Cristianismo. www.fecatolica.com.br. "NA CERTEZA DA FÉ DE QUE A VITÓRIA DE JESUS CRISTO É A NOSSA VITÓRIA". Exorta Dom Antônio Tourinho Neto, Bispo Diocesano de Cruz das Almas - BA - Brasil, em carta pastoral. "Embora o nosso Deus não se compraz com o
sofrimento dos seus filhos, Ele permite a dor para que proveitos benéficos bem
maiores sejam alcançados com tal situação", lembra o bispo. O bispo diocesano
de Cruz das Almas, Dom Antônio Tourinho Neto enviou nesta terça-feira (07) uma
carta pastoral intitulada "O amor vence tudo!" ao povo desta Igreja
Particular. No texto, Dom Tourinho dirige-se a todos diocesanos com o desejo de
encoraja-los através do texto, "na certeza da fé de que a vitória de Jesus
Cristo é a nossa vitória (Jo 16,33)".
No texto, o bispo discorre sobre o mundo crucificado pela pandemia; à luz
da Fé; parabeniza a Diocese que se mantém firme na Caridade; e ainda relata as
orientações e recomendações quanto às celebrações das missas e dos demais
sacramentos. Dom Tourinho ainda faz um apelo à situação econômica da Diocese e
das paróquias, e orienta sobre a manutenção dos encontros via meios de
Comunicação Social para evitar um possível contágio com o coronavírus. O bispo ainda recomenda que todos orem pelos
enfermos infectados; "também para que os cientistas agilizem na criação da
vacina contra este vírus; orem pelos profissionais da saúde, que correm grande
risco de infecção; por aqueles que já perderam ou estão receosos de perder o
emprego e pelos trabalhadores informais; bem como por aqueles que estão
reclusos dentro de casa devido à idade avançada ou por serem, devido outros
motivos, componentes do grupo de risco", elenca. Dom Tourinho lembra que "embora o nosso Deus
não se compraz com o sofrimento dos seus filhos, Ele permite a dor para que
proveitos benéficos bem maiores sejam alcançados com tal situação",
ressalta. Por fim, o Bispo recorda que há uma
certeza que traz uma profunda alegria: "Temos uma intercessora junto ao
Senhor Jesus sob o título de “Nossa Senhora do Bom Sucesso!” Confiemos à sua
proteção neste tempo difícil de ser vivido", clama. Confira a carta na íntegra:
O Amor Vence Tudo! A Diocese de Cruz das Almas, presbíteros, diáconos, membros da vida
consagrada, seminaristas, agentes de pastoral, Conselho de leigos, membros das
Irmandades, todos os batizados e pessoas de boa vontade e a quem interessar
esta carta neste tempo de pandemia, paz, saúde e bênçãos de Deus. “Quem
poderá nos separar do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição.
A fome, a nudez, o perigo ou a espada? Mas, em todas essas coisas, somos mais
que vencedores pela virtude daquele que nos amou.” (Rm 8, 35. 37). 1. Saudação inicial. Essa passagem da Epístola de São Paulo aos Romanos
é o fundamento do meu lema episcopal, “O Amor Vence Tudo.” Com os olhos e o
coração fixos nessa Palavra, eu me dirijo a todos os diocesanos neste tempo
prolongado de pandemia do COVID – 19 e desejo saudá-los e encorajá-los através
desta carta pastoral, na certeza da fé de que a vitória de Jesus Cristo é a
nossa vitória (Jo 16,33). Nós, cristãos, cremos, indubitavelmente, que “o amor
é mais forte que a morte” (Cântico dos Cânticos 8,38) e em vez de nos
lamentarmos ou nos impacientarmos com a situação de impotência diante deste
vírus violento, devemos permanecer firmes na esperança. 2. O mundo crucificado pela pandemia. É fato que, atualmente, o Brasil e o mundo
experimentam uma crucifixão devido ao COVID-19. Assim, independentemente da
nação, raça, gênero, classe social, idade, poder econômico, todos estamos
juntos na mesma realidade. Diante do ataque de um ser invisível, nós, seres
humanos, fomos nivelados ao estado de vulnerabilidade e o pior é que travamos
uma luta desigual, vez que o inimigo não mostra cor, cheiro, formato e pode
estar em toda parte, inclusive nas palmas das mãos daqueles de quem tanto
amamos. Em consequência disso, somos obrigados ao isolamento social. O mundo
não estava preparado para tal combate e o resultado desastroso aponta, até
pouco tempo, uma marca de 10 milhões de infectados no planeta e o número de
mortos passa de 500 mil. Em relação a situação do Recôncavo Baiano, infelizmente,
é constatado que o número de casos confirmados começa a crescer em algumas
cidades da nossa Diocese. Fico a me questionar diante do número
de óbitos já ocorridos no Brasil (mais de sessenta mil confirmados pelo portal
do Ministério da Saúde). Será que o Estado (em geral) errou nas medidas
preventivas e curativas iniciais agindo tardiamente? Há possibilidade de um
diagnóstico precoce seguido de um tratamento mais efetivo no início da infecção
e este tem sido negligenciado ou negado propositalmente à população? Será que
os medicamentos “Hidroxicloroquina”; “Ivermectina”; “Azitromicina”; “Zinco” e
“Vitamina D” seriam, realmente, possíveis soluções e por interesses ideológicos
partidários foram e continuam sendo negados? E o escândalo das compras de respiradores
superfaturados? São questionamentos que pairam no ar e a voz do profetismo em
favor da vida teima em não se silenciar.
Caso seja
comprovado que os cadáveres das vítimas do Coronavírus serviram de palanque
político partidário e ideológico para muitos se promoverem, a pandemia aqui no
Brasil deveria receber um outro nome, “carnificina”. Resta saber se, em um país
no qual a impunidade é regra e não exceção, os poderosos negligentes, omissos e
interesseiros serão punidos com justa pena.
3. À luz da Fé. Nós, cristãos,
fitamos com olhar de fé e de esperança para as situações que o mundo vê com
perplexidade, medo e com sentimento de derrota. Diante de tanto sofrimento
físico e emocional; mortes precoces e unidades hospitalares sobrecarregadas;
iminente perigo do colapso da economia e índice alto de desemprego; crise
política e tantas outras más notícias que ouvimos todos os dias como
consequência do Coronavírus, deixemo-nos ser guiados pela fé e pela esperança e
associemos tudo à Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Na Cruz, diante da dor
suprema, o Filho grita: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?"
(Mt 27,46). Nesse grito, Deus abre um acesso privilegiado e intenso ao seu
próprio mistério de amor, no qual qualquer sentimento de fracasso e todo sofrimento
humano adquire sentido. Para a espiritualidade cristã, a dor humana, unida ao
supremo sofrimento de Jesus Crucificado, torna-se como uma espécie de
“alquimia”, ou seja, a dor é transformada em amor, pois o abandono de Jesus na
Cruz tornou-se para sempre o remédio (antídoto) contra todos os males físicos e
morais. Em Jesus Crucificado-Ressuscitado, encontramos a resposta para toda dor
e todo sofrimento transformados em amor.
Quando Jesus
morreu, aos pés da cruz estava um centurião romano. Aquele homem, chefe dos
demais soldados, era um pagão e, embora não fosse membro do povo de Israel,
enxergou o divino e afirmou: “Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus!”
(Mt 27, 54). Muitos questionam: “Como se encontrará a humanidade após a
pandemia?” “Diante de tantas dores causadas pelo Coronavírus, o que se espera
após este tempo sombrio?” Com o mesmo olhar do centurião e fé no Filho de Deus,
Crucificado – Ressuscitado, nós, cristãos, esperamos uma humanidade fortalecida
pela dor; vencedora sobre a morte; mais solidária; mais fraterna; em busca da
verdade e da justiça para todos e mais voltada para Deus. 4. A Diocese firme na Caridade. Nossa Diocese presta solidariedade a todos que se
encontram sofridos com a pandemia. Estamos atentos aos mais pobres e excluídos
que padecem do básico para a sobrevivência. De todo o coração, agradeço aos
fiéis católicos que generosamente têm ouvido a solicitação dos párocos em
relação as doações de alimentos, roupas, cobertores, máscaras e outras tantas
necessidades urgentes. A partilha solidária faz com que a caridade cristã não
seja negligenciada num momento tão crítico. Exorto as paróquias a continuarem
atentas ao sofrimento dos que passam privações e permanecerem mobilizando os
fiéis a socorrerem os que estão passando qualquer tipo de aflição. Dirijo meu agradecimento aos agentes da Pastoral da
Comunicação que vêm realizando importante trabalho de evangelização através da
mídia, principalmente as transmissões das Santas Missas. Um agradecimento especial a todos os profissionais
da saúde pela coragem demonstrada em prestar serviço à população. São muitos os
agentes que trabalham nessa área e se doam de forma especial por causa da fé
que professam em Jesus Cristo e, em nome do amor cristão, se lançam diante do
perigo indo além do medo de se contaminarem.
Agradeço também aos
sacerdotes e diáconos da Diocese mobilizados em dar assistência espiritual e
material aos demais fiéis num grande testemunho de solidariedade e acolhimento.
Dentre tantos que os nossos ministros ordenados têm socorrido pelas obras de
caridade estão as famílias dos infectados; os doentes; a encomendação dos
corpos; os trabalhadores desempregados; as famílias desfavorecidas; os idosos
sozinhos que não conseguem sair para fazer compras. São esses os “prediletos de
Deus” e que a crise não pode fazer cair no nosso esquecimento. 5. Quanto às celebrações das missas e
dos demais sacramentos. Foram lançadas por
mim duas notas de recomendações sobre esse assunto. Uma em relação a celebração
da Missa e outra sobre a exposição e adoração ao Santíssimo Sacramento. As
mesmas continuam vigentes e confio no discernimento dos sacerdotes que, sem
violar as instruções das autoridades públicas, podem e devem decidir sobre a
sua missão de santificar o Povo de Deus em particular circunstância. As celebrações dos diversos sacramentos não estão
proibidas na Diocese, pelo contrário, o que não é permitido é promover
aglomerações, pois, infelizmente, não podemos ainda falar em flexibilização já
que em alguns municípios o número de infectados tem crescido. Uma Confissão
pode ser ministrada e até um Batismo de criança e um Matrimônio podem ser
celebrados, contanto que sejam sem aglomerações e festas. O que a Diocese
pede e insiste é que cada pároco aja de acordo com a realidade vigente daquele
município. Os que podem menos, celebrem com o número reduzido de fiéis
presentes no templo, no máximo quinze, trinta ou cinquenta pessoas e
rigorosamente afastadas umas das outras, como é recomendado pelas autoridades
sanitárias. Os que podem mais, celebrem com trinta por cento da capacidade de
fiéis no templo, não mais do que isso, levando em consideração as mesmas
medidas de proteção. Os que se encontram em situação de extremo perigo,
celebrem em privado ou com o número mínimo de fiéis. É terminantemente proibido
o não uso de máscaras nos templos; como também faz-se necessária a
disponibilização do álcool em gel nas Igrejas e a higienização do espaço
sagrado entre as celebrações. É preciso orientar os que frequentam as missas de
como se locomoverem no templo, principalmente na hora da recepção à Eucaristia
e na chegada e na saída para não se aproximarem umas das outras. Todas as
Dioceses no Brasil que estão flexibilizando as celebrações sacramentais têm
agido desta forma. O bom é que tudo isso vai passar e voltaremos ao normal como
antes. Porém, no exato momento, são necessárias paciência, tolerância e
disciplina por parte de todos. 6. Um apelo à situação econômica da
Diocese e das paróquias. Com a pandemia, os fiéis se afastaram do templo,
das missas dominicais, muitos estão reclusos dentro das suas casas há meses.
Graças a Deus, os fiéis leigos são extremamente sensíveis e generosos para com
a manutenção da Igreja onde professam a sua fé. Agradeço a todos os dizimistas
que estão firmes na colaboração do dízimo neste tempo desafiador. Apesar da
fidelidade de alguns, as necessidades reclamam com a deficiente situação
econômica que o País está atravessando. As colaborações diminuíram e as
despesas são as mesmas e em algumas paróquias aumentaram. Todos os meses,
independentemente da colaboração ou não dos fiéis, a Diocese e as paróquias
necessitam cumprir com seus numerosos compromissos em relação às dimensões
missionária – evangelizadora; religiosa; administrativa e caritativa. Faz-se
necessário reinventar, em tempos de pandemia, a devolução do dízimo nas
paróquias. Aconselho os párocos a reorganizarem a arrecadação mensal para
facilitar os dizimistas que desejarem estar em dia com seu compromisso perante
Deus e a sua comunidade; como também incentivem a Pastoral do Dízimo a
desempenhar um trabalho efetivo em favor desta causa. 7. Os encontros via
Meios de Comunicação Social. Negar a situação de perigo e
responder com descaso é sobretudo arriscado, por esse motivo, em nossa Diocese,
quaisquer reuniões presenciais de cunho pastoral continuam suspensas por tempo
indeterminado, exceto em circunstâncias de extrema necessidade. Porém, a
alternativa para que as nossas ações evangelizadoras e pastorais não fiquem
desassistidas é encontrada nas redes sociais. As paróquias precisam abraçar com
urgência o desafio de se adaptarem a essa nova forma de promover encontros
entre os fiéis através dos Meios de Comunicação. Não só a transmissão da
celebração Eucarística, que é muito importante, mas também a catequese para as
crianças; o encontro da Crisma para os jovens e adolescentes; um tema de
espiritualidade oferecido pelo sacerdote para os casais; os círculos Bíblicos
etc. Essa pandemia trouxe a necessidade da Igreja se modernizar, usar da
criatividade para que através dos meios sociais, via internet, possa chegar
diretamente ao coração das famílias. Mudamos a rotina dentro das nossas
paróquias, mas a paróquia deve se tornar presença viva dentro de cada família,
trazendo de volta o aspecto antigo da verdadeira igreja doméstica. Com a
pandemia, cada paróquia é convidada a achar uma dinâmica que possa chegar até o
coração de seus fiéis e mostrar que estamos juntos, ainda que separados
fisicamente. A pandemia nos coloca diante desse desafio e adaptação, o que
torna necessário encontrar novas maneiras de pastorear o rebanho de Cristo. 8. Conclusão. Peço
encarecidamente aos senhores párocos que colaborem para que esta Carta Pastoral
chegue ao conhecimento de um maior número de fiéis. Recomendo, insistentemente,
que todos orem pelos enfermos infectados; também para que os cientistas
agilizem na criação da vacina contra este vírus; orem pelos profissionais da
saúde, que correm grande risco de infecção; por aqueles que já perderam ou
estão receosos de perder o emprego e pelos trabalhadores informais; bem como
por aqueles que estão reclusos dentro de casa devido à idade avançada ou por
serem, devido outros motivos, componentes do grupo de risco. Apesar do momento
dramático que estamos vivenciando, temos escutado muitos testemunhos de amor e
solidariedade ao próximo. A dor, na história da humanidade, sempre foi canal de
beneficência, comiseração, benevolência, complacência... Embora o nosso Deus
não se compraz com o sofrimento dos seus filhos, Ele permite a dor para que
proveitos benéficos bem maiores sejam alcançados com tal situação. Há uma
certeza que nos traz uma profunda alegria: Temos uma intercessora junto ao
Senhor Jesus sob o título de “Nossa Senhora do Bom Sucesso!” Confiemos à sua
proteção neste tempo difícil de ser vivido. Finalizo invocando a bênção do Deus
todo Poderoso sobre as famílias diocesanas". Cruz das Almas, 07 de julho de 2020.
+ Antônio Tourinho Neto. Bispo Diocesano de Cruz das Almas-Ba. www.fecatolica.com.br. Abraço. Davi
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