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Mosaico. A REENCARNAÇÃO NO LIVRO DA SABEDORIA DE SALOMÃO. Leio atualmente as
Escrituras Sagradas na versão católica. Em minha leitura cheguei ao livro da
Sabedoria de Salomão. Os livros apócrifos ou pseudo canônicos como: Tobias,
Judite, I e II Macabeus, Sabedoria de Salomão e Baruque. São vistos como uma pedra de
tropeço na ortodoxia do cristianismo atual, entre a histórica dissidência
protestante chamados hoje de evangélicos. Esses nem querem vê-los,
desaconselhando como leitura alegórica e muito menos para meditação espiritual. Mencionados como supersticiosos e mitológicos. Não fazendo parte de suas versões. Uma pena, pois perde-se o contato
com um grande acervo de tradições e culturas mostrado pelo rico pensamento
revelado aos antigos estudiosos da sabedoria divina. Os nossos irmãos católicos
foram mais sensatos e corajosos incluindo-os em sua Escritura Sagrada. O livro
da Sabedoria tem a suposta autoria do rei de Israel Salomão e até o século V
continuava sendo aceito pela tradição cristã. O Segundo Concilio de
Constantinopla no ano de 553, na atual Turquia, ratificou (autenticou) um edito
inserindo o Livro da Sabedoria de Salomão definitivamente no canon – inspiração
divina. Todavia sem afinidade teológica, apenas como leitura histórica e de
aconselhamento pessoal. Um texto desse livro causa desconforto e inquietação
aos estudiosos da tradição cristã. Em
que pese a exegese que procura entender os mistérios maiores da revelação
divina. O trecho é esse: Sabedoria 8, 19-21, versão da Editora Ave Maria.
"Eu era um menino vigoroso, dotado de uma alma excelente, ou antes, como
era bom, eu vim a um corpo intacto. Mas, consciente de não poder possuir a
sabedoria, a não ser por dom de Deus, e já era inteligência, o saber de onde
vem o dom, eu me voltei para o Senhor, e o invoquei dizendo do fundo do meu
coração: Deus de nossos pais, ( ... ).". Os dois primeiros versos trazem
escrito, um menino vigoroso com alma excelente tinha existido anteriormente bom
num corpo intacto. O argumento mencionado aqui é o da pré existência da alma,
popularmente conhecido como reencarnação ou renascimentos. Um ensinamento aceito
pelas culturas orientais e visto aqui de forma inequívoca. O sábio rei de
Israel Salomão é reconhecidamente o escritor dos Livros canônicos de Cântico
dos Cânticos, Provérbios, Eclesiastes e alguns Salmos. Todavia também entrou em
contato com esse conceito da reencarnação. Suponho que ele tenha estudado com
alguns rabinos e mestres judeus que entendiam as ciências ocultas. A Sabedoria
Divina tinha no misticismo antigo uma fonte que investigava os poderes latentes
da alma e do espírito humano. Bem como as forças misteriosas da natureza. Na
cabala judaica, em seu principal livro chamado Zohar há alusões a esse
princípio espiritual. O rabino Yitschac Luria Arizal (1534-1572) diz:
"O estudo da reencarnação é um dos ramos da Cabala. A reencarnação é a
oportunidade que o Tribunal Celestial dá a uma pessoa depois de sua morte. Para
corrigir algumas coisas que ficou pendente em sua vida. A alma é dada a
possibilidade de descer a este mundo por meio de um novo nascimento. Como um
bebê, e na nova vida, a alma tenta corrigir as máculas das vidas anteriores. As
almas reencarnam e voltam a vir ao mundo em diferentes formas, segundo as
máculas que causaram. Nos livros dos Sábios de Israel está escrito que aqueles
que cometeram um pecado relacionado à idolatria. Reencarnam num animal
ora cães, porcos e gatos ". Os que fizeram beatitudes e méritos em vida
reencarnam em peixe, folhas ou pequenos galhos de árvores. Uma forma de
retornar logo para o gozo das entre vidas. Expandindo o tema, agora vejamos um
entendimento do misticismo judaico em um livro canônico (inspirado) das
Sagradas Escrituras. Em Salmos 19, 7. "A lei do Senhor é perfeita e
refrigera a alma". No livro cabalístico Taamei Hamin Haguim esse texto é
traduzido assim: "A Toráh do Eterno é perfeita, faz voltar a alma".
"A Toráh do Eterno é suficiente, completa e quem a cumpre em sua
totalidade consegue ser uma pessoa perfeita e plena. No entanto, quem não
consegue fazer isso, quem não atinge esta perfeição e plenitude, faz voltar a
alma. A Toráh faz com que esta alma volte a este mundo, para completar aquilo
que ficou faltando da Toráh. Os místicos judaicos (estudiosos cabalistas)
especialistas em reencarnação. Explicam que "existe uma diferença entre as
almas que vêm novamente ao mundo como seres humanos, e aquelas que reencarnam
em uma pedra, em um vegetal ou em um mineral”. Quando os homens nascem em sua
nova encarnação, eles não se lembram de nada do que fizeram nas vidas passadas.
Não sabem que eles são, na verdade uma reencarnação. Porém quem volta ao mundo
como um animal, um vegetal ou uma pedra, sabe e reconhece o que aconteceu em
vidas passadas. Durante todo o período de tempo em que ele fica nesse mundo.
Ele sente pena e dor por ter cometido o erro e não ter conseguido alcançar a
perfeição e a plenitude em sua encarnação anterior. Ele fica procurando por sua
retificação ou correção". Os cristãos preferem evidenciar a ressurreição
das almas no último dia. As Sagradas Escrituras na tradição do Novo Testamento
escrito pelo apóstolo São Paulo em I Coríntios 15, 17-20 diz "Porque, se
os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não
ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também
os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida,
somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas de fato Cristo ressuscitou
dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque assim como a
morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um
homem". Os orientalistas (hindus e budistas) preferem a referência
abordada no livro da Sabedoria de Salomão e nos Salmos 19. Como não entendem a
pessoalidade do Eterno Deus. Concebem um processo evolutivo da alma e do
espírito humano pelos vários carmas e reencarnações. Onde num longuíssimo tempo
alcançarão o nirvana que é a completude e retorno ao ponto de origem de onde
vieram. Da Consciência Cósmica. A diversidade de conceitos abre um leque de
possibilidades para que expressemos nossas opiniões. Nossas verdades são
confrontadas. Percebemos que há pessoas em outras culturas e tradições que vêm
diferente de nossos dogmas cristãos. Pondero não ser o caso de especularmos
quem estar com a razão. Hoje concebo a verdade como um prisma. Quando recebe um
feixe de luz sobre sua superfície reflete várias cores visíveis aos nossos
olhos. O que dizer das cores infra vermelho e da ultra violeta que não vemos
com os nossos sentidos físicos. O rabino e mestre judeu Moshe Ben Maimônide
(1135-1204) diz: A reflexão eleva o indivíduo, permitindo-lhe dominar e
assenhorear-se da própria dignidade". Abraço. Davi.
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