domingo, 7 de setembro de 2025

OUTROS ANOS DE ANDANÇAS

Confucionismo. Biografia de Confúcio. Memória Histórica de Sima Qian. 6. OUTROS ANOS DE ANDANÇAS. [488 -84]. No ano seguinte (488 a. C.) Wu e Lu promoveram uma conferência e cem reses foram levadas ao altar dos sacrifícios (sendo esse um número exorbitante e contra as formalidades da ordem feudal confuciana). O Ministro Pi de Wu, pediu ao Barão K'ang Chi para representar Lu, e, não querendo ir, o barão esquivou-se enviando Tsekung em seu lugar. Já Confúcio havia dito que os povos Lu e Wei eram primos (tendo sido irmãos os respectivos ancestrais); agora o sucessor do trono de Wei permanecia fora de sua terra, sem meios de estabelecer-se no país, e governantes das várias províncias andavam constantemente a cogitar de possíveis empreitadas. Confúcio tinha então muitos discípulos no governo de Wei, cujo monarca almejava conseguir os serviços do próprio Confúcio. Tselu perguntou, uma vez: - "Se o governo de Wei vos chamasse ao poder, como havíeis de principiar?" Confúcio explicou: -"Começaria por estabelecer o correto uso da terminologia" (relativa a castas e títulos). "Deveras?" - retorquiu Tse­ lu, e continuou: - "Sois esquisito e pouco prático! Para que firmar a terminologia?" E Confúcio falou de novo: Ah Yu, como és ingênuo! Se a terminologia não é correta, as coisas ditas perdem todo o sentido; se o que se diz não tem sentido, as ordens não podem ser cumpridas; se não se cumprirem as ordens, as normas próprias do culto e da sociedade (no ritual e na música) não se podem restaurar: se não se restauram as normas sociais e religiosas, falirá a justiça das leis [5]: quando falha a justiça legal a gente se perde sem saber o que faça ou deixe de fazer. Quando um gentil-homem faz alguma coisa, há de estar certo quanto à sua exata representação por palavras, e quando expede uma ordem, há de estar certo de que essa ordem poderá ser cumprida sem tergiversações. Um gentil-homem nunca emprega indiscriminadamente a terminologia." No ano seguinte (484 A. C.) Jan Ch’iu, então administrador assistente no governo de Lu, dirigiu o exército do Barão K'ang Chi contra Ch’i e saiu vitorioso na batalha de Lang. E o Barão K'ang perguntou a Jan Ch’iu: - "Como chegastes a aprender a ciência da guerra? Através de estudos ou por temperamento?" Jan Ch’iu respondeu: "Aprendi com Confúcio." Indagou o barão: - "E que espécie de homem é Confúcio?" Jan Ch’iu falou: - "Se o colocásseis no poder, sua reputação haveria de impor-se imediatamente. Poderíeis aplicar ao povo os seus ensinamentos ou apresentá-los aos deuses, e nem os deuses achariam defeitos neles. Tudo o que ele almeja é levantar um país à condição de perfeita ordem moral. Ainda que lhe désseis poder sobre 25.000 famílias, ele jamais abusaria disto em proveito próprio." "Devo convocá-lo?" ,.- inquiriu o barão. E Jan Ch'iu replicou: - "Não, convocar não - seria indelicado tratá-lo como a qualquer um; devíeis combinar com ele a sua vinda." Sucede que K'ung Wentse, de Wei, ia atacar T'aishu, e pediu a Confúcio conselhos táticos; Confúcio declinou polidamente, alegando nada saber do assunto. Após a entrevista, Confúcio preparou sua carruagem para partir, dizendo: - "Um pássaro pode escolher a árvore para morar, mas a árvore não pode escolher o pássaro." K'ung Wentse procurou, ainda assim, persuadi-lo a ficar. O Barão K' ang Chi despediu Kung Hua, Kung Pin e Kung Lin, e enviou presentes a Confúcio em sinal de boas-vindas: Confúcio tornou então à sua terra, Lu, longe da qual passara quatorze anos (496-184 a.C.). Abraço. Davi

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