segunda-feira, 18 de novembro de 2024

A RELIGIÃO DO ISLAM. Parte VI

Islamismo. Manual para o Novo Muçulmano. Por Jamaal Zarabozo. A RELIGIÃO DO ISLAM. Parte VI. Uma forte relação entre o Criador e o ser criado As metas e ensinamentos do Islam vão além de qualquer assunto legal deste mundo. O Islam busca criar certo tipo de indivíduo, um indivíduo que tenha uma forte e adequada relação com Allah. Há vários pontos importantes relacionados com esta característica. Primeiro, no islam, o muçulmano tem uma relação direta com Allah. Allah disse: “Quando meus servos te perguntarem de Mim, dize-lhes que estou próximo e ouvirei o rogo do suplicante quando a Mim se dirigir. Que atendam o Meu apelo e que creiam em Mim, a fim de que se encaminhem.” (2:186). “E o vosso Senhor disse: Invocai-Me, que vos atenderei! Em verdade, aqueles que se ensoberbecerem, ao Me invocarem, entrarão, humilhados, no inferno.” (40:60). Portanto, não existe nenhuma classe sacerdotal no Islam. A pessoa ora diretamente a Deus, sem nenhum intermediário. Quando um muçulmano busca o perdão, busca diretamente de Deus, sem que nenhum ser humano lhe diga se seu arrependimento é suficiente ou se será aceito por Deus. Quando um muçulmano necessita algo, recorre diretamente a Deus, sem que tenha que depositar sua confiança em outro que não seja Ele. Quando um muçulmano quer ler a revelação e orientação de Deus, lê o Qur’an e a Sunnah, podendo lê-los ele próprio. Não é necessário recorrer a semideuses ou clero. Tudo ocorre entre a pessoa e seu Senhor. Esta relação direta com Allah dá muita segurança e confiança. Não existe ninguém, afora Allah, a quem a pessoa adore e ninguém que possa interferir nesta adoração a Allah. De qualquer forma, Allah está disponível e o indivíduo pode recorrer a Ele em qualquer momento para pedir-lhe ajuda, orientação ou perdão. Esta relação direta com Allah se estende a todos os atos praticados pela pessoa. O muçulmano sabe que Allah não somente vê suas ações exteriores, como também está totalmente inteirado de todas as intenções e sentimentos que há em seu coração. Por isso, devido a esta relação direta com Allah, o muçulmano tenta realizar todos os atos com o intuito de agradar a Allah. Desta maneira, a atividade mais mundana pode se converter em um ato que agrade a Deus, caso seja feito com as condições corretas do coração. O muçulmano começa seu dia através de sua relação próxima com seu Senhor, assegurando-se de que realiza atos que são permissíveis ante o Senhor. Esse é o objetivo e a intenção do muçulmano, pois este é consciente disto e sabe que compraz a Allah mesmo com a mais simples das ações. Assim, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) disse: “Tudo o que for gasto em nome de Allah será recompensado, ainda que seja um bocado que ponhas na boca de sua esposa.” (Bukhari). Quando a pessoa entende este conceito da sua proximidade com Deus e a capacidade de transformar as atividades mundanas em atos que agradem a Deus, mudam por completo seu ponto de vista e comportamento. Começa-se a realizar cada ato de forma diferente, consciente de que o faz em nome de Deus. Lamentavelmente muitas pessoas neste mundo se esquecem, por completo desse ponto.

Em seu livro Madaariy as Saalikin, Ibn Qaiim disse: “O grupo mais seleto de pessoas que se aproximam de Allah são aquelas que mudam a natureza de seus atos permitidos, convertendo-os em atos de obediência a Allah... As ações cotidianas daquelas pessoas que verdadeiramente conhecem a Allah são (para elas) atos de adoração, enquanto que os atos de adoração são ações cotidianas para as massas.” O que é dito é muito certo. Desafortunadamente, muitas pessoas encaram as orações, o jejum e outros atos de adoração como simples ações cotidianas que devem ser feitas apenas por serem parte da cultura ou da forma de vida. Não têm uma intenção forte em seu coração ou um sentimento que estão a fazê-lo por Allah. Se a qualidade do ato é pobre, não lhes interessa muito porque o fazem apenas para se livrarem dele. Assim, esses importantes rituais de adoração se transformam em costumes sem nenhum significado ou efeito para estas pessoas. Aquele que verdadeiramente conhece a Allah está no extremo oposto. Incluindo a mais “mundana” das ações que realiza está cheia de intenção e vontade. Dessa maneira, converte-se em ato de adoração que agrada a Allah. Por exemplo, quando uma pessoa vai dormir e o faz com a intenção de recuperar as energias para continuar trabalhando por Allah. Assim, seu sono se converte em um ato de adoração a Allah. Na realidade, pode-se levar este assunto a um passo além. Disse Allah, no Qur’an: “Ele está sempre atendendo aos assuntos de Sua criação.” (55:29). Em outras palavras, a todo o momento Allah está criando, distribuindo, provendo, dando vida e morte etc. sem dúvida, em geral, o indivíduo não vê a Allah por trás dessas ações que o rodeiam. A pessoa, hoje em dia, perdeu a sensibilidade e crê que todas essas coisas acontecem por sua causa ou por alguma lei independente da natureza. Isso, na realidade, não está certo. Essas “leis da natureza” não são mais que a atividade de Allah em todo lugar ou tempo. Em muitas passagens do Qur’an, Allah pede aos seres humanos que observem o cosmos que os rodeia. Por exemplo, Allah menciona a pequena abelha ou o movimento das sombras. Muhammad Qutb sustenta que o objetivo de Allah não é dar uma lição sobre estes pontos. Estão ali apenas para despertar o ser humano e fazê-lo entender sobre o que realmente acontece e unir seu coração e suas atividades cotidianas ao seu Senhor e Criador. Qutb disse: “a concentração da humanidade na causa aparente distrai as pessoas de ver a realidade maior por trás: a vontade de Allah que, se diz a algo “Sê”, assim é. Ignoram esta vontade maior e denominam “leis da natureza” às leis [de Allah] e dizem que são fixas e inevitáveis. Ficam estupefatos com essas experiências limitadas e, portanto, Allah se afasta de seus corações. E, então, é quando trazemos a expressão qu'rânica “trazendo-os novamente a Allah”... a ciência nos diz, baseada nas causas externas que observamos, que a existência do sol e a rotação da terra ao seu redor são a causa do “movimento” das sombras. Mas a expressão qu'rânica nos diz que é a vontade de Allah que move as sombras, em primeiro lugar e logo o sol é localizado como uma orientação para a sombra. Assim, a causa aparente não é a fonte original, senão que vem depois... De fato, vem depois, através da palavra “então”, depois que Allah já havia decidido sobre aquele assunto, mediante Sua vontade, ordenando a algo que fosse.” De fato, afirma Qutb, o resultado deste enfoque qu'rânico é muito claro. Na realidade, o conhecimento que se tem, por exemplo da abelha ou da sombra, não muda ao se ler os versículos do Qur’an, naqueles trechos que Allah os menciona. O conhecimento próprio não muda, mas sim, muda a pessoa, afirma Qutb. Assim ele escreveu: “Acaso a informação que vocês têm sobre as sombras ou as abelhas muda quando lêem estes versículos? A informação em si não é nova. Já era conhecida de antemão. Sem dúvidas, era um conhecimento morto, frio, inerte, uma informação que não comovia. Mas, o Qur’an traz esta informação e apresenta-a em um entorno emotivo, de forma milagrosa e de tal maneira que muda a perspectiva da pessoa como se não fosse o que já conhecíamos anteriormente. A informação não mudou, senão nós fomos os que mudamos...” Para o novo muçulmano, esta pode ser uma maneira totalmente nova de ver o mundo e fazer alguns ajustes. Muitos não muçulmanos não vêem a participação de Deus neste mundo e, portanto, não sentem uma relação direta com Deus. À medida que o novo muçulmano analisa mais profundamente o Qur’an esse sentimento se desenvolve mais. Verá a obra de Allah em tudo que o rodeia. Isto o fará recordar de Allah, então ele não mais ignorará a obrigação que tem para com Ele. Com a graça de Deus, levará sua vida de forma muito diferente à que levava antes de sua conversão ao Islam. - Ordenar o bem e erradicar o mal O Islam não é uma religião onde se purifica a alma ao mesmo tempo em que se ignora ou deixa de ajudar aos que também possam estar no caminho da purificação. Como se tratará adiante, o Islam destaca a relação adequada entre os diferentes agentes da sociedade. Uma das interações mais importantes entre os indivíduos é a de ordenar ou fomentar o bem e proibir ou evitar o mal. É parte da verdadeira irmandade, querer ajudar os outros a fazer o correto. Também é definitivamente parte da irmandade, corrigir ou aconselhar aqueles que fazem algo que não agrade a Allah. Assim, no Qur’an, Allah relaciona o conceito de irmandade verdadeira, amizade e ajuda mútua diretamente ao princípio de se ordenar o bem e proibir o mal. Allah disse: “Os fiéis e as fiéis são protetores uns dos outros; recomendam o bem, proíbem o ilícito, praticam a oração, pagam o zakat, e obedecem a Deus e ao Seu Mensageiro. Deus Se compadecerá deles porque Deus é Poderoso, Prudentíssimo.” (9:71). Mas temei a Deus, porque Deus é severíssimo no castigo.” (5:2). De fato, Allah deixa claro que fomentar o bem e evitar o mal deve ser uma das características sobressalentes de toda a comunidade islâmica no mundo: “Sois a melhor nação que surgiu na humanidade, porque recomendais o bem, proibis o ilícito e credes em Deus...” (3:110). Não se trata de uma “forma opcional” de comportamento. É parte necessária da fé e da atitude da pessoa. É parte fundamental do que implica pertencer a uma comunidade. Um indivíduo tem direitos sobre os outros como também obrigações para com eles. Cuidar do próximo e ajudar uns aos outros é essencial, especialmente para aqueles que estão em posição de autoridade ou cujas vozes são ouvidas. Por isso o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) informou aos muçulmanos: “Por Aquele em cujas mãos está minha alma, devem ordenar o bem e proibir o mal ou Allah vos enviará um castigo imediato, então, supliquem-No e Ele responderá.” Em uma bela parábola registrada por al Bukhari, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) mostrou a importância desta prática para a sociedade como um todo: “A semelhança daquele que cumpre o mandamento de Allah [erradicando mal] e daquele que cai no que Allah proibiu é como pessoas em um barco. Alguns tomaram os assentos do nível superior e outros permaneceram na parte inferior. Cada vez que os que estavam embaixo queriam água tinham que recorrer aos que estavam em cima para buscá-la. Então, disseram: ‘se fizéssemos um furo no fundo do barco não teríamos que perturbar os que estão em cima’. Entretanto se os de cima deixassem que fosse feito o que queriam, todos estariam perdidos. De outra forma, se os impedissem com suas mãos [de fazer o que planejavam], salvariam a todos e assim se salvaram.” Muitas vezes as pessoas querem se afastar do mal, mas precisam de ajuda para fazê-lo. Necessitam verdadeiros amigos que cumpram a função de grupo de apoio. Algumas pessoas não têm força suficiente para se afastar das atividades as quais sabem que são más, especialmente se há pressão de seus parceiros para praticá-las. Com a ajuda de outros que entendam esse tipo de situação e que realmente queiram fazer o correto, então, é mais fácil reunir a coragem para apontar as más atividades. Da mesma forma, há quem seja preguiçoso e, por isso, falte-lhe motivação para fazer o que deve ser feito. Novamente, com a ajuda sincera ou o alento dos que a rodeiam, a pessoa encontra força para tal. Se as pessoas fossem individualistas e só se preocupassem consigo mesmas, sem ajudar os demais, seria um verdadeiro desastre social. Os que fazem mal dominariam e acossariam os outros. De fato, muitos bairros norte-americanos, por exemplo, conscientizaram-se que teriam que se unir para proporcionar coisas boas e eliminar as ruins, do contrário, suas regiões acabariam sendo destruídas por vândalos. Obviamente, ninguém está livre de pecado e, portanto, este princípio de fomentar o bem e evitar o mal não significa que a pessoa tenha que ser perfeita antes de falar aos demais sobre o comportamento deles. com certeza, fomentar o bem e proibir o mal, logicamente, deveria começar consigo próprio. A pessoa deve praticar o bem e evitar o mal. Dessa maneira, damos um exemplo aos demais e aumentamos as possibilidades de que nossos conselhos sejam levados em conta. Não obstante, mesmo que uma pessoa tenha defeitos, deve incentivar que o outros pratiquem o bem e desestimular que pratiquem o mal. Cabe destacar que existem várias condições para colocar em prática o ato de fomentar o bem e proibir o mal. Por exemplo, uma condição é que se deva conhecer o que é bom e o que é mal, segundo o Qur’an e a Sunnah. É possível que alguém, por ignorância, incentive o outro a fazer algo que na realidade não é parte da Sunnah. Para o novo muçulmano em particular, é possível que em repetidas ocasiões digam-lhe o que fazer ou não fazer. Página 66. Abraço. Davi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário