Bhagavad Gita. Resumo do
Capítulo Seis – MEDITAÇÃO OU SUBJUGAÇÃO AO EU SUPERIOR. Tales Nunes o realizou
a partir das aulas de A Essência da Gita da professora Glória Arieira. Este
capítulo marca o final da primeira parte do ensinamento de KRISHNA à Arjuna. Da
parte que fala sobre o Indivíduo que se vê limitado e que deve descobrir que é
pleno, completo e ilimitado. Aqui é apresentado o YOGA como um meio de
preparação da mente do indivíduo, como um estilo de vida. Achamos que
a meditação tem como objetivo o aquietar a mente, a quietude emocional, a
tranquilidade, a paz e nada mais. O objetivo da meditação é fazer com
que você possa descobrir a sua verdadeira natureza, aquilo que você é
fundamentalmente, livre de limitação. Para isso há todo um estilo de
vida que inclui a meditação e que vai conduzir à contemplação. A contemplação é
a capacidade de ver a minha natureza fundamental, que está além dos
pensamentos. E a contemplação não depende da meditação sentado, de prāṇāyāma. O
foco não é a meditação, não é renunciar, é adquirir meios para que a meditação
e a renúncia possam acontecer. Eu dou meios para que a mente seja
contemplativa. Eu entendo coisas para que eu abra mão de coisas que eu estou
apegado e reativo. A atitude contemplativa é equivalente ao amor. Assim como
não podemos dizer, agora vou ter uma mente contemplativa, não podemos dizer,
agora ame essa pessoa. Essa mente contemplativa tem a capacidade de contemplar
qualquer coisa. Pode contemplar BRAHMAN, mas também qualquer outro assunto. Uma
vida de YOGA vai nos conduzir a uma mente contemplativa. Porque à medida que
agimos, refletimos sobre se a ação foi adequada. Quando o resultado da ação
vem, aceitamos e tentamos não reagir, mas agir. Assim a pessoa aprende como
funciona a mente e está presente nas ações. Dessa maneira, a pessoa tem a
capacidade de escutar, refletir e contemplar o conhecimento de BRAHMAN. Este
ensinamento sobre o Todo. É uma questão de entender a veracidade das palavras
transmitidas pelo mestre. O que sou eu, o que é o Todo. Através da meditação
não tentamos chegar a uma experiência, um estado da mente diferente, um estado
alterado de consciência. O objetivo da meditação é o entendimento dessa visão e
compreensão de BRAHMAN, do todo como sendo você mesmo. O verdadeiro yogi é
um renunciante. Pois ele tem essa atitude mental perante a vida. Uma atitude de
não reação, de desapego em relação aos seus desejos e aversões. O yogi é
aquela pessoa que abandonou a fantasia da mente. KRISHNA chama essa pessoa com
a mente preparada de Yoga āruḍa. Ou
seja é a pessoa que dominou YOGA. Ele obteve os resultados de Yoga. Uma mente
que tem tranquilidade, firmeza e desapego. Como dominar YOGA? Tendo a
capacidade de ter uma tranquilidade para aceitar os resultados das ações. A
pessoa que conquistou YOGA é uma pessoa que consegue renunciar qualquer coisa
que aconteça na sua mente. Para que você conquiste YOGA, levante o olhar sobre
si mesmo. Não se olhe como incapaz, infeliz, incompleto. Eleve-se, não se deixe
afogar. Tenha a sua mente como um amigo. O pior inimigo que você pode ter é a
sua própria mente. Amigo é aquele que soma, que contribui. A mente amiga é
aquela que conquistou a si mesma. Nós temos uma identificação com um eu que é
limitado. Essa identificação já vem de muito tempo, dessa vida e de outras. “Eu
sou limitado, eu sou mortal, eu sou insuficiente” esse pensamento é uma
constante porque é valido para o corpo e para a mente, mas fundamentalmente eu
sou livre de limitação. Ainda que entendamos que somos plenos e completos, ao
ouvir este ensinamento, parece que ainda falta alguma coisa, falta absorver o
conhecimento, porque foi muito tempo de identificação com o contrário. Por
habito nós corremos para os objetos, corremos para as situações para nos
preencherem porque já chegamos a essa conclusão de que somos limitados e somos
insuficientes e automaticamente, sem pensar, vamos atrás de objetos externos
achando que vão me fazer mais feliz, que vão me preencher. Para a mudança desse
hábito é necessário um tempo, é necessário que eu me veja como livre de
limitação, como eterno para que eu possa me libertar desse hábito. A meditação
tem basicamente esse objetivo, não o objetivo de produzir uma felicidade, uma
tranquilidade, porque se fosse para isso já teríamos os objetos, porque os
objetos também produzem felicidade, tranquilidade: uma música, um passeio, uma
caminhada, uma viagem. A meditação também dá essa tranquilidade, mas o objetivo
último não é produzir alguma coisa e sim me ajudar a assimilar um fato ao meu
respeito, que eu já concluo com o estudo e estou preso a essa ideia de que eu
sou limitado, que eu sou infeliz e que sou insuficiente. A meditação não é uma
ação, não é uma coisa que você faça em um determinado momento. Meditar é uma
consequência de uma série de fatores, principalmente de um tipo de mente. No
verso 33 Arjuna diz: “KRISHNA, esse YOGA que foi ensinado por você como
igualdade; eu não vejo a existência firme dessa igualdade devido à inconstância
da mente”. E segue no verso seguinte: “Pois a mente é inconstante,
atormentadora, poderosa, obstinada, ó KRISHNA! Eu considero o controle da mente
tão difícil como o controle do vento”. Arjuna ficou esperando que KRISHNA
respondesse, “é com essa mente não vai dar, acho que você pode mesmo desistir e
ir pra montanha”, mas KRISHNA responde no verso 35: “Sem dúvida Arjuna, a mente
é inconstante e difícil de ser controlada. Porém, ó Arjuna, a través da
repetição e do desapego, ela é disciplinada”. O método apresentado aqui
na Gītā para lidar com a mente e a mesma que Patañjali fala
no YOGA SUTRA. Abhyāsa é
a disciplina, a repetição. Eu faço hoje, amanhã eu faço de novo e depois eu
faço de novo. Não é ficar distraindo a minha mente, agora eu faço isso, depois
aquilo. A mente foge, mas você traz de volta. Ela foge de novo, você traz de
volta de novo. À medida que você vai fazendo essa repetição, ao mesmo tempo
você vai se desapegando das outras coisas que deseja desapegar. Dessa
maneira Abhyāsa traz naturalmente vairāgya. Abhyāsa dentro
desse estudo é o escutar, se expor ao conhecimento e refletir sobre o mesmo.
Esse é o métido para se chegar ao desapego final. Ao final do capítulo, KRISHNA
fala sobre o resultado final do conhecimento. “O yogi,
esforçando-se apropriadamente, purificado de impurezas, tendo conquistado
sucesso através de inúmeros nascimentos, alcança, então, o mais alto objetivo”.
“Entre todos os yogis, aquele que se entrega a mim com a mente absorta em mim, que
tem confiança, esse é considerado por mim como o mais elevado”. www.vidadeyoga.com.br.
Abraço. Davi.
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