Religião Afro-brasileira. www.todamateria.com.br. A UMBANDA.
A Umbanda é
uma religião monoteísta e afro-brasileira, surgida em 1908, fundada por Zélio
Fernandino de Moraes. Baseia-se em três conceitos fundamentais: Luz, Caridade e
Amor. A palavra "umbanda" pertence ao vocabulário quimbundo, de
Angola, e quer dizer "arte de curar". Origem da Umbanda. A umbanda é uma religião surgida nos subúrbios do Rio de
Janeiro. Em 15 de novembro de 1908, Zélio Fernandino de Moraes (1891-1975),
nascido em São Gonçalo/RJ, teria incorporado o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Este espírito o teria ajudado a criar a religião de Umbanda. Rapidamente, ela
se espalhou por todo Brasil e outros países da América Latina. Suas crenças
misturam elementos do candomblé, do espiritismo e do catolicismo. Por isso,
para muitos estudiosos, a Umbanda seria uma espécie de candomblé sem
sacrifícios de animais, algo que seria mais aceito pela população branca e
urbana da época. Ainda pegou conceitos do kardecismo, que estava chegando ao
país, como o de “evolução” e “reencarnação”. Também tem Jesus como referência
espiritual e é possível encontrar sua imagem em lugar destacado nos altares das
casas ou de terreiros de umbanda. Locais
de culto da Umbanda. O local para a realização das cerimônias da umbanda chama-se
Casa, Terreiro ou Barracão. Igualmente, são feitas várias celebrações ao ar
livre, junto à natureza, em rios, cachoeiras ou na praia. Essas cerimônias são
presidi das por um “pai” ou “mãe”, um sacerdote que dirige os ritos e comanda a
casa. Também é responsável por ensinar a doutrina e os segredos da umbanda aos
seus discípulos. Cerimônias da Umbanda. Nestes locais realizam-se sessões de
“passe”, em que a entidade reorganiza o “campo energético astral” da pessoa. Igualmente
são feitas sessões de “descarrego”, quando é captada a energia negativa da
pessoa e transferida para os fundamentos do templo. Note que não é permitido
qualquer tipo de remuneração por esses trabalhos espirituais. As vestes mais
usadas nestas cerimônias são brancas, porque essa é a cor neutra que agrada
todos os orixás e guias. Na Umbanda não se pratica o sacrifício de animais e se
celebra rituais de batizado, consagração e casamento. Pontos da Umbanda. Os pontos de umbanda são cantigas para
louvar, chamar e se despedir do orixá e as linhas de entidades. Acompanhadas
por instrumentos de percussão como o atabaque é importante conhecer o ritmo de
cada orixá/entidade. Este aprendizado começa na infância do iniciado.
Igualmente é preciso saber uma infinidade de canções. Os pontos de umbanda e do
candomblé influenciaram diretamente a música popular brasileira. Hinos da
Umbanda. Apesar da Umbanda variar de acordo com cada região do Brasil e de cada
casa/terreiro, ao menos uma canção é muito popular: o Hino da Umbanda. Composta
por José Manoel Alves (letra) e Dalmo da Trindade Reis (música) foi
oficializada como hino em 1961.
Refletiu a Luz Divina
Com todo seu esplendor
É do reino de Oxalá
Onde há paz e amor
Luz que refletiu na terra
Luz que refletiu no mar
Luz que veio de Aruanda
Para tudo iluminar
A
Umbanda é paz e amor
É um mundo cheio de Luz
É a força que nos dá vida
É a grandeza que nos conduz
Avante
filhos de fé
Como a nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá
Símbolos da Umbanda. Exu. O
mensageiro do mundo terreno e espiritual. Antes de iniciar as cerimônias na Umbanda é
comum uma pessoa iniciada riscar o chão com símbolos diversos: estrelas,
cruzes, tridentes, traços retos ou curvos etc. Estes podem variar de acordo com
a casa de Umbanda, mas o sentido é o mesmo. Ou seja, chamar as entidades que
vão ser trabalhadas, garantir a chegada dos guias a serem incorporados,
homenagear os orixás, trazer bons fluidos e energias aos participantes. É
preciso observar que estes traços são apenas alguns dos muitos símbolos que
existem na Umbanda. Crenças da Umbanda. A Umbanda é uma religião monoteísta,
onde existe o conceito de um Deus supremo, denominado “Olorum”
ou “Oxalá”. Creem
na imortalidade da alma, na reencarnação e nas leis kármicas. Acreditam em
orixás, personificações de elementos da natureza e de energia, e em guias
espirituais, podem se incorporar durante certas cerimônias e vir à Terra para
ajudar as pessoas que necessitam. Os guias são denominados “entidades” e cada
orixá possui uma linha de entidades que o auxilia. Orixás e entidades da
Umbanda. Os orixás encontrados na Umbanda são: Oxalá, Xangô, Iemanjá, Ogum e
Oxossi, Oxum, Iansã, Omulú e Nanã. Aqui listamos as principais entidades que se
manifestam na Umbanda. Caboclos: espíritos de índios que voltam ao mundo
terreno para ajudar pessoas com problemas de saúde. Pretos velhos:
pessoas que foram trazidas da África para serem escravos no Brasil. Apesar de
terem sofrido em vida, agora são espíritos ditos evoluídos que dão ótimos
conselhos a quem os procuram. Baianos: pessoas que viveram na Bahia e que escolheram serem guias e
ajudar a quem precisa. Trabalham com emprego, saúde, força moral. Marinheiros/Marujos:
em algumas regiões essa linha não existe. Trabalham com limpeza psicológica,
física, espiritual, e sempre falam a verdade. Estão sempre balançando porque
vem do mar, tiveram uma vida sofrida, mas de muito aprendizado. Erês:
são os espíritos das crianças. Risonhos e adoram brincar. Consolam os aflitos,
os pais e mães e, às vezes, cometem algumas travessuras. Malandros: são
aquelas pessoas tiveram que usar de sua esperteza para sobreviver. Um dos mais
conhecidos é Zé Pelintra. Ficou órfão de pai e mãe e para sobreviver começou a
realizar pequenos roubos e trapaças. Cuida das mulheres viciadas, das
maltratadas, das prostitutas, esquecidas. Pomba-gira: são mulheres que
em vida lutaram contra a situação opressora feminina e por isso, agora ajudam
àquelas que passam por problemas. Uma delas foi Maria Padilha, amante do rei
Dom Pedro I de Castela (1334-1369), retratada como mulher sensual, bem-vestida
e sedutora. Há também outras entidades como os Boiadeiros, Ciganos,
Orientais, etc. Para exercer o trabalho espiritual, os responsáveis pela
ligação entre o mundo espiritual e material, os médiuns, irão receber
(incorporar) estas entidades e assim ajudar o consulente. Deste modo,
percebemos que a Umbanda alcança um equilíbrio entre o sincretismo e as
religiões afro-brasileiras. História da Umbanda. A cantora Clara Nunes foi uma das
divulgadoras da Umbanda no Brasil. A Umbanda foi confundida durante muito tempo
com a “macumba carioca” ou "Quimbanda". Em 1905, João do Rio (1881-1921),
publica suas reportagens que resultaram no livro "As Religiões do
Rio" e menciona ritos onde se incorporava espíritos de caboclos e
preto-velhos. Muitos terreiros nasceram do kardecismo, tal como a “Tenda
Espírita Nossa Senhora da Piedade”, em 1908. Mas adiante, entre os anos de 1920
e 1930, a repressão às religiões africanas levou a união de várias casas e
terreiros. Era necessário organizar e uniformizar o culto umbandista,
padronizando algumas diretrizes doutrinárias para evitar perseguições. Naquela
época, era usual a utilização do termo "espírita" como forma de
evitar a perseguição às novas religiões afro-brasileiras. Contudo, para
legitimar-se a Umbanda buscou se “desafricanizar” e embranquecer. Para
tanto, em 1939, surge a primeira Federação de Umbanda, a União Espiritista de
Umbanda do Brasil (UEUB), quando a origem da Umbanda foi estabelecida no
Oriente ou na África Oriental. Por outro lado, no contexto da Ditadura Militar
(1964-1985), a Umbanda irá servir como instrumento de legitimação para o
projeto nacionalista. Assim, a religião ganha as manchetes de jornais e
revistas. Por fim, durante a década de 80, com a ascensão das igrejas
neopentecostais, as religiões de matriz africana voltam a ser alvo de ataques
por parte de alguns fiéis. Atualmente, a Lei 11.635 de 27 de dezembro de 2007,
torna esse o "Dia Nacional de Combate ao Preconceito Religioso" e
passa a proteger as religiões de matrizes africanas. www.todamateria.com.br. Abraço. Davi
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