Islamismo.
www.arresala.org.br. Por Nasser
Khazraji. O SENTIMENTO DE ENGRANDECIMENTO E ORGULHO EXCESSIVO. Em nome de Deus,
o Clemente, o Misericordioso. “É, meu Senhor, faça me ser um
devoto a ti sem que a minha devoção seja corrompida pelo sentimento de
engrandecimento”. Trecho da Súplica Makarem Al-Akhlaq, do
Imam Zain Al-Abedin (A.S.) Al-Ojub, ou seja, o sentimento de engrandecimento, o
qual o Imam relata no seu du´a acima, é um dos piores pecados que podem ser
cometidos pelas pessoas, e de uma forma bem especifica os fiéis, os quais são o
alvo principal das tentações e sussurros de Satã para serem tomados por este
problema espiritual. O
que é o Al-Ojub? Al-Ojub é o sentimento de engrandecimento ou
orgulho excessivo perante a ação ou certa característica da pessoa. Aquele
sentimento de alegria e satisfação achando que o dever foi cumprido
completamente e que o resultado não seria tão bom se não fosse ele, este é o
Ojub, o qual é um sentimento e característica negativa revogada tanto nos
versículos do Alcorão Sagrado quanto nas tradições dos Ahlul Bait (A.S.).
Al-Ojub é o sentimento de se achar, se elevar e se exaltar por estar praticando
algo. Achando que aquilo não sairia melhor se não fosse ele ou que não haveria
outro senão ele para praticá-lo. Este é um sentimento ridículo e tolo que todos
nós devemos nos distanciar, cujo muitas vezes ele é usado por Satã, o qual usa
de todos os meios de manipulação para desviarmos do caminho certo. Al-Ojub no Alcorão. Deus,
o Altíssimo, dizia: “ Acaso,
aquelas cujas más ações lhe foram abrilhantadas e as vê como boas…” (35:8)
Ou uma outra passagem que fala a respeito desta péssima característica que é a
seguinte: “Não
atribuais pois, pureza a vós mesmo, porque Ele bem conhece os tementes”. (53:32)
Não são o que nós sentimos ou enxergamos que define se algo é certo ou
benéfico, ou se será um mérito para nos salvar no dia do juízo final, pois este
sentimento às vezes é manipulado e usado por Satã, o qual desvia-nos da senda
reta e nos introduz o orgulho por meio dele, nos fazendo se sentir satisfeitos
por nossas ações. Devemos ficar bem atentos e ligados quanto a isso. Numa outra
passagem Deus disse: “São
aqueles cujos esforços se desvaneceram na vida terrena, não obstante crerem
haver praticado o bem”. (18:104) Este versículo expõe o
que estamos dizendo. E saibam que nada será consagrado senão tiver o aval e
liberação de Deus, o qual tudo sabe, e sabe o que passa no coração de todas as
pessoas. Al-Ojub nas
tradições. Como é de costume, toda e qualquer bela conduta é
motivo de elogio e incentivo nas tradições dos Ahlul Bait (A.S.), pois eles nos
traçam o caminho da felicidade, e o que eles dizem em suas palavras representa
o melhor para o ser humano. Ao mesmo tempo tudo e qualquer coisa que seja
reprovado e condenado por Deus é motivo de infelicidade ao homem, e o mesmo
será condenado e reprovado pelos Ahlul Bait (A.S.), pois existe uma certa
sintonia entre o livro de Deus e as tradições, jamais um contrariará o outro,
por isso um será um complemento do outro. Ambos, como o Mensageiro de Deus
(S.A.A.S.) dizia são as duas preciosidades, o livro de Deus e os Ahlul Bait, os
quais representam o caminho da salvação. Ignorância.
O Imam Assadiq (A.S.) reprovou claramente o sentimento de
engrandecimento pelas características e ações e dizia: “Não há ignorância pior que o
sentimento de engrandecimento”. Ou seja, a fonte de tudo é
a ignorância e falta de conhecimento, sendo assim, se soubéssemos a verdade não
seguiríamos este sentimento ridículo. Isso é uma total ignorância. Eliminação. Numa
outra passagem o Imam Assadiq (A.S.) classificou o sentimento de orgulho
excessivo como extinção e total eliminação da pessoa que o possui. Ele
dizia: “Quem introduzir
o engrandecimento em si, será arruinado”. Fiquem bem
atentos, pois este sentimento leva a este fim negativo. Tolice. Este
sentimento também é classificado como tolice total numa passagem onde o
Príncipe dos Fiéis (A.S.) dizia: “O
sentimento de engrandecimento é uma tolice total”. A pior das coisas. Numa
outra passagem o Príncipe dos Fiéis (A.S.) classificou este sentimento como o
pior de todos. Ele dizia: “A
pior das coisas é se sentir engrandecido”. Ou seja, estar
satisfeito achando que cumpriu o dever e fez o que deveria fazer e não falta
mais nada, este é um sentimento errado e totalmente desviado. Portanto, estas
são características que devemos evitar, já que representam o caminho do desvio
e erro da vida, sendo que este mal afeta a todos, especialmente os mais nobres
e fiéis, e talvez foi por isso que o Imam Ali (A.S.) aconselhou seu companheiro
íntimo e comandante de seu exército, Malik Al-Ashtar, a evitar isso quando o
nomeou como o governante do Egito. Numa carta o Imam (A.S.) lhe dizia: “Jamais sinta-se engrandecido…”
As razões do
engrandecimento. Como todo e qualquer problema este sentimento
possui razões de onde surge. Sabendo quais são suas razões fica mais fácil
evitá-lo e eliminá-lo da sociedade. Algumas razões deste mal sentimento são: a) O elogio. Quando
alguém recebe um elogio isso pode causar na pessoa elogiada um sentimento de
satisfação e de engrandecimento pela característica ou ação pela qual foi
elogiada. Devemos elogiar as pessoas que fazem o bem para incentivar a prática
do bem na sociedade, só que dependendo da pessoa devemos ficar atentos para não
causar um orgulho excessivo nela. Isso pode arruína-los. Elogiar na medida
certa e jamais ser um bajulador, pois o pior de tudo são aqueles que elogiam ou
bajulam sem causa e razão lógica para aquilo. Eles elogiam para ganhar algo em
troca. b) Ignorância. Não
é à toa que o Islam tanto reprova esta característica, pois afinal de contas
ela é a base e o início de todas as coisas ruins. A falta de conhecimento e
informação leva o homem a muitos lugares e sentimentos obscuros, entre eles o
sentimento de orgulho excessivo chamado engrandecimento, ou Al-Ojub, em árabe. c) Personalidade fraca. Alguém
que possui uma fraca personalidade e sem base de informação religiosa
certamente será guiado para o caminho errado. Ele acaba sendo um eco para as
vozes desviadas. A mídia, os amigos, a sociedade, os colegas, tudo poderá
desviá-lo do caminho certo, e isso porque ele possui uma personalidade que não
tem determinação. O Islam deseja que tenhamos firmeza em nossos ideais e que
não sejamos desviados ou influenciados negativamente, e sim, positivamente. O
Islam é defensor da ideia de mudar, mas sempre para o melhor, aperfeiçoando
nossas condutas e pensamentos, e adequando-os cada dia mais de acordo com a
doutrina do Islam. d)
Orgulho e arrogância. O sentimento de orgulho e de arrogância
leva o ser humano a engrandecer suas ações ou práticas achando que o que fez é
o bastante ou o máximo. Arrogância é um mal que se introduzido na mente do
homem irá arruinar muitas coisas de sua vida, entre elas sua alma e seu
espírito. Fiquemos bem atentos para ficar bem longe desta característica
satânica, a qual o diabo incorporou e foi motivo de sua expulsão do paraíso
quando ele recusou a cumprir a ordem de Deus e prostrar diante de Adão. Mesmo
que Deus tenha dado uma ordem direta o diabo não acatou e recusou obedecer a
Deus, o motivo disso era a arrogância. e)
Enxergar mais as obediências e desconsiderar os pecados. O fato
de apenas ver os atos benéficos e práticos e não enxergar os pecados já é um
começo para este sentimento maligno chamado Al-Ojub. Quando a pessoa só lembra
das suas obediências, de suas boas práticas e de suas boas características e ao
mesmo tempo esquece de lembrar dos seus pecados e de seus atos ilícitos,
certamente o seu foco vai mudar. Ele começa a achar que é mais querido, mais
próximo e mais amado por Deus, e este é um dos sinais de que ele está saindo do
caminho. Os graus. Como
todos as demais questões, o sentimento de contentamento e satisfação em si pode
ter vários degraus e tipos. Vamos começar: a) Pela fé. Sendo que este é o pior
tipo de todos. Quando a pessoa sente orgulho pela sua fé achando que agregou um
esplendor a mais para a religião ou a doutrina divina, isso é o pior e mais
alto tipo de sentimento de engrandecimento que pode existir. Ele acha que sua
fé, sua atividade, sua conduta, sua participação ou contribuição foi a que
agregou à religião mais majestade e posição. Está registrado no Alcorão Sagrado
o que o profeta Abraão dizia: “ Dize:
Minhas orações, minhas devoções, minha vida e minha morte pertencem a Deus,
Senhor do Universo”. (6:162). Tudo que a pessoa faz deve
ser para Deus e não para outros, nem se for para sentir satisfação por aquilo.
Na verdade, no fundo, quem disse que aquela oração que ele praticou ou aquela
caridade que ele pagou ou aquela contribuição que deu foi acatada por Deus?
Talvez tudo aquilo que o homem se sente tão orgulhoso não seja nada acatado por
Deus, pois não tinha sido praticado com total sinceridade a Ele, e nós sabemos
que uma das razões pelas quais nossas ações devem ser acatadas ou não são as
nossas intenções, que devem ser sinceras a Deus. Este sentimento irmãos é tão
perigoso que pode até classificar o homem como pecador, e não como fiel, e isto
está afirmado na passagem do Imam Assadiq (A.S.) o qual certo dia deu um
exemplo a seus companheiros e disse: “Dois
homens entram na mesquita. Um deles é devoto e o outro um pecador. Quando saem
da Mesquita o pecador sai sincero e o devoto sai com pecados. Isso porque ao
entrar na Mesquita o devoto ingressa se achando o melhor com sua devoção e fé,
já o pecador ingressa para pedir o perdão de Deus, e por isso seus pecados
serão perdoados por Deus”. b) Pela proximidade. O homem acha que
por ser mais fiel e devoto é mais próximo de Deus, e mesmo que Deus o reprove
ou jogue algum tipo de calamidade sobre ele, ele traduz aquela calamidade sobre
si mesmo como um sinal de proximidade a Deus. Ou seja, se ele não fosse próximo
e amado por Deus não estaria sendo castigado. Isso é o segundo grau. c) Merecedor da recompensa. O
terceiro grau é o sentimento de ser o merecedor da recompensa de Deus e de ter
suas orações atendidas. Quando a pessoa se vê convencida pelas devoções que
pratica e começa a sentir que deve ser atendida por Deus por suas boas ações,
este é um sinal de que ela está sendo afetada por este mal e deve ficar alerta.
Além de tudo, quando vê que tem pessoas menos fiéis que ela sendo agraciadas
por Deus ela acha que Deus tem o dever de agracia-la e atender suas orações
também. Tudo isso está errado e não é assim que funcionam as coisas. Na
verdade, este sentimento nos expõe que o que ela procura em suas devoções e
contribuições religiosas não é a obediência a Deus, e sim algo em troca, e se
isso não vier ela se sentirá abatida. d)
Ser diferente dos demais. O último grau é quando a pessoa se
sente diferente das demais. Achando que é superior no ponto de vista religioso.
Ela acha que é a mais devoto, a que mais pratica o bem, a que mais reza, etc.
Ele começa a ser enxergar mais perfeita do que os outros e este é um sentimento
negativo. Não é porque alguém é contrário a mim em uma fé ou doutrina que isso
o torne menos merecedor ou eu mais merecedor. Ou até mesmo se seguir a mesma
fé, jamais devemos desmerecer os outros achando que nós somos os mais perfeitos
e completos e os outros inferiores. Isso é um sentimento desviado e incorreto e
deve ser abolido da vida de um fiel devoto. A cura do problema de Al-OJUB. Há curas
para este problema: 1)
Louvar a Deus. Cada vez que a pessoa pratique algo que seja um
motivo de orgulho para si mesmo, que louve a Deus imediatamente, e que isso
seja feito tanto no seu coração quanto na sua língua. Louvar a Deus é louvar
Ele por ter proporcionado a força e a condição de praticar aquilo, e se não
fosse Ele e Sua vontade nada seria feito. 2) Conhecer a si mesmo. E esta é uma
questão muito importante para todos, conhecer a sua verdade é um ponto de
partida muito importante para evitar o orgulho e arrogância para o ser humano.
Saber que nada depende dele e que ele é simplesmente um ser incapaz e que sua
existência e inexistência não fariam diferença nenhuma para o universo. Que ele
é um ser tão dependente de Deus que se Ele tirar sua graça sobre ele por um
único instante ele se arruinará. O Imam Al-Baquir (A.S.) dizia sobre este
ponto: “O
obstáculo para o orgulho é conhecer a si mesmo”. O homem é
um ser tão fraco, dependente, necessitado, pobre e isso tudo está no trecho do
Dua Kumail onde a humildade do Imam Ali Ali (A.S.) perante Deus era tanta que
ele dizia sobre si mesmo: “…
Ó Senhor, então, como poderei eu, que sou um mero servo teu, fraco, humilde,
insignificante e um pobre coitado à procura de amparo, fazê-lo?”. Esta
é a realidade do homem e nada vale todo esse orgulho e arrogância e sentimento
de exaltação ou elevação que ele sente. Tudo isso é desnecessário e não é
cabível e nem compatível em sua vida. 3)
Ficar entre o temor e o apelo. O servo deve sempre permanecer
entre duas características: Temer a Deus verdadeiramente é a salvação
absoluta.O apelo a Deus é um ótimo lembrete para que o homem se sinta sempre
incapaz de ser absoluto e autossuficiente, e que lembre que sempre será um
pobre necessitado em todas as suas coisas a Deus. 4) Autojulgamento. Cobrar
a si mesmo é uma ótima iniciativa. Que a saiba sua verdadeira posição e valor,
e que nada de tudo que ele sente, tanto orgulho ou arrogância, é eterno. Tudo é
passageiro e nesta vida não vale a pena sermos tão ignorantes ou estúpidos. Não
há nenhuma alma que reprove o bem e ao mesmo tempo nenhuma aprovará o mal. A
pessoa pode aparentar o que quiser, mas internamente sente em sua essência a
verdade. O autojulgamento e a cobrança de si mesmo é o que fará dar voz a
nossas essências e julgar nossas ações internamente para que evitemos as más
práticas e pratiquemos as boas. Autojulgamento nos indicará que o sentimento de
orgulho excessivo é reprovado e desnecessário na doutrina e na vida. 5) Lembrar do julgamento do juízo
final. Lembrar e recordar do dia em que cada um será
ressuscitado, apenas com suas ações cujo dependerá delas para se salvar.
Naquele dia em que nada te valerá, nem seus filhos, parentes, familiares e
amigos, e nem sua riqueza que tanto trabalhou para conquistar. Tudo isso será
em vão. Naquele dia em que todos serão julgados por Deus o todo poderoso pelo
mínimo e mais minúscula que seja sua ação. Dia em que todo ser humano será
exposto perante a todos que saberão sua verdadeira intenção em suas práticas.
Naquele dia em que ele não poderá mais se esconder por trás de máscaras
diferentes que usava aqui na Terra para disfarçar sua intenção. Ao lembrar
disso tudo e muito mais coisas ligadas ao grande dia do juízo final teremos um
resultado melhor, evitando o orgulho e arrogância nos sentimentos e práticas. 6) Conhecimento. O
conhecimento é a chave da salvação. Especialmente conhecer a vida e as
tradições dos Ahlul Bait (A.S.). Saber como viviam e como tratavam seus
semelhantes? Como eram pessoas extremamente divinas e voltadas a Deus. Como
suas intenções puras e sinceras a Deus refletia em suas ações. Como agiam com
os próximos, especialmente seus subordinados e pessoas mais humildes da
sociedade. Este conhecimento nos fará entender como devemos agir, pois eles são
nossos exemplos e se alegamos amor aos Ahlul Bait (A.S.) devemos seguir seus
passos. Uma bela lição
do Profeta (S.A.A.S.). O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) dizia
para seus companheiros: “Nenhum
de vocês será salvo por suas ações”. Daí os companheiros
perguntaram: “Nem você, ó Mensageiro de Deus?”. Ele disse: “Sim. Nem eu. Exceto se Deus me
incluir em sua misericórdia”. Ou seja, o significado deste
dito é o seguinte: que as práticas de nenhum de nós são tão completas e
perfeitas que por si só mereceriam o paraíso. Nenhum de nós irá ingressar no
paraíso por méritos próprios e por competência de suas ações, e sim apenas se
ele for incluído na misericórdia de Deus. Isso nos indica que não devemos
ostentar ou nos alegrar tanto por termos cumprido os nossos deveres ou feito
algumas boas práticas. O que vale mesmo em tudo isso não é a quantidade e sim a
qualidade e a sinceridade ao cumprirmos os nossos deveres. Nem os Ahlul Bait
(A.S.) que eram as pessoas mais puras, perfeitas, infalíveis e completas deste
mundo tratavam a si mesmos assim. Então o que nós diríamos de nós mesmos? Louvado
seja Deus, o Senhor do universo. Que a paz esteja com Mohammad e sua purificada
linhagem. Aula ministrada por: Nasser Khazraji. Data: 27/06/2020. www.arresala.org.br. Abraço. Davi
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