domingo, 19 de setembro de 2021

FADAS

 

Teosofia.  Livro O Reino dos Devas e dos Espíritos da Natureza. Texto de Geoffrey Hodson (1886-1983). FADAS. De todos os habitantes do Reino da Fantasia que pude observar, a “fada” autêntica, tal como a descrita neste capítulo, é aquela cujo contato me proporcionou o maior prazer e com quem sinto uma afinidade maior. A fim de ajudar o leitor a visualizar claramente o aspecto de uma fada, recomendo o estudo das fotografias de fadas que ilustram o livro de Sir Arthur Conan Doyle (1859-1930), The Coming of the Faireis (O Advento das Fadas). Pessoalmente, estou convencido da bona fides (de boa- fé) das duas moças que tiraram as fotografias. Passei algumas semanas na companhia delas e de seus familiares e certifiquei-me da autenticidade de suas clarividências, bem como da presença de fadas  exatamente iguais às fotografadas no vale de Cottingly – Reino Unido, e da absoluta honestidade de todos os envolvidos no caso. UMA FADA DOURADA. No jardim, 17 de outubro de 1921. A sua coloração é positivamente clara, ela é risonha e cheia de alegria, possui uma expressão franca e destemida e é rodeada por uma aura dourada, em que se pode delinear o contorno de suas asas. Observa-se também uma ponta de travessura em sua pose e fisionomia, como se ela se preparasse para pregar alguma peça nos pobres mortais que se dispõem a estuda-la. Sua atitude se transforma subitamente e ela se põe séria. Esticando ao máximo os braços, mergulha num estado de concentração que tem por efeito reduzir o tamanho de sua aura e interiorizar lhe as energias. Após manter-se nesse estado por cerca de quinze segundos, ela liberta toda a energia represada, que se propaga por todas as direções sob a forma de fluxos energéticos dourados e parece afetar todos os talos e flores que se acham ao seu alcance. Ela se encontra no meio de crisântemos (grupos de ervas arbustivas e de cheiro forte; pertencem a família das margaridas). A vibração que já se fazia presente no local, provavelmente por causa de atividades similares de sua parte, é então reforçada. Outro efeito dessa operação é fazer com que o duplo astral da moita brilhe com redobrada intensidade, efeito este que se pode notar também nas raízes. FADAS DA ILHA LE MANX – Reino Unido. Nas encostas ocidentais do Snaefell. Agosto de 1922. Encontramos uma raça encantadora desse “povinho” quando escalávamos a montanha, a partir de Sulby Glen, uma raça que se distinguia, em muitos pontos, dos espíritos da Natureza ingleses. Tendo de dez a quinze centímetros de altura, seu aspecto sugere, em miniatura, homens e mulheres de eras muito remotas. Ao contrário de seus irmãos do continente, eles se movem calmamente, quase com languidez (moleza), pela encosta da colina. Seus olhos, que têm uma expressão suave e sonhadora, são amendoados e estreitos. O rosto ostenta um perpétuo sorriso; os traços são bem proporcionados, embora o queixo seja excessivamente recuado. Parece haver representantes de ambos os sexos, as mulheres trajando longos vestidos estampados e coloridos e os homens com vestimentas feitas de um material lustroso, parecido com a seda, predominando uma cor azul escuro de brilho elétrico. Sugerem vagamente um cavalheiro e uma dama do período Stuart da Inglaterra (1603-1714), mas suponho que as suas figuras sejam modeladas com base em povos bem mais antigos. Produzem uma música suave, semelhante ao som de uma flauta, e que, provindo simultaneamente de várias fontes, causa um efeito como que de um gorjeio (trinado que os pássaros fazem quando cantam). Eles dançam e brincam na encosta da colina, que se mostra povoada por um sem número dessas criaturas. Ocasionalmente, surgia no meio deles uma criatura que lembrava um pouco um gnomo, embora provida de patas traseiras como as de um animal. Estas criaturinhas não possuem asas e carecem de intensa vitalidade que caracteriza todas as outras espécies de fadas com que nos deparamos. A sua consciência mal chega a influir sobre suas formas: algumas delas dão a impressão de estar caminhando enquanto dormem. São extremamente gentis e cordiais em seu relacionamento mútuo, exprimindo antes amor, do que  alegria. A sua existência é das mais pacíficas e sossegadas, quase como num sonho. O núcleo vital parece estar localizado exatamente na parte mais estreita do dorso, no ponto de ligação entre os corpos físicos e astral, flutuando este um pouquinho atrás e acima daquele. É uma criatura informe cujas cores predominantes são o rosa e o prateado, que apresentam uma intensa luminosidade. Parece estar parcialmente incorporada. Trata-se, provavelmente, de uma raça bastante antiga, a ponto de se encontrar em vias de extinção. FADAS. Kendal, dezembro de 1922. Aqui vive uma variedade bastante atraente de fadas. Elas possuem a expressão mais suave e gentil que já me foi dado ver, à exceção talvez das fadas da Atlântida (o continente perdido, submerso em provavelmente 10.986 AC, nas profundezas frias e escuras do oceano Atlântico) observadas nas encostas ocidentais do Snaefell. São verdadeiramente belas e se deslocam da maneira mais delicada possível, com extrema graça e beleza. Uma delas nos avistou, mas não parecia estar amedrontada. Com a mão direita, ela suspende o vestido diáfano (transparente), no qual se podem discernir as cores rosa e branco. Com a esquerda, carrega algum objeto que no momento não consigo identificar; seus membros se mostram descobertos, seus cabelos são longos e soltos e em torno da cabeça piscam pequenos pontos de luz, tal uma grinalda; é tão formoso o seu porte que, não fosse a falta total de autoconsciência e a perfeita candura transmitida pela expressão do rosto e dos olhos, eu teria julgado que ela posava. Vejo por todos os lados outros exemplares tão belos como este, os quais se distinguem entre si por algum ínfimo pormenor. Uma delas, que se encontra de costas para mim, possui cabelos longos e escuros, que caem livremente bem abaixo da cintura; o seu braço, alvo e belo, estende-se à sua frente e um pouco para o lado à medida em que ela caminha lentamente pelo bosque. O lugar parece ser o próprio Reino da Fantasia, e se houvesse tempo eu poderia passar horas descrevendo as suas criaturas. Preston,1922. Um belo espírito da Natureza, do sexo feminino, exatamente igual a um pequeno deva das árvores, tem sua morada numa espessa sebe das redondezas, por onde proliferam amoreiras silvestres, plantas rasteiras e espinheiros avermelhados. Obviamente, processos similares àqueles que ocorrem com as árvores verificam-se também nas extensas sebes (arbustos). Este espírito da Natureza constitui uma atração toda especial. Possui cerca de um metro ou um metro e trinta de altura, veste uma roupa leve, um vestido ondulante e transparente, e olha direto para nós, com um sorriso dos mais francos e cordiais. Demonstra uma incrível vitalidade e dá a impressão de manter em perfeito equilíbrio uma grande energia dinâmica. A sua aura é singularmente intensa, assemelhando-se a uma nuvem, com tons suaves, porém radiosos, na qual piscam e se irradiam deslumbrantes feixes de luz. As suas cores não tem paralelo com as cores conhecidas, em matéria de delicadeza, abrangendo matizes suaves de rosa claro, verde claro, lavanda e azul celeste, perpassados continuamente por brilhantes feixes luminosos. Ela se encontra num estado de exaltada felicidade. A título de experiência, submeti-me voluntariamente ao forte fascínio de sua presença e, por algum tempo, inconsciente do meu corpo, porém suficientemente desperto para retornar a ele quando assim o desejasse, experimentei um pouco da radiante e jubilosa felicidade que parece constituir o estado permanente de todos os habitantes do Reino de Fantasia. Um contato mais direto oferece riscos; exige um esforço supremo, o abandonarmos a existência carnal para uma vez mais retornarmos a ela. 26 de setembro de 1921. Numa clareira, a poucas milhas de casa. Árvores belas e velhas, apresentando já a sua coloração outonal, um ribeirão que corre suavemente e a luz do Sol de outono que tudo banha. A superfície destes campos acha-se densamente povoada por fadas, por duendes, elfos, e por uma espécie de criatura da relva, algo entre um elfo e um duende, embora de tamanho menor e aparentemente menos evoluída que ambos. As fadas adejam pelo lugar com seus breves voos, assumindo poses muito graciosas. Manifestam em seu mais lato grau virtudes como a despreocupação, a graça e a joia de viver. Algumas delas voam pelo lugar separadamente. Entre um pouso e outro, observam uma pequena pausa. Parecem transportar alguma coisa que, a cada pouso, é transmitida à relva ou às flores; pelo menos, tocam com as mãos o terreno em que vão aterrissar, como se estivessem aplicando-lhe alguma substância, para, em seguida, tornarem a levantar voo rapidamente. São visíveis mais claramente nos momentos em que vão pousar ou levantar voo; depois de pousar, desaparecem de vista. São fêmeas. Os seus vestidos costumam ser de cor branca ou rosa clara, sendo justos e confeccionados de um material lustroso, com textura extremamente fina, preso à altura da cintura e brilhando como um madrepérola de várias cores. As pernas e os braços mostram-se a descoberto. As asas são pequenas e alongadas, de formato oval. FADAS DANÇARINAS. Cottingly. Agosto de 1927. Uma intensa radiação luminosa espalha-se pelos campos, sendo visível a uma distância de quinhentos metros. Ela é ocasionada pela chegada de um grupo de fadas que se acham sob o controle de uma fada superior, bastante severa e taxativa em suas ordens, exercendo uma autoridade incontestável. Elas se espalham num círculo cada vez maior à sua volta e, à medida em que o fazem, uma suave incandescência alastra-se pela relva. De dois minutos para cá, desde que elas passaram a voar até o alto das árvores e daí de volta ao chão, o círculo expandiu-se até alcançar um diâmetro aproximado de três metros e meio, achando-se magnificamente iluminado. Cada um dos integrantes desse bando de fadas está em contato com a fada que as conduz, posicionada no centro do círculo e um pouquinho mais acima do que as outras, devido à ação de jatos de luz. Tais juros apresentam variados matizes de amarelo, com propensão para o laranja, convergindo para o centro e ali fundindo-se à aura, podendo observar-se ainda um continuo fluxo, para o centro ou vice-versa, em volta deles. A forma assim produzida apresenta-se tal qual uma compoteira (vaso de vidro ou louça com tampa) invertida, fazendo a fada dirigente as vezes de suporte, e as linhas luminosas, que fluem segundo uma curva graciosa e uniforme, o bojo. Suas atividades ininterruptas estavam engendrando uma forma mais complexa ainda, mas infelizmente o adiantado da hora nos obriga a partir. Lake District. Agosto de 1922. Um grupo de fadas dança e dá cambalhotas sobre um pequeno platô do outro lado do ribeirão. Seus corpos possuem formas femininas e sua principal vestimenta é de cor azul clara; suas asas, que possuem um formato quase oval, agitam-se constantemente enquanto elas dançam, em círculo e de mãos dadas. Algumas delas trazem um cinturão folgado, do qual pende um instrumento parecido com uma corneta. Todas estão recobertas por um material que serve para ocultar as suas figuras, mais do que se observa geralmente entre essa espécie de espíritos da Natureza. Medem aproximadamente quinze centímetros. Os cabelos, que em todas elas são de cor marrom, apresentam desde as tonalidades mais claras até as quase negras. A figura da fada apresenta uma cor rosa clara bastante esmaecida, verificando-se também, em quase todos os casos, uma cor azul clara na aura e nas asas. Elas estão representando alguma coisa não muito diversa de uma dança folclórica; e suponho que seja o seu pensamento que engendra inúmeras e minúsculas margaridas que aparecem e desaparecem, às vezes sob a forma de uma única flor, outras vezes reunidas em grinaldas ou coroas. Elas descarregam, na atmosfera, considerável quantidade de uma energia especial sob a forma de faíscas prateadas. O efeito produzido por esse espetáculo de eletricidade em miniatura, fluindo através de suas auras e do curioso alumbramento ou névoa em que todo o grupo é banhado, é dos mais belos. Esta névoa alcança uma altura de vinte a vinte e cinco centímetros, atingindo o seu ponto mais alto acima do centro do grupo. O seu efeito sobre as fadas é o de proporcionar-lhes um sentimento de completo isolamento. De fato, as outras espécies de espíritos da Natureza que se acham na vizinhança mantêm-se afastadas da esfera encantada. Agora, elas modificam a sua formação e passam a realizar uma evolução bastante complexa, produzindo eixos radiais através do círculo. Elas não permanecem exatamente no mesmo lugar, pois, quando o grupo se move, a aura isolada também o acompanha. A dança, que é também um ritual, lembra certos personagens dos Lanceiros. Possuem um apurado senso de ritmo, pois, apesar de seus movimentos espontâneos e livres, conseguem “manter o passo”. Enquanto eu as observo, uma figura cor de rosa, semelhante a um glóbulo ou a um coração, desenvolveu-se lentamente no centro do círculo, descarregando a cada pulsação uma força que flui segundo finas linhas ou estrias. O invólucro áurico expandiu-se consideravelmente, e não deixa de lembrar uma grande compoteira de vidro invertida. Parecem alimentar a ideia de que estão constituindo um edifício, pois agora surgem divisões radiais, extremamente finas e brilhantes, que dividem a fundação em compartimentos. Aos poucos, o grupo vai deixando o meu campo de visão. Lancashire. 1921. Estamos rodeados por um grupo de encantadoras fadas dançarinas. Elas sorriem, cheias de alegria. A líder, nesse caso, é uma figura feminina com provavelmente sessenta centímetros de altura, envolvida por roupagens transparentes e ondulantes. Na sua testa, há uma estrela. Possui grandes asas que refletem matizes pálidos e delicados, do rosa ao lavanda; com a rapidez de seus movimentos, entretanto, o efeito produzido é branco. Os cabelos são finos e castanhos dourados e, ao contrário das fadas menos evoluídas, caem para trás e se confundem com as forças fluentes menos evoluídas, caem para trás e se confundem com as forças fluente da aura. A sua figura é perfeitamente proporcionada, com formas arredondadas como as de uma garotinha. Na mão direita, ela segura uma varinha de condão. Embora sua expressão seja de pureza e ingenuidade, o rosto transmite ao mesmo tempo uma decidida impressão de força. Isso se nota particularmente nos olhos azuis e abertos, que ardem como chama e tem todo o aspecto de fogo vivo. A testa é alta e imponente, os traços são pequenos e redondos, as pequeninas orelhas constituem um poema de perfeição física. Não existe nenhuma angulosidade neste figura de uma beleza transcendental. O porte da cabeça, do pescoço e dos ombros é majestoso, sendo toda a sua pose um modelo de graça e beleza. Uma radiação azul clara envolve essa gloriosa criatura, tornando-se ainda mais bela, enquanto jatos de luz dourada partem de sua cabeça e a circundam. A parte inferior da aura é cor de rosa e iluminada por uma luz branca. Ela tem consciência de nossa presença e, por isso, permaneceu graciosamente imóvel para que essa descrição pudesse ser feita. Ela  ergue a sua varinha de condão que possui aproximadamente o comprimento de seu antebraço e brilha com uma luz branca, ardendo com uma luz amarelada nas extremidades. Ela se reclina graciosamente, exatamente como uma prima dona faria para agradecer a uma plateia educada. Ouve-se uma música um tanto tênue e remota, demasiado sutil para que eu possa representa-la, uma música que seria como que produzida por minúsculas agulhas, delicadamente entoada e marcada pela batida de martelos também minúsculos. Trata-se antes de uma série de tinidos do que de uma melodia contínua, talvez porque eu seja incapaz de captá-la integralmente. O grupo, então, levanta voo e desaparece no ar. Livro O Reino dos Devas e dos Espíritos da Natureza. Ótimo fim de semana. Abraços.

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