Filosofia. www.ensaiosenotas.com. Tradutor desconhecido. Livro A República de Platão.
PLATÃO (428aC328) – O MITO DE ER. Na parte final de A República, Sócrates conta
a experiência de quase morte de Er e sua viagem ao mundo dos mortos. Passou a ser um texto fundamental para
a visão de mundo Ocidental de que a alma ou consciência sobrevive além da morte
e fora do corpo. Em contraste com concepções de ressurreição presente
nas religiões monoteístas cristãs, judaicas e islâmicas.
Sócrates (470aC399) — Não é a história de
Alcino que te vou contar, mas a de um homem valoroso: Er, filho de Armênio,
originário de Panfília. Ele morrera numa batalha; dez dias depois, quando
recolhiam os cadáveres já putrefatos, o seu foi encontrado intacto. Levaram-no
para casa, a fim de o enterrarem, mas, ao décimo segundo dia, quando estava
estendido a pira, ressuscitou. Assim que recuperou os sentidos, contou o que
tinha visto no além. Quando, disse ele, a sua alma deixara o corpo, pusera-se a
caminhar com muitas outras, e juntos chegaram a um lugar divino onde se viam na
terra duas aberturas situadas lado a lado, e no céu, ao alto, duas outras que
lhes ficavam fronteiras. No meio estavam sentados juízes, que, tendo dado a sua
sentença, ordenavam aos justos que se dirigissem à direita na estrada que subia
até o céu, depois de terem posto à sua frente um letreiro contendo o seu
julgamento. E aos maus que se dirigissem à esquerda na estrada descendente,
levando, eles também, mas atrás, um letreiro em que estavam indicadas todas as
suas ações. Como ele se aproximasse, por seu turno, os juízes disseram-lhe que
devia ser para os homens o mensageiro do além e recomendaram-lhe que ouvisse e
observasse tudo o que se passava naquele lugar. Viu as almas que se iam, uma
vez julgadas, pelas duas aberturas correspondentes do céu e da terra; pelas
duas outras entravam almas que, de um lado, subiam das profundezas da terra,
cobertas de sujeira e pó. Do outro, desciam, puras, do céu, e todas essas aí
que chegavam sem cessar, pareciam ter feito uma longa viagem. Chegavam à
planície com alegria e acampavam aí como num dia de festa. As que se conheciam
desejavam-se as boas-vindas, e as que vinham do seio da terra informavam-se do
que se passava no céu. As demais, que vinham do céu, informavam do que se
passava debaixo da terra. As primeiras contavam as suas aventuras gemendo e
chorando. À lembrança dos inúmeros males e de tudo que tinham sofrido ou visto
sofrer, durante a sua estada subterrânea, que tem mil anos de duração. Ao passo
que as outras, que vinham do céu, falavam de prazeres deliciosos e de visões de
extraordinário esplendor. Diziam muitas coisas, Glauco, que exigiriam muito
tempo para ser relatadas. Mas aqui está o resumo, segundo Er. Por determinado
número de injustiças que tinha cometido em detrimento de uma pessoa e por
determinado número de pessoas em detrimento das quais tinha cometido a
injustiça. Cada alma recebia, para cada falta, dez vezes a sua punição e cada
punição durava cem anos, ou seja, a duração da vida humana, a fim de que a
expiação fosse o décuplo do crime. Por exemplo, os que tinham causado a morte
de muitas pessoas, seja traindo cidades ou exércitos, seja reduzindo homens à
escravidão, seja se prestando a cometer qualquer outro tipo de maldade. Eram
atormentados dez vezes mais por cada um desses crimes. Os que, em vez disso,
tinham praticado o bem à sua volta, tinham sido justos e piedosos, recebiam, na
mesma proporção, a recompensa merecida. A respeito dos que foram mortos ainda
na infância ou que viveram apenas alguns dias, Er dava outros pormenores que
não merece a pena referir. Para a impiedade e a piedade em relação aos deuses e
aos pais e para o homicídio, havia, segundo ele, castigos e recompensas ainda
maiores. Ele dizia ter estado presente quando uma alma perguntou a outra onde
estava Ardieu, o Grande. Este Ardieu fora tirano de uma cidade de Panfília mil
anos antes dessa época. Havia matado o seu velho pai, o irmão primogénito e
cometido, dizia-se, muitos outros sacrilégios. Bem, a alma interrogada
respondeu: “Não veio, não virá nunca a este lugar. Porque, entre outros
espetáculos horríveis, vimos este: quando estávamos perto da abertura e prestes
a subir. Depois de termos sofrido as nossas penas, vimos de súbito esse tal
Ardieu com outros, a maior parte, tiranos como ele. Mas havia também
particulares que se tinham tornado culpados de grandes crimes. Estes julgavam
poder subir, mas a abertura recusou-lhes a passagem e mugia sempre que tentava
sair um desses homens que se tinham consagrado inteiramente ao mal ou que não
tinham expiado o suficiente. Então, dizia ele, seres selvagens, com os corpos
em chamas, que estavam ali perto, ouvindo o mugido, agarraram alguns e
levaram-nos. Quanto a Ardieu e aos outros, depois de lhes terem manietado e
amarrado os pés e a cabeça, derrubaram-nos, esfolaram-nos, depois
arrastaram-nos para fora do caminho e fizeram-nos dobrar sobre arbustos
espinhosos. Declarando a todos os que passavam por que motivo os tratavam assim
e que iam precipitá-los no Tártaro”. Nesse lugar, acrescentava, tinham sentido
terrores de toda espécie, mas este sobrepunha-se a todos: cada um temia que o
mugido se fizesse ouvir quando deveria subir e foi para eles uma viva alegria
poderem subir sem que ele rompesse o silêncio. Tais eram, mais ou menos, as
penas e os castigos, assim como as recompensas correspondentes. Cada grupo
passava sete dias na planície. Ao oitavo, devia levantar o acampamento e pôr-se
a caminho para chegar, quatro dias mais tarde, a um lugar de onde se via uma
luz direita como uma coluna estendendo-se desde o alto. Através de todo o céu e
de toda a terra, muito semelhante ao arco-íris, mas ainda mais brilhante e mais
pura. Chegaram lá após um dia de marcha; e aí, no meio da luz, viram as
extremidades dos vínculos do céu, porque essa luz é o laço do céu: como as
armaduras que cingem os flancos das trirremes, mantêm o conjunto de tudo o que
ele arrasta na sua revolução. A essas extremidades está suspenso o fuso da
Necessidade, que faz girar todas as esferas; a haste e a agulha são de aço, e a
roca, uma mistura de aço e outras matérias. É a seguinte a natureza da roca:
quanto à forma, assemelha-se às deste mundo, mas, segundo o que dizia Er.
Deve-se representá-la como uma grande roca oca por dentro, à qual se ajusta outra
roca semelhante, mas menor, do modo como se ajustam umas caixas às outras, e,
igualmente, uma terceira, uma quarta e mais quatro. Com efeito, há ao todo oito
rocas inseridas umas nas outras, deixando ver no alto os seus bordos circulares
e formando a superfície contínua de uma única roca em tomo da baste, que passa
pelo meio da oitava. O bordo circular da primeira roca, a que fica no exterior,
é a mais larga, depois seguem esta ordem: na segunda posição o da sexta, na
terceira posição o da quarta na quarta posição o da oitava, na quinta a sétima,
na sexta o da quinta, na sétima o da terceira e na oitava o da segunda. O
primeiro círculo, o maior de todos, é o mais cintilante; o sétimo brilha com o
mais vivo esplendor; o oitavo tinge-se da luz que vem do sétimo; o segundo e o
quinto, que têm mais ou menos a mesma tonalidade, são mais amarelos que os
anteriores; o terceiro é o mais branco de todos; o quarto é avermelhado; e o
sexto é o segundo mais alvo. Todo o fuso gira com um mesmo movimento circular,
mas, no conjunto arrastado por este movimento, os sete círculos interiores
realizam lentas revoluções de sentido contrário ao do todo. Destes círculos, o
oitavo é ornais rápido, depois seguem-se o sétimo, o sexto e o quinto, que
ocupam a mesma posição em velocidade. Nesta mesma ordem, o quarto ocupava a
terceira posição nesta rotação inversa; o terceiro, a quarta posição, e o
segundo, a quinta. O próprio fuso gira sobre os joelhos da Necessidade. No alto
de cada círculo está uma Sereia, que gira com ele fazendo ouvir um único som,
uma única nota; e estas oito notas compõem em conjunto uma única harmonia. Três
outras mulheres, sentadas ao redor a intervalos iguais, cada uma num trono, as
filhas da Necessidade, ou seja, as Moiras, vestidas de branco, com a cabeça coroada
de grinaldas. Elas cantam acompanhando a harmonia das Sereias, e são três:
Láquesis canta o passado, Cloto, o presente, e atropo, o futuro. E Cloto toca
de vez em quando com a mão direita no círculo exterior do fuso, para fazê-lo
girar, enquanto atropo, com a mão esquerda, faz girar os círculos interiores.
Quanto a Láquesis, toca alternadamente no primeiro e nos outros, com uma e
outra mão. Assim, quando chegaram, tiveram de se apresentar imediatamente a
Láquesis. Antes disso, um hierofante os pôs por ordem; depois, tirando dos
joelhos de Láquesis destinos e modelos de vida, subiu a um estrado elevado e
falou assim: “Declaração da virgem Láquesis, filha da Necessidade, Almas
efêmeras, ides começar uma nova carreira e renascer para a condição mortal. Não
é um gênio que vos escolherá, vós mesmas escolhereis o vosso gênio. Que o
primeiro designado pela sorte seja o primeiro a escolher a vida a que ficará
ligado pela necessidade. A virtude não tem senhor: cada um de vós, consoante a
venera ou a desdenha, terá mais ou menos. A responsabilidade é daquele que
escolhe. Deus não é responsável”. A estas palavras, lançou os destinos e cada
um apanhou o que caíra perto dele, exceto Er, porque não lhe foi permitido.
Cada um ficou então sabendo qual a posição que lhe tinha cabido por sorte.
Depois, o hierofante estendeu diante deles modelos de vida em número muito
superior ao das almas presentes. Havia de toda espécie: todas as vidas dos
animais e todas as vidas humanas; viam-se tiranias, umas que duravam até a
morte, outras, interrompidas a meio caminho, que acabavam na pobreza, no exilio
e na mendicância. Havia também vidas de homens famosos, quer pelo seu aspecto
físico, beleza, força ou aptidão para a luta, quer pela sua nobreza, e grandes
qualidades dos seus antepassados. Havia também as obscuras em todos os
aspectos, e o mesmo acontecia para as mulheres. Mas essas vidas não implicavam
nenhum caráter determinado da alma, porque esta devia por lei mudar consoante a
escolha feita. Todos os outros elementos da existência estavam misturados com a
riqueza, a pobreza, a doença e a saúde, e os meios termos entre eles. Parece
que é aqui, Glauco, que reside para o homem o maior perigo. Aqui está a razão
por que cada um de nós, pondo de lado qualquer outro estudo, deve, sobretudo,
preocupar-se em procurar e cultivar este, ver se está em condições de conhecer
e descobrir o homem que lhe dará a capacidade e a ciência de distinguir as boas
e as más condições e, na medida do possível, escolher sempre as melhores. Tendo
em mente qual é o efeito dos elementos de que acabamos de falar, tomados juntos
e depois em separado, sobre a virtude de uma vida, conhecerá o bem e o mal que
proporciona uma certa beleza, unida à pobreza ou à riqueza e acompanhada desta
ou daquela disposição da alma; quais são as consequências de um nascimento
ilustre ou obscuro, de uma condição privada ou pública, da força ou da
fraqueza, da facilidade ou da dificuldade em aprender e de todas as qualidades
semelhantes da alma, naturais ou adquiridas, quando se misturam umas com as
outras, para que, confrontando todas estas considerações e não perdendo de
vista a natureza da alma, possa escolher entre uma vida má e uma vida boa,
chamando má à que possa tomar a alma mais injusta e boa à que a torne mais
justa, sem atender ao resto. Na verdade, vimos que, durante esta vida e depois
da morte, é a melhor escolha que se pode fazer. E é preciso defender esta
opinião com absoluta inflexibilidade ao descer ao Hades, para que também lá não
se deixe deslumbrar pelas riquezas e pelos miseráveis objetos desta natureza;
não se exponha, lançando-se sobre tiranias ou condições afins, causando, assim,
males sem número e sem remédio e sofrendo, por conseguinte, outros ainda
maiores; para saber, pelo contrário, escolher sempre uma condição intermediária
e evitar os excessos nos dois sentidos, nesta vida, tanto quanto possível e em
toda a vida futura, porque é a isto que se liga a maior felicidade humana. Pois
bem, segundo o relato do mensageiro do além, o Hierofante dissera, ao lançar os
destinos: “Mesmo para o último a chegar, se fizer uma escolha sensata e
perseverar com ardor na existência escolhida, há uma condição agradável, e não
má. Que o primeiro a escolher não se mostre negligente e que o último não perca
a coragem”. Quando acabou de pronunciar estas palavras, disse Er, aquele a quem
coubera o primeiro destino escolheu de imediato a maior tirania e, arrebatado
pela loucura e avidez, apossou-se dela sem prestar a devida atenção ao que
fazia; e não viu que o destino implicava que o seu possuidor comeria os
próprios filhos e cometeria outros horrores; mas, depois de cair em si, bateu
no peito e deplorou a sua escolha, esquecendo os avisos do hierofante, pois
que, em vez de acusar a si mesmo por seus males, voltava-se contra a sorte, os
demônios e tudo o mais. Era um dos que vinham do céu: tinha passado a vida
anterior numa cidade bem policiada e aprendido a virtude por hábito e sem
filosofia. E pode-se afirmar que, entre as almas assim pegas, as que vinham do
céu não eram as menos numerosas, porque não tinham sido postas à prova pelos
sofrimentos; pelo contrário, a maior parte das que chegavam da terra, havendo
sofrido e visto sofrer as outras, não se precipitavam na escolha. Daí que, como
dos acasos do sorteio, a maior parte das almas trocasse um bom destino por um
mau e vice-versa. E assim, se sempre que um homem nascesse para a vida
terrestre se dedicasse salutarmente à filosofia e o destino não o convocasse a
escolher entre os últimos, parece, segundo o que se conta do além, que não só seria
feliz neste mundo, mas que a sua passagem deste mundo para o outro e o regresso
se fariam não pelo rude caminho subterrâneo, mas pela via unida do céu. O
espetáculo das almas que escolhem a sua condição, acrescentava Er, valia a pena
ser visto, porque era digno de dó, ridículo e estranho. Com efeito, era segundo
os hábitos da vida anterior que, a maioria das vezes, faziam a sua escolha. Ele
dizia ter visto a alma que foi um dia a de Orfeu escolher a vida de um cisne,
porque, por ódio ao sexo que lhe dera a morte, não queria nascer de uma mulher.
Tinha visto a alma de Tâmiras escolher a vida de um rouxinol, um cisne trocar a
sua condição pela do homem e outros animais canoros fazerem o mesmo. A alma
chamada em vigésimo lugar a escolher optou pela vida de um leão: era a de Ajax,
filho de Télamon, que não queria voltar a nascer no estado de homem, pois não
tinha esquecido o julgamento das armas. A seguinte era a alma de Agamenon;
tendo também aversão pelo gênero humano, por causa das desgraças passadas, trocou
a sua condição pela de uma águia. A alma de Atalanta, estando junto com as que
tinham obtido uma situação intermediária, considerando as grandes honras
prestadas aos atletas, não pôde ir mais além e escolheu-as. Em seguida, viu a
alma de Epeio, filho de Panopeu, passar à condição de mulher perita, e, ao
longe, nas últimas filas, a do bobo Tersites revestir-se da forma de um macaco.
Por fim, a alma de Ulisses, a quem a sorte fixara o último lugar, adiantou-se
para escolher; despojada da sua ambição pela lembrança das fadigas passadas,
andou muito tempo à procura da condição tranquila de um homem comum. Com certa
dificuldade, descobriu uma que jazia a um canto, desdenhada pelos outros; e,
quando a viu, disse que não teria agido de maneira diferente se a sorte a
tivesse chamado em primeiro lugar e, alegre, escolheu-a. De igual modo os
animais passavam à condição humana ou à de outros animais, os injustos nas
espécies ferozes, os justos nas espécies domesticadas; faziam-se assim
cruzamentos de todas as espécies. Depois que todas as almas escolheram a sua
vida, avançaram para Láquesis pela ordem que a sorte lhes fixara. Esta deu a
cada uma o gênio que tinha preferido, para lhe servir de guardiã durante a
existência e realizar o seu destino. O gênio conduzia-a primeiramente a Cloto
e, fazendo-a passar por baixo da mão desta e sob o turbilhão do fuso em
movimento, ratificava o destino que ela havia escolhido. Depois de ter tocado o
fuso, levava-a para a trama de Átropo, para tomar irrevogável o que tinha sido
fiado por Cloto; então, sem se voltar, a alma passava por baixo do trono da
Necessidade; e, quando todas chegaram ao outro lado, dirigiram-se para a
planície do Lete, passando por um calor terrível que queimava e sufocava, pois,
esta planície está despida de árvores e de tudo o que nasce da terra. Ao
anoitecer, acamparam nas margens do rio Ameles, cuja água nenhum vaso pode
conter. Cada alma é obrigada a beber uma certa quantidade dessa água, mas as
que não usam de prudência bebem mais do que deviam. Ao beberem, perdem a
memória de tudo. Então, quando todas adormeceram e a noite chegou à metade, um
trovão se fez ouvir, acompanhado de um tremor de terra, e as almas, cada uma
por uma via diferente, lançadas de repente nos espaços superiores para o lugar
do seu nascimento, faiscaram como estrelas. Quanto a ele, dizia Er, tinham-no
impedido de beber a água; contudo, ele não sabia por onde nem como a sua alma
se juntara ao corpo: abrindo de repente os olhos, ao alvorecer, vira-se
estendido na pira. E foi assim, Glauco, que o mito foi salvo do esquecimento e
não se perdeu, e pode salvar-nos, se lhe prestarmos fé; então atravessaremos
com facilidade o Lete e não mancharemos a nossa alma. Portanto, se a editas em
mim, crendo que a alma é imortal e capaz de suportar todos os males, assim como
todos os bens, nos manteremos sempre na estrada ascendente e, de qualquer
maneira, praticaremos a justiça e a sabedoria. Assim estaremos de acordo
conosco e com os deuses, enquanto estivermos neste mundo e quando tivermos
conseguido os prêmios da justiça, como os vencedores que se dirigem à
assembleia para receberem os seus presentes. E seremos felizes neste mundo e ao
longo da viagem de mil anos que acabamos de relatar. www.ensaiosenotas.com. Livro A
República de Platão 10.614-10.621. Abraço. Davi
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