terça-feira, 5 de novembro de 2024

JESUS. Parte VII

Judaísmo. Livro Judaísmo e Cristianismo – As Diferenças. Por Trude Weiss Rosmarin (1908-1989). JESUS. Capítulo 8. JESUS. Parte VII. O divórcio se constitui numa tragédia, ao que todos os mestres judeus prontamente admitem. Na verdade, é tão trágico que o próprio altar de Deus verte lágrimas quando um homem se divorcia da esposa que conheceu na sua juventude. Mas devido ao fato de a vida ser como é, o divórcio é necessário. Assim, a lei judaica aprova o divórcio e o Talmud devota um tratado inteiro para as implicações legais da dissolução do casamento – Guitim. “A eles (os judeus) foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe uma carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por motivo de fornicação, faz com que ela adultere, e aquele que se casa com a repudiada, comete adultério”. Mateus 5,31 e seguintes: comparar com Mateus 19,3-9. Como é bem sabido, o Catolicismo ainda aceita esse princípio e não permite o divórcio. Ainda mais grave, entretanto, foi a atitude negativa de Jesus quanto as leis dietéticas expressas em seus ensinamentos. “Ouvi e entendei. Não é o que entra pela boca que torna o homem impuro, mas o que sai da boca, isto sim o torna impuro” Mateus 15,11. Isto era uma clara e inequívoca desaprovação da importância das leis dietéticas. Os discípulos de Jesus, indignados com esse ataque a uma importante observância judaica, perguntaram a seu mestre: “Você sabia que os fariseus se escandalizaram ao ouvir o que dissestes? Ao que ele respondeu: “Qualquer planta que meu Pai celeste não plantou será arrancada. Deixai-os. São cegos conduzindo cegos. Ora, se um cego conduz outro, ambos acabarão caindo num buraco”. A pedido de Paulo, para explicar a parábola, Jesus disse: “Não entendeis que tudo o que entra pela boca vai para o ventre e daí para a fossa? Mas o que sai da boca procede do coração e é isto que torna o homem impuro” Mateus 15,12-18. De maneira natural Jesus declarou que “todos os alimentos são puros” Marcos 7,19. Claro que esse ataque frontal a totalidade das leis dietéticas se constitui em estranho contraste à colocação de Jesus de que ele não havia vindo para abolir nada da Lei, ou dos profetas. Ao transmitir a impressão de que manter as leis dietéticas é irrelevante, bem como ser contra a fiel observância das leis ética. Jesus se colocou em oposição eterna ao judaísmo, que ensina que a lei cerimonial é a companheira da lei ética e sua guardiã. Jesus também declarou que a lavagem ritual das mãos antes das refeições era sem importância. Este fato é evidente a partir de sua controvérsia com os fariseus sobre essa observância: “Então alguns fariseus e escribas vieram até Jesus, de Jerusalém, e disseram a ele: “Por que seus discípulos não seguem as leis entregues por seus ancestrais? Comem o pão sem antes lavarem as mãos” Mateus 15,1-3, compare com Marcos 7,1. Como resposta, Jesus acusou os fariseus de negligenciarem os importantes mandamentos éticos por causa de meras regulamentações rituais. Apesar de afirmar que “é isso que polui um homem, mas não o fato de comer sem lavar as mãos” Mateus 15,12. Entretanto, não somente os discípulos de Jesus, mas ele também ignorava o mandamento de lavar as mãos. Certa vez, convidado à casa de um fariseu, sentou-se à mesa sem lavar as mãos. Quando a anfitriã manifestou sua surpresa, Jesus novamente desferiu um amargo ataque aos fariseus: “Vocês, fariseus, limpam o exterior das xícaras e louças, mas por dentro são repletos de maldade e doenças. Vocês tolos! O Criador da porção exterior não fez o interior também?” Lucas 11,37-41. Jesus também se colocou em oposição à Lei e seus mestres ao ignorar os jejuns observados pelas comunidades e ao defender o afastamento dos costumes relacionados aos jejuns judaicos. Os Evangelhos registram que, quando os fariseus, e mesmo quando os discípulos de João Batista jejuavam, os discípulos de Jesus não o mantinham. Quando lhe perguntaram sobre essa permissividade. Jesus respondia que, enquanto ele, “o noivo, convivesse com seus discípulos, não havia motivo pra jejuarem. Pois “Por acaso podem os amigos do noivo estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão, quando o noivo lhes será tirado, então sim jejuarão” Mateu 9,14. Marcos 2,18-20. As leis que regulamentam a observância dos jejuns judaicos consideram lavar as mãos e se perfumar deleites físicos que devem ser evitados nos dias de abnegação solene. Entretanto, Jesus disse a seus discípulos para desconsiderar essas leis: “Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio como fazem os hipócritas, pois eles desfiguram seu rosto para que seu jejum seja percebido pelos homens. Em verdade vos digo: “Já recebem a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuardes, unge tua cabeça e lava teu rosto para que os homens não percebam que estás jejuando, mas apenas o teu Pai que está lá no segredo, e o teu Pai que se Vê nos segredos de recompensará” Mateus 6,16-18. O judaísmo considera as rezas em comunidade a mais recomendável forma de culto. O minián, a reunião de no mínimo dez homens adultos, é o quórum exigido pra certas orações importantes, especialmente pra a leitura da Torá nos dias prescritos de cada semana. A ênfase dada as rezas em minián não significa, entretanto, que o judaísmo desconheça ou despreze o valor religioso ou o conforto derivado da devoção silenciosa. A importância atribuída ao minián é devida ao fato de que o judaísmo pretende que seus seguidores saibam e se conscientizem sempre que o indivíduo é apenas um elo na poderosa corrente do seu povo e da humanidade. Assim deve estar próximo de Deus, não na solidão, mas junto com seus irmãos, cujo destino está vinculado ao dele. Jesus, em oposição à abençoada tradição, denegriu o valor religioso das orações em comunidade e idealizou devoção solitária: “E quando orardes, não sejais como os hipócritas que gostam de fazer orações pondo-se de pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos homens. Em verdade, vos digo: Já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora ao teu Pai que está lá, no segredo. E o teu Pai no segredo, te recompensará”. Esses exemplos da hostilidade de Jesus e não obediência às leis básicas judaicas e aos princípios aceitos, de costumes e cerimônias deveriam provar de modo conclusivo que o título de “rabino” não pode ser estendido a ele. Na verdade, Jesus se opunha o atacava todos e tudo que os rabinos de seu tempo defendiam. Ele se opunha a eles, não somente com relação a detalhes e aspectos menores da Lei, mas também indiscriminadamente e por princípios. Portanto, Jesus, advertiu seus discípulos contra “o fermento dos fariseus e saduceus”. Mateus 16,11 e seguintes. A análise da atitude de Jesus quanto ao judaísmo, sua Lei e seu modo de vida mostraram que ele não se qualifica como profeta, rabino ou mestre no sentido judaico. Em todos os aspectos relevantes, Jesus se colocou em oposição a fé na qual nasceu. Portanto, é desnecessário e inútil conceder lugar a ele no judaísmo. O qual ele próprio rejeitou em teoria e prática, mesmo que por vezes insistiu ser fiel à religião de seus ancestrais. Uma alegação que é irrefutavelmente negada pelo testemunho dos Evangelhos. Abraço. Davi. Pagina 157 ...

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