Cristianismo. Livro Catecismo da Igreja Católica. Capítulo II. Parte III. DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM. 4. O Cânon das Escrituras. Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir quais escritos deveriam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados. Esta lista completa é denominada “Canon” das Escrituras. Ela comporta 46 escritos para o Antigo Testamento e 27 para o Novo Testamento. Para o Antigo Testamento: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Rute, os dois livros de Samuel, os dois livros dos Reis, os dois livros das Crônicas, Esdras e Neemias, Tobias, Judite, Ester, os dois livros de Macabeus, Jó, os Salmos, os Provérbios, o Eclesiastes, o Cântico dos Cânticos, a Sabedoria, o Eclesiástico, Isaías, Jeremias, as Lamentações, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Para o Novo Testamento: os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, os Atos dos Apóstolos, As Epístolas de São Paulo: os Romanos, 1ª e 2ª Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, a 1ª e 2ª aos Tessalonicenses, a 1ª e 2ª Timóteo, a Tito, a Filemon, a Epístola aos Hebreus, a Epistola a Tiago, a 1ª e 2ª Pedro, as três Epistolas de João, a Epistola a Judas e o Apocalipse. O Antigo Testamento. O Antigo Testamento é uma parte indispensável da Sagrada Escritura. Seus livros são divinamente inspirados e conservam valor permanente, pois a Antiga Aliança nunca foi revogada. Com efeito, a Economia do Antigo Testamento estava ordenada principalmente para preparar a vinda de Cristo, Redentor de todos. Embora contenham também coisas imperfeitas e transitórias, os livros do Antigo Testamento dão testemunho de toda a divina pedagogia do amor salvífico de Deus. Neles encontram-se sublimes ensinamentos acerca de Deus e salutar sabedoria concernente a vida do homem, bem como admiráveis tesouros de preces. Nestes livros, está latente o mistério de nossa salvação. Os cristãos veneram o Antigo Testamento como verdadeira Palavra de Deus. A Igreja sempre rechaçou vigorosamente a ideia de rejeitar o Antigo Testamento sob o pretexto de que o Novo o teria feito caducar – marcionismo. O Novo Testamento. A Palavra de Deus, que é força de Deus para a salvação de todo crente, é apresentada e manifesta seu vigor, de modo eminente, nos escritos do Novo Testamento. Estes escritos nos fornecem a verdade definitiva da revelação divina. Seu objetivo central é Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado. Seus atos, ensinamentos, paixão e glorificação, assim como os inícios de sua Igreja soba ação do Espírito Santo. Os Evangelhos são o coração de todas as Escrituras, uma vez que constituem o principal testemunho da vida e da doutrina do Verbo encarnado, nosso Salvador. Na formação dos Evangelhos, podemos distinguir três etapas.1. A vida e o ensinamento de Jesus. A Igreja defende firmemente que os quatro Evangelhos, cuja historicidade afirma sem hesitação, transmitem fielmente aquilo que Jesus, Filho de Deus, ao viver entre os homens, realmente fez e ensinou para a eterna salvação deles, até o dia em que foi elevado. 2. A tradição oral. O que o Senhor dissera e fizera, os Apóstolos, após a ascensão do Senhor, transmitiram aos ouvintes, com aquela compreensão mais plena de que desfrutavam. Instruídos que foram pelos gloriosos acontecimentos de Cristo e esclarecidos pela luz do Espírito de Verdade. 3. Os Evangelhos escritos. Os autores sagrados escreveram os quatro Evangelhos, escolhendo certas coisas das muitas transmitidas, ou oralmente ou já por escrito. Fazendo síntese de outras ou as explanando com vistas à situação das igrejas, conservando, enfim, a forma de pregação, sempre de maneira a nos transmitir a respeito de Jesus, coisas verdadeiras e sinceras. O Evangelho quadriforme ocupa, na Igreja, um lugar único, como atestam a veneração que lhe tributa a liturgia e o atrativo incomparável que, desde sempre, tem exercido sobre os santos. Não existe nenhuma doutrina que seja melhor, mais preciosa e mais esplêndida que o texto do Evangelho. Vede e retende o que nosso Senhor e Mestre, Cristo, ensinou com suas palavras e realizou com seus atos. É acima de tudo o Evangelho que me ocupa durante as minhas orações. Nele encontro tudo o que é necessário para minha pobre alma. Descubro nele sempre novas luzes , sentidos escondidos e misteriosos. A unidade entre o Antigo e o Novo Testamento. A Igreja, já nos tempos apostólicos, e depois constantemente em sua Tradição, iluminou a unidade do plano divino nos dois Testamentos graças à tipologia. Esta percebe, nas obras de Deus contidas na Antiga Aliança, prefigurações daquilo que Deus realizou na plenitude dos tempos, na pessoa de seu Filho encarnado. Por isso os cristãos leem o Antigo Testamento à luz de Cristo morto e ressuscitado. Esta leitura tipológica manifesta o conteúdo inesgotável do Antigo Testamento. Ela não deve levar ao esquecimento de que esta conserva seu valor próprio de revelação, que Nosso Senhor mesmo reafirmou. Igualmente, o Novo Testamento exige ser lido à luz do Antigo. A catequese cristã primitiva recorre constantemente a ele. Segundo um adágio antigo, o Novo Testamento está escondido no Antigo, ao passo que o Antigo é desvendado no Novo. A tipologia exprime o dinamismo em direção ao cumprimento do plano divino, quando “Deus seja tudo em Todos “ I Coríntios 15,28. Assim a vocação dos patriarcas e o Êxodo do Egito, por exemplo, não perdem seu valor próprio no plano de Deus, pelo fato de serem, ao mesmo tempo etapas intermediárias deste plano. 5. A Sagrada Escritura na vida da Igreja. São tão grandes o poder e a eficácia contidos na Palavra de Deus, que ela constitui sustentáculo e vigor para a Igreja. E para seus filhos, firmeza da fé, alimento da alma, pura e perene fonte da vida espiritual. É preciso que os fiéis tenham amplo acesso a Sagrada Escritura. Que o estudo da Sagrada Escritura seja, portanto, como a alma da sagrada teologia. Da mesma palavra da Sagrada Escritura também se nutre salutarmente e santamente floresce o ministério da palavra. A saber, a pregação pastoral, a catequese e toda a instrução cristã, na qual deve ocupar lugar de destaque a homilia litúrgica. A Igreja exorta com veemência e de modo peculiar todos os fiéis cristãos (...) a que, pela frequente leitura das divinas Escrituras, aprendam o conhecimento de Cristo Jesus Filipenses 3,8. Com efeito, ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo. Resumindo. Toda Escritura divina é um único livro. Este livro único é Cristo, já que toda Escritura divina fala de Cristo, e toda Escritura divina se cumpre em Cristo. As Sagradas Escrituras contêm a Palavra de Deus e, por serem inspiradas, são verdadeiramente Palavra de Deus. Deus é o autor da Sagrada Escritura e, ao inspirar seus autores humanos, age neles e por meio deles. Fornece assim a garantia de que seus escritos ensinem, sem erro, a verdade salvífica. A intepretação das Escrituras inspiradas deve, antes de tudo, estar atenta àquilo que Deus quer revelar por intermédio dos autores sagrados para nossa salvação. O que vem do Espírito só é plenamente entendido pela ação do Espírito. A Igreja recebe e venera como inspirados os 46 livros do Antigo Testamento e os 27 livros do Novo Testamento. Os quatro Evangelhos ocupam lugar central, já que Cristo Jesus é seu centro. A unidade dos dois Testamentos decorre da unidade do projeto de Deus e de sua revelação. O Antigo Testamento prepara o Novo enquanto o Novo cumpre o Antigo. Os iluminam-se reciprocamente. Os dois são verdadeira Palavra de Deus. A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor. Ambos alimentam e dirigem toda a vida cristã. “Lâmpada para meus pés é tua palavra e luz para meu caminho” Salmos 119,105. Abraço. Davi.
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