domingo, 24 de setembro de 2023

O CASAMENTO DO REI SALOMÃO COM A CAMPONESA SULAMITA

 

Cristianismo. Editor do Mosaico. O CASAMENTO DO REI SALOMÃO COM A CAMPONESA SULAMITA. Participei no segundo semestre de 2014 de uma palestra para casais. O conferencista foi um conhecido pastor americano chamado James Kemp. Ele está no Brasil a mais de 45 anos. Tanto que antes do meu casamento (éramos noivos) assistimos uma de suas exposições (1980) sobre relacionamento conjugal. Esse missionário foi o fundador (1968) do grupo vocal Vencedores por Cristo, aqui no Brasil. Muitos de nós, cristãos brasileiros, em nossa adolescência e juventude, cantávamos suas músicas. Seu ministério é voltado para o aconselhamento de casais, relacionamento pais e filhos e a família cristã. Têm vários títulos publicados sobre esses temas em inglês e português. A palestra teve por base o livro de bíblico de Cântico dos Cânticos, no Velho Testamento e o foco da exposição esteve no capítulo 4: 12-15. "Jardim fechado és tu, minha irmã, noiva minha, manancial recluso, fonte selada. Os teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes. A hena e o nardo, o nardo e o açafrão, o cálamo e o cinamomo, com toda sorte de árvores de incenso, a mirra e o aloés, com todas as principais especiarias. És fonte dos jardins, poço das águas vivas, torrentes que correm do Líbano!”. Cantares de Salomão é reconhecidamente um poema. É temerário qualquer exegese dogmática e preconcebida. Esse é o motivo por que não é comum explanações (pregações) públicas sobre o assunto. Costuma-se compará-lo ao relacionamento entre Cristo e a Igreja; evidentemente numa conotação espiritual, agrada-se a “sensibilidade” cristã, todavia foge-se da profundidade hermenêutica que o autor da escritura queria passar aos seus leitores, no âmbito da figura entre o povo de Israel e o seu Deus. Mas a verossimilhança reconhecida é que o texto fala do casamento entre o rei Salomão de Israel e a camponesa Sulamita. O ambiente aqui é lua de mel, de núpcias. O casamento judaico era uma festa que demorava duas semanas. Uma celebração regada a vinho, comida, dança, alegria e muitos convidados. Um ritual de introdução do novo casal à comunidade judaica local. A jovem Sulamita por viver no campo e estar sempre exposta ao sol era morena e tinha vergonha da sua cor. Isso só até um homem entrar em sua vida. Ele disse pra ela: "és morena, porém formosa". Não havia discriminação devido a cor. Nossa palavra tem um grande impacto em nossas esposas. Precisamos ter prudência e comedimento ao mencionar qualquer assunto com elas, pois seu humor sempre oscilando mais que o do homem, às vezes, pressupondo escolhas e decisões sem um razoável juízo de causa. Criando situações embaraçosas e difíceis, depois, de serem resolvidas. Todavia em relações a muitos casais a recíproca pode ser verdadeira, para que a justiça seja feita desmistificando o suposto machismo arbitrário e danoso usado por alguns. Salomão era um homem muito rico. Após a festa foi desfrutar do amor de sua querida Sulamita. "Cânticos 1: 2 "Beija-me com os beijos de tua boca, porque melhor é teu amor do que o vinho". Cânticos 4: 16 "Venha o meu amado para o seu jardim e coma os seus frutos excelentes". Sulamita convida seu marido à vida sexual. O sexo foi criado por Deus não apenas para propagar a raça humana, mas para a satisfação sexual do casal. Ereção, orgasmo e clímax tudo para nosso prazer e deleite com nosso cônjuge exclusivamente. Contudo o diabo trouxe maldição para alguns através do sexo de algo tão santo e puro. "Jardim fechado és tu, minha irmã, noiva minha, manancial recluso, fonte selada". Aqui é falado sobre a noite nupcial. Podemos inferir o aspecto da atração. Pergunto: sua mulher ainda exerce o poder de sedução em você? Pena que em muitos casais isso não mais existe. Trabalharemos agora com quatro conceito retirados do texto chave. O primeiro aspecto é a Fidelidade. A Sulamita era jardim fechado ou virgem. Ela esperou o momento adequado para a relação sexual. James Kemp contou que quando sua filha tinha 14 anos perguntou para ele: o senhor "transou" com mamãe antes do casamento. Ele apesar de seus 24 anos a época e sua mulher Judith com 20 anos tiveram graça para esperar o momento adequado. Muitos jovens não conseguem aguardar o instante propício. Vão para o motel ou casas similares. Temos que orar pela virgindade de nossos filhos, alertou o pastor palestrante. Esta filha de Kemp que disse isso, com 18 foi fazer faculdade na Califórnia. Antes da viagem o pai orou com ela e a advertiu quanto a sua virgindade. Após os 4 anos do curso, um dia depois da festa de formatura, pois James e sua esposa foram prestigiar a colação de grau. Sua filha o leva a uma bela praia em Santa Barbara e conversando os dois, ela lhe confessa que preservou a sua virgindade. O segundo tópico são os Frutos Excelentes. Salomão chamava sua esposa, árvores frutíferas de um pomar. Uma plantação de macieiras, pereiras, videiras, mamoeiros. A ideia apresentada aqui é que há várias maneiras da esposa conquistar o seu marido. Ela precisa dar um abraço apertado e massagem, erotismo sedutor. O terceiro ponto é a Fragrância. "Hena, nardo, cálamo, cinamomo, mirra e aloés". A Sulamita levou um "arsenal" de perfume para a lua de mel. Mulheres pelo amor de Deus se perfumem, Boticário e Natura, para seus esposos. Casamento tem que ter bom cheiro, pois o cheiro ruim acaba os relacionamentos. Problemas de mau hálito em ambos causam ojeriza. Não tenha medo de perguntar para seu cônjuge se você está com esse sintoma. Caso afirmativo procure um médico para o bem do seu casamento. Alguns maridos vão para cama sem tomar banho e ainda obrigam suas esposas a fazer "sexo" com eles. Se satisfazem e criam um terrível ressentimento e frustração nelas. Uma atitude desprezível e desumana de quem comete tal ignomínia. Isso constitui crime com pena de prisão. O quarto item é a Fonte. "És fonte dos jardins, poço das águas vivas". Há uma advertência em Provérbios 5: 1-19 com respeito a meretriz. Tirem tempo para lerem esse precioso texto sagrado. A prostituição está em quase todos os lugares. Desde ambiente requintados e luxuosos, onde clientes pagam até R$ 1.000,00 a hora para ficarem com as garotas de programa, até nas beiras das esquinas das grandes cidades, exemplo São Paulo, aqui no Brasil, onde tristemente constatamos que mulheres se entregam a R$ 50,00 a hora. Todas essas mulheres são carentes do amor e da graça divina em suas vidas e tendo necessidade de uma forte experiência de transformação interior para uma consagração, comunhão e santificação com Deus. Os versículos de 7-14 desse texto é um rogo para que os pais alertem seus filhos quanto a prostituição. Atenção: o conceito de “ficar” entre os adolescentes e jovens é fazer sexo. Provérbio 5: 15-16 "Bebê a água de sua própria cisterna e das correntes do teu poço". Devemos nos saciar com os seios de nossa mulher-esposa unicamente. "Derramar-se iam por fora as suas próprias fontes". As fontes são nossos desejos, prazeres sexuais, emocionais e sentimentais que devem ser derramados naquela que no casamento divide conosco o leito conjugal somente. Lamentavelmente alguns até mesmo vivendo nas igrejas satisfazem seus apetites sexuais em supostas casas de massagens e ainda convidam amigos para fazer sexo grupal, ilicitamente em lugares escusos. Isso é terrível e ultrajante, pecado dos mais aberrantes. "Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade". Sua esposa é sua bênção. "Dar-te-ei o meu amor". O sexo marcado com hora, dia, lugar é maçante e enfadonho. Tende a um mesmismo e futuro desinteresse de ambos. Varie os modos, lugares e maneiras de se deleitar com sua amada. "Saciem-te os seus seios". Esse é um privilégio que só os maridos têm com suas amadas esposas. Jovem, moça, nunca permita seu namorado passar a mão em seus seios. Comer o "fruto excelente" é comer o fruto maduro e não o fruto verde. Esse amadurecimento é apenas no casamento aqui entende-se a formalidade baseada no Código Civil e referendada em Cartório Público). Cânticos 4: 12 "Levanta-te vento norte, e vem tu, vento sul. Assopra no meu jardim". Aqui a Sulamita chama seu amado para fazer sexo. Esposo e esposa devem cultivar um ambiente para a satisfação sexual. Uma mãe dando um conselho para uma filha antes do casamento. Filha você está pronta para carregar a sua cruz. Uma visão de que a vida conjugal é um insuportável fardo. Conversar com os filhos aberta e francamente antes do casamento sobre a vida sexual. É importante que a partir dos 9 anos da menina e dos 12 anos do menino se dialogue sobre temas relacionados a sexualidade. James contou que atendeu em seu consultório uma jovem que era casada a 4 anos e que nunca tivera relação sexual, e que sobre o orgasmo feminino só ouvira falar. Com o transcorrer da terapia se descobriu que quando criança ela havia sido abusada, molestada pelo próprio pai. O abuso leva a repugnância da relação sexual. Relatou também que em uma de suas palestras numa determinada igreja, dois jovens foram surpreendidos fazendo sexo no banheiro. Se você deseja salvar seu filho, então lute por ele. É fundamental que nossos jovens cheguem ao casamento ainda virgens. Nunca force a barra em seus relacionamentos íntimos com seu cônjuge. Isso pode causar danos consideráveis ao psiquismo emocional de ambos. Cânticos 1: 4 "Leva-me após ti, apressemo-nos, o rei me introduziu nas suas recamaras".  O prazer sexual baseia-se na satisfação mútua. I Coríntios 7: 5 "Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vós dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência". O apóstolo Paulo reconhece que quanto ao prazer sexual entre marido e mulher não se impõe nenhuma regra ou dogma. Mesmo para se dedicar a oração ele simplesmente dá sua opinião. O que importa é a decisão dos cônjuges sobre o assunto. Deduz-se do argumento do apóstolo que é melhor em nenhuma hipótese deixar de ter relações sexuais. Evidentemente respeitando-se o parecer de ambos sobre está questão. Aqui se percebe o perigo dos casais, que na mesma casa dormem um no quarto e o outro na sala ou em camas separadas. Tentei ser preciso no que o James Kemp falou. Concordo com o que foi dito. Precisamos de discursos como esses que são totalmente pela família e pela valorização de seus ideais de moralidade, ética e espiritualidade que são propósitos cristãos. Mas reconheço que à medida que o tempo passa, a sociedade cristã e secular começa a agregar nossos valores a esta temática. O assunto da prostituição é um aspecto vicioso da sociedade que requereria um estudo aprofundado para abordá-lo. Mas sinto que preciso dizer algo. A prostituição é uma “instituição” que vem desde os tempos primitivos da sociedade humana, quando se reconheceu a necessidade da propriedade privada e coletiva. Os agrupamentos humanos se organizavam em parcelas de interesses comunitários sejam de família, propriedade, religiosidade, cultura, tradições e outros. Pontuarei alguns aspectos da prostituição baseado numa leitura sócio-histórica. “Pecado ou necessidade? Esse era o grande dilema enfrentado pelos clérigos medievais ao se colocarem na difícil tarefa de converter a Europa bárbara e romana ao cristianismo. Sob a perspectiva formal, as prostitutas infringiam um dos mais importantes tabus da Igreja ao praticarem a fornicação. Por outro lado, as demandas do mundo cotidiano reiteravam, vez após vez, que o banimento da prostituição era uma missão praticamente impossível. Uma das justificativas mais comuns a manterem a prostituição ativa girava em torno do próprio controle de pecados observados como mais graves. O uso que os homens jovens faziam dos bordéis funcionava como meio para que as mulheres respeitáveis não fossem vítimas de sedução ardilosa e estupro. No fim das contas, seria menos grave violar os limites do corpo de uma mulher que já havia caído em pecado do que desgraçar uma casta seguidora dos princípios morais da Igreja. O próprio Santo Agostinho (354-430) advertia que “o banimento da prostituição seria porta de entrada para outros pecados ainda mais controversos”, tal a animalidade e bestialidade incrustadas na natureza humana. Entretanto, alguns clérigos não poupavam esforços para que as prostitutas abandonassem sua vida de erros através do casamento ou ingressando na própria ordenação religiosa, na qualidade de freira. Os medievais se valeram das mais variadas explicações para justificarem o fenômeno da prostituição. Alguns a relacionavam com a tendência natural que alguns têm a degradação moral, outros a ligavam à questão da miséria recorrente em alguns lugares ou à própria viabilidade econômica do ato. Em alguns casos, o concubinato impunha direitos e deveres entre uma prostituta e um terceiro interessado nos seus préstimos. No final das contas, vemos que a prostituição medieval nos revela uma esfera que extrapolava a condição moral daquele tempo. Observando os critérios, medidas e noções sobre a “mais antiga das profissões”, vemos que a Idade Média não esteve incondicionalmente presa às supostas regras de comportamento da Igreja. É no mínimo, instigante observar o choque entre a experiência terrena e as aspirações divinas ocorridas nesse terreno do cotidiano medieval”. http://m.historiadomundo.com.br. Esse trecho mostra que os pressupostos atuais dessa problematização da prostituição continuam os mesmos, e que, solução stricto sensu não teremos, isso reconhecendo nela um organismo do corpo social, mas ao melhorarmos a condição de vida, moral, intelectual e espiritual das pessoas, saberemos como lidar com essa situação de uma maneira compreensiva, fraterna e usando a compaixão. Não incriminando e nem descriminando nenhum indivíduo, por prática que convencionalmente conceituou-se de amoral ou imoral; respeitando-se nesse limite a posição religiosa que prima por nossa condição de pureza e santidade. Em Josué 2:1 "E Josué, filho de Num, enviou secretamente, de Sitim, dois homens a espiar, dizendo: Ide reconhecer a terra de Jericó. Foram, pois, e entraram na casa de uma mulher prostituta, cujo nome era Raabe, e dormiram ali. Então deu-se notícia ao rei de Jerico, dizendo: Eis que esta noite vieram aqui uns homens de Israel, para espiar a terra". Esse episódio bíblico mostra o coração temente a Deus da prostituta Raabe, dentre todos os habitantes de Jerico, talvez a única que ainda tivesse sentimento de compaixão e amor por pessoas, mesmo sendo estrangeiras. Em sua condição de marginalizada da sociedade, sendo vista com maus olhos devido a seu comportamento desviado do padrão social, não teve medo de arrisca sua vida e de sua família para proteger os espias hebreus enviados pelo comandante Josué. Suas informações foram tão úteis e estratégicas, que a conquista de Jerico pelos exércitos de Israel foram um sucesso. Os espias lhe prometeram "salvo conduto", pois quando a cidade de Jerico fosse invadida, ela e seus parentes deveriam permanecer em sua casa, e em sua janela deveria ser colocado um tecido longo de cor escarlate vermelho, como sinal de que aquela casa não deveria ser invadida. E assim aconteceu. O mais impressionante é que pelo seu altruísmo e abnegação a prostituta Raabe foi inserida na comunidade de Israel se incorporando a descendência e a genealogia do Cristo, Mateus 1:5,16 "E Salmon gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede. e Obede gerou a Jessé (...). E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Christo". Desse modo nosso olhar para todas as pessoas e seres deve ser de ternura, carinho e compaixão. Sabendo que a centelha divina que está em cada ser prossegui sua evolução, e no tempo determinado se abrirá para a perfeição e iluminação búdhica. Outro ponto “A questão da virgindade masculina e feminina é um conceito construído pela sociedade, baseado em critérios tanto biológicos quanto sócio culturais. Desta forma pode variar grandemente entre as culturas, sendo muito valorizado em alguns meios sociais ou religiosos, especialmente no que diz respeito à preservação da virgindade antes do casamento. Biologicamente virgindade pode ser definida como o atributo de uma pessoa ou animal, que nunca foi submetida a qualquer tipo de relação sexual, conjugação carnal, e por tal, no caso mais específico das fêmeas, a nenhum contato com esperma e inseminação por meios naturais; conceito estendido atualmente também às inseminações artificiais”. Fonte Wikipédia. A questão da virgindade está intimamente relacionada a religiosidade envolta em tabus, superstições e crenças. Aqui segue minha opinião particular, não tendo propósito algum de dogmatizar esse comportamento. Os cristãos, segundo meu testemunho, têm enormes dificuldades em lidar com essa situação. Pois desde criança as famílias mais ortodoxas e preconceituosas incutem através do medo e severa disciplina a violação desse preceito tradicionalmente relacionado a pessoa da Mãe de Deus – A Virgem Maria. Assim muitos adolescentes e jovens cultivam, não por conhecimento e importância do fato de suas virgindades, mas por temor, culpa, ressentimento e em alguns casos, lhes são ditos que quem tal ato praticar, arderá nas chamas do inferno eterno. Penso que aqueles mais hábeis e dispostos a conservar sua castidade antes do casamento, devem fazê-lo com alegria e discernindo a importância de si preservarem para aquela ou aquele com quem viverão por longos anos. Digamos que isso seja a normalidade dentro do conceito cristão, mas para os que não conseguirem se manter castos, devem tranquilizar-se e confiar na misericórdia e graça divina que abarca todos os seus filhos. Isso não quer dizer que os que têm relação antes do casamento levam desvantagem em relação aos que não tiveram. Vejo isso como uma questão de fórum íntimo que deve ser decidido entre você e Deus. Reconheço que com a secularização da Igreja, muitas coisas têm mudado, inclusive o conceito de virgindade antes do matrimônio como suposta garantia de sucesso para a vida conjugal, coisa que comprovadamente não tem argumento lógico para sustentação. Quanto a fidelidade sou também a favor, mas com ressalva, principalmente, quando as vicissitudes da vida acabam empurrando os casais à uma traição, que a meu ver não é sinônimo de separação ou término do relacionamento, como o senso comum deseja que acreditemos, iniciando um processo de extinção da comunhão entre ambos.  Penso que isso não é o fim, e nem sou a favor de conceder nesses termos, a carta de divórcio, conforme o Antigo Testamento preconiza como único motivo para a separação do casal. Deuteronômio 24:1-3 “Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então será que, se não achar graça em seus olhos, por nela encontrar coisa indecente, far-lhe-á uma carta de repúdio, divórcio, dando-a na sua mão, e a despedirá da sua casa”. Esse texto bíblico parecer ser essencialmente preconceituoso em relação a mulher, pois a ideia que se passa, quanto a ela, é de inferioridade e uma condição de quase escrava. Isso imaginando que “coisa indecente” seja a infidelidade; não sendo, percebemos o quanto a mulher era desprestigiada e desvalorizado nos tempos da lei do profeta Moisés. Pequenas ninharias eram motivos de repúdio e abandono; coisa gritantemente injusta e sem cabimento. Sendo assim prefiro um olhar mais maleável e menos ortodoxo sobre o assunto. No Novo Testamento as coisas melhoraram um pouco para as mulheres. Contudo mesmo assim, o convencionalismo tradicional arraigado nas mentes dos religiosos, baseadas em crendices e superstições, ainda queriam atirar pedras contra as que eram pegas em adultério. Por que será que só desejavam apedrejar a mulher? O homem adúltero não era mencionado nem inquirido para posterior averiguação ou punição. Em Marcos 10:2-5 temos um interessante texto “E, aproximando-se dele os fariseus, perguntaram-lhe, tentando-o. É lícito ao homem repudiar, divorciar-se de sua mulher? Mas ele, respondendo, disse-lhes: Que vos mandou Moisés? E eles disseram: Moisés permitiu escrever carta de divórcio e repudiar. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza dos vossos corações vos deixou ele escrito esse mandamento”. Entendo aqui que o Mestre Jesus eximiu-se de conceder um veredicto em relação a questão do divórcio, ele não via na lei base plausível para um juízo imparcial, fundamentado no amor e na compaixão. Assim sabiamente preferiu não opinar, tomando a redação dogmática, dura e rígida da lei mosaica para condenar alguém por um erro cometido, sem conhecer os antecedentes e os subsequente fatos relacionados a situação apresentada. O Mestre sempre baseava seu juízo no amor e na compaixão. Diante da mulher pega em adultério disse, João 8:7 “E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se e disse-lhes: aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela”. Todos os algozes saíram e a mulher retirou salva dos acusadores. Perguntaram lhe certa vez em Mateus 18:21,22 “Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete vezes? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes sete”. Acho que o nível de amor, perdão e reconciliação entre os casais deve ter a meta dessa profundidade misteriosa e sem precedente. Estaríamos dispostos a assumir um compromisso de compaixão, abnegação e altruísmo como esse? Pelo menos devemos estar abertos a essa disposição, tendo a intenção de praticar um ato tão nobre e sublime que eleva nossa comunhão com Deus. Assim nesses novos tempos de mudança de comportamentos individuais e coletivos devemos estar contextualizado social, econômica, política e historicamente. Uma espiritualidade aberta a modificações e transformações. Os princípios aqui expressos considero de grande valor para a santidade e pureza da família cristã, em contraposição a um mundo secularizado e estigmatizado pelo ceticismo, materialismo, consumismo e a descartabilidade de instituições e indivíduos. Abraço. Davi.   

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