sexta-feira, 30 de setembro de 2022

A REENCARNAÇÃO NO LIVRO DA SABEDORIA DE SALOMÃO

 

Editor do Mosaico. A REENCARNAÇÃO NO LIVRO DA SABEDORIA DE SALOMÃO. Leio atualmente as Escrituras Sagradas na versão católica. Em minha leitura cheguei ao livro da Sabedoria de Salomão. Os livros apócrifos ou pseudo canônicos como: Tobias, Judite, I e II Macabeus, Sabedoria de Salomão e Baruque. São vistos como uma pedra de tropeço na ortodoxia do cristianismo atual, entre a histórica dissidência protestante chamados hoje de evangélicos. Esses nem querem vê-los, desaconselhando como leitura alegórica e muito menos para meditação espiritual. Mencionados como supersticiosos e mitológicos. Não fazendo parte de suas versões. Uma pena, pois perde-se o contato com um grande acervo de tradições e culturas mostrado pelo rico pensamento revelado aos antigos estudiosos da sabedoria divina. Os nossos irmãos católicos foram mais sensatos e corajosos incluindo-os em sua Escritura Sagrada. O livro da Sabedoria tem a suposta autoria do rei de Israel Salomão e até o século V continuava sendo aceito pela tradição cristã. O Segundo Concilio de Constantinopla no ano de 553, na atual Turquia, ratificou (autenticou) um edito inserindo o Livro da Sabedoria de Salomão definitivamente no canon – inspiração divina. Todavia sem afinidade teológica, apenas como leitura histórica e de aconselhamento pessoal. Um texto desse livro causa desconforto e inquietação aos estudiosos da  tradição cristã. Em que pese a exegese que procura entender os mistérios maiores da revelação divina. O trecho é esse: Sabedoria 8, 19-21, versão  da Editora Ave Maria. "Eu era um menino vigoroso, dotado de uma alma excelente, ou antes, como era bom, eu vim a um corpo intacto. Mas, consciente de não poder possuir a sabedoria, a não ser por dom de Deus, e já era inteligência, o saber de onde vem o dom, eu me voltei para o Senhor, e o invoquei dizendo do fundo do meu coração: Deus de nossos pais, ( ... ).". Os dois primeiros versos trazem escrito, um menino vigoroso com alma excelente tinha existido anteriormente bom num corpo intacto. O argumento mencionado aqui é o da pré existência da alma, popularmente conhecido como reencarnação ou renascimentos. Um ensinamento aceito pelas culturas orientais e visto aqui de forma inequívoca. O sábio rei de Israel Salomão é reconhecidamente o escritor dos Livros canônicos de Cântico dos Cânticos, Provérbios, Eclesiastes e alguns Salmos. Todavia também entrou em contato com esse conceito da reencarnação. Suponho que ele tenha estudado com alguns rabinos e mestres judeus que entendiam as ciências ocultas. A Sabedoria Divina tinha no misticismo antigo uma fonte que investigava os poderes latentes da alma e do espírito humano. Bem como as forças misteriosas da natureza. Na cabala judaica, em seu principal livro chamado Zohar há alusões a esse princípio espiritual. O  rabino Yitschac Luria Arizal (1534-1572) diz: "O estudo da reencarnação é um dos ramos da Cabala. A reencarnação é a oportunidade que o Tribunal Celestial dá a uma pessoa depois de sua morte. Para corrigir algumas coisas que ficou pendente em sua vida. A alma é dada a possibilidade de descer a este mundo por meio de um novo nascimento. Como um bebê, e na nova vida, a alma tenta corrigir as máculas das vidas anteriores. As almas reencarnam e voltam a vir ao mundo em diferentes formas, segundo as máculas que causaram. Nos livros dos Sábios de Israel está escrito que aqueles que cometeram um pecado  relacionado à idolatria. Reencarnam num animal ora cães, porcos e gatos ". Os que fizeram beatitudes e méritos em vida reencarnam em peixe, folhas ou pequenos galhos de árvores. Uma forma de retornar logo para o gozo das entre vidas. Expandindo o tema, agora vejamos um entendimento do misticismo judaico em um livro canônico (inspirado) das Sagradas Escrituras. Em Salmos 19, 7. "A lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma". No livro cabalístico Taamei Hamin Haguim esse texto é traduzido assim: "A Toráh do Eterno é perfeita, faz voltar a alma". "A Toráh do Eterno é suficiente, completa e quem a cumpre em sua totalidade consegue ser uma pessoa perfeita e plena. No entanto, quem não consegue fazer isso, quem não atinge esta perfeição e plenitude, faz voltar a alma. A Toráh faz com que esta alma volte a este mundo, para completar aquilo que ficou faltando da Toráh. Os místicos judaicos (estudiosos cabalistas) especialistas em reencarnação. Explicam que "existe uma diferença entre as almas que vêm novamente ao mundo como seres humanos, e aquelas que reencarnam em uma pedra, em um vegetal ou em um mineral”. Quando os homens nascem em sua nova encarnação, eles não se lembram de nada do que fizeram nas vidas passadas. Não sabem que eles são, na verdade uma reencarnação. Porém quem volta ao mundo como um animal, um vegetal ou uma pedra, sabe e reconhece o que aconteceu em vidas passadas. Durante todo o período de tempo em que ele fica nesse mundo. Ele sente pena e dor por ter cometido o erro e não ter conseguido alcançar a perfeição e a plenitude em sua encarnação anterior. Ele fica procurando por sua retificação ou correção". Os cristãos preferem evidenciar a ressurreição das almas no último dia. As Sagradas Escrituras na tradição do Novo Testamento escrito pelo apóstolo São Paulo em I Coríntios 15, 17-20 diz "Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem". Os orientalistas (hindus e budistas) preferem a referência abordada no livro da Sabedoria de Salomão e nos Salmos 19. Como não entendem a pessoalidade do Eterno Deus. Concebem um processo evolutivo da alma e do espírito humano pelos vários carmas e reencarnações. Onde num longuíssimo tempo alcançarão o nirvana que é a completude e retorno ao ponto de origem de onde vieram. Da Consciência Cósmica. A diversidade de conceitos abre um leque de possibilidades para que expressemos nossas opiniões. Nossas verdades são confrontadas. Percebemos que há pessoas em outras culturas e tradições que vêm diferente de nossos dogmas cristãos. Pondero não ser o caso de especularmos quem estar com a razão. Hoje concebo a verdade como um prisma. Quando recebe um feixe de luz sobre sua superfície reflete várias cores visíveis aos nossos olhos. O que dizer das cores infra vermelho e da ultra violeta que não vemos com os nossos sentidos físicos. O rabino e mestre judeu Moshe Ben Maimônide (1135-1204) diz: A reflexão eleva o indivíduo, permitindo-lhe dominar e assenhorear-se da própria dignidade". Abraço. Davi.

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