sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

FILME SANTO AGOSTINHO

 

Cinema. Editor do Mosaico. Filme Santo Agostinho. Disponível no YouTube e NetFlix. Santo Agostinho de Hipona (354-430), juntamente com São Clemente de Roma (35-99), Inácio de Antióquia, Policarpo de Esmirna (69-155) e Orígenes de Alexandria (185-254) dentre outros, são considerado Pais da Igreja. O filme começa com o bispo Agostinho num alto forte, observando a revoada de cegonhas à emigração. Se aproxima uma jovem, e, os dois conversam sobre os inimigos – vândalos – que no mar cercam a cidade de Hipona, na atual Argélia, norte da África. Isso no ano  de 430. Um destacamento legionário romano foi encarregado de proteger a cidade, aproximadamente 6 mil homens. Agostinho teve uma criação difícil em relação ao lado paterno. Seu pai não tinha compromisso familiar. Vivia em festas profanas e constantemente traia sua esposa. Pouco senso moral e nada de espiritual. Já sua mãe foi exemplo para ele. Cristã piedosa e obediente, se esforçava por viver o evangelho de Cristo em sua vida. Mesmo na situação extrema do casal preservava sua identidade de esposa fiel. Encorajou Agostinho, desde cedo, a seguir uma vida voltada à contemplação e devoção. Mas o jovem tinha um gênio afeiçoado ao mundanismo. Isso não a desencorajava a colocá-lo diante do altar de Deus em suas preces e orações. Andando pela cidade, o jovem, viu um professor dando aulas de oratória – arte de bem argumentar, eloquência na palavra. Falou com sua mãe da possibilidade de ser aluno. Ao que ela prontamente aceitou. Só que havia requisitos à admissão. Passou no teste tornando-se discípulo do orador. Esse caminho levo-o a conhecer uma “seita” religiosa os maniqueístas. Fundada por Manes ou Maniqueu filósofo do século III. Essa doutrina dividia o mundo em dois reinos. O reino da luz – bem. E o reino do mal – sombras. Manes dizia que Deus e o diabo estariam eternamente em combate. Falava que a natureza material era perversa e má. Porém, a bondade presente no espírito e mundo espiritual é boa e generosa. Tinha ideias sincretistas misturando elementos do hinduísmo, budismo, zoroastrismo e cristianismo. Nesse período das aulas de oratória, conheceu Valério, um romano com quem conviveu até sua conversão. Era um jovem ambicioso e prepotente. Levando seus intentos as últimas consequência. Desde que fosse o favorecido, usada até de trapaça. Um péssimo exemplo que subliminarmente o influenciou. Nesse intervalo foi exposto o lado libidinoso do jovem Agostinho. Morando numa residência romana com um centurião. Esse lhe ofereceu uma escrava para que o cuidasse. Um pouco de suas paixões carnais, foram expostas nesse relacionamento. Contudo seu lado devoto e solícito, reverteu o quadro. Pelo bom senso e início de caridade espiritual casou-se com ela tendo um filho. Todavia, para atingir seu objetivo na formação acadêmica. Partiu em direção a Europa, deixando sua mulher e seu filho na casa de sua mãe. Após os trâmites acadêmicos tornou-se advogado. Agostinho defendeu um cliente acusado de crime ante o direito romano. Sua excelente argumentação livrou o acusado da dura pena no tribunal. Contudo, em liberdade, o tal, assassinou o pai de um conhecido seu. Que esperando-o nas escadarias do palácio da justiça, onde funcionava o tribunal. Responsabilizou-o por ter liberto tal indivíduo. Agostinho considerou profundamente este evento, que tornou uma avaliação pessoal no percurso da vida. Cristãos e Maniqueus consideravam-se os detentores da verdade. Nenhum dos grupos abriam mão de suas crenças absolutas. Nem estavam dispostos à abertura de um espírito conciliador. A contenda foi instalada. Resolveram levar o embate ao “parlamento”. Onde cada facção apresentaria sua versão embasada em fatos do conceito de “verdade”. Coube ao orador Agostinho por sua retórica e hermenêutica, agora reconhecido publicamente, o veredito do conflito. Ele concluiu que os cristãos foram os vencedores, pois os argumentos de “verdade” se conformavam com os fatos no universo dos acontecimentos. O pai de Agostinho, acometido de uma doença grave, vendo-se a beira da morte, resolveu se converter ao cristianismo. No leito, antes de receber a extrema unção. Sua mãe avisou a Agostinho do ocorrido, que prontamente chega à casa da família. O famoso orador, ainda com um coração endurecido, desacredita que o pai havia se arrependido. Pensa que ele morrerá se auto enganando. Apesar de sua mãe mostrar-lhe o poder transformador da vida em ressurreição dada por Jesus. Segue incrédulo, não obstante o enterro do pai. Agostinho conhece o bispo Ambrósio (? -397) em Milão – Itália. Esse questionava as “heresias” do maniqueísmo. Professor de filosofia, retórica e teologia, Agostinho vai completar seus estudos das disciplinas com o famoso bispo. Mesmo perdedor da questão sobre a “verdade”. Os maniqueístas resolvem arregimentar uma luta armada contra os cristãos em Milão. Agostinho tentou acalmar os ânimos. Todavia, entraram em confronto. Mortos de ambos os lados chocaram a população. O bispo Ambrósio foi salvo guardado do conflito. Entre os que perderam a vida muitos eram conhecidos de Agostinho. Isso o consternou bastante, levando-o a sentir-se parte daquele desfecho tão violento. Ele cai por terra, arrependido, chorou, invoca o nome de Deus em espírito. Entregando sua vida nas mãos do Cristo Filho de Deus. Iniciou estudos de filosofia, retórica e línguas – latim, grego e hebraico com o bispo Ambrósio. Agora convertido a Cristo, vivia na comunidade cristã dedicando-se aos estudos religiosos e leitura das Sagradas Escrituras. Foi nessa época que escreveu suas mais importantes obras: Confissões e A Cidade de Deus e a Cidade dos Homens. O primeiro conta detalhes de sua vida, desordem e divergências humana e espiritual. Mostra a intensa tristeza por seus pecados sexuais e a importância da moralidade, ética e espiritualidade nos relacionamentos. O segundo “divide a cidade em dois partidos opostos. A Cidade de Deus e a Cidade terrena. Ambas entre laçam-se e fundem-se no século até que o juízo final as separe. Na Cidade de Deus encontramos uma ordem de fé, para entendermos o mundo e a história do homem. Tudo o que aparece no mundo e na história é pertencente a fé como também pertencente a Providência Divina”. Essas duas obras são de enorme importância em qualquer biblioteca de cristão, leigo ou clérigo. Agostinho, agora bispo de Hipona. Conclama o povo a uma rendição aos Vândalos. Seriam uma maneira de salvar milhares de vidas e poupar a destruição da cidade. A legião pretoriana enviada por Roma para proteger e enfrentar os inimigos, se opõem a esse plano. Achavam que tinham homens habilidosos e corajosos que juntamente com os que seriam convocados dentre o povo, poderiam derrotar e expulsar os invasores pagãos. Agostinho foi pessoalmente falar como o líder Gizerico (389-477) comandante do exército opressor. Ficou acordado um salvo conduto nas negociações. Um navio aportaria em Hipona para levar o maior número de pessoas, que desejassem sair da cidade. Já que o acordo à rendição não teve unanimidade entre os habitantes. Em maio de 430 a cidade foi cercada e caiu. Os exércitos inimigos entraram, mataram milhares de pessoas. Incendiaram e destruíram edifícios e casas. Santo Agostinho preferiu permanecer entre os que resistiram a ocupação, sendo também morto. Os que sobreviveram tornaram-se cativos do império Vândalo. Do alto mar, os que resolveram ir embora, viram a cidade em chamas. Inclusive, fica implícito que, sua mulher e filho aceitaram a oferta de abandonar a cidade com os demais. O filme passa a ideia da transformação pela qual o jovem Agostinho atravessou. Nosso coração estará sempre disposto a seguir pelo caminho da espiritualidade e devoção. Interesses outros, nesse percurso, poderão mudar, obstruir ou adiar esta entrega. Porém, de acordo com a Providência Divina, percorreremos essa estrada no tempo determinado. Romanos 8,28 diz: “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam. Dos que foram chamados de acordo com seu propósito”. Assim, aconteceu com Agostinho. Sua resistência ao chamado divino e foco apenas na dimensão humana. Foram obstáculos, que vencidos, tornaram-se experiências úteis ao aprendizado da humanidade. Sua obra Confissões expõe claramente esse aspecto. Nossos dois lados, luz e sombra, não são perfeitamente discernidos em nossa experiência. Isso não omite nossa culpa. Somos responsáveis pelos atos que praticamos. Sendo penalizados naquilo que ofende a nós mesmos e nosso próximo. Contudo, quando a luz divina nos alcança. Temos abertura a compreender, discernindo, o certo do errado, o bem do mal, o claro do escuro. Assim, podemos desenvolver nossa espiritualidade baseada numa humanidade fundada na moral, ética e bons costumes. Tendo na devoção, oração e meditação nas Sagradas Escrituras, companheiros inseparáveis a desenvolver nosso homem interior. Esse se manifesta em nossa alma – emoções e sentimentos. E espírito – consciência, intuição e comunhão com Deus. Partes que estarão conosco quando passarmos da morte para a vida. O renascer da nova vida em ressurreição. Abraços. Davi

 

 

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