Teosofia. Livro Introdução A Teosofia. Por Charles W. Leadbeat (1854-1943). A CONSTITUIÇÃO DO HOMEM. O surpreendente materialismo prático a que fomos reduzidos neste país, Inglaterra, não poderia ser mostrado de maneira mais clara do que pelas expressões que empregamos na vida diária. De maneira bastante comum, falamos do homem como tendo uma alma, de “salvar” as nossas almas etc. Evidentemente considerando o corpo físico como o homem real e a alma como um mero apanágio, algo vago a ser encarado como propriedade do corpo. Com uma ideia tão pouco definida como essa, não é de surpreender que muitas pessoas se adiantem ainda mais e duvidem de que esse “algo” vazio realmente exista. Desse modo, parece que o homem comum é, geralmente, bastante incerto quanto a ter uma alma ou não. Menos ainda sabe ele que essa alma é imortal. Que ele deva permanecer nessa condição lamentável de ignorância parece estranho, pois muitas evidências podem ser encontradas, mesmo no mundo exterior. Para mostrar que o homem tem uma existência inteiramente à parte do corpo, capaz de ser vivida durante esse corpo enquanto ele ainda vive, e inteiramente sem ele quando o corpo está morto. Até que tenhamos nos desembaraçado dessa extraordinária ilusão de que o corpo é o homem, é absolutamente impossível que, de algum modo, apreciemos os fatos do caso. Uma pequena investigação nos mostra de imediato que o corpo é apenas um veículo. Por meio do qual o homem se manifesta em conexão com esse tipo particular de matéria densa de que o nosso mundo visível é constituído. Ademais, isso mostra que outros tipos de matéria mais sutis existem, não apenas o éter, que antes se supunha interpenetrar todas as substâncias conhecidas. Todavia outros tipos de matérias, que por sua vez interpenetram até o éter, sendo muito mais sutis que o éter, tanto quanto esse o é em relação à matéria sólida. Naturalmente surgirá para o leitor a questão de como será possível para o homem tornar-se consciente da existência de tipos de matéria tão maravilhosamente sutis, subdivididos de maneira tão diminuta. A resposta é que ele pode se tornar consciente das mesmas maneiras como se torna consciente da matéria inferior, recebendo suas vibrações. À medida que ele se torna capaz de receber essas vibrações, pelo fato de possuir matéria desse tipo mais sutil como parte de si mesmo. Do mesmo modo como seu corpo de matéria densa é o veículo para perceber e se comunicar com o mundo de matéria densa. De maneira semelhante a matéria mais sutil em seu interior constitui para ele um veículo por meio do qual pode perceber e se comunicar com o mundo de matéria mais sutil, tornando-se imperceptível aos sentidos físicos mais grosseiros. Isso não é de modo algum uma ideia nova. Deve ser lembrado que o apóstolo Paulo observe “há um corpo natural e há um corpo espiritual”, I Coríntios 15,44. Além disso, ele faz referência tanto a alma quanto ao espírito no homem. Não empregando, de modo algum, os dois simultaneamente, como é impropriamente feito tantas vezes hoje em dia. Está se tornando cada vez mais evidente que o homem é um ser muito mais complexo do que comumente se supõe. Não é apenas um espírito dentro da alma, porém sua alma tem vários veículos de diferentes graus de densidade. Fazendo-se o corpo físico apenas um, e o mais inferior deles. Os vários veículos podem ser todos descritos como corpos em relação aos seus respectivos níveis de matérias. Diz-se que existem ao nosso redor uma série de mundos, um dentro do outro, em interpenetração, e que o homem possui um corpo para cada um desses mundos. Por meio do qual ele pode observá-lo e nele viver. Ele gradativamente aprende como usar esses vários corpos, e dessa maneira obtém uma ideia muito mais completa do grande e complexo mundo em que vive. Já que todos esses outros mundos internos na realidade são ainda parte dele. Desse modo vem o homem a entender muitas coisas que antes lhe pareciam misteriosas. Ele deixa de se identificar com os seus corpos e aprende que eles são apenas vestimentas de que pode se desfazer. Voltar a vestir ou trocar, sem ser em nada afetado por isso. Mais uma vez devemos repetir que tudo isso não é, de modo algum, especulação metafisica ou opinião piedosa. Todavia um fato científico definitivo, muito bem conhecido experimentalmente por aqueles que estudaram a Teosofia. Por mais estranho que possa parecer a muitos encontrar afirmações precisas tomando o lugar de hipóteses sobre questões como essas. Não estou falando aqui de nada que não seja conhecido por observação direta e constantemente repetida. Com certeza “sabemos do que falamos”, não por crença, mas por experiência e falando com confiança. A esses mundos internos, ou níveis diferentes de natureza, geralmente damos o nome de planos. Falamos do mundo visível como “o plano físico”, embora sob esse nome incluamos também os gases e os vários graus de matéria mais sutil. Ao estágio seguinte de materialidade foi dado o nome de “plano astral” pelos alquimistas medievais. Esses estavam bem conscientes de sua existência, assim, adotamos o título. Dentro desse existe um outro mundo de matéria ainda mais sutil, ao qual nós referimos como “plano mental”. Porque sua matéria é composta do que é comumente chamado de mente, no homem. Há outros planos ainda mais elevados, porém não é preciso preocupar o leitor com designações para eles, pois no momento estamos lidando apenas com a manifestação do homem nos mundos inferiores. Deve ser sempre mantido em mente que todos esses mundos não estão de modo algum afastados de nós no espaço. Na verdade, todos eles ocupam exatamente o mesmo espaço estando todos igualmente sempre à nossa volta. No mento, a nossa consciência está focada e trabalhando através do nosso cérebro físico, assim estando conscientes apenas do mundo físico, e nem sequer da totalidade dele. Mas basta aprender a focar essa consciência em um desses planos mais elevados e imediatamente o físico desaparece de nossa vista. No lugar dele, passamos a ver o mundo da matéria que corresponde ao veículo usado. Recordemos que toda matéria é, em essência, a mesma. A matéria astral não difere da matéria física em sua estrutura mais do que o gelo difere do vapor em sua natureza. É simplesmente a mesma coisa, numa condição diferente. A matéria física pode se tornar astral, ou a matéria astral se tornar mental, se for suficientemente subdividida e posta a vibrar com o grau de velocidade apropriado. O Homem Verdadeiro. O que, então, é o homem verdadeiro? Ele é, em verdade, uma emanação do Logos, uma centelha do fogo divino. O espírito em seu interior é da própria essência da Deidade, e esse espírito usa a alma do homem como uma vestimenta que a envolve e individualiza. Nossa visão limitada parece separá-la durante algum tempo do restante da vida divina. A história da formação original da alma do homem, e do envoltório do espírito dentro dela é bela e interessante, contudo, longa para ser incluída num mero tratado elementar como este. A história pode ser encontrada com riqueza de detalhes naqueles nossos livros que lidam com essa parte da doutrina. É bastante dizer, aqui, que todos os três aspectos da vida divina estão contidos nesse começo, e que sua formação é a culminância daquele tremendo sacrifício do Logos em descer à matéria, que tem sido chamado de Encarnação. Assim, nasce a alma bebê, do mesmo modo como é “feita à imagem de Deus”, triplo em aspecto com é, e triplo em manifestação como também é. Desse modo o seu método de evolução é um reflexo de sua descida na matéria. A centelha divina contém em si toda potencialidade. No entanto, é somente através de longas eras de evolução que todas as suas possibilidades podem ser concretizadas. O método designado para a evolução das qualidades latentes do homem parece ser aprender a vibrar em resposta a impactos vindos do exterior. Mas, no nível onde ele se encontra, no plano mental superior, as vibrações são demasiadamente sutis para despertar essa resposta no momento. Ele deve começar, com aquelas que são mais densas e mais fortes, tendo por esses meios despertado sua sensibilidade adormecida. Irá gradualmente se tornando cada vez mais sensitivo, até que seja capaz de responder com perfeição, em todos os níveis, a toda gama possível de vibrações. Esse é o aspecto material do seu progresso, todavia considerado subjetivamente, ser capaz de responder todas as vibrações significa ser perfeito em compreensão e compaixão. É essa exatamente a condição do homem evoluído, do adepto, do instrutor espiritual, do Cristo. Ele precisa desenvolver dentro de si todas as qualidades que o tornarão o homem perfeito. Essa é a verdadeira tarefa de sua longa vida na matéria. Neste capítulo abordamos muitos assuntos de extrema importância. Aqueles que desejam se aprofundar mais encontrarão muitos livros teosóficos pra ajudá-los. Sobre a constituição do homem nós remeteríamos os leitores As obras de Annie Besant (1847-1933), O Homem Seus Corpos, The Self and Its Sheaths, e Os Sete Princípios do Homem. Também O Homem Visível e Invisível, no qual serão encontradas muitas ilustrações dos diferentes veículos do homem segundo a visão clarividente. Sobre o uso das faculdades internas, consulte Clarividência, de minha autoria. Sobre a formação e evolução da alma, Birth and Evolution of the Soul, de Annie Besant. Growth of Soul. Abraço. Davi
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