Cinema. FILME
ALEXANDRIA OU ÁGORA. O filme Alexandria (2009) é uma belíssima produção
cinematográfica. Um cenário reconstituído da cidade de Alexandria no antigo
Egito, destacando-se a famosa biblioteca da cidade que foi primeiramente
organizada no século I da era cristã. A história passasse no ano 394, sendo que
vinte e um anos depois aconteceria a destruição completa da biblioteca e seu
museu no ano de 415, a mando do imperador cristão Constantino II. Apesar
da controvérsia quanto ao ano do evento e qual o imperador responsável por essa
ignóbil ordem o fato real é que os mais 700 mil rolos de papiros e pergaminhos
foram queimados e destruídos pelo autoritarismo e dogmatismo desse imperador.
Haviam os mais variados conhecimentos como: astronomia, geometria, aritmética,
álgebra, trigonometria, história, filosofia, música, poesia, literatura,
física, teologia, lógica, metafísica, geografia e outros saberes. A Biblioteca
de Alexandria foi durante muitos séculos, mais ou menos de 280 a.C. a
416, uma das maiores e mais importantes bibliotecas do Planeta. Este valoroso
centro do conhecimento estava localizado na cidade de Alexandria, ao norte do
Egito, a oeste do Rio Nilo, bem nas margens do Mediterrâneo. Afirma-se que ela foi criada em princípios do século
III a.C., em plena vigência do reinado de Ptolomeu II Filadelfo (309 AC 346) do
Egito, logo depois de seu genitor ter se tornado famoso pela construção do
Museum – o Templo das Musas - junto ao qual se localizava a Biblioteca. Sua
estruturação, a princípio, é geralmente creditada ao filósofo Demétrio de
Falero (350 AC 280), então exilado nesta região; muitos afirmam ser dele a
concepção deste espaço cultural, depois de convencer o rei a transformar
Alexandria em concorrente da glória cultural de Atenas. Durante sete séculos
esta Biblioteca abrigou o maior patrimônio cultural e científico de toda a
Antiguidade. Ela não apenas continha um imenso acervo de papiros e pergaminhos, mas também incentivava o espírito
investigativo de cientistas e literatos, transmitindo à Humanidade uma herança
cultural incalculável. Ao que tudo indica, ela conservou em sua estrutura
interna mais de 400.000 rolos de papiro, mas esta cifra pode, em alguns
momentos, ter atingido o patamar de um milhão de obras. Sua devastação foi
realizada gradualmente, até ela ser definitivamente consumida pelo fogo em um
incêndio de origem acidental, atribuído aos árabes durante toda a era medieval.
Há várias histórias sobre prováveis incêndios anteriores ao que destruiu
completamente a Biblioteca de Alexandria. Uma delas narra que Júlio César (100
AC 44), passando por Alexandria ao perseguir seu rival Cneu Pompeu (106 AC 48),
membro do Triunvirato integrado também por César e Licínio Crasso (115 AC 56),
não só foi presenteado com a cabeça de seu inimigo, mas também com o amor de
Cleópatra (69 AC 30), irmã de Ptolomeu XII. Envolvido pela paixão, ele se
apossa do trono por meio da força, entrega-o à Rainha e aniquila todos os
tutores do antigo rei, com exceção de um, que foge das garras de César.
Determinado a não deixar sobreviventes, ele manda incendiar todos os navios,
incluindo os seus, para que ele não pudesse escapar pelo mar. O fogo teria se
ampliado e atingido uma fração da Biblioteca. Esta ancestral Biblioteca tinha a
missão de conservar e disseminar valores da cultura de Alexandria. Muitas das obras que circulavam em
Atenas foram para lá enviadas; em seu âmbito ela abrigava matemáticos
como Euclides de Alexandria (330
AC 260), além de famosos intelectuais e filósofos,
célebres nomes do passado. Lá também foram elaboradas significativas obras
sobre geometria, teologia , filosofia, lógica, música, poesia, trigonometria, astronomia, e igualmente sobre idiomas, literatura e medicina. Nesta
mesma instituição eram produzidos e comercializados papiros. Afirma-se que os
72 sábios judeus que verteram as Sagradas Escrituras Hebraicas para o grego,
produzindo assim a renomada Septuaginta, reuniram-se justamente na Biblioteca
de Alexandria para realizar este intento. A própria Cleópatra (69 AC 30) era
apaixonada por este espaço, sempre à procura de novas histórias, sozinha ou
acompanhada por César, outro amante da cultura. Este centro irradiador foi, com
certeza, o mais importante ponto de referência cultural e científico da
Antiguidade. Foi edificada recentemente uma nova Biblioteca, inaugurada em 2003
nos arredores da sua antecessora. Ela também tem a ambição de se tornar um dos
maiores e mais importantes polos culturais dos nossos tempos. Sua ala
principal, batizada como Bibliotheca Alexandrina, soma-se a outros quatro
conjuntos especializados, laboratórios, um planetário, um museu científico e outro
caligráfico, além de uma sala para congressos e exposições. A Septuaginta, em latim, abreviada LXX, é uma tradução em
língua grega da Bíblia Hebraica, o Antigo Testamento, que a tradição diz ter
sido feita no Egito por 70 sábios, cerca de dois séculos antes de Cristo,
exatamente em Alexandria (no recinto onde funcionava a biblioteca da cidade),
onde existia uma significativa comunidade hebraica. Sobre a origem dessa
tradução, existe uma carta escrita por Aristéia a Filocrates onde é narrada de
forma legendária, como nasceu essa tradução. Conforme essa carta, o rei egípcio
Ptolomeu II (309 AC 246) pediu às autoridades religiosas do templo de Jerusalém
que fizessem uma tradução em grego do Pentateuco para a recém criada biblioteca
de Alexandria. O sumo sacerdote Eleazário nomeou 72 eruditos judeus, 6 escribas
por tribo de Israel (outra tradição diz que eram 70), que foram até o Egito e
na Ilha de Faro realizaram a tradução em 72 dias, cada um fazendo a própria
tradução dos 5 primeiros livros da Bíblia. No final dos trabalhos se reuniram
e, comparando o trabalho feito, viram que todas as traduções eram idênticas.
Essa história talvez seja apenas uma legenda. De fato alguns dizem que os
tradutores na verdade eram 5 e invés 70 eram os membros do tribunal (Sinédrio)
que aprovou a tradução feita. De qualquer forma, mesmo sendo difícil comprovar
a verdade histórica dessa narração, é claro que é uma tradução feita no Egito e
era tida como uma boa versão também pelas autoridades de Jerusalém.
Provavelmente a obra foi feita para que a comunidade judaica do Egito, que
falava grego, pudesse ter um texto próprio para usar durante a sua liturgia.
Sucessivamente toda a Bíblia Hebraica foi traduzida. Com certeza o Pentateuco e
os Salmos foram traduzidos em Alexandria, mas quanto os demais livros não é
possível saber com exatidão. Existe hipótese, por exemplo, que o Cântico dos
Cântico foi traduzido em Israel. Precisa dizer que não foi feita uma obra
completa em grego, como se faz hoje com os nossos livros, mas nasceu aos poucos
e para completar-se provavelmente levou 200 anos. Por isso hoje não temos
fisicamente um livro manuscrito elaborado antes de Cristo que seja a Setenta.
Os manuscritos relativamente completos que reúnem praticamente toda a Bíblia do
Antigo Testamento em grego são do quarto e quinto século depois de Cristo,
respectivamente o Codex Vaticanus e o Codex Sinaiticus. Existem porém
fragmentos de manuscritos que são de antes de Cristo: do II século temos
fragmentos de Levíticos e Deuteronômio (Rahlfs nn. 801,819 e 957); do I século
antes de Cristo chegaram até nós fragmentos de Gênesis, Levítico, Números,
Deuteronômio e dos profetas menores (Rahlfs nn. 802, 803, 805, 848, 942 e 943).
A importância para o texto do Antigo Testamento desses manuscritos é evidente,
sobretudo do Codex Vaticanus e do Codex Sianiticus. De fato o manuscrito
completo do Antigo Testamento em Hebraico, a língua original, mais antigo que
temos é apenas do ano 1008, o Codex Lenigadensis. No início da era cristã os
judeus deixaram de usar a tradução grega da Bíblia. Para os cristãos, invés, a
LXX se tornou a versão principal. Mais tarde, quando São Jerônimo (347-420)
traduziu a Bíblia para o latim, a Vulgata, usou sobretudo a LXX. Tinha em mãos
também o hebraico, mas servia apenas como um instrumento para confronto. Graças
à versão LXX surgiram as diferenças entre as Bíblias Católicas e a Protestante.
Isto por que no texto grego do qual estamos falando existem livros que não
aparecem na bíblia hebraica. Como já dissemos, a Bíblia dos Setenta foi
traduzida antes de Cristo; o cânon, ou seja, a lista oficial dos livros, da
Bíblia Hebraica, invés, foi definido somente por volta do ano 90 depois de
Cristo. Os livros que estão na Bíblia grega dos LXX e que não entraram naquela
hebraica são: Judite, Tobias, Primeiro e Segundo Macabeus, Sabedoria,
Eclesiástico e Baruc. Além disso, os capítulos 13 e 14 de Daniel. Embora não
tenham sido considerados pelos judeus como livros inspirados, a Igreja os
reconheceu como tal e foram incluídos por São Jerônimo na sua tradução em latim
mencionada acima. A versão dos Setenta, todavia, contém também livros que não
entraram nem no cânon da igreja nem naquele dos judeus. São eles: primeiro
livro de Esdras, terceiro e quarto livro dos Macabeus, o salmo 151, Odes e
Oração de Manassés e Salmos de Salomão. Martinho Lutero (1483-1546), durante o
período da reforma, decidiu adotar o cânon hebraico. Desse modo ele excluiu da
sua Bíblia os livros acima citados e hoje as bíblias protestantes não têm tais
livros. Após essa introdução entremos propriamente na pelica. O filme do
diretor chileno Alejandro Amenábar (1971- ) foi ousado ao
colocar uma mulher como protagonista num contexto social religioso onde a
masculinidade é prevalecente e a mulher sinonimo de inferioridade. Vários
aspectos foram abordados no enredo, por sinal muito bem documentados histórica
e filosoficamente. Assim temos como temas da trama. 1. A filósofa Hipátia e
suas pesquisas sobre o movimento da terra. 2. A Ágora (academia) onde se
ensinava os saberes filosóficos e científicos daquela época. 3. O
relacionamento do escravo Davos e o discípulo Orestes com Hipátia. 4. O
Sistema Ptolomaico dos corpos celestes. 5. As ideias de Aristarco de Samos
sobre as órbitas celeste. 6. Intolerância religiosa (cristãos, judeus
e pagãos) e suas consequências. 7. O sistema geocêntrico e o heliocêntrico de
mundo. 8. O primeiro axioma de Euclides. 9. Acusação de ateísmo e bruxaria
contra a filósofa Hipátia. 9. Os monges (do deserto de Nítria)
parabolanos. 10. A execução da filósofa Hipátia. 1. A filósofa Hipátia
centrada em seus estudos e absorta em suas pesquisas, vocacionada para o
ensino procurava desperta a mente de seus discípulos para pensarem por si,
criando seus próprios modelos de conhecimentos e vivenciando experiências
baseadas numa realidade que foge ao senso comum. Ela valorizava a convivência
humana procurando despertar novas ideias, questionando os
modelos milenares que eram vistos como verdades absolutas. Não se
conformava com as postulações de Aristóteles (484 AC 322) e Platão (428 AC 347)
que insinuavam que a terra era um corpo celeste imóvel. Onde os seus astros (planetas,
luas e cometas) giravam em torno dela. Apesar de não singularizar uma fé
(crença) era de nobre personalidade. Um firme senso de justiça, moralidade
compatível com seu caráter. Destemida e convicta de suas opiniões, não tendo
medo de expressar seus pontos de vistas. O banho em praça pública (aparece
nua de costas) era costume entre os gregos não sendo visto como licencioso ou
pecaminoso em suas tradições "pagãs". Tanto que já havia
um escravo para cobrir sua nudez. 2. Ágora era um ambiente de livre pensamento
e expressão onde todos poderiam expor suas opiniões. Tanto que o escravo Davos
fez considerações sobre os movimentos dos corpos celestes em suas órbitas,
criando inclusive um aparelho onde se percebia os supostos movimentos dos
astros incluindo a terra, que naquela época acreditava-se ser imóvel, parada no
espaço. Orestes observou que um corpo lançado numa plataforma em
movimentos cairá para trás fazendo uma curva (parábola).
Contrário ao demonstrado por Hipátia na Ágora que quando lançado de
uma superfície fixa cai de forma retilínea. 3. Davos (o escravo) acaba se
convertendo ao cristianismo e um dos fatos que o motivou foi
o "milagre" feito por Tomaz, (pregador cristão) que andando
pelas chamas não se queimava. Davos após tornar-se adepto mudou seu comportamos
e caráter exercendo atitudes psicóticas. Orestes corteja a filósofa
cantando-lhe uma música com uma espécie de gaita escocesa
no festival "pagão". Hipátia "devolve" a
gentileza na ágora com um lenço manchado com seu ciclo menstrual
dando a entender que não assume compromisso relacional definitivo. Tomaz o
influente pregador cristão, por seus modos auto sugestivos cativada as
audiências que o assistiam. Pois mesmo sendo um monge de pouco instrução
teológica, exercia um messianismo entre o povo. Foi responsabilizado por
incitar os cristãos contra os pagãos, gritando palavras de ordens contra seus
deuses, menosprezando-os e rebaixando-os ao ridículo. Isso provocou um acirrado
ódio dos pagãos contra os cristãos, resultando em conflitos armados e
mortandade entre os dois grupos. Impressionante que uma pessoa tão alucinada
acusada de matar pagãos e judeus a pedradas foi considerada santa (São Tomázio)
e beatificada pela liderança eclesiástica da época. 4. O Sistema que
Nicolau Ptolomeu (60-168) desenvolveu concebia o universo com os astros
celestes girando em torno da terra, que era um corpo imóvel no espaço
sideral. Nesse contexto a terra ainda não era considerada redonda e
haviam dúvidas quanto a suas bordas e extremidades, pois pensava-se que havia o
perigo das pessoa caírem no espaço. Esse era o sistema adotado pela tradição
judaico cristã. Orestes foi o prefeito augusto da diocese do Egito. Em 415, durante seu governo, teve divergências com o
jovem bispo de Alexandria, Cirilo (375-444), que tinha sido apontado para suceder o Patriarcado de Alexandria depois da morte do patriarca Teófilo (385-412), seu tio. Orestes resistiu firmemente as tentativas de
Cirilo de intervir em assuntos seculares. Em uma ocasião, Cirelo enviou o grammaticus Hierax para
descobrir secretamente o conteúdo de um edito que Orestes estava para promulgar
nos shows de mímica que atraíam grandes multidões. Quando os judeus, com quem
Cirilo tinha sido desentendido anteriormente, descobriram a presença de Hierax,
se revoltaram, queixando-se que a presença de Hierax tinha como objetivo
provocá-los. Então Orestes torturou Hierax em público em um teatro. Este ato
teve dois objetivos: o primeiro foi o de conter as revoltas e o outro impor a
autoridade de Orestes sobre Cirilo. De acordo com fontes cristãs, os judeus de
Alexandria tramaram contra os cristãos e assassinaram muitos deles. Cirilo
reagiu e expulsou todos os judeus, ou os assassinos (segundo algumas fontes),
exercendo um poder que pertenceria, de fato a Orestes. Orestes se mostrava
impotente, mas mesmo assim rejeitou o gesto de Cirilo que lhe ofereceu uma
Bíblia, o que significaria que a autoridade religiosa de Cirilo exigiria a
aquiescência de Orestes. Esta recusa quase custou a vida de Orestes. Monges do
deserto da Nítria instigaram, misturados à população de Alexandria,
protestos contra Orestes. A violência desses monges já tinha sido utilizada
quinze anos antes por Teófilo contra os chamados "Grandes
Irmãos"; além disto, diz-se que Cirilo passou
cinco anos em formação
ascética junto deles. Os monges atacaram Orestes e
o acusaram de ser um pagão; o prefeito rejeitou as acusações dizendo que tinha
sido batizado pelo arcebispo de Constantinopla. Contudo, os monges não ficaram satisfeitos e um
deles, Amônio, atirou
uma pedra que feriu Orestes na cabeça, cobrindo-o de sangue. A guarda de
Orestes, temendo ser apedrejada, fugiu deixando o prefeito sozinho. O povo de
Alexandria, contudo, veio em sua ajuda, capturou Amônio e fez os monges
debandarem. Amônio foi torturado em praça pública e executado. O prefeito
escreveu ao imperador Teodósio
II (401-450), relatando as ocorrências, mas Cirilo fez o
mesmo contando a sua versão dos fatos. Além disto, o bispo havia tomado o corpo
de Amônio, levando-o a uma igreja e mandando listá-lo entre os santos mártires com o nome
de Taumásio, que, em grego clássico, significa "maravilhoso", "admirável".
Segundo Sócrates Escolástico (380-430), este ato foi malvisto mesmo entre os cristãos já que Amônio
teria morrido não por não renunciar
a fé, mas sim por um crime comum. Cirilo, ciente
disso, deixou o episódio cair no esquecimento, afirma Sócrates Escolastico.
Orestes contava com o apoio político de Hipátia, uma filósofa, professora e cientista de considerável
sabedoria, virtuosidade e autoridade moral na cidade de Alexandria. De fato,
muitos estudantes de ricas e influentes famílias se dirigiam a Alexandria com o
propósito de estudar com Hipátia e muitos dos seus discípulos, mais tarde
alcançavam postos de destaque no governo e na Igreja. Muitos cristãos
acreditavam que a influência de Hipátia fez Orestes rejeitar as ofertas de reconciliação
oferecidas por Cirilo. Historiadores modernos acreditam que Orestes cultivou
seu relacionamento com Hipátia para fortalecer seu vínculo com a comunidade pagã de Alexandria, da mesma forma que fez com os judeus, de
modo a lidar com maior eficácia com a difícil vida política da capital egípcia.
As disputas entre Orestes e Cirilo resultaram em um fim trágico para Hipátia:
uma multidão cristã tomou a filósofa de sua carruagem e brutalmente a
assassinou, cortando seu corpo em pedaços e queimando os pedaços fora dos muros
da cidade. Este assassinato político teria eliminado um importante e influente
suporte para o governo do prefeito, fazendo Orestes desistir de sua disputa com
Cirilo e levando-o a deixar definitivamente a cidade de Alexandria. Orestes
é retratado em Ki Longfellow's Flow Down Like Silver, Hypatia of Alexandria de
uma forma altamente imaginativa. No filme de 2009 Alexandria,
de Alejandro Amenábar, Orestes é interpretado por Oscar Isaac. Na versão
dessa obra, Hipátia é assassinada pelos Parabolanos, espécie de guarda pessoal do bispo e não pelos monges
Nitrianos. O sistema geocêntrico foi adotado pela
tradição judaico cristã até quando Galileu Galilei
(1564-1642) postulou o sistema heliocêntrico, o sol é que era o
centro onde a terra, planetas, estrelas, cometas e demais astros giravam em
torno dele. Ele criou uma grande confusão com a teologia crista, e por pouco
não sofreu um processo formal no Tribunal da Santa Inquisição tendo que se
retratar em carta pública. As Sagradas Escrituras tem um argumento em Josué
10:12 que diz: "Então Josué falou ao Senhor, no dia em que o Senhor deu
aos amorreus nas mãos dos filhos de Israel, e disse na presença dos Israelitas:
sol detém-te em Gibeom, e tu, lua, no vale de Aijalom. E o sol se deteve, e a
lua parou até que o povo se vingou dos seus inimigos". Assim esse argumento
corroborava no sentido de pensar a terra como um astro imóvel (parado) e
prevalecente no centro do universo. 5. Aristarco de Samos (310 AC 230)
contrariando as ideias dos mestres Platão e Aristóteles postulava que havia a
possibilidade de a terra ter movimentos próprios e girar em torno do sol junto
com os demais astros, mas esse filósofo foi considerado louco por seus
argumentos e abstrações. 6. O filme relata a convivência nada amistosa entre
cristãos, judeus e pagão, sendo que cada qual queria ter a primazia
dos seus cultos e tradições nos templos em Alexandria. Criando assim um
clima de animosidade e lutas que iam ao extremo de mortes e exclusões
dos lugares sagrados, que a princípio era divido por todos os grupos
religiosos. 7.O Sistema Geocentrico (terra no centro do mundo) e o
heliocêntrico (sol no centro do mundo) se opunha em lutas ideológica e
políticas. O cristianismo com seu poder do império procurava sub julgar as
demais religiões afirmando a terra como o centro do mundo. Mas cientistas e investigadores
como a filósofa Hipátia procuravam pela matemática, e abstrações lógicas
formular novas bases de entendimento do universo. Paradigma que traria uma
visão diferente da tradicionalmente aceita, que mudariam a forma de pensar e
conceber o mundo saindo da centralidade humana teológica para a diversidade
cósmica de saberes e filosofias religiosas dissemelnantes. 8. O primeiro
axioma de Euclides: Duas coisas iguais a uma terceira, são iguais entre si. Se
parcelas iguais forem adicionadas a quantias iguais, os resultados continuarão
sendo iguais. Se quantias iguais forem subtraídas das mesmas quantias, os
restos serão iguais. O todo é maior que a parte. Esse argumento
euclidiano foi usado por um dos discípulos da filósofa que se tornou autoridade
eclesiástica, tentando convertê-la ao cristianismo. 9. Hipátia por sua
neutralidade ideológica, suas pesquisas astronômicas tentando provar o sistema
heliocêntrico e os movimentos da terra realizados no seu percurso pelo próprio
eixo em rotação e translação. Descoberta do movimento elíptico dos planetas foi
acusada de bruxaria, ateísmo e prostituição. Sendo executada nua a pedradas por
monges (do deserto) parabolanos, antes para mitigar o sofrimento extremo foi
asfixiada pelo escravo Davos. Uma cena constrangedora que provoca revolta e
tristeza em quem assiste o filme. Uma das mais relevantes falas ao meu ver do
filme, foi quando Hipátia responde para Oreste no momento em que ele insiste em
fazê-la dobrar-se a fé cristã recebendo o batismo como sinal de ingresso oficial
na nova (cristianismo) religião ascendente: você não questiona a sua crença.
Achei importante acrescentar os fatos históricos com relação a biblioteca de
Alexandria especialmente a Tradução da Septuaginta nesse recinto do
conhecimento universal, bem como o contexto político e religioso dos fatos.
Beijo. Davi.
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