Livro Apócrifo. O
que são livros apócrifos? Há livros apócrifos referentes ao Novo Testamento e
Antigo Testamento na Bíblia Sagrada. Apócrifos são os livros que foram escritos
pelo povo de Deus, mas não foram considerados pelo Magistério da Igreja como revelados
pelo Espírito Santo; portanto, não são canônicos, isto é, não fazem parte do
cânon (índice) da Bíblia. As razões que levaram a Igreja a não os considerar
como Palavra de Deus é que muitos são fantasiosos sobre a Pessoa de Jesus e
sobre outros personagens bíblicos. Além disso, muitos destes possuem até
heresias (interpretação, doutrina ou sistema teológico rejeitado como falso
pela Igreja) como o gnosticismo (movimento religioso de caráter sincrético e
esotérico, desenvolvido nos primeiros séculos da nossa Era a margem do
cristianismo institucionalizado, combinando misticismo e especulação
filosófica). No entanto, neles há algumas verdades históricas, e isso faz a
Igreja Católica considerá-los importantes nos estudos. www.formacao.cancaonova.com.
II. Livro Apócrifo
do EVANGELHO ÁRABE DA INFÂNCIA DE JESUS
Capítulo 22
As duas irmãs disseram à mãe: “Nosso irmão retomou sua forma
primitiva, graças à intervenção do Senhor Jesus e aos bons conselhos desta jovem,
que nos sugeriu recorrer a Maria e ao seu filho. E agora, já que nosso irmão
não está casado, pensamos que seria conveniente que ele desposasse esta moça.”
Após haverem feito este pedido a Maria e haver ela consentido, fizeram para as
bodas preparativos esplêndidos, e a dor transformou-se em alegria e o choro
cedeu espaço ao riso. Elas só fizeram cantar e regozijar-se, enfeitadas com
magníficas vestimentas e joias preciosas. Ao mesmo tempo, entoavam cânticos de
louvor a Deus, dizendo: “O Jesus, Filho de Deus, que transformaste nossa
aflição em contentamento e nossas lamúrias em gritos de alegria!” José e Maria
lá permaneceram por dez dias; ac partirem, receberam demonstrações de veneração
de parte de toda a família que se despediu deles chorando muito, principalmente
a moça, que se desfazia em lágrimas.
Capítulo
23
Chegaram, em seguida, um deserto, e como lhes haviam dito que
era infestado de ladrões, prepararam-se pare atravessá-lo durante a noite. E
eis que de repente avistaram dois ladrões que dormiam, E perto deles muitos
outros ladrões seus companheiros, que também estavam entregues ao sono. Estes
dois ladrões chamavam-se Tito e Dímaco. Ora o primeiro disse ao outro: “Eu te
peço que deixes estes viajantes irem em paz, para que nossos companheiros não
os vejam”. Tendo Dímaco recusado Tito disse-lhe: “Dou-te 40 dracmas e fica com
o meu cinto como penhor”. E deu-lhe cinto e, ao mesmo tempo, pediu que não
desse o alarme. Maria, vendo este ladrão tão disposto a servi-los, disse-lhe
“Que Deus te proteja com sua mão direita e que ele te conceda a remissão de
teus pecados’. E o Senhor Jesus disse a Maria: “Daqui a 30 anos, ó minha mãe,
os judeus me crucificarão em Jerusalém, e estes dois ladrões serão postos na
cruz a meu lado, Tito à minha direita e Dímaco à minha esquerda, e neste dia
Tito me precederá no Paraíso”. E quando ele assim falou, sua mãe respondeu-lhe:
“Que Deus afaste de ti semelhante desgraça, ó meu filho!” E foram dar em
seguida em uma cidade cheia de ídolos, e quando eles se aproximavam, ela foi
trans formada em um monte de areia.
Capítulo
24
Vieram ter, em seguida, a um sicômoro, que chamam hoje de
Mataréia, e o Senhor Jesus fez surgir neste lugar uma fonte onde Maria lavou
sua túnica. E o bálsamo que produz este país vem do suor que escorreu pelos
membros de Jesus.
Capítulo
25
Foram então a Mênfis, e tendo visitado o faraó, permaneceram
três anos no Egito, e o Senhor Jesus fez muitos milagres que não estão
consignados nem no Evangelho da Infância, nem no Evangelho Completo.
Capítulo
26
Depois de três anos, eles deixaram o Egito e voltaram para a
Judéia; mas quando já estavam próximos, José teve medo de entrar lá porque
acabara de saber que Herodes estava morto e que seu filho Arquelau havia-lhe
sucedido; mas o anjo de Deus apareceu-lhe e disse-lhe: “O José, vai para a
cidade de Nazaré e estabelece ali tua residência”.
Capítulo
27
Quando chegaram a Belém, havia uma proliferação de doenças
graves e difíceis de serem curadas, que atacavam os olhos das crianças e lhes
causava a morte. E uma mulher que tinha um filho atacado por esse mal, levou-o
a Maria, e encontrou-a banhando o Senhor Jesus. E a mulher disse: “O Maria, vê
meu filho que sofre cruelmente”. Maria, ouvindo-a, disse-lhe: “Pega um pouco
desta água com a qual eu lavei meu filho e espalha-a sobre o teu”. A mulher fez
como lhe havia recomendado Maria, e seu filho, depois de uma forte agitação,
adormeceu e quando acordou, estava completamente curado. A mulher, cheia de
alegria, foi até Maria, que lhe disse: “Rende graças a Deus por ele haver
curado o teu filho”.
Capítulo
28
Esta mulher tinha uma vizinha cujo filho fora atingido pela
mesma doença e cujos olhos estavam quase fechados; ele gritava e chorava, noite
e dia. E aquela cujo filho havia sido curado disse-lhe: “Por que não levas teu
filho a Maria como eu fiz quando o meu estava prestes a morrer e ele foi curado
pela água do banho de Jesus?” E a mulher foi pegar também daquela água, e assim
que ela derramou sobre seu filho, ele foi curado. Levou então seu filho em
perfeita saúde para Maria, que lhe recomendou que rendesse graças a Deus e que
não contasse a ninguém o que havia acontecido.
Capítulo
29
Havia na mesma cidade duas mulheres casadas com um mesmo homem,
e cada uma delas tinha um filho doente. Uma se chamava Maria e seu filho,
Cleofás. Esta mulher levou seu filho a Maria, mãe de Jesus, e ofereceu-lhe uma
bela toalha, dizendo-lhe: “à Maria, recebe de mim está toalha e, em troca,
dá-me uma das tuas fraldas”. Maria consentiu e a mãe de Cleofás confeccionou,
com esta fralda, uma túnica, com a qual vestiu seu filho. E ele ficou curado e
o filho de sua rival morreu no mesmo dia, o que causou profundos ressentimentos
entre estas duas mulheres. Elas se encarregavam, em semanas alternadas, dos
trabalhos caseiros, e um dia em que era a vez de Maria, a mãe de Cleofás, ela
estava ocupada aquecendo o forno para assar o pão, e precisando de farinha,
deixou seu filho perto do forno. Sua rival, vendo que a criança estava sozinha,
pegou-a e jogou-a no forno em brasa e fugiu. Maria retornou logo em seguida,
mas qual não foi o seu espanto quando ela viu seu filho no meio do forno,
rindo, pois ele havia subitamente esfriado, como se jamais houvesse sido
aquecido, e ela suspeitou que sua rival o havia jogado ali. Tirou-o de lá e
levou-o até a Virgem Maria, e contou-lhe o que havia acontecido. E Maria
disse-lhe: “Cala-te, pois eu receio por ti se divulgares tais coisas”.
Em seguida, a rival foi buscar água no poço, e vendo Cleofás
brincando, e vendo que não havia ninguém por perto, pegou a criança e jogou-a
no poço. Alguns homens que haviam vindo para tirar água viram a criança sentada
na água, sem nenhum ferimento, e por meio de cordas, tiraram-na de lá. E
ficaram tão admirados com esta criança que lhe renderam as mesmas homenagens
devidas a um Deus. E sua mãe, chorando, carregou-o até Maria e disse-lhe: “A
minha senhora, vê o que minha rival fez ao meu filho, e como ela o fez cair no
poço. Ah! ela acabará, por certo, causando-lhe a morte.” Maria respondeu-lhe:
“Deus punirá o mal que te foi feito”. Alguns dias depois, a rival foi buscar
água no poço e seus pés enroscaram-se na corda, de modo que ela caiu nele, e
quando acorreram, acharam-na com a cabeça partida. Ela morreu, portanto, de uma
forma funesta; a palavra do sábio se cumpre em si: “Cavaram um poço e jogaram a
terra em cima, mas caíram no poço que eles mesmos haviam preparado”.
Capítulo
30
Uma outra mulher da mesma cidade tinha dois filhos, os dois
doentes; um morreu e o outro estava agonizando; sua mãe tomou-o nos braços e
levou-o até Maria, e aos prantos, disse-lhe: “ó, minha senhora, vem em meu
auxílio e tem piedade de mim; eu tinha dois filhos e acabo de perder um, e vejo
o outro a ponto de morrer. Imploro a misericórdia do Senhor”. E pôs-se a
gritar: “Senhor, tu és pleno em clemência e compaixão; destes me dois filhos,
me levaste um deles, pelo menos deixa-me o outro.” Maria, testemunha de sua
extrema dor, sentiu pena e disse-lhe: “Coloca teu filho na cama de meu filho e
cobre-o com suas roupas”. E quando a criança foi colocada na cama ao lado de
Jesus, seus olhos já cerrados pela morte abriram-se, e chamando sua mãe em voz
alta, pediu-lhe pão, e quando lhe deram, comeu-o. Então sua mãe disse: “ó
Maria, eu sei que a virtude de Deus habita em ti, a ponto de teu filho curar as
crianças que o tocam.” E a criança que assim foi curada é o mesmo Bartolomeu de
quem se fala no Evangelho.
Capítulo
31
Havia ainda no mesmo lugar uma leprosa que foi ter com Maria,
mãe de Jesus, dizendo-lhe: “ó, minha senhora, tem piedade de mim”. E Maria
respondeu-lhe: “Que ajuda pedes tu? Queres ouro, prata ou queres te curar da
lepra?” A mulher respondeu: “Que podes fazer por mim?” E Maria disse: “Espera
um pouco até que eu tenha banhado e posto meu filho na cama”. A mulher esperou
e Maria, após o haver deitado, estendeu à mulher um vaso cheio da água do banho
de seu filho e disse-lhe: “Pega um pouco desta água e espalha-a sobre o teu
corpo”. E assim que a doente obedeceu, curou-se e ela rendeu graças a Deus.
Capítulo
32
Ela partiu em seguida, após haver permanecido três dias junto de
Maria, e foi para uma cidade onde morava um príncipe que havia desposado a
filha de um outro príncipe; mas, quando ele viu sua esposa, percebeu entre seus
olhos as marcas da lepra sob a forma de uma estrela, e o seu casamento foi
declarado nulo e não válido. E esta mulher vendo o desespero da princesa,
perguntou-lhe a causa destas lágrimas, e a princesa respondeu-lhe: “Não me
interrogues, pois a minha desgraça é tanta que eu não posso revelá-la a
ninguém.” A mulher ouvindo a voz desta infeliz, subiu até o telhado de seu
castelo e viu-a com as mãos unidas acima da cabeça, a verter copiosas lágrimas,
e todos aqueles que a rodeavam estavam desolados. E ela perguntou se a mãe
desta possuída vivia ainda. E quando lhe responderam que o seu pai e sua mãe
estavam ambos vivos, ela disse: “Tragam sua mãe até mim.” E quando chegou, ela
perguntou-lhe: “E a tua filha que está assim possuída?” E a mãe tendo
respondido que sim, chorando, a princesa disse: “Não revela o que vou te
contar; eu já fui uma leprosa, mas Maria, a mãe de Jesus Cristo, me curou. Se
queres que tua filha tenha a mesma felicidade, leva-a a Belém e implora com fé
a ajuda de Maria, e eu creio que voltarás cheia de alegria, trazendo tua filha
curada.” Imediatamente a mãe levantou-se e partiu; foi procurar Maria e
expôs-lhe o estado de sua filha. Maria, após tê-la ouvido, deu-lhe um pouco da
água na qual ela havia lavado seu filho Jesus, e disse-lhe para derramá-la
sobre o corpo da possuída. Em seguida deu-lhe uma fralda do menino Jesus e
disse-lhe: “Pega isto e mostra-o a teu inimigo, todas as vezes que o vir”, e
despediu-as com suas bênçãos.
Capítulo
33
Quando, após haver deixado Maria, elas retornaram à sua cidade,
e quando veio o tempo no qual Satanás costumava atormentá-la, ele apareceu-lhe
sob a forma de um grande dragão; ao ver a sua aparência, a jovem foi tomada
pelo pavor, mas sua mãe disse-lhe: “Não temas, minha filha, deixa que ele se
aproxime mais de ti e mostra-lhe esta fralda que nos deu Maria, e veremos o que
ele poderá fazer.” E quando o espírito maligno, que havia tomado a forma de um
dragão, estava bem perto, a doente, tremendo de medo, colocou sobre sua cabeça
a fralda e desdobrou-a, e de repente, dela saíram chamas que se dirigiam à
cabeça e aos olhos do dragão, e ouviu-se uma voz que gritava: “Que há entre ti
e mim, ó Jesus, filho de Maria? Onde encontrarei um abrigo que me livre de ti.
E Satanás fugiu apavorado, abandonando esta jovem, é nunca mais apareceu. E ela
viu-se assim curada e, grata, rendeu graças a Deus, assim como todos os que
haviam presenciado este milagre.
Capítulo
34
Havia nesta mesma cidade uma outra mulher cujo filho era
atormentado por Satanás. Ele se chamava Judas, e sempre que o espírito maligno
se apoderava dele, ele tentava morder todos os que estavam à sua volta e, se
estivesse sozinho, mordia suas próprias mãos e membros. A mãe deste infeliz,
ouvindo falar de Maria e de seu filho Jesus, foi com seu filho nos braços até
Maria. Nesse meio tempo, Tiago e José haviam trazido o menino Jesus para fora
da casa, para que ele pudesse brincar com as outras crianças, e eles estavam
sentados fora da casa e Jesus com eles. Judas aproximou-se também e sentou-se à
direita de Jesus, e quando Satanás começou a agitá-lo como sempre o fazia, ele
tentou morder Jesus, e como ele não podia alcançá-lo, dava-lhe socos no lado
direito, de forma que Jesus começou a chorar. Mas, neste momento, Satanás saiu
desta criança sob a forma de um cão enraivecido. E esta criança era Judas Iscariotes
que traiu Jesus, e o lado em que ele havia batido foi aquele que os judeus
trespassaram com a lança.
Capítulo
35
Quando o Senhor Jesus havia completado o seu sétimo ano, ele
brincava um dia com outras crianças de sua idade; para divertir-se, eles faziam
com terra molhada diversas imagens de animais, de lobos, de asnos, de pássaros,
e cada um elogiando seu próprio trabalho, esforçando-se para que fosse melhor
que o de seus companheiros. Então o Senhor Jesus disse para as crianças:
“Ordenarei às figuras que eu fiz que andem e elas andarão.” E as crianças lhe
perguntaram se ele era o filho do Criador, e o Senhor Jesus ordenou às imagens
que andassem e elas imediatamente andaram. Quando ele mandava voltar, elas
voltavam. Ele havia feito figuras de pássaros que voavam quando ele ordenava
que voassem e que paravam quando ele dizia para parar, e quando ele lhes dava
bebida e comida, eles comiam e bebiam. Quando as crianças foram embora e
contaram aos seus pais o que haviam visto, eles disseram: “Fuji, daqui em
diante, de sua companhia, pois ele é um feiticeiro, deixai de brincar com ele.”
Capítulo
36
Um certo dia em que brincava e corria com outras crianças, o
Senhor Jesus passou em frente à loja de um tintureiro que se chamava Salém.
Havia nesta loja tecidos que pertenciam a muitos habitantes da cidade, e que
Salém se preparava para tingir de várias cores. Tendo Jesus entrado na loja,
pegou todas as fazendas e jogou-as na caldeira. Salém virou-se e vendo todas as
fazendas perdidas, pôs-se a gritar e a repreender Jesus, dizendo: “Que fizeste
tu, ó filho de Maria? Prejudicaste a mim e a meus concidadãos; cada um pediu
uma cor diferente, e tu apareceste e puseste tudo a perder.” O Senhor Jesus
respondeu: “Qualquer fazenda que queiras mudar a cor, eu mudo.” E ele se pôs a
retirar as fazendas da caldeira, e cada uma estava tingida da cor que desejava
o tintureiro. E os judeus, testemunhas deste milagre, celebraram o poder de
Deus.
Capítulo
37
José ia por toda a cidade levando com ele o Senhor Jesus, e
chamavam-no para que fizesse portas, arcas e catres, e o Senhor Jesus estava
sempre com ele. E sempre que a obra de José precisava ser mais comprida ou mais
curta, mais larga ou mais estreita, o Senhor Jesus estendia a mão, e ela ficava
exatamente do jeito que queria José, de forma que ele não precisava retocar
nada com sua própria mão, pois ele não era muito hábil no ofício de marceneiro.
Capítulo
38
Um dia, o rei de Jerusalém mandou chamá-lo e disse: “Eu quero,
José, que me faças um trono segundo as dimensões do lugar onde costumo
sentar-me.” José obedeceu, e pondo mãos à obra, passou dois anos no palácio
para elaborar este trono. E quando ele foi colocado no lugar onde deveria
ficar, perceberam que de cada lado faltavam dois palmos à medida fixada. Então
o rei ficou bravo com José, que temendo a raiva do monarca, não conseguiu comer
e deitou-se em jejum. Então, o Senhor Jesus perguntou-lhe qual era a causa do
seu receio, e ele respondeu: “E: que a obra na qual trabalhei durante dois anos
está perdida.” E o Senhor Jesus respondeu-lhe: “Não tenhas medo e não percas a
coragem; pega este lado do trono e eu o outro, para que possamos dar-lhe a
medida exata.” E José tendo feito o que lhe havia pedido o Senhor Jesus, e cada
um puxando para um lado, o trono obedeceu e ficou exatamente com a dimensão
desejada. Os assistentes, vendo este milagre, ficaram perplexos e deram graças
a Deus. Este trono fora feito com uma madeira do tempo de Salomão, filho de
Davi, e que era notável por seus nós que representavam várias formas e figuras.
Capítulo
39
Um outro dia, o Senhor Jesus foi até a praça, e vendo as
crianças que se haviam reunido para brincar, juntou-se a elas; mas estas,
tendo-o visto, esconderam-se, e o Senhor Jesus foi até uma casa e perguntou às
mulheres que estavam à porta onde as crianças haviam ido. E como elas
responderam que não havia nenhuma delas na casa, o Senhor Jesus disse-lhes:
“Que vocês estão vendo sob este arco?” Elas responderam que eram carneiros com
três anos de idade, e o Senhor Jesus gritou: “Saí, carneiros, e vinde em
direção ao vosso pastor.” E imediatamente as crianças saíram, transformadas em
carneiros, e eles saltavam ao seu redor, e estas mulheres tendo visto isto,
foram tomadas de pavor. E elas adoraram o Senhor Jesus, dizendo: “ó Jesus,
filho de Maria, nosso Senhor, tu és verdadeiramente o bom Pastor de Israel; tem
piedade de tuas servas que estão em tua presença e que não duvidam, Senhor, que
tu vieste para curar, e não para perder.” Em seguida, o Senhor tendo respondido
que as crianças de Israel estavam entre os povos como os Etíopes, as mulheres
disseram: “Senhor, conheces as coisas, e nada escapa à tua infinita sabedoria;
pedimos e esperamos a tua misericórdia, que devolvas a estas crianças sua
antiga forma.” E o Senhor Jesus disse então: “Vinde, crianças, para que
possamos brincar.” E imediatamente, na presença das mulheres, os carneiros
retomaram a aparência de crianças.
Capítulo
40
No mês de Adar, Jesus reuniu as crianças e colocou-se como o seu
rei: elas haviam estendido suas roupas no chão para fazê-lo sentar-se sobre
elas, e elas haviam colocado sobre sua cabeça uma coroa de flores, e, como os
satélites que acompanham um rei, elas se haviam enfileirado à sua direita e à
sua esquerda. Se alguém passava por lá, as crianças faziam parar à força e diziam-lhe:
“Vem e adora o rei, para que obtenhas uma feliz viagem.”
Capítulo
41
Nisto, chegaram alguns homens que carregavam uma criança em uma
liteira. Este menino havia ido até a montanha com seus colegas para apanhar
lenha, e, tendo encontrado um ninho de perdiz, pôs a mão para retirar os ovos,
mas uma serpente escondida no ninho mordeu-o, e ele chamou seus companheiros
para socorrê-lo. Mas quando chegaram, eles o encontraram estendido no chão e
quase morto; então alguns familiares vieram e levaram-no à cidade. Quando
chegaram ao local onde o Senhor Jesus estava sentado em seu trono como um rei,
com outras crianças à sua volta, como sua corte, estas foram ao encontro dos
que carregavam o moribundo e disseram-lhes: “Vinde e saudai o rei.” Como eles
não queriam aproximar-se por causa da tristeza que sentiam, as crianças
traziam-nas à força. E quando estavam na frente do Senhor Jesus, ele
perguntou-lhes por que estavam carregando aquela criança; responderam que uma
serpente a havia mordido, e o Senhor Jesus disse às crianças: “Vamos juntos e
matemos a serpente.” Os pais da criança que estava prestes a morrer suplicaram
para que os deixassem ficar, mas elas responderam: “Não ouvistes o que o rei
disse: ‘Vamos e matemos a serpente’, e não deveríeis seguir suas ordens?” E
apesar da sua oposição eles retornaram à montanha, carregando a liteira. Quando
chegaram perto do ninho, o Senhor Jesus disse às crianças: “Não é aqui que se
esconde a serpente?” E eles responderam que sim, e a serpente, chamada pelo
Senhor Jesus, saiu e submeteu-se a ele. E o Senhor lhe disse: “Vai e suga todo
o veneno que espalhaste nas veias desta criança.” A serpente, arrastando-se,
sugou todo o veneno que ela havia inoculado, e o Senhor em seguida amaldiçoou-a
e, fulminada, morreu logo em seguida. E o Senhor Jesus tocou a criança com sua
mão, e ela foi curada. E como ela se pusesse a chorar, o Senhor Jesus lhe
disse: “Não chores, serás meu discípulo.” E esta criança foi Simão de Cananéia,
de quem se faz menção no Evangelho.
Capítulo
42
Um outro dia José havia mandado seu filho Tiago para apanhar
lenha, e o Senhor Jesus se havia juntado a ele para ajudá-lo; e quando chegaram
ao lugar onde ficava a lenha, Tiago começou a apanhá-la e eis que uma víbora o
mordeu, e ele se pôs a gritar e a chorar. O Senhor Jesus, vendo-o naquele
estado, aproximou-se e soprou o local da mordida, e Tiago foi imediatamente
curado.
Capítulo
43
Um dia, o Senhor Jesus estava brincando com outras crianças em
cima de um telhado, e uma delas caiu e morreu na hora. As outras fugiram e o
Senhor Jesus ficou sozinho em cima do telhado. Então os pais do morto chegaram
e disseram ao Senhor Jesus: “Foste tu que empurraste nosso filho do alto do
telhado.” E como ele negasse, eles repetiram mais alto: “Nosso filho morreu e
eis aqui quem o matou.” E o Senhor Jesus respondeu: “Não me acuseis de um crime
do qual não tendes nenhuma prova; mas perguntemos à própria criança o que
aconteceu.” E o Senhor Jesus desceu e colocou-se perto da cabeça do morto e lhe
disse em voz alta: “Zeinon, Zeinon, quem foi que te empurrou do alto do
telhado?” E o morto respondeu: “Senhor, não foste tu a causa da minha queda,
mas foi o terror que me fez cair.” E o Senhor tendo recomendado aos presentes
que prestassem atenção a estas palavras, todos os que estavam presentes
louvaram a Deus por este milagre.
Capítulo
44
Maria havia mandado um dia o Senhor Jesus tirar água do poço. E
quando ele havia cumprido a tarefa e colocava sobre a cabeça o cântaro cheio,
ele partiu-se. E o Senhor Jesus tendo estendido o seu manto, levou para sua mãe
a água recolhida, e ela admirou-se e guardou em seu coração tudo o que havia
visto.
Capítulo
45
Um outro dia, o Senhor Jesus brincava na beira do rio com outras
crianças, e eles haviam cavado pequenas valas para fazer escorrer a água,
formando assim pequenas poças. O Senhor Jesus havia feito doze passarinhos de
barro, e os havia colocado ao redor da água, três de cada lado. Era um dia de
Sábado, e O filho de Hanon, o Judeu, veio e vendo-os assim entretidos,
disse-lhes: “Como podeis em um dia de Sábado fazer figuras com a lama?” E ele
se pôs a destruir tudo. E quando o Senhor Jesus estendeu as mãos sobre os
pássaros que havia moldado, eles saíram voando e cantando. Em seguida, o filho
de Hanon, o Judeu, aproximou-se da poça cavada por Jesus para destruí-la, mas a
água desapareceu, e o Senhor Jesus disse-lhe: “Vê como esta água secou; assim
será com a tua vida.” E a criança secou.
Capítulo
46
Um outro dia, o Senhor Jesus voltava à noite para casa com José,
quando uma criança passou correndo na sua frente e deu-lhe um golpe tão
violento que o Senhor Jesus quase caiu, e ele disse a esta criança: “Assim como
tu me empurraste, cai e não te levantes mais.” E no mesmo instante, a criança
caiu no chão e morreu.
Capítulo
47
Havia em Jerusalém um homem, chamado Zaqueu, que instruía os
jovens. E ele dizia a José: “José, por que não me envias Jesus para que ele
aprenda as letras?” José concordou e também Maria. Levaram pois a criança para
o professor, e assim que ele o viu, escreveu o alfabeto e pediu-lhe que
pronunciasse Aleph. E quando ele o fez, pediu-lhe para dizer Beth. O Senhor
Jesus disse-lhe: “Dize-me primeiro o que significa o Aleph, e aí então eu pronunciarei
Beth.” E o professor preparava-se para chicoteá-lo, mas o Senhor Jesus pôs-se a
explicar o significado das letras Aleph e Beth, quais as letras de linhas
retas, quais as oblíquas, e as que tinham desenho duplo, as que tinham pontos,
aquelas que não tinham e porque tal letra vinha antes da outra, enfim, ele
disse muitas coisas que o professor jamais ouvira e que não havia lido em livro
algum. E o Senhor Jesus disse ao professor: “Presta atenção ao que vou dizer.”
E ele pôs-se a recitar clara e distintamente Aleph, Beth, Ghimel, Daleth, até o
fim do alfabeto. O mestre ficou admirado e disse: “Creio que esta criança
nasceu antes de Noé”; e virando-se para José, acrescentou: “Tu o conduziste
para que a instruísse, uma criança que sabe mais que todos os doutores.” E ele
disse a Maria: “Teu filho não precisa de nossos ensinamentos.”
Capítulo
48
Conduz iram-no em seguida a um professor mais sábio, e assim que
o viu: “Dize Aleph”, pediu-lhe ele. E quando ele disse Aleph, o professor
pediu-lhe que pronunciasse Beth. E o Senhor Jesus respondeu-lhe: “Dize-me o que
significa a letra Aleph, e então eu pronunciarei Beth.” O mestre irritado
levantou a mão para bater nele, mas sua mão secou instantaneamente, e ele
morreu. Então José disse a Maria: “Daqui por diante, não devemos mais deixar o
menino sair de casa, pois qualquer um que se oponha a ele é fulminado pela
morte.”
Capítulo
49
Quando contava doze anos de idade, levaram Jesus a Jerusalém por
ocasião da festa, e quando ela terminou, eles voltaram; mas o Senhor Jesus
permaneceu no templo, em meio aos doutores e aos velhos e aos sábios dos filhos
de Israel, que ele interrogava sobre diferentes pontos da ciência, mas também
respondia-lhes as perguntas. Jesus perguntou-lhes: “De quem é filho o Messias?”
E eles responderam: “Este é filho de Davi.” Jesus respondeu: “Por que então
Davi, movido pelo Espírito Santo, chama-o Senhor, quando diz: ‘O Senhor disse
ao meu Senhor: `Senta-te à minha direita para que eu coloque teus inimigos aos
teus pés’?” Então um importante rabino interrogou-o, dizendo: “Leste os livros
sagrados?” O Senhor Jesus respondeu: “Eu li os livros e o que eles contêm”, e
ele explicava-lhes as Escrituras, a lei, os preceitos, os estatutos, os
mistérios que estão contidos nos livros das profecias, e que a inteligência de
nenhuma criatura pode compreender. E o principal entre os doutores disse: “Eu
jamais vi ou ouvi tamanha instrução; quem credes que seja esta criança?”
Capítulo
50
Havia lá um filósofo, astrônomo sábio, que perguntou ao Senhor
Jesus se ele havia estudado a ciência dos astros. E Jesus respondendo-lhe,
expôs o número de esferas e de corpos celestes, sua natureza e sua oposição,
seu aspecto trinário, quaternário e sêxtil, sua progressão e seu movimento de
leste para oeste, o cômputo e o prognóstico e outras coisas que a razão de
nenhum homem escrutou.
Capítulo
51
Havia também entre eles um filósofo muito sábio em medicina e
ciências naturais, e quando ele perguntou ao Senhor Jesus se ele havia estudado
a medicina, este expôs-lhe a física, a metafísica, a hiperfisica e a
hipofisica, as virtudes do corpo e os humores e os seus efeitos, o número de
membros e de ossos, de secreções, de artérias e de nervos, as temperaturas,
calor e seco, frio e úmido, e quais as suas influências; quais as atuações da
alma no corpo, suas sensações e suas virtudes, a faculdade da palavra, da
raiva, do desejo, sua composição e dissolução e outras coisas que a
inteligência de nenhuma criatura jamais alcançou. Então o filósofo ergueu-se e
adorou o Senhor Jesus, dizendo: “Senhor, daqui em diante serei teu discípulo e
teu servo.”
Capítulo
52
E enquanto assim falavam, Maria apareceu junto com José, e fazia
três dias que procuravam por Jesus; vendo-o sentado entre os doutores,
interrogando-os e respondendo-lhe alternadamente, ela lhe disse: “Meu filho,
por que agiste assim conosco? Teu pai e eu te procuramos, e tua ausência
causou-nos muita aflição.” Ele respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabíeis
que convinha que eu permanecesse na casa de meu Pai?” Mas eles não entendiam as
palavras que ele lhes dirigia. Então os doutores perguntaram a Maria se ele era
seu filho, e ela tendo respondido que sim, eles exclamaram: “O feliz Maria, que
deste à luz tal criança.” Ele voltou com os pais para Nazaré, e ele lhes era
submisso em tudo. E sua mãe conservava todas as suas palavras em seu coração. E
o Senhor Jesus crescia em tamanho, em sabedoria e em graça diante de Deus e
diante dos homens.
Capítulo
53
Ele começou desde esse dia a esconder os seus segredos e seus
mistérios, até que completou trinta anos, quando seu Pai, revelando
publicamente sua missão às margens do Jordão, fez soar, do alto do céu, estas
palavras: “E meu filho Amado no qual coloquei toda minha complacência”, e foi
quando o Espírito Santo apareceu sob a forma de uma pomba branca.
Capítulo
54
E a ele
que humildemente adoramos, pois ele nos deu a existência e a vida, e ele nos
fez sair das entranhas de nossas mães; ele tomou, por nós, o corpo de homem, e
ele nos redimiu, cobrindo-nos com sua misericórdia eterna e concedendo-nos a
graça do seu amor e de sua bondade. A ele portanto, glória, poder, louvores e
domínio por todos os séculos. Que assim seja. www.astrologosastrologia.org.pt.
Fim.
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