a sua realização deve absorver-se completamente naquele trabalho.
Seria da maior importância, portanto, que cada adorador tentasse por si atingir
o mais alto grau do despertamento. Isto pode ser melhor atingido por um regular
sistema de autopreparação, pela meditação diária, pelo estudo dos assuntos
espirituais e por uma vida de serviço ao mundo. São muitos os livros de
instrução espiritual já escritos e chama-se especialmente a atenção do
aspirante para os livros de Jiddu Krishnamurti (1895-1986), Anne Besant
(1847-1933), James Ingall Wedgwood (1883-1951) e George Sidney Arundale
(1878-1945). O próprio autor contribuiu com três livros aos muitos agora
acessíveis que são: Primeiros Passos na Senda – Assim eu ouvi – e Sede
Perfeitos. O senhor Krishnamurti ensina particularmente a conveniência de
atingirmos a realização espiritual e auto emancipação por nossos próprios
esforços independentes de auxílio. Seus ensinamentos são, portanto, de suprema
importância a todos os que aspiram à expansão espiritual. Mais de uma vez, ele
proclama a verdade antiquíssima de que o homem possui dentro de si todos os
poderes necessários a este empreendimento. Ele inspira e ilumina os que o ouvem
falar e que Leem seus escritos, com algo do poder de sua própria exaltada
consciência espiritual. Há também muitos pontos na cerimônia em que se sugere
um esforço para encontrar a realização interior. Em todas as referências à
Santíssima Trindade, por exemplo, podemos pensar e esforçar-nos em realizar o
Pai, o Filho e o Espírito Santo em cada um de nós. Além de projetar adoração,
àquela Trindade, objetivamente, poderíamos resolutamente tentar despertá-la
subjetivamente, de forma que Ela resplandeça em nós mais e mais durante a
ministração do serviço e finalmente governe nossa vida diária. A invocação de
abertura, o introito, e o Kyrie Eleison (termo latim: Senhor, tende piedade)
que a acompanham, oferecem oportunidade para este esforço. A Prece do Senhor é
um auxílio maravilhoso para essa realização, tanto no serviço como em devoções
particulares, porque principia com um apelo direto ao Deus dentro de nós – o “Pai
que está no Céu” – para emitir-nos Seu Triplo poder cada dia, e finaliza com
uma dedicação do eu inferior ao serviço do Eu superior durante os dilatados
períodos da peregrinação humana. Toda vez que os vários salmos e cânticos
terminam com louvores à glória da Trindade, como frequentemente o são em nossos
serviços de igreja, deveríamos procurar despertar a Trindade dentro de nós
próprios. Podemos pensar, não somente na glória da Trindade externa que é o
Logos, mas também no Deus Trino em nós, e afirmar Sua glória ali, de forma que
Ele possa resplandecer e iluminar nossas vidas. Mesmo os espíritos da natureza
que ainda não atingiram espiritualmente a existência individual, acham mais
fácil a senda para aquela realização, enquanto que seus irmãos mais velhos das
hostes angélicas experimentam um aceleramento de toda a sua natureza interna
por sua participação na cerimônia da MISSA. Talvez o propósito e efeito da
celebração da Santa Eucaristia, que os devotos cristãos mais apreciam, seja a
manifestação direta do poder, amor e presença do Senhor Cristo; porque, além do
despertar da consciência crística e qualidades crísticas no homem, anjo e na
Natureza, a Presença real e viva de Nosso Senhor se torna manifesta. Em seu
mais terno amor, Ele aparece em nosso meio no mistério da transubstanciação
(mudança da substância do pão e do vinho na substância do corpo e do sangue de
Jesus Cristo no ato da consagração), bem como no maravilhoso Anjo da Presença
que resplandece com Sua imortal beleza e está cheio de Sua divina compaixão.
Devido à Sua própria Presença na Eucaristia pode-se experimentar um sentido
mais profundo e duradouro de união espiritual e de íntima camaradagem com o
Senhor, na cerimônia que Ele instituiu para ajudar-nos nessa direção. Na
Liturgia CATÓLICA LIBERAL, somos preparados para esta consumação pela linda
prece: A Ti, Ser Perfeito, o Senhor e Amor dos homens, confiamos nossa vida e
esperança. Pois Tu és o Pão Celeste, a Vida de todo o mundo; Tu estás em todos
os lugares e susténs todas as coisas, o Tesouro de infindável bem e a fonte de
infinita Compaixão”. Imediatamente após receber o Santo Sacramento, toda a
congregação se une ao sacerdote, afirmando: “Sob o véu das coisas terrenas
comungamos agora com Nosso Senhor Jesus Cristo; logo o contemplaremos face a
face e regozijando-nos em Sua glória, nos tornaremos semelhantes a Ele. Então
Seus verdadeiros discípulos serão levados por Ele, com inexcedível alegria,
ante a presença da glória de Seu Pai”. Esta ministração celeste não se limita
apenas à congregação, porque enquanto ela ocorre, poderosas forças estão sendo
desencadeadas sobre o mundo. Ainda que os efeitos espirituais produzidos fora
da igreja por esta irradiação de luz e poder não sejam comparáveis aos
produzidos dentro dela, são contudo muito benéficas ao povo e circunvizinhanças
e atingem a uma distância de pelo menos uma milha. Onde houver uma igreja
dentro da área em que o Sacramento é guardado, essa igreja agirá como uma estão
em cadeia, da qual o poder é retransmitido, para alcançar uma área mais vasta.
Além disso, seu poder individual é acelerado e aumentada a esfera de
influência. Assim o poder e bênção da igreja circulam, de estação, por todo o
mundo. Um quarto resultado dos serviços Sacramentais regulares da igreja é o
estabelecimento de centros de força, que dia a dia se tornam mais fortes, mais
firmemente estabelecidos à medida que se repetem os serviços. Um centro
extremamente poderoso existe na Igreja de São Miguel e de Todos os Anjos, em
Huizen – Holanda. Muitas milhas antes de penetrarmos aquele distrito, nossa
consciência é despertada e atingida por um poder que se aprofunda à medida que
nos aproximamos mais e mais do seu coração, que é a própria igreja. Efeitos
similares são produzidos por várias velhas catedrais do continente europeu e na
Inglaterra e em menor grau por toda a igreja cristã. O autor ainda não visitou
os países de outras crenças, porém não duvida que acontece o mesmo, em graus
diversos, nos templos e mesquitas das religiões orientais. Examinemos mais de
perto algumas das forças que são empregadas para produzir estes vários
resultados. Como foi dito, uma das grandes forças, a força central da qual
todas as outras emanam, é a da Santíssima Trindade manifestada em nosso sistema
solar, em nosso planeta e em nós próprios. Infelizmente a realização espiritual
é extremamente rara em nossos dias. Os sacerdotes executam as ações prescritas
e repetem as palavras escritas, porém na maior parte têm pouco ou nenhum
conhecimento dos efeitos produzidos por tais ações e tais palavras. Entretanto,
o sacerdote altamente proficiente, trabalhando com conhecimento direto, pode
conscienciosamente evocar essa Trindade oculta. Pode deliberada e
conscienciosamente usar a MISSA e seus próprios poderes despertos para suscitar
a trina Divindade em sua congregação, nos anjos, na matéria ambiente, nas
árvores, plantas e flores, no próprio solo em que a igreja se ergue, e no
material de que está construída. Só esta influência estimuladora a vida,
consciência e poder subjacente resplandecem cada vez com maior brilho enquanto
se executa a cerimônia e, num centro como o de Huizen, no qual as mesmas
pessoas ajudam diariamente e são diretamente treinadas para participar
conscientemente nos aspectos internos e externos do serviço, o efeito é muito
mais marcante. Ao final do serviço os eus espirituais da congregação parecem
tornar-se manifestos através da carne e ajoelhar-se ante o altar para receber o
Bendito Sacramento. Dos três aspectos da Santíssima Trindade, o Amor Sabedoria
de Deus é especialmente manifesto através da Presença de Nosso Senhor. Em seu
cargo de Instrutor do Mundo, e de Fundador da Fé Cristã, Ele também manifesta e
libera forças do grande reservatório da energia espritual pela qual todas as
religiões do mundo são inspiradas. Um dos propósitos da MISSA é sugar desse
reservatório, de forma a liberar as águas da vida nele depositadas. As forças
de cada um dos sete poderosos Espíritos ante o Trono também são evocadas sobre
o mundo. Também aqui a presença de um oficiante cuja visão espiritual esteja
desperta difere maravilhosamente no grau em que estas elevadas forças são
evocadas. Este poder desce em sete grande Raios nos mundos interiores, e no
externo através de sete grandes candelabros e sete cruzes, cada uma das quais,
na IGREJA CATÓLICA LIBERAL, é dedicada a servir de canal de um dos Raios. O
sacerdote treinado evoca o poder de cada Raio, de sorte que ele resplandeça e
flua através da joia consagrada ao candelabro e na cruz dentro da igreja. Esta
força desperta e estimula o poder e qualidades daquele Raio em cada membro da
congregação. Os grandes anjos que são os representantes dos Sete Poderosos
Espíritos entre as hostes angélicas derramam suas bênçãos e seu particular tipo
de poder para o enriquecimento de todo o serviço e auxílio do mundo. A despeito
do rápido progresso da Ciência moderna, restam ainda muitas formas de energia,
muitas forças naturais, que nenhum cientista físico descobriu ainda. Entre
estas estão os típicos poderes dos quatro elementos, ou princípios, de Terra,
água, ar e fogo, com cada um dos quais está associada uma ordem ou raça de
espíritos da natureza e de seres angélicos. Na ciência espiritual e,
particularmente, na MISSA estas forças da Natureza são evocadas e usadas num
grau considerável. Durante o Ofertório as forças dos quatro elementos são
invocadas através da Pedra do Altar, que está no seu centro, e sobre a qual
repousa o Cálice. As inteligências correspondentes também são evocadas e empregadas. Poderosas energias residem em nosso
globo físico e especialmente no grande princípio da Natureza denominado o
elemento da Terra. Uma tentativa para projetar nossa consciência no interior da
Terra revela o fato de que no centro deste Planeta há um poderoso reservatório
de energia solar. Isto pode ser encarado como uma estação retransmissora,
através da qual algumas das forças do próprio Sol são liberadas por todo o
Planeta. A ciência está iniciando a descoberta disto em suas manifestações
elétricas e magnéticas: o sacerdote que é um taumaturgo (aquele que opera
milagres), conscienciosamente as evoca e a grande ordem de anjos e espíritos da
natureza a ela associados adiciona seu esplendor, poder, inteligência e beleza
à adoração e devoção humanas, que estão sendo ofertadas ao Mais Elevado. Da
mesma forma os poderes do ar e a grande ordem dos silfos, ou anjos do ar, podem
ser atraídos pelo oficiante para a aura da igreja quando os elementos são
oferecidos. A água e o fogo também se manifestam até certo ponto, segundo o
poder e o conhecimento do oficiante. Quando a igreja está perto do mar, como em Huizen, na Holanda,
onde foram colhidas muitas das informações em que se baseia este capítulo,
apresentou-se uma magnífica oportunidade de reunir grandes hostes de membros da
ordem dos anjos da água e espíritos da água. É possível ao sacerdote, se
suficientemente avançado, dilatar bastante a sua consciência e lança-la à
grande distância até o Mar de Zuides, em cujas praias está construída a igreja
e reunir as hostes da água, a fim de que elas e todas as suas forças convirjam
para o altar. Depois o sacerdote pode liberá-las para enriquecer o jato de
poder e bênção sobre o mundo produzindo os vários resultados que a Missa visa
atingir. Durante as condições especiais criadas, numerosos anjos têm sido
atraídos para Huizen. Eles assistem às cerimônias mais importantes, e juntam-se
ao canto e aos atos de adoração e prece. Algumas vezes muitos deles descem
dentro da igreja e se ajoelham ao lado dos vários devotos humanos. Outras vezes
contribuem com o poder de suas consciências mais elevadas e vívidas
permanecendo sobre este ou aquele adorador, para ajudá-lo a expressar-se mais
livremente, ou mantendo o poder descensional da cerimônia e dirigindo-se mais
definidamente para as mentes e corações de diferentes pessoas. Isto, em si, é
um belíssimo trabalho, porque esses anjos, em seu terno amor pelos homens e sua
reverência por Nosso Senhor, que é Instrutor dos anjos e dos homens,
aproximam-se mais de nós e ajudam-nos a dar e a receber de Sua bênção e Sua
graça tanto quanto pudermos. É bom nos recordamos disto algumas vezes, durante
o serviço; quando nos levantarmos de nossos joelhos, sentindo-nos soerguidos e
inspirados, pouco sabemos o quanto devemos aos serviços das hostes angélicas. A
cooperação, o poder e a bênção da Grande Fraternidade Branca, e especialmente a
de Nossa Senhora e de certos Mestres de Sabedoria formam uma outra poderosa
corrente de força que ilumina e enriquece o trabalho da igreja. Todos os
Grandes Seres respondem instantânea e infalivelmente às preces e invocações
endereçadas a Eles durante o serviço. Outra ordem de poder empregado durante a
MISSA, é a energia emocional, mental e espiritual gerada e liberada por todos
os participantes; inclui o do oficiante, de todos os sacerdotes e servidores,
da congregação tanto vivente como “morta”, e dos anjos e espíritos da natureza
presentes. Todas estas numerosas correntes são fundidas pela cerimônia, e
especialmente pelo anjo diretor em cooperação com o sacerdote. Se o oficiante é
suficientemente adiantado, ele enriquece tudo isto, repartindo seus grandes
poderes com todos os participantes do serviço. Se um dos assistentes não está
executando sua tarefa tão efetivamente quanto poderia, instantaneamente do
oficiante principal emana uma energia e
poder que o completam o trabalho. Se o aspergir do incenso, por exemplo, é
feito por alguém muito jovem de corpo, embora velho de alma – demasiado jovem
para produzir grandes efeitos extras – instantaneamente o poder do sacerdote
avança e enriquece o seu trabalho, e zela para que tudo seja feito em ordem e
tão esplendidamente quanto possível. Em todo este trabalho oculto de modo algum
interferem as atividade físicas que se processam, pois o verdadeiro sacerdote
desenvolve a técnica do emprego destas forças com o auxílio de sua consciência
superior, ao passo que conserva sua plena eficiência e perfeição de ação no
corpo físico. Esta é uma das grandes faculdades que o método cerimonial
desenvolve. A adoração, o amor, a devoção e a cooperação inteligente de uma
congregação treinada aumentam enormemente o poder da cerimônia. A riqueza da
força descensional que eles evocam é um tanto proporcional as grau em que estas
qualidades estão presentes, embora pareça haver um mínimo irredutível de
esplendor e beleza, que é produzido pela cerimônia da MISSA, toda vez que é
celebrada; e isto, em si, é de uma glória além de toda nossa compreensão.
Quando, entretanto, a MISSA é usada e celebrada com inteligência, e com todos
os poderes extras de um sacerdócio altamente espiritualizado e de uma
congregação perseverante e eficiente, esse mínimo é largamente excedido. A
descida e o derramamento de poder e bênção do alto sobre o mundo, é de um
esplendor acima de qualquer descrição. O Bispo Charles Webster Leadbeater
(1854-1934) relatou-nos esse esplendor oculto em sua magnífica obra A Ciência
dos Sacramentos. Ao lado de sua descrição seria penosamente desajeitada
qualquer tentativa que fizesse a pena menos inspirada do autor. Há, entretanto,
ainda outras forças utilizadas no culto da igreja, que por seu interesse e
valor merecem ser investigadas. Cada um dos símbolos e cores, por exemplo,
estão em seus próprios canais de poder. Um símbolo corresponde à força super
física, justamente como uma palavra corresponde a uma ideia. Quando uma palavra
é pronunciada, o sentido da palavra é manifestado, é realizado, e o poder
contido na ideia dessa palavra é então liberado. Quando um símbolo é construído
e exposto para fins do cerimonial, as forças espirituais, de que ele é uma
forma expressiva, manifestam-se em determinado grau e quando os símbolos são
empregados conscienciosamente, como nos processos sacramentais, tornam-se
animados de poder viventes e as grandes forças atrás deles são então liberadas.
O simples ato do oficiante ao fazer o sinal da cruz no ar libera uma tremenda
energia, cujas qualidade e espécie são determinadas pela sua intenção mental ao
fazê-lo. Ele pode atrair os poderes da Vontade Espiritual, da Intuição ou da
Inteligência Superior, por exemplo, ao fazer o sinal da cruz. Quando executa o
símbolo no ar, visivelmente brilha nos mundos emocional e mental uma cruz
cintilante de luz e cor, que é uma entidade vivente criada por ele, e que pode
subsistir por muitas horas e mesmo dias. Quando, por exemplo, durante uma
procissão, um bispo faz cruzes ao passar, deixa atrás de si uma bel cadeia de
coisas viventes, cada uma irradiando a força por trás do símbolo da cruz e, em
adição, o tipo particular de poder que ele lhe imprimiu. Pode também aumentar a
durabilidade e eficiência destes poderes viventes, associando-lhes um espírito da
natureza, de sorte que possam tornar-se seres inteligentemente dirigidos e
ativos no trabalho durante um certo período de tempo. Quando se estudam estas
forças ocultas, torna-se cada vez mais claro que o culto da igreja é um meio
maravilhosamente ordenado e cientificamente disposto para espiritualizar o
mundo e auxiliar o homem a aproximar-se e por fim unificar-se com Deus. Esta
grande consumação se acha prefigurada na administração do Bendito Sacramento.
Nessa ocasião, a própria presença do Senhor se torna manifesta no serviço com
uma proximidade e intimidade além de toda suposição. A partir do momento da
consagração, sua Presença se torna cada vez mais íntima da Igreja. Opera-se uma
transformação maravilhosa na Hóstia, e que é visível a quem quer que tenha a
mínima extensão de visão oculta. A Hóstia se torna cintilante e maravilhosa, e
a matéria de que está composta parece uma finíssima película, envolvendo o
radiante e dourado esplendor da vida crística nela manifestada. E depois no ato
da comunhão, parece como se, de um modo para nós indescritível, Cristo e Seu
devoto se tornam unos. A transubstanciação parece ocorrer no próprio comungante
ao receber o corpo e sangue espirituais de Cristo. As vezes ocorrem
transformações maravilhosas na aparência dos devotos nos mundos ocultos, pois
parecem tornar-se Cristo e brilham com uma dimensão de Sua beleza e Sua luz.
Estamos aptos a recebe-lo desta maneira, segundo o grau que Ele esteja desperto em nós. Qualquer que seja essa
dimensão, a resposta lhe será equivalente, de forma que o cálice de cada
adorador é plenamente cheio. Nada falta na ilimitada beneficência com que Ele
Se dá a todos os que Dele se aproximam, em Seu Altar. Assim Ele trabalha
através dos séculos, por meio de Sua Fé Cristã, vertendo Sua vida e amor de
forma que Seu povo possa ascender como Ele. Gradualmente todo o gênero humano
se aproxima da época em que tal auxílio externo não mais será necessário,
quando o Cristo Infante, que Ele ajuda a nascer em cada coração humano, tiver
atingido a “medida da estatura do Cristo”. Então, por Suas obras, Ele terá
auxiliado o Criador de todos os mundos a produzir uma raça de Salvadores de
homens. Do Livro O Lado Interno do Culto na Igreja. Abraço. Davi.
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