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O TERCEIRO REICH: Visão Geral. A chegada dos nazistas ao poder colocou fim à República
de Weimar, uma democracia parlamentar estabelecida na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial (28 de julho de 1914 a
11 de novembro de 1918). Com a nomeação de Adolf Hitler (1889-1945) como chanceler,
em 30 de janeiro de 1933, a Alemanha nazista (também chamada de Terceiro Reich) rapidamente tornou-se um
regime no qual os alemães não possuíam direitos básicos garantidos. Após um
incêndio suspeito no Reichstag, o parlamento alemão, em 28 de
fevereiro de 1933, o governo criou um decreto que suspendia os direitos civis
constitucionais e declarou estado de emergência, durante o qual os decretos
governamentais podiam ser executados sem aprovação parlamentar. Nos primeiros
meses da chancelaria de Hitler, os nazistas instituíram uma política de
"coordenação"—o alinhamento dos indivíduos e instituições com os
objetivos nazistas. A cultura, a economia, a educação, e as leis
passaram ao controle nazista. O regime nazista também tentou
"coordenar" as igrejas alemãs e, apesar de não obter sucesso total
ganhou apoio da maioria dos clérigos católicos e protestante – igreja luterana.
Em
1933, Joseph Goebbels (1897-1945), Ministro de Propaganda e Esclarecimento
Popular, deu início a um processo de sincronização cultural, através do qual as
artes foram moldadas de forma a atender aos objetivos do Partido Nazista. O
governo aboliu não só as organizações culturais judaicas, como também as de
outros grupos [étnicos, políticos e religiosos] sob a alegação de serem
política ou artisticamente suspeitas. As obras de escritores alemães de renome,
tais como Bertolt Brecht (1898-1956), Lion Feuchtwanger (1884-1958) e Alfred
Kerr (1867-1948), foram lançadas ao fogo durante uma cerimônia de queima de
livros (10 de maio de 1933) realizada em Berlim – Alemanha. A partir de
setembro de 1933, a Câmara de Cultura do Reich (composta pelas Câmaras de
Filmes, de Música, de Teatro, de Imprensa, de Literatura, de Belas Artes e de
Rádio do Reich) passou a supervisionar e a controlar todas as facetas da
cultura alemã. A estética (1) nazista enfatizava o valor propagandístico da arte
e glorificava os camponeses, o "ariano (2)" e o heroísmo bélico. Essa
ideologia foi instituída em nítido contraste à arte moderna e inovadora, tais
como as pinturas abstratas, classificada como "arte degenerada",
assim como a "arte bolchevique" e a "cultura bolchevique"
[OBS: Bolsheviques = membros do Partido Comunista russo]. A arquitetura nazista
era a de edifícios monumentais, de formas clássicas e estéreis, que tinham por
finalidade transmitir no espaço a "grandiosidade" daquele movimento
político. Na literatura, foram promovidos os trabalhos de escritores tais como
Adolf Bartels (1905-1968) e o poeta Hans Baumann (1914-1944), da juventude
hitlerista, e foi elaborada uma "lista negra" de obras consideradas
nocivas ao regime, para facilitar a remoção de livros "inaceitáveis"
das bibliotecas públicas. Além da literatura camponesa e dos romances
históricos focados no Volk (povo alemão), as autoridades
culturais nazistas promoviam romances bélicos como forma de preparar a
população para a guerra. O "cultivo da arte alemã” (conjunto de medidas
destinadas a promover artes e artistas específicos) também se estendia à
indústria cinematográfica. Amplamente subsidiada pelo estado nazista, ela era
uma importante ferramenta de propaganda. Filmes como "O Triunfo da
Vontade" (Triumph of the Will), de Leni Riefenstahl (1902-2003), e "Der
Hitlerjunge Quex" glorificavam o Partido Nazista e a Juventude
Hitlerista. Outros filmes, tais como "Ich Klage an" (Eu
Acuso), justificavam o Programa de Eutanásia (3), enquanto "Jud
Suess" (o Judeu Suess) e "Der Ewige Jude" (O Judeu
Eterno) perpetuavam estereótipos antissemitas (4). Na música, os nazistas
promoviam os trabalhos dos compositores alemães Johann Sebastian Bach
(1685-1750), Ludwig van Beethoven (1770-1827), Anton Bruckner (1824-1896) e
Richard (5) Wagner (1813-1883), enquanto proibiam a apresentação de obras de
alemães "não arianos", como Felix Mendelssohn (1809-1847) e Gustav
Mahler (1860-1911). Adolf Hitler assistia, com frequência, a óperas do Festival
de Bayreuth, organizado em homenagem ao compositor Richard Wagner. Os nazistas
disseminavam canções e marchas de cunho nacionalista para incentivar a
doutrinação ideológica da população. As companhias de teatro encenavam peças de
grandes escritores alemães, tais como Goethe (1749-1832) e Schiller
(1759-1805), além de dramas de cunho nacional- socialistas [o nazismo se auto
intitulava “nacional-socialismo”]. Para criar um sentido maior de pertinência
ao conceito germânico de Volk e de comunidade nacional (Volkgemeinschaft),
os nazistas ordenaram a construção de enormes anfiteatros ao ar livre onde tais
espetáculos eram realizados. A promoção da cultura "ariana" e a
supressão de outras formas de produção artística eram parte do esforço nazista
para sua ideia de "purificar" a Alemanha. Em janeiro de 1933, quando
os nazistas assumiram o poder, muitos policiais sentiam-se céticos em relação
ao Partido e às suas intenções. O movimento nazista, especialmente nos últimos
anos da República de Weimar, havia sido subversivo e violento e a polícia os
investigava, assim como aos comunistas, com vigor. No entanto, Hitler passou a
disseminar a imagem de defensor da lei e da ordem, alegando que preservaria os
valores alemães tradicionais. A polícia, e muitos outros grupos conservadores que
ansiavam pela ampliação da autoridade policial através de um estado forte e
centralizado. Receberam de braços abertos o fim da faccionalidade – segregação,
separação – política partidária e concordaram com a extinção da democracia. Na
verdade, o estado nazista solucionou muitas das frustrações experimentadas pela
polícia durante o período da República de Weimar. Os nazistas protegeram a
polícia da crítica pública através de censura à imprensa, e deram um fim aos
embates de rua ao eliminar o comunismo alemão. A força policial foi reforçada
através da incorporação de membros de organizações para militares nazistas como
policiais auxiliares. Os nazistas centralizaram e proveram o financiamento
total daquela instituição. Para que a polícia pudesse melhor combater as
gangues criminosas e promover a segurança do estado. O estado nazista aumentou
o número de policiais e melhorou seu treinamento, além de modernizar seus
equipamentos. Os nazistas proporcionaram liberdade total aos policiais no que
diz respeito a prisões, confinamento e tratamento dos prisioneiros. A polícia
passou a realizar "ações preventivas", ou seja, a realizar prisões
sem quaisquer autorizações e sem provas que pudessem justificar um eventual
julgamento nos tribunais, e também passaram a poder agir sem qualquer tipo de
supervisão do sistema judiciário. Inicialmente, os policiais conservadores
ficaram satisfeitos com os resultados de sua cooperação com o estado nazista.
Os crimes haviam diminuído e as ações de gangues criminosas haviam terminado. A
ordem fora restaurada, mas havia um preço. O estado nazista não era a
restauração da tradição imperial, sua base era completamente racista. Os
nazistas assumiram o controle e transformaram as forças policiais tradicionais
da República de Weimar em um instrumento de repressão, prisões arbitrárias e
eventualmente de genocídio (extermínio deliberado – parcial ou total – de uma
comunidade, grupo étnico, racial ou religioso). Tudo promovido pelo estado. O
estado nazista uniu a Polícia às SS [Schutzstaffel, i.e. Esquadrão de
Proteção] e ao SD (Sicherheitsdienst/SD, i.e. Serviço de Inteligência do
Partido Nazista), duas das organizações nazistas mais radicais, extremistas e
ideologicamente engajadas. Heinrich Himmler (1900-1945), chefe das SS, também
se tornou o chefe de todas as forças policiais alemãs – um verdadeiro carrasco
em pessoa. Seu colaborador, Reinhard Heydrich (1904-1942), do SD, tornou-se
naquela mesma época o líder da Polícia de Segurança, encarregada de proteger o
regime nazista. A ideologia nazista era parte de todas as atividades policiais.
A polícia desempenhava um papel importante não somente na manutenção da ordem
pública, mas também no combate aos “supostos inimigos” raciais designados pelo
estado nazista. Foi nesse contexto que as "ações policiais
preventivas" geraram consequências terríveis. Os membros das SS, do SD, e
da Polícia foram os principais perpetradores (praticavam ação criminosa – ódio,
violência, incitamento) dos horrores do Holocausto. Onde mais de seis milhões
de judeus, excetuando ciganos, deficientes físicos, negros, velhos e outros
foram esmagados, trucidados, nos Campos de Concetração. www.encyclopedia.ushmm.org.
Abraço. Davi.
Referencias: (1) A estética é conhecida por ser a ciência do belo. Filosofia da arte que estuda aquilo que é belo nas manifestações da natureza e artísticas. Também estuda a ausência do belo, o comumente chamado de feio. (2) Ariana. No ideário nazista a raça ariana serviria para designar a raça branca ou caucasoide. Descendentes das antigas tribos que se originaram na região sul da Rússia. Isso acerca de 8 mil anos atrás e se espalharam pela Europa. Seriam mais inteligentes com um cérebro maior. Havia esse "mito" de superioridade da respectiva raça. (3) Eutanásia. Forma de tratamento de pacientes portadores de doenças incuráveis, Tendo o objetivo de garantir a essa pessoa uma morte mais humanizada com menos sofrimento. Esse tema é bastante controverso envolvendo aspectos jurídicos, religiosos e familiares. Ainda sem legislação específica na maioria dos países. O regime nazista usava aleatória, e até, compulsoriamente este instrumento em indivíduos não terminais em termos médicos. (4) Antissemitismo. É o ódio e preconceito contra o povo judeu e sua cultura. Uma forma de xenofobismo. Repugnância a pessoas ou coisas proveniente de países estrangeiros. Paralelamente esse projeto excludente, perseguiu no regime nazista, negros, ciganos, etnias tribais e todos que discordassem, minimamente dos postulados do Reich. (5) Richard Wagner. A música desse importante compositor alemão era ouvida nos Campos de Extermínio. Uma afronta a poética artística e ao sofrimento desses milhares de agonizantes e desfalecidos que caminhavam para a morte.
Redator do Mosaico. Para pensarmos o atual momento político brasileiro. Nossa independência celebrada em 7 de setembro de 2021. O futuro que queremos construir a partir das eleições majoritárias de outubro de 2022. A República de Weimar e o Terceiro Reich alemão representam dois aspectos. O primeiro a harmonia e bom senso advindos da liberdade de expressão sócio política. O segundo o extremismo casuístico e escravista, potencial máquina de exclusão, destruição da liberdade, perseguição política e morte.
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