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Mosaico. A VERDADE ESTÁ ALEM DA REALIDADE. Refletiremos sobre a
escritura de João 14:1-12 "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus,
crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim,
eu não teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar
lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver
estejais vós também. Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho.
Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o
caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem
ao Pai, senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu
Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto. Disse-lhe Filipe: Senhor,
mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo
convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como
dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está
em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que
está em mim, é quem faz as obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim;
crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras. Na verdade, na verdade vos digo
que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores
do que estas, porque eu vou para meu Pai". Dois aspectos para
compreendermos a humanidade e divindade de Jesus Cristo é o que os estudiosos
da ciência esotérica costumam chamar de o Cristo mítico e o Cristo histórico.
Há consenso na literatura universal e tradição religiosa de todas as
espiritualidades de que Jesus o filho de Deus, como homem, nasceu provavelmente
no início de nossa era, até a primeira metade do século I. A data de seu
nascimento é controversa, mas as alusões referentes ao culto do deus sol,
praticado na Roma antiga, advindo da mitologia do deus egípcio hórus, que era
realizada no equinócio de verão no hemisfério sul, pode trazer a data de sua
natividade para 21 de junho a 23 de setembro. Assim o 25 de dezembro em todas
as pesquisas científicas não tem embasamento confiável. Foi uma data
convencionada pela igreja, a partir do ano 353, quando era papa Damaso I
(305-384), sendo apoderada pelo capitalismo como motivo de consumo e
entretenimento, muito mais, que um momento de comunhão, reflexão e meditação
sobre o nascimento do salvador do mundo. Inclusive o historiador judeu Flávio
Josefo (37-100) atestando a veracidade da vida do Cristo não sabe precisar
quando ele veio ao mundo. Sua infância foi normal como de qualquer criança. Entretanto
em sua adolescência um fator marcou sua excepcionalidade aos doze anos, pois
quando seus pais visitavam o templo em Jerusalém, na festa anual da páscoa, ele
acabou se perdendo de seu genitores. E dias depois foi encontrado entre os
doutores da lei judaica, os fariseus, saduceus e escribas discutindo com eles a
respeito dos preceitos mosaicos. É sabido que o Jesus histórico era um iniciado
nos mistérios dos Essênios, uma seita judaica asceta e austera que abstinha-se
inclusive do casamento, procurando um viver de pureza física e mental.
Praticavam também a meditação e invocação as divindades estabelecidas pela
comunidade. Imagina-se que pela experiência com esse movimento, Jesus,
adquirirá conhecimento sobre magia, teurgia, poderes ocultos da natureza e uso
da consciência evolutivo pela telepatia, telecinesia e taumaturgia (milagres).
Também o conhecimento da cultura, espiritualidade e mistérios do judaísmo
especificamente contidos na Cabala. Com essas características sobre-humanas. O
Mestre Jesus, desenvolveu seu ministério apostólico de amor ao próximo,
acolhimento dos oprimidos, conforto aos desesperançados, alívio aos doentes e
certeza de vida eterna sem dor, sofrimento ou morte. O Cristo Mítico envolve
seu aspecto divino quando se percebe elementos não humanos em sua constituição
espiritual. Nesse panorama ele, em muitas aparições, mostrava-se num corpo
sutil e plasmado. Particularmente, para uma explicação mais razoável, traçamos
uma linha imaginária, procurando comparações da vida do Cristo com outras
divindade de espiritualidade divergentes do cristianismo. O estudo das
mitologias e religiões comparadas, ajuda-nos a desvendar inúmeras situações
ocorrida com o Cristo, vistas anteriormente em importantes divindades de outras
tradições com semelhanças impressionantes. A pessoa de Krishna que viveu
aproximadamente 3.000 AC, se encaixa nesse suposto modelo que estamos
imaginando. Assim como o Cristo foi perseguido em seu nascimento por um rei,
Herodes, e um grupo de magos guiados por uma estrela encontraram o menino Deus
em uma manjedoura. Krishna quando criança, foi também perseguido por um rei
que, tentando encontrá-lo ordenou que as crianças, recém nascidas da cidade
fossem mortas. Como no caso específico de Cristo, Krishna era visto desde seu
nascimento como ameaça ao destronamento do soberano. Krishna foi concebido de
uma virgem que não havia tido contato com nenhum homem conforme a tradição
hindu. Sendo seu nascimento referendado por uma estrela. Um detalhe importante
essa virgem, sua mãe, faz parte do arcabouço da tradição de divindades
veneradas pelo povo hindu. Igualmente a Santíssima Virgem e Imaculada Maria é
adorada pelos cristãos católicos como a Mãe de Deus. Deusa de todos os anjos e
seres espirituais. O Cristo teve uma concepção virginal, concebido por obra e
graça do Espírito Santo. Krishna operava milagres e maravilhas, usando
parábolas para falar as pessoas sobre amor e caridade; foi transfigurado diante
dos discípulos e mortos flechado, encostado a uma árvore aos 30 anos. O Cristo
foi atravessado por uma lança quando estava numa cruz de madeira. Na mitologia
hindu Krishna ressuscitou dos mortos ascendendo aos céus. Esses eventos
aconteceram com Cristo, mostrando que as religiões se interpenetram e suas
mitologias estão entrelaçadas num inconsciente coletivo arquetípico, que desde
o surgimento do homem na terra, forma todas as tradições espirituais
universais. Desse modo através das divindades antigas, podemos aprender lições
para nossa busca espiritual, comparando a vida dos mitos e encarnações de seres
divinos com a realidade de caminhar nessa mesma direção em nossa encarnação
atual e nas reencarnações futuras. Lembrando que assim como o Cristo representa
a segunda pessoa da Trindade Divina, sendo a encarnação do Logos Eterno, o Pai;
Krishna é também a encarnação de Vishnu, o Deus Conservador e Harmonizador na
Trimurti Hindu. Esse texto de João 14, que estamos abordando, não tem margem à uma interpretação literal. A essência do
argumento foge aos sentidos e percepção do observador, que precisará intuir os
conceitos apresentados para uma compreensão razoável. As muitas moradas da casa
do Pai, evidentemente, não são no sentido denotativo real. Como pensar que Deus
estaria construindo no céu casas, mansões, apartamentos e alojamento para seus
servos, conforme a fidelidade e desprendimento de cada um em servir a Ele?
Essas muitas moradas é explicado na narrativa como sendo o próprio Pai, Deus.
Um dia no tempo, eternidade, saímos da casa do Pai, mas todos os seres humanos
sem exceção, retornarão à mesma casa do Pai na eternidade futura. Se é que
podemos mensurar o mistério da eternidade no tempo. A figura do filho pródigo
em Lucas 15, incluindo seu irmão que ficou na casa, é um exemplo dessa
trajetória que percorreremos à evoluir através de erros, pecados, obstáculos e
vicissitudes enfrentadas em nosso cotidiano. A disciplina cármica é corretiva e
pedagógica, nos aperfeiçoando nos vícios à que não caíamos novamente neles.
Quanto as virtudes, tentações e provações que suportamos hoje, retificam as situações
que somos reprovados em nossa encarnação presente, que está ligada a
passada. Como o Pai nos ama incondicionalmente, estará sempre de braços
abertos à receber-nos novamente. O Mestre em sua sabedoria, conhecia a
profundidade do coração de seus discípulos, por isso incitou-os a ponderar
sobre o caminho, verdade e vida. Apesar deles estarem envolvidos no ministério
do Cristo, ainda não conheciam seu propósito último. A verdade é o objetivo
daqueles que se aproximam de Deus com coração puro e mente sensível a
divindade. Onde há mentira não existe verdade. A verdade tem como esfera
mística o amor, que é sua outra face; a praticidade da teoria colocada em
atividade ao benefício do próximo. O conceito de verdade apenas como
conhecimento imóvel fica vazio sem um direcionamento à convivência relacional.
Entendo que quando Jesus diz ser a verdade, ele está mostrando aos discípulos
que todos nós, temos a oportunidade de tomar posse da verdade praticando o
voluntariado, fraternidade e virtuosidade. A mentira é o oposto da verdade,
como é explicado pelo Mestre aos fariseus hipócritas em João 8:44 "Vós
tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer aos desejos de vosso pai. Ele foi
homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade
nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é
mentiroso, e pai da mentira". Como verdade, imagino que o Mestre quis
dizer, uma construção realizada por cada indivíduo em sua encarnação passada,
presente e futura. A partir do princípio chrístico ou búdhico contido em todos
os humanos chegaremos a essa verdade, mais cedo ou mais tarde. Claro que para
assimilarmos a totalidade da verdade passaremos por inúmeras vidas, mas cada
encarnação é uma oportunidade de vivermos a verdade de maneira intensa e mútua
com o nosso próximo. Jesus respondeu a Felipe, quando este perguntou mostra-nos
o pai e isso nos basta? Dizendo: Quem me vê a mim vê o Pai. Aqui é manifestado
a identificação em substância do Cristo, correspondente ao Messias no hebraico,
como o encarnado foi de Deus Pai. Ele era humano, mas divinizou-se pela
natureza espiritual, sendo Deus e homem simultaneamente. Aquilo que o budismo
chama de estado iluminado ou desperto. Esse texto em epígrafe na introdução, é
anterior a Mateus 17 referente a sua transfiguração, iluminação, nirvana ou
samadhy do Cristo. Ele como o Messias, enviado de Deus, em seu corpo etéreo era
atemporal, entrando no tempo ao encarnar no ventre da Virgem Santíssima e
Imaculada Maria. Esse fato é provado num diálogo que o Mestre teve com os
judeus descrito em João 8:56-59 "Abraão, o vosso pai, exultou por ver o
meu dia, e viu-o e alegrou-se. Disseram-lhe pois os judeus. Ainda não tens
cinquenta anos e viste Abraão? Disse-lhes Jesus: em verdade, em verdade vos
digo; que antes que Abraão existisse Eu Sou. Então pegaram em pedras para lhe
atirarem, mas Jesus ocultou-se e saiu do templo, passando pelo meio deles, e
assim se retirou". O Eu Sou é uma referência ao impronunciável nome de
D'us manifestado nas quatro consoantes YHWH, que os místicos cabalista
consideram a totalidade da substância divina. Jesus era a encarnação do EU SOU,
vivendo num tempo anterior a Abraão. Segundo o esoterismo cristão o
Melquisedeque que aparece no texto de Gênesis 14:18, rei de Salém e sacerdote
do Deus Altíssimo que trouxe pão e vinho a Abrão, abençoando-o após vencedor de
uma batalha; este é o Cristo filho de Deus. Plotino (204-270) num de seus
aforismo fala "Os olhos não veriam o sol, se não fossem parecidos com o
sol. A alma não verá a beleza se ela não for bela". Podemos inferir um
paralelo nessa máxima com o entendimento de verdade que estamos elaborando. Só
temos condições de enxergar, compreender a verdade daquilo que corresponde a
nossa experiência espiritual; ela deve conformar-se com nosso modelo de vida
transcendente. Nesse conceito, percebemos que a verdade deve evoluir em nosso
ser de dentro para fora. O contrário, de fora para o interior, não representará
a verdade além da realidade, pois a realidade nem sempre é a verdade, mas a
verdade sempre é a realidade individual e pessoal que você desfruta na sua
consciência presente e no seu inconsciente passado. Nossos sentidos, percepções
e emoções não são confiáveis à compreendermos a verdade como realidade. Um
exemplo simples foi mostrado por Issac Newton (1643-1727) quando fez uma
experiência em que girava um disco com as cores do arco-íris em alta
velocidade. A impressão, ilusão, que se tem quando o disco é visualizado é que
ele tem apenas a cor branca, mas na realidade ele tem sete cores. O mesmo
princípio se aplica a verdade, como o Mestre nos mostrou em João 14; nem sempre
o que vemos ou sentimos corresponde a realidade como verdade. Em nossa
experiência interior e mística (êxtase) poderemos acessar fragmentos dessa
verdade, pois ela é um feixe de luz dentro de nosso inconsciente universal.
Abraço, Davi.
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