Hinduísmo. Srimad Bhagavad Gita - O Canto do Senhor. Por Swami Vijoyananda. O CAMINHO DO CONHECIMENTO. Capítulo IV. 1– Disse o BENDITO SENHOR: Eu ensinei este eterno yoga à Vivaswata. Vivaswata o ensinou à Manú e Manú à Ikshvaku. 2– Assim, os reis sábios aprenderam este yoga de seus respectivos preceptores. Ó destruidor de teus inimigos, este yoga, depois de um longo período de tempo, foi esquecido. 3– Como tu és Meu devoto e amigo, hoje lhe falei sobre este antigo yoga. Em verdade, este é um grande segredo. 4– Disse Arjuna: Tu nasceste muito depois de Vivaswata, como, portanto, entenderei que falaste deste yoga no remoto passado? 5– Disse o BENDITO SENHOR: Ó destruidor de teus inimigos, você e Eu já nos encarnamos muitas vezes; Eu conheço todas estas encarnações, você não as conhece. 6– Ainda que (em realidade) não tenho nascimento, sou imutável e Senhor das criaturas, dominando Minha prakriti, me encarno, servindome de Minha própria maya (a inescrutável força divina). 7-8– Ó Bhárata, toda vez que declina a religião (a retidão) e prevalece a irreligião, Me encarno de novo. Para proteger aos bons, destruir aos maus e estabelecer a (eterna) religião, Me encarno em diferentes épocas. 9– Aquele que assim conhece realmente Minha divina encarnação e Minha obra, quando deixa este corpo não renasce mais; ele chega a Mim, ó Arjuna. 10– Livres do apego, do medo e da ira, absortos em Mim, refugiando-se em Mim, purificados pela austeridade e pelo discernimento, muitos alcançaram Meu Ser. 11– Seja qual for a maneira em que os homens Me adorem, Eu satisfaço seus desejos. Ó Partha, de todas as maneiras, é o Meu caminho que os homens seguem. 12– Desejando êxito na ação neste mundo, as pessoas adoram aos devas (seres celestiais). Neste mundo dos homens o êxito na ação chega logo. 13– As quatro castas foram criadas por Mim, segundo a atitude e as ações dos homens. Ainda que seja seu autor, (em realidade) saiba que sou imutável e não-ator. 14– As ações não Me mancham, nem desejo seus frutos; aquele que assim Me conhece não é aprisionado pelas ações. 15– Sabendo isto, os antigos aspirantes à liberação cumpriram seus deveres. Tu também atues como eles o fizeram no passado. 16– Até os sábios (às vezes) tem confusão com relação ao que é a ação e o que é a inação. Eu te direi o que é a ação, sabendo-o te libertarás do mal. 17– É necessário saber bem quais são as ações prescritas e quais as proibidas e também o que é a inação, porque é difícil saber qual é o modo adequado de atuar. 18– Aquele que vê a inação na ação e a ação na inação, é um sábio entre os homens, é um yogui e pode executar todas as ações. (Os resultados das ações que produzem todo tipo de momentâneas alegrias e pesares não afetam ao que trabalha sem egoísmo ou ao que se sente como um instrumento de Deus, de modo que toda sua ação é como a inação. Em troca, a inação de um egoísta ou irreligioso é pura indolência e lhe causa sofrimento e escravidão. Também se pode dizer que o ignorante pensa que o Ser atua, enquanto o sábio vê ao corpo e aos órgãos atuarem e sabe que para o Ser não há ação.) 19– Aquele cujas ações não são motivadas por algum plano prévio ou por desejo, cujas ações são purificadas pelo fogo do conhecimento, a ele os sábios chamam conhecedor. 20– Renunciando ao apego à ação e aos seus frutos, sempre satisfeito, sem depender de ninguém, o conhecedor, ainda que esteja ocupado na ação, em realidade não faz nada (que o possa prender). 21– Sem desejos, com a mente e o corpo controlados, abandonando todos os bens, ainda que leve a cabo as ações físicas, (o sábio) não fica manchado por elas. 22– Satisfeito com o que recai sobre ele, transcendendo os pares de opostos (como o calor e o frio, o agradável e o desagradável, etc.) livre da inveja, equânime diante do êxito e do fracasso, o sábio não se prende ainda que atue.
segunda-feira, 22 de setembro de 2025
O CAMINHO DO CONHECIMENTO
23– Desapegado, emancipado, com a mente estabelecida no supremo conhecimento, o que faz tudo como yagña (sacrifício), toda ação se dissolve (não produz nenhum efeito que o possa atar). 24– A concha (usada para as oferendas) é Brahman, a oferenda é Brahman, aquele que faz o culto é Brahman e o fogo é Brahman; aquele que vê ao único Brahman na ação alcança ao próprio Brahman. 25– Outros yoguis fazem cultos aos devas e há outros que oferecem a seu próprio ser como oferenda no fogo de Brahman. 26– Alguns oferecem a audição ou outros sentidos no fogo do controle e outros oferecem os objetos no fogo dos sentidos. 27– Há quem ofereça as funções orgânicas e os pranas (as forças vitais) no fogo do yoga do autocontrole, aceso pelo conhecimento. 28– Também há outros que fazem os cultos da caridade, da austeridade e do yoga, enquanto, há quem considere como yagñas ao voto severo, ao discernimento e a diária leitura das escrituras. 29– Há outros que praticam o pranayama (controle dos pranas ou forças vitais), oferecendo ao prana (a exalação) no apana (a inalação) e o apana no prana, depois de restringir a saída e a entrada dessas duas forças. Enquanto outros que regulam sua alimentação, oferecem as funções dos pranas nos pranas dos sentidos. (Depois de dominar a um dos cinco pranas, o yogui o concebe como fogo sagrado e nele oferece como oferenda aos quatro pranas restantes. O yogui perfeito controla aos cinco pranas ou ao corpo psicofísico.) 30-31– Todos eles conhecem o yagña que consome seus pecados e eles absorvendo o néctar, as sobras da oferenda, alcançam ao eterno Brahman. (Qualquer ação feita sem egoísmo ou como uma oferenda à Deus purifica a mente do homem e o libera.) Ao que não faz o yagña não lhe pertence este mundo, muito menos o outro, ó tu, o melhor dos Kurus. 32– Assim, os Vedas prescrevem diversos yagñas. Saiba que todos eles nascem da ação, com este conhecimento te libertarás. 33– Ó destruidor dos inimigos, o yagña feito pelo conhecimento é melhor ao que se faz com objetos. Ó Partha, todas as ações chegam a sua consumação no conhecimento. 34– Adquira-o (o conhecimento) prosternando-se, perguntando e servindo ao mestre; os sábios, conhecedores da suprema Verdade, lhe instruirão sobre esta sabedoria. 35-36– Adquirindo-o, ó Pandava, não cairás de novo na ignorância e verás a todos em teu Ser e em Mim também. Mesmo se fosses o pior dos pecadores, cruzarás o mar dos pecados apenas na balsa deste conhecimento. 37– Como um voraz incêndio reduz a cinzas todo o combustível, assim o fogo do conhecimento reduz a cinzas todas as ações. 38– Em verdade, neste mundo não há melhor purificador da mente do que o conhecimento. O perfeito yogui, com o tempo, o logra automaticamente. 39– O homem de shraddha, dedicação e autocontrole, adquire este conhecimento e em seguida, imediatamente alcança a suprema Paz. 40– O ignorante, o homem sem shraddha (fé em si mesmo), o que dúvida, vai à ruína. Para aquele que dúvida, não há este mundo, nem o outro, nem felicidade. 41– Ó Dhananjaia, aquele que pelo yoga renunciou aos frutos das ações, cuja dúvida foi destruída pelo conhecimento e que repousa em seu Ser, não é atado pelas ações. 42– Por isso, despedaçando com a espada do conhecimento a esta dúvida sobre o Ser, nascida da ignorância e que tomou posse de seu coração, refugie-se no yoga. Erga-se, ó Bhárata! Abraço. Davi
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