quarta-feira, 29 de setembro de 2021

A ASTROLOGIA NA IDADE MÉDIA

 

Astrologia. II. A ASTROLOGIA NA IDADE MÉDIA. Uma Ciência de Monges e Nobre. A Astrologia tem florescido sempre em meios civilizados. Com a queda de Roma e o começo da Idade Média das Trevas, a ciência passou por um eclipse. No entanto, sobreviveu algum interesse nos monastérios e sérios estudos tiveram prosseguimento no Oriente Médio, onde o matemático, astrônomo, astrólogo e filósofo persa Abu Ma’shar al Balkhi (787-886), famoso astrólogo árabe, escreveu: “Só através da observação da grande diversidade dos movimentos planetários podemos compreender as inúmeras variedades de transformações". Gradualmente, na medida em que a Europa avançava mais uma vez para a luz, a Astrologia começou a voltar à consciência do homem – não apenas como um meio de predição, mas como uma forma de revelação e explicação. Filósofos e escritores cristãos, sucessivamente, começaram a redescobrir seus valores. Um dos resultados dessa nova aproximação foi o fato de várias religiões terem sido colocadas sob a proteção dos planetas: o judaísmo era regido por Saturno; o islamismo, de características belicosas e ao mesmo tempo sensuais, por Marte e Vênus. O cristianismo por Mercúrio, dominante em Virgem, o signo da Virgem Maria. Entre os pensadores de importância que sustentaram a teoria da Astrologia destacou-se Alberto Magno (1193-1280), filósofo e cientista experimental alemão. Ele acreditava que as estrelas não podiam influenciar a alma, mas que exerciam controle sobre o corpo, atingindo assim a vontade humana. Tomás de Aquino (1225-1274), discípulo de Alberto, sustentou o debate e foi até mais longe que seu mestre, ao declarar: “os corpos celestes são a causa de tudo o que acontece no mundo sublunar (abaixo da lua). A ASTROLOGIA TORNA-SE UM SUCESSO SOCIAL. Por volta do século XIV, a Astrologia estava firmemente estabelecida nas universidades, apoiada de um lado pela teologia e de outro pela ciência. Em muitas famílias nobres era procedimento regular a elaboração de horóscopos dos recém-nascidos, cujas vidas às vezes eram dominadas pelas notas biográficas resultantes, traçadas antes mesmo deles saberem andar. Há exemplos de horóscopos de cavalos favoritos e até de cachorros de estimação. A Astrologia logo alastrou-se, com a literatura a respeito oscilando desde os populares Livros da Lua até considerações sérias de Dante Alighiere (1265-1321) e Geoffrey Chaucer (1343-1387). Uma ilustração de um livro francês medieval, O Livro das Horas, dispostas em torno de um antigo relógio de Sol, mostrava como cada signo do Zodíaco era associado com um determinado trabalho mensal na Terra. OS SIGNOS DO ZODÍACO NA ERA MEDIEVAL. CÂNCER, O CARANGUEJO. De 21 de junho a 22 de julho. O trabalho tradicional desse mês zodiacal era o corte do capim para o preparo do feno. O trabalhador usava uma foice; de seu cinto pendia uma pedra de amolar. LEO, O LEÃO. De 23 de julho a 22 de agosto. Tempo para ceifar o trigo, trabalho feito manualmente, com o auxílio de uma pequena foice; depois, o trigo era amarrado em feixes e empilhado para secar. VIRGO, A VIRGEM. De 23 de agosto a 22 de setembro. No mês de Virgem, já seco, o trigo era espalhado e debulhado – também a mão – para separar o grão da palha. LIBRA, A BALANÇA. De 23 de setembro a 22 de outubro. Depois da colheita da uva, os bagos eram colocados em tinas (vasilha) largas e rasas – os lagares – e depois amaciados pelos trabalhadores da vinha a fim de lhes extrair o suco. SCORPIO, O ESCORPIÃO. De 23 de outubro a 21 de novembro. A semeadura para a próxima estação era frequentemente feito sob o signo de Escorpião, principalmente em áreas de solo argiloso. SAGITARIUS, O ARQUEIRO. De 22 de novembro a 21 de dezembro. Nessa época do ano o povo do campo derrubava bolotas de carvalho e castanhas doces para engordar seus porcos, que já não tinham muito tempo de vida. CAPRICÓRNIO, O BODE. De 22 de dezembro a 19 de janeiro. Os porcos e outros animais eram abatido quando a forragem tornava-se escassa, e seus corpos salgados para fazer com que a carne durasse mais tempo. AQUARIUS, O CARREGADOR DE ÁGUA. De 20 de janeiro a 18 de fevereiro. Época dos festins, atividades presididas em muitos calendários medievais por Janus, de duas faces, o antigo deus italiano do mês de janeiro. PISCES, OS PEIXES. De 19 de fevereiro a 20 de março. Tempo para aquecer-se; geralmente o frio dificultava os trabalhos das fazendas e os reduzia; os camponeses aproveitavam para passar os dias descansando dentro de casa. ÁRIES, O CARNEIRO. De 21 de março a 19 de abril. No mês zodiacal do Carneiro, uma tarefa importante era desbastar as velhas vinhas. Árvores e galhos eram então podados, na preparação para a nova estação em que se encontravam. TAURUS, O TOURO. De 20 de abril a 21 de maio. A fertilidade estava mais uma vez no ar e o povo recolhia ramos e flores para enfeitar suas ruas e casas para as festividades que eram realizadas no mês de maio. GEMINI, OS GÊMEOS. De 22 de maio a 20 de junho. Caçar com falcões era uma ocupação favorita durante a estação do verão entre as proprietárias de terra nos lânguidos (abatido, sem vigor) dias do século XV. O ZODÍACO E O CORPO. Como os Doze Signos Regem Nossa Anatomia. Hugh de Saint Victor (1096-1141), cuja filosofia e misticismo tiveram grande influência no século XII, salientou o valor da Astrologia natural, que se relaciona com a influência das estrelas sobre os complexos de nosso corpo, a qual varia de acordo com a posição da esfera celeste e atua na saúde e na doença, no bom ou mal tempo, na fertilidade e esterilidade”. Mesmo antes de sua época eram feitas ligações entre os signos do Zodíaco e partes específicas do corpo humano. Na antiga biblioteca de Hermes Trismegisto, por exemplo, aparece a noção de correspondência entre o macrocosmo – o Universo – e o homem: “O macrocosmo engloba os doze signos zodiacais, assim como o homem, de sua cabeça (o Carneiro) a seus pés, que correspondem ao signo de Peixes”. Em anos mais recentes, astrólogos examinaram essa antiga teoria, considerando-a sob a luz de modernos progressos da medicina. Estabeleceram, a partir de suas pesquisas, ligações entre os doze signos e os sistemas glandular e nervoso. Essas ligações atuam ainda através do que se conhece por polaridade, ou atração dos opostos. Assim, as dores de cabeça do ariano podem relacionar-se a uma condição dos rins, estes falhando sob a influência de Libra, o signo oposto a Áries. Nos títulos destas páginas os signos de polaridade aparecem em segundo lugar. ÁRIES/ BALANÇA. Os arianos tendem a ter mais dores de cabeça do que todos, pois essa é a zona de influência do signo; podem também ser “cabeças-duras”, tendo súbitos ataques de raiva. TOURO/ESCORPIÃO. Os taurinos são vulneráveis a resfriados e gripes, pois Touro rege a garganta e o pescoço, é aconselhável proteger a garganta quando o clima é mais frio. CÂNCER/CAPRICÓRNIO. Os cancerianos apresentam tendências para preocupar-se mais que todos e, desde que Câncer rege o estômago, suas tensões podem provocar doenças estomacais e até úlceras. VIRGEM/PEIXES. Virgem rege o sistema nervoso e os intestinos; os nativos do signo (como os de Câncer) tendem a sofrer um pouco do estômago, frequentemente devido a problemas de digestão; muitos virginianos são vegetarianos, e de qualquer maneira devem tomar cuidado com a alimentação. SAGITÁRIO/GÊMEOS. Os sagitarianos têm necessidade de exercícios e as mulheres desse signo devem tomar cuidados especiais, pois engordam muito facilmente nos quadris e coxas. Sagitário rege também o fígado. AQUÁRIO/LEÃO. Os aquarianos que praticam esportes pesados devem tomar cuidado com a canela e tornozelo. Aquário rege ainda a circulação, e podem ocorrer problemas na velhice ligados a essa área (veias varicosas, endurecimento das artérias). PEIXES/VIRGEM. Qualquer coisa que ande errado com os pés de um pisciano imediatamente o irrita; e seus pés apresentam frequentemente um leve defeito de formação. LEÃO/AQUÁRIOS. A forte associação de Leão com o coração pode determinar falhas no funcionamento do órgão nos últimos anos da vida, principalmente se os nativos do signo seguem sua tendência para uma vida movimentada. BALANÇA/ÁRIES. A conexão ente o signo e o fígado é tão grande que qualquer aborrecimento emocional leva imediatamente a um mal-estar do estômago. ESCORPIÃO/TORURO. A associação de Escorpião com os órgãos sexuais pode causar a impotência nos machos; geralmente o efeito é psicológico e os nativos do signo podem ser levados a ações violentas. CAPRICÓRNIO/CÂNCER. O signo rege os joelhos e os dentes; pode ocorrer uma deterioração da arcada dentária, assim com um endurecimento das juntas – aliás, os capricornianos às vezes sofrem de reumatismo. OS PLANETAS E O CORPO. Como os Dez Planetas Influenciam o Nosso Sistema Glandular. Uma importante série de relacionamentos entre áreas específicas do corpo humano e os planetas foi estabelecida há muito tempo. Tais relacionamentos eram usados principalmente com objetivos medicinais. Restringiam-se originalmente ao Sol, à Lua e aos outros cinco planetas conhecidos; mais tarde foram reavaliados para incluir Urano, Netuno e Plutão – quando as características desses planetas “modernos” chegaram a ser devidamente estabelecidas. Embora hoje muitos astrólogos não concordem com suas conclusões, um livro do século XVII, O Julgamento Astrológico das Moléstias, de Nicholas Culpeper (1616-1654), continua digno de interesse, pois estabelece uma relação detalhada da regência de planetas e signos sobre determinadas partes do corpo, da regência dos signos sobre as moléstias e contém anotações para seus diagnósticos. Culpeper criou ainda testes astrológicos para determinar quando um paciente fingia determinados sintomas, além de ter fixado um processo razoável de cura. Nesse processo incluía-se o estudo do planeta regente da moléstia; ao lado dessa consideração astrológica, alinham-se notas apenas médicas, como a leitura de pulsações, condições do sangue e urina e outras. A partir de Culpeper, o progresso da medicina moderna revelou uma zona de influência ainda mais significativa – a dos planetas sobre as glândulas endócrinas. Essas glândulas, pequenas controlam uma grande variedade de funções do corpo humano, desde o modo pelo qual respiramos até a expressão de nossas necessidades sexuais. MERCÚRIO. O cérebro e o sistema nervoso como um todo são regidos por Mercúrio, que exerce influência também na maneira pela qual respiramos. VÊNUS. As paratireoides, que controlam o nível de cálcio nos fluídos do corpo, são regidas por Vênus, que tradicionalmente é relacionado com a garganta, rins e região lombar. O SOL. O Sol é particularmente associado com o timo (glândula endócrina, localizada na porção ântero superior da cavidade torácica e inferior do pescoço, volumosa no recém-nascido. Mantendo-se desenvolvida até a puberdade, para depois começar a regredir, e frequentemente desaparecer no adulto), embora também governe, tradicionalmente o coração, costas e coluna vertebral. JÚPITER. O relacionamento de Júpiter é com o fígado e sua função digestiva, mas afeta também a glândula pituitária, que regula a produção de hormônios e governa nosso desenvolvimento físico. A LUA. A Lua é associada com o sistema alimentar, incluindo o esôfago, estômago, fígado, vesícula, pâncreas e intestinos. Está, portanto, intimamente ligada a dieta; relaciona-se também com os seios (regidos em geral por Câncer). MARTE. Marte é tradicionalmente um planeta de violência, mas é relacionado também com o sexo: não é de surpreender, portanto, sua ligação com as glândulas sexuais (gônadas são os ovários e os testículos que produzem os gametas femininos óvulos e masculino espermatozoides), e também com o sistema muscular em geral. URANO. Urano deve ter tido valor para os animais pré-históricos, para os quais a glândula pineal (uma área do cérebro hoje inativa) era importante. No homem é ligado principalmente com o sistema circulatório e com as gônadas. PLUTÃO. Plutão geralmente reforça a regência de Marte sobre as gônadas; relaciona-se principalmente com a reprodução e a formação de células. NETUNO. O tálamo, estrutura cerebral que se relaciona com a transmissão de estímulos para os órgãos sensoriais ( o tato, por exemplo), é regido por Netuno, que influência também todo o sistema nervoso. SATURNO. Os dentes e ossos são regidos por Saturno, que se relaciona também com a vesícula e baço e com a pele. Age sobre o lóbulo anterior da glândula pituitária, regulando a estrutura óssea e muscular e as glândulas sexuais. Coleção Zodíaco. Bloch Editores. Abraço. Davi.

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