segunda-feira, 13 de julho de 2020

OS ANALECTOS - LIVRO XIII


Confucionismo. www.https//rb.br. OS ANALECTOS – LIVRO XIII. 1. Tzu-lu perguntou sobre governo. O Mestre disse: “Dê o exemplo você mesmo e, assim, estimule o povo a trabalhar duro”. Tzu-lu perguntou mais. O Mestre disse: “Não permita que seus esforços esmoreçam”. 2. Enquanto era administrador da família Chi, Chung-kung perguntou sobre governo. O Mestre disse: “Sirva de exemplo para os seus oficiais seguirem; mostre tolerância para com pequenos ofensores; e promova homens de talento”. “E como identificar os homens de talento, para promovê-los?” O Mestre disse: “Promova aqueles que você reconhece. Acha que os outros vão permitir que aqueles que você não reconhece sejam esquecidos?”. 3. Tzu-lu disse: “Se o senhor de Wei o encarregasse da administração (cheng) do estado, o que o senhor faria primeiro?”. O Mestre disse: “Se algo tem de ser feito primeiro, é, talvez, a retificação (cheng) [140] dos nomes”. Tzu-lu disse: “É mesmo? Que caminho indireto o Mestre toma! Para que tratar da retificação?”. O Mestre disse: “Yu, como você é atrapalhado. Espera-se que um cavalheiro não ofereça nenhuma opinião sobre aquilo que desconhece. Quando os nomes não são corretos, o que é dito não soará razoável; quando o que é dito não soa razoável, os negócios não culminarão em sucesso e ritos e músicas não florescerão; quando ritos e música não florescerem, a punição não encerrará os crimes; quando a punição não encerrar os crimes, o povo ficará desanimado. Assim, quando o cavalheiro nomeia algo, o nome com certeza terá uma função no seu discurso, e, quando ele disser algo, com certeza será algo passível de ser colocado em prática. Um cavalheiro é tudo menos casual quando se trata de linguagem”. 4. Fan Ch’ih pediu que Confúcio lhe ensinasse a criar animais. O Mestre disse: “Não sou tão bom quanto um velho fazendeiro”. Fan Ch’ih pediu que lhe ensinasse como cultivar vegetais. “Não sou tão bom quanto um velho jardineiro”. Quando Fan Ch’ih foi embora, o Mestre disse: “Que tolo é Fan Hsü! Quando os governantes amam os ritos, nenhuma pessoa comum ousará ser irreverente; quando amam aquilo que é correto, nenhuma pessoa comum ousará ser insubordinada; quando amam que haja coerência com aquilo que é dito, nenhuma das pessoas comuns ousará ser insincera. Desse modo, pessoas dos quatro cantos acorrerão, com os filhos atados às costas. Que necessidade há de falar sobre a criação de animais?”. 5. O Mestre disse: “Se um homem que conhece as trezentas Odes de cor falha quando lhe são dadas responsabilidades administrativas e se mostra incapaz de ter iniciativa própria quando enviado para estados estrangeiros, então qual a utilidade das Odes para ele, independentemente de quantas ele tenha aprendido?”. 6. O Mestre disse: “Se um homem é correto, então haverá obediência sem que ordens sejam dadas; mas se ele não é correto, não haverá obediência, mesmo que ordens sejam dadas”. 7. O Mestre disse: “Em seus governos, os reinos de Lu e Wei são como irmãos”. 8. O Mestre disse sobre o príncipe Ching de Wei que ele mostrava uma atitude louvável em relação à sua moradia. Quando ele pela primeira vez teve uma casa, disse: “É adequada”. Quando a ampliou um pouco, disse: “É completa”. Quando ela se tornou suntuosa, ele disse: “É admirável”. 9. Quando o Mestre foi para Wei, Jan Yu conduziu a carruagem para ele. O Mestre disse: “Que população florescente!”. Jan Yu disse: “Quando a população floresce, que outro benefício pode-se acrescentar?”. “Fazer as pessoas ricas.” “Quando as pessoas tornam-se ricas, que outro benefício pode-se acrescentar?” “Educá-las.” [141] 10. O Mestre disse: “Se alguém me empregasse, dentro do período de um ano eu deixaria as coisas em um estado satisfatório e depois de três anos eu teria provas disso para mostrar”. 11. O Mestre disse: “Como é verdadeiro o ditado que diz que depois que um reino foi governado durante cem anos por bons homens é possível vencer a crueldade e acabar com os homicídios!”. 12. O Mestre disse: “Mesmo com um rei de verdade, leva-se uma geração inteira para que a benevolência torne-se realidade”. 13. O Mestre disse: “Se um homem consegue fazer com que ele próprio seja correto, que dificuldade haverá para ele tomar parte no governo? Se ele não consegue fazer com que ele próprio seja correto, o que tem ele a ver com fazer os outros serem corretos?”. 14. Jan Tzu voltou da corte. O Mestre disse: “Por que tão tarde?”. “Assuntos de Estado.” O Mestre disse: “Só podem ter sido coisas de rotina. Houvesse algum assunto de Estado, eu teria ficado sabendo sobre ele, mesmo que eu não tenha mais nenhum cargo”. 15. O duque Ting perguntou: “Existe uma máxima que garanta a prosperidade de um reino?”. Confúcio respondeu: “Uma máxima não pode fazer exatamente isso. Há um ditado entre os homens: ‘É difícil ser um governante, e tampouco é fácil ser súdito’. Se um governante entende a dificuldade de ser um governante, então não se trata praticamente de uma máxima levando o reino à prosperidade?”. “Existe uma máxima que possa levar o reino à ruína?” Confúcio respondeu: “Uma máxima não pode fazer exatamente isso. Há um ditado entre os homens: ‘Não gosto de ser um governante, exceto pelo fato de que ninguém vai contra aquilo que eu digo’. Se o que ele diz é bom e ninguém vai contra ele, ótimo. Mas e se o que ele diz não é bom e ninguém vai contra ele, então não se trata praticamente de uma máxima levando o reino à ruína?”. 16. O governador de She perguntou sobre governo. O Mestre disse: “Certifique-se sempre de que aqueles que estão perto estejam satisfeitos e de que aqueles que estão longe sejam atraídos”. 17. Ao se tornar prefeito de Chü Fu, Tzu-hsia perguntou sobre governo. O Mestre disse: “Não seja impaciente. Não tenha em mente apenas ganhos pequenos. Se você for impaciente, não atingirá o seu objetivo. Se tiver em mente apenas pequenos ganhos, as grandes missões não serão cumpridas”. 18. O governador de She disse a Confúcio: “Em nossa aldeia há um homem que é chamado de ‘Retidão’. Quando o pai dele roubou uma ovelha, ele o denunciou”. Confúcio respondeu: “Em nossa aldeia, aqueles que são corretos são muito diferentes. Os pais protegem os filhos, e os filhos protegem os pais. Retidão é algo encontrado nesse comportamento”. 19. Fan Ch’ih perguntou sobre benevolência. O Mestre disse: “Quando estiver em casa, mantenha-se em uma atitude respeitosa; quando estiver servindo como oficial, seja reverente; quando lidar com outros, dê o melhor de si. Essas são qualidades que não podem ser deixadas de lado, mesmo que você vá viver entre bárbaros”. 20. Tzu-kung perguntou: “Como deve ser um homem para que possam chamá-lo verdadeiramente de Cavalheiro?”. O Mestre disse: “Um homem que se mostra honrado na forma com que se conduz e que, quando enviado para o exterior em missão, não desgraça o nome de seu senhor pode ser chamado de Cavalheiro”. “E abaixo dele, quem merece figurar?” “Alguém que dentro do próprio clã é elogiado por ser um bom filho e que na sua aldeia é elogiado por ser um jovem respeitoso.” “E a seguir?” “Um homem que insiste em manter sua palavra e em levar suas ações até o fim talvez esteja qualificado para ser o próximo, mesmo que mostre uma teimosa estreiteza da mente.” “E quanto aos homens que estão na vida pública, presentemente?” O Mestre disse: “Oh, eles são de capacidade tão limitada que mal contam”. 21. O Mestre disse: “Se é impossível encontrar homens moderados para companheiros, deve-se, se não há alternativa, voltar-se aos indisciplinados e aos cautelosos. Os primeiros arriscam-se a qualquer coisa, enquanto os últimos demarcam o limite para alguns tipos de ações”. 22. O Mestre disse: “As pessoas do sul têm um ditado: Um homem sem consistência [142] não dará nem um xamã nem um médico. Muito bem dito! ‘Se uma pessoa não demonstra uma virtude consistente, essa pessoa passará, talvez, vergonha.’” [143] O Mestre continuou, para comentar: “A importância do ditado é simplesmente a de que, em tal caso, não há razão alguma para consultar um oráculo”. 23. O Mestre disse: “O cavalheiro concorda com os outros sem ser um eco. O homem vulgar ecoa sem estar de acordo”. 24. Tzu-kung perguntou: “‘Todos na aldeia gostam dele.’O que você acha disso?” O Mestre disse: “Isso não é o suficiente”. “‘Ninguém na aldeia gosta dele.’O que acha disso?” O Mestre disse: “Isso tampouco é suficiente. ‘Aqueles na aldeia que são bons gostam dele e aqueles na aldeia que são maus não gostam dele.’Isso ficaria melhor”. 25. O Mestre disse: “O cavalheiro é fácil de ser servido mas difícil de agradar. Ele não ficará satisfeito a menos que você tente agradá-lo seguindo o Caminho, mas quando se trata de empregar os serviços de outras pessoas, ele o faz dentro dos limites da capacidade delas. O homem vulgar é difícil de ser servido mas fácil de agradar. Ele ficará satisfeito mesmo que você tente agradá-lo sem seguir o Caminho, mas quando se trata de empregar os serviços de outros, ele exige perfeição”. 26. O Mestre disse: “O cavalheiro fica à vontade sem ser arrogante; o homem vulgar é arrogante sem ficar à vontade”. 27. O Mestre disse: “Força inquebrantável, resolução, simplicidade e reticência [144] são próximas da benevolência”. 28. Tzu-lu perguntou: “Como deve ser um homem para que mereça que o chamem de Cavalheiro?”. O Mestre disse: “Alguém que é, por um lado, sincero e inteligente e, por outro lado, cordial merece ser chamado de Cavalheiro – sincero e inteligente entre os seus amigos e cordial entre irmãos”. 29. O Mestre disse: “Depois que um homem bom educou o povo por sete anos, aí então o povo estará pronto para pegar em armas”. 30. O Mestre disse: “Mandar o povo para a guerra sem que ele tenha educação é jogá-lo fora”. www.http//rb.br.

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