Cristianismo. www.graodetrigo.com. Por David W. Dyer.
PENSAMENTO A RESPEITO DA LEI. Em Efésios 4.14 Paulo
fala algo sobre o que ele chama de “ventos de doutrina”. Ele
nos conclama à maturidade espiritual para que “... nós não sejamos mais como
crianças jogadas de um lado para o outro, levadas por todo vento de doutrina…”
(NKJV). Observando a igreja cristã através dos anos, parece que de tempos em
tempos surgem novas doutrinas “soprando” na igreja e “varrendo” muitos crentes
ingênuos. Os temas desses “ventos” não são necessariamente importantes, mas
incluem coisas como: “cair no Espírito”, “dentes de ouro”, “a volta Jesus em
1988”, “latir como cachorros”, “cada crente precisa ter um disciplulador” e
“retorno ao Judaísmo”. Este retorno ao Judaísmo surge com várias correntes,
tais como, retorno às práticas de festividades judaicas, pronunciar o nome de
Jesus corretamente em Hebraico e manter a lei Judaica (pelo menos as partes da
lei que eles acham convenientes). É interessante que Paulo chama estes fenômenos
de “ventos”. Esta palavra nos faz lembrar o ensinamento de que anjos são
chamados “ventos” ou “espíritos” (Hb 1:7). Você provavelmente compreende que os
espíritos angelicais, sejam eles do lado de Deus ou do lado das trevas, têm
poder. Eles conseguem influenciar a mente de grande número de pessoas muito
rapidamente. Um pensamento repentino ou uma ideia pode impelir populações
inteiras numa determinada direção em pouquíssimo tempo. Um exemplo de como é
poderosa a influência dos espíritos é dado no livro de Apocalipse 16:14, onde
lemos: “Esses são espíritos malignos que operam sinais; os quais vão ao
encontro dos reis de todo o mundo, para congregá-los para a batalha do grande
dia do Deus Todo-Poderoso.” No caso que estamos tratando, são os crentes que
são influenciados por tais seres poderosos, sendo enganados por eles para irem
atrás de um novo modismo, ensino ou prática “cristã”. Em sua época, Paulo
estava constantemente “combatendo”, através de seus escritos e ensinos, àqueles
que insistiam na prática do judaísmo. Este tema é constante ao longo dos seus
escritos. Parece que havia muitos judeus convertidos que não entendiam
completamente a mensagem do evangelho. Eles ainda se agarravam às suas antigas
formas religiosas. Para combater esta mensagem e tendência, Paulo usou muitos e
vários argumentos. Nós passaremos algum tempo examinando alguns deles. Embora
muitos leitores possam perguntar-se por que esse assunto ainda está sendo
discutido – talvez pensando que o livro de Gálatas deve ser suficiente para convencer
a todos – este parece não ser o caso. Vamos começar examinando uma passagem em
Mateus 5:17,18 que muitos citam em suas tentativas para justificar um retorno à
lei ou sua manutenção. Nós lemos: “Não pensem que vim destruir a lei ou os
profetas. Eu não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até
que o céu e a terra passem nenhum jota ou til de modo nenhum passará da lei,
até que tudo seja cumprido.” Por favor, note que Jesus não disse que a lei não
passaria até que tudo estivesse completamente, finalmente e corretamente
guardado. Pelo contrário, Ele usou a palavra “cumprido”. Esta palavra grega
PLEROO significa: fazer cheio, completo, consumado. É inquestionável que a lei
no Velho Testamento estava cheia de tipologia. Era um tipo de prefiguração ou
“sombra” das realidades espirituais que estavam por vir à nós em Jesus Cristo.
Hebreus 10:1 nos ensina: “Pois a lei, sendo uma sombra dos bens vindouros e não
a própria essência dessas coisas, jamais pode tornar perfeitos aqueles que se
aproximam…” Em Colossenses 2:17, após enumerar diversas exigências da lei,
como, que tipo de comida você come ou bebe ou observar os dias de festas ou o
dia de Sábado, Paulo diz: “Isto ocorre porque estas coisas são apenas sombra de
coisas espirituais que estavam por vir, mas o seu cumprimento {essência} se dá
agora no Ungido”. Não há dúvida de que Jesus, em Sua vida, morte e ressurreição
cumpriu parcialmente a lei. Um dos mais óbvios cumprimentos foi o da legislação
concernente à necessidade dos judeus sacrificarem um cordeiro no dia de Páscoa.
Parece óbvio que Jesus cumpriu está “sombra” da lei com o sacrifício da Sua
vida; então Deus “passaria por cima” dos nossos pecados e não nos condenaria à
destruição. Existem inúmeros outros aspectos da lei que Jesus cumpriu, concluiu
e consumou. No entanto, isto é apenas uma parte do que Deus quer dizer quando
Ele fala sobre a lei sendo “cumprida” em Mateus. Observe, a lei é um tipo de
definição da justiça de Deus. É uma espécie de forma abreviada, ou uma pequena
descrição do caráter de Deus. Como Ele é; o que Ele aprova e desaprova; o que
harmoniza com Seu caráter: essas coisas são escritas para nós em Sua lei. Eu
uso a palavra “abreviada” aqui, porque é impossível com palavras humanas,
descrever totalmente a santidade, personalidade e a justiça de Deus. Deus nos
deu Sua lei para que pudéssemos compreender um pouco de quem e o que Ele é. Um
dos Seus desejos em estar fazendo isso foi com que o homem se tornasse santo
como Ele é. Isto é muito importante. Deus realmente quer que nos tornemos
santos. Como parte deste Seu projeto, Ele nos deu Sua lei para que pudéssemos
vislumbrar uma pequena parte de Sua santidade. Apesar da história dos judeus
nos mostrar que esta lei não foi poderosa o suficiente para realizar o objetivo
de Deus, Ele não desistiu desta meta de nos fazer santos. Ele ainda está
trabalhando neste projeto hoje, no entanto, Ele está trabalhando em um novo e
vivo caminho através de Jesus Cristo. Quando falamos de cumprimento da lei,
pretendemos dizer que seus objetivos estão sendo realizados. Os propósitos de
Deus em dar a lei foram concretizados. Simplesmente aderir estritamente à lei
não significa cumpri-la. Quando Jesus viveu Sua vida nesta terra, Ele viveu a
justiça de Deus. Ele nunca fez ou disse alguma coisa que violasse a natureza
santa de Deus. Sua vida, incluindo Seus discursos, ações, atitudes e mesmo até
a expressão da Sua face, refletiam totalmente a santidade do Pai. Esta foi uma
das formas em que Ele cumpriu a lei. No entanto isto não é o fim. Já dissemos
que o cumprimento da lei por Jesus foi “parcial”. Por que isto? Ele falhou de
alguma forma? Não! Isto é porque a vontade de Deus para Seu povo, para Sua
igreja, também é “cumprir” a lei. Isto significa que nós também somos chamados
a viver uma genuína justiça: a justiça do próprio Deus. O cumprimento da lei
por Jesus, foi limitado porque envolveu apenas uma pessoa. Agora a vontade de
Deus é para que este cumprimento ocorra de uma maneira muito maior. Como
acontecerá? Isto é alcançado seguindo a lei? Isso é conseguido com esforço
humano, determinação, etc? Claro que não! Isto é alcançado pela santa vida de
Jesus vivendo em nós. Romanos 8:4 nos ensina que o Filho de Deus fez o Seu
trabalho: “… de modo que as ordenanças da lei se cumprissem naqueles que não conduzem
suas vidas segundo a carne [o que inclui guardar a lei], mas segundo o
Espírito.” Você percebe, crentes devem expressar por meio das suas vidas um
cumprimento da lei de Deus, contínuo e diário. O plano de Jesus não é eliminar
a lei. E não é também para nós continuarmos tentando guardá-la. Em vez disso é
para cumpri-la por Sua vida vivida em nós e através de nós. Para combater a
tendência daqueles que não entendem realmente a mensagem do evangelho e estão
tentando voltar à lei, Paulo usa vários tipos de argumentos. Ele estava
tentando através de muitos diferentes meios mostrar aos crentes que a lei não
estava mais em vigor para eles. Um desses argumentos, que nós lemos em Romanos
7:1-6, envolve a figura do casamento. Paulo nos lembra que, de acordo com a lei
a mulher está sujeita ao marido enquanto ele viver. Mas se ele morrer ela está
livre do vínculo da lei para com seu marido. Em seguida ele afirma que:
“...vocês também morreram para a lei [que era nosso anterior ‘marido’] através
do corpo do Ungido, para que pudessem ser legalmente ‘casados’ com outro, o
Único que ressuscitou dos mortos, para que déssemos frutos para Deus”. Espere
um minuto! Ele disse que nós “morremos para a lei”? No verso primeiro deste
mesmo capítulo Paulo diz: “… a lei tem domínio sobre o homem enquanto ele
vive?” Mas se nós estamos mortos – se é que morremos com Jesus – então a lei
não pode mais ser considerada em vigor para nós. Ela não tem aplicação e não
pode ter para o homem morto, que é o que Paulo insiste que somos. Além disso,
dizendo que deveríamos “estar dando frutos para Deus” (vs 4), ele quer dizer
que nós deveríamos estar exibindo a justiça de Jesus e “cumprindo a lei” em vez
de mantê-la. Em Filipenses 3:9 Paulo reafirma isto dizendo: “E quero ser
encontrado nEle, não tendo uma justiça própria, que vem de guardar a lei, mas
uma que vem da fé no Ungido, isto é, a justiça de Deus, que é nossa através da
fé.” Vamos ler Romanos 7:5,6 juntos. “Pois quando nós estávamos na carne, as
paixões pecaminosas que são expostas pela lei, trabalhavam em nossos membros
para trazer o ‘fruto’ que é a morte. Mas agora nós somos livres das exigências
da lei – morrendo para aquilo que estávamos sujeitos – então nós podemos estar
servindo em novidade do Espírito e não na velhice da letra da lei”. Este é,
então, um forte argumento de Paulo: nós estamos mortos; a lei, portanto, não se
aplica a nós. Paulo reforça seu argumento sobre nossa morte colocando um fim à
lei, dizendo: “Uma vez que eu ‘legalmente’ morri com O Ungido, eu morri para a
lei também, a fim de que Deus possa, agora, ser minha fonte de vida.” (Gl
2:19). Outro argumento de Paulo contra a lei, é que estas ordenanças foram
canceladas. Nós lemos em Colossenses 2:14: “Ele cancelou o conjunto de
ordenanças escritos que eram contrários e até em oposição a nós. Ele lançou
fora, cravando-o na cruz”. Obviamente, essas “ordenanças” são exigências da lei
que Moisés escreveu. Então ele continua seu argumento no verso 16, 17 dizendo:
“Portanto, uma vez que os preceitos escritos foram ‘cancelados’, não permitam
que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a alguma
festividade religiosa, ou à celebração das luas novas, ou dos dias de sábado.
Isto porque estas coisas são apenas uma sombra das coisas espirituais que
estavam por vir, mas o cumprimento delas é agora no Ungido”. Paulo então repete
o argumento anterior a respeito da nossa morte e como isso afeta nosso
relacionamento com a lei. Ele diz: “Já que vocês morreram com o Ungido para os
princípios elementares [essência] deste mundo, por que é que vocês, como se
ainda pertencessem ao mundo, se submetem a coisas terrenas, regras religiosas
como: não toque isto, não coma aquilo, ou não manuseie algumas outras coisas?
Estas são apenas regras concernentes a coisas perecíveis, todas destinadas à
destruição.” (Rm 2:20-22). Obviamente tais ordenanças humanas não podem ter
valor para pessoas mortas. Outro argumento de Paulo contra manter a lei pelos
crentes, tem a ver com uma maldição. Ele argumenta: “Pois todos que dependem
das obras da lei, estão debaixo de uma maldição.” (Gl 3:10). Por que a
dependência da lei que foi dada por Deus nos coloca sob maldição? É porque não
somos capazes cumprir isto. Nós não somos fortes o suficiente para guardar a
lei. Mesmo com a “ajuda” do Espírito Santo, simplesmente não podemos fazê-lo.
Portanto, já que nós acabamos falhando em mantê-la, ficamos sob a maldição de
não guardar a lei. Paulo então nos mostra como Jesus tomou sobre Si esta
maldição ao ser crucificado e assim nos liberta de tentar manter a lei que nos
põe sob maldição. Em Romanos 10:4 Paulo nos ensina que: “Porque o fim da lei é
o Ungido, resultando em justificação para todos que estão crendo.” Então, de
acordo com Paulo, Jesus é o “fim da lei”. Como pode ser assim se Jesus já nos
ensinou que a lei não passaria? Deve-se observar que em Jesus nós cumprimos a
lei. Está concluída, por ser cumprida em nos. Por favor, note que isto acontece
pela nossa fé, viva e contínua. Nós somos livres da velha lei, então nós
podemos ser governados por outra lei. Esta nova lei é chamada: “A lei do
espírito de vida em Cristo Jesus.” (Rm 8:2). Paulo também nos ensina que a lei
está sendo “descartada”. Na passagem de 2 Coríntios 3:7-13, ele fala sobre o
“ministério da condenação” que foi “gravado com letras em pedras”. Isto, então,
deve fazer referência aos dez mandamentos que foram escritos em duas tábuas de
pedras e, de forma implícita, toda a lei do Velho Testamento. Ele então nos
fala que este “mistério da condenação” está “sendo descartado”. “Pois se o que
está sendo descartado teve glória, o que permanece é muito mais glorioso.” (2
Cor 3:11). Esta palavra traduzida aqui por “descartada” no Grego é KATARGEO que
significa: De acordo com Dodson: Levar a nada, cortar, abolir. (a) Tornar
ocioso (inativo), tornar sem efeito, anular, abolir, reduzir a nada, (b)
Descartar, cortar, separar de De acordo com Strong: Ser (tornar) inteiramente
ocioso (inútil), literal ou figurativamente. De acordo com Thayer: 1) tornar
ocioso, desempregado, inativo, inoperante. 1a) fazer com que uma pessoa ou
coisa não tenha mais eficiência. 1b) privar de força, influência, poder. 2)
fazer cessar, pôr fim, eliminar, anular, abolir. 2a) cessar, desaparecer, ser
eliminado. 2b) ser cortado de, separado de, dispensado de, livre de alguém. Paulo
explica que mesmo que este “ministério da condenação” tenha um tipo de glória,
há uma glória ainda maior. Esta é a glória de Jesus vivendo Sua vida através de
nós. TIRANDO O VÉU. Mais
adiante, usando a analogia do véu que Moisés colocou sobre sua face para
esconder a glória que brilhou nela, ele fala sobre o véu que está cobrindo a
mente dos judeus. Então diz que este véu permanece sobre eles. Eles não podem
ver claramente. O que eles não podem ver? “...não está sendo revelado a eles
que a velha aliança está descartada no Ungido” (2 Cor 3:14). Agora, alguns
podem pensar que é o “véu” que está sendo descartado segundo estes versos. Mas
não, é o remover do véu que lhes permite ver o que realmente está sendo
descartado. É a velha aliança que é descartada em Jesus Cristo. Infelizmente,
para muitos hoje, este véu ainda permanece no lugar. No capítulo quatro de
Gálatas, Paulo gasta um bom tempo desenvolvendo o tema. Este tema é que,
aqueles que estão “debaixo da lei” – o que significa a obrigação de mantê-la –
estão sob servidão. Essa servidão é tão grave que ele compara com ser um
escravo. Na essência, ele diz que antes de nós conhecermos a Cristo, “...nós
estávamos escravizados debaixo dos princípios terrenos da lei” (Gl 4:3). “Mas
quando veio o tempo do cumprimento dos seus propósitos, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido debaixo da lei, para que ele pudesse libertar por
meio de pagamento de resgate aqueles que estavam sob a lei...” (Gal 4:4,5). Mais
tarde, neste mesmo capítulo, ele continua com este tema usando a alegoria de
Hagar (serva da esposa de Abraão, com quem ele teve um filho) e seu filho
Isaque que nasceu da sua verdadeira esposa. Ele começa dizendo: “Digam-me,
vocês que desejam estar debaixo da lei, não entendem o que diz a lei?” (Gl
4:21). “Estas coisas contêm uma alegoria. Pois essas mulheres representam duas
alianças. Uma é a do Monte Sinai, gerando filhos para a escravidão à lei, que é
Hagar. Agora, esse Hagar representa o monte Sinai na Arábia e, corresponde à
atual cidade de Jerusalém, pois ela é escrava da lei junto com os seus filhos.”
(Gl 4:24,25). Paulo conclui esta explicação dizendo: “Foi para a liberdade que
o Ungido nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter
novamente a um jugo de escravidão da lei.” (Gl 5:1). Verdadeiramente, uma
leitura cuidadosa de toda carta aos Gálatas deixa muito claro que Deus têm algo
muito melhor em mente para nós do que tentar praticar a lei. “Pois vocês,
irmãos, foram chamados para a liberdade. Apenas não usem a liberdade como uma
oportunidade para satisfazer a carne; mas através do amor, sirvam uns aos
outros como escravos. Porque toda a lei se cumpre em uma só palavra, a saber:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Gl 5:13,14). De que serve então a lei?
A lei é útil para nos convencer do pecado. Paulo nos ensina que a lei é uma
espécie de tutor ou professor. Seu propósito é nos ensinar sobre a justiça e
assim nos trazer a Cristo para alcançarmos essa justiça. Nós lemos: “Assim a
lei tornou-se nosso tutor para nos trazer ao Ungido, para que possamos ser
considerados justos através da fé. Mas agora que a fé veio, nós não estamos
mais sob um tutor (a lei). Pois todos vocês são filhos de Deus mediante a fé no
Ungido, Jesus.” (Gl 3:24,25,26). Paulo também ensina sobre outra razão para
lei. Nós lemos em 1Timóteo 1:8-11 “Mas sabemos que a lei é boa se um homem a
usa corretamente, o qual a está usando com o seguinte entendimento: que a lei
não é feita para um homem justo, mas para rebeldes e injustos; para ímpios e
pecadores; para profanos e moralmente desenfreados; para os que matam pais e
mães; para assassinos; para os sexualmente imorais; para os pedófilos; para os
sequestradores; para os mentirosos; para aqueles que não se cumpram sua
palavra; e para aqueles que praticam qualquer coisa que se opõe à sã doutrina e
que não está em harmonia com a mensagem do evangelho da glória do Deus bendito,
que me foi confiado.” Quando nós recebemos a vida de Deus através de Jesus,
deveríamos estar sendo feitos justos de dentro para fora. Deveríamos cada vez
mais, estar expressando a própria santidade de Deus. Mas se assim não for,
estamos resistindo à operação do Espírito Santo para nos convencer de algum
pecado em nossa vida. Então a lei pode nos mostrar onde estamos errados. Ela
não pode resolver o problema, mas pode nos trazer luz para que possamos ver
onde não somos justos como Deus é. O
ESCRITOR DE HEBREUS. O escritor de Hebreus faz
argumentos de outra forma a respeito da lei. Seu raciocínio diz respeito ao
sacerdócio. Ele nos lembra de que o sacerdócio de Arão foi estabelecido por
meio da lei de Moisés. Então ele nos mostra que hoje Jesus é nosso Sumo
Sacerdote semelhante à Melquisedeque no Velho Testamento. Ele então, argumenta
que ter um novo sacerdote de uma tribo que não é descendente de Levi, requer
uma mudança da lei. Uma vez que Arão e seus descendentes foram feitos
sacerdotes pela lei do Velho Testamento, alguma coisa deve mudar. Ele diz:
“Pois quando o sacerdócio é mudado, é necessário que também haja mudança de
lei. (Hb 7:12). Ele continua dizendo que o juramento de Deus, pelo qual Ele
jurou fazer Jesus um sacerdote, “anula” a antiga lei da qual procedeu o
sacerdócio de Arão. Nós lemos: “Pois neste pronunciamento [do versículo 7:17] há
uma anulação do mandamento anterior...” (Hb 7:18). Se, portanto, nós aceitamos
Jesus de Nazaré como nosso Sumo Sacerdote hoje, nós deveríamos também aceitar o
fato de que a antiga lei foi anulada para dar lugar a Ele como Sumo Sacerdote Agora
leitor, você deve perceber aqui que não pode simplesmente mudar uma parte da
lei. É um documento completo e deve ser aceito ou rejeitado como um todo. Você
não pode escolher quais leis você deseja manter e quais você não gosta. Paulo
afirma: “Agora, eu declaro que todo o que recebe a circuncisão está sob a
obrigação de praticar toda a lei.” (Gl 5:3). Se você decide manter uma parte da
lei, você é obrigado a manter tudo. Por exemplo, se você pensa que deve guardar
o Sábado, de acordo com a lei de Moisés, então você não pode usar roupas com
dois tipos diferentes de tecido entrelaçados, como “lã e linho”, “algodão e
poliéster” (Deut 22:11). Portanto, se você quer Jesus como seu Sumo Sacerdote,
você não pode tentar manter parte ou todas as leis e mandamentos associados ao sacerdócio
levítico ao mesmo tempo. O escritor de Hebreus reforça seu argumento
salientando que a nova aliança (contrato) foi feita por Deus fazendo um
juramento. A lei – a primeira aliança (contrato) – não envolveu Deus fazendo um
juramento; mas o fato de que Ele fez um juramento, mostra a seriedade e
importância do segundo contrato. Ele também explica que a lei de Moisés
precisou ser anulada “por causa da sua fraqueza e ineficácia”. Lemos: “Pois
neste pronunciamento há uma anulação do mandamento anterior por causa de sua
fraqueza e ineficácia.” (Hb 7:18). Ele a chama de fraca e ineficaz porque foi
incapaz de fazer alguém perfeito (vs 19) Paulo nos ajuda a entender a razão da
lei ser tão fraca. É porque ela depende de esforço humano: como força de
vontade, determinação, dedicação, seriedade, desejo, etc. Em Romanos 8:3,
lemos: “Porque a lei foi ineficaz, sendo fraca porque ela depende dos esforços
da carne.” Ele continua dizendo que o plano de Deus ao enviar Seu Filho é:
“...de modo que as ordenanças da lei seriam cumpridas naqueles que não conduzem
suas vidas seguindo a carne, mas seguindo o Espírito.” (Rm 8:4). O conjunto de
leis que Deus escreveu sobre a pedra foi ineficaz porque dependia dos esforços
humanos. Agora Deus prestou um juramento solene para eliminar a velha, ineficaz
aliança e trazer uma nova. Esta aliança está sendo escrita em nossos corações
pelo Espírito Santo. Quando permitimos que Ele faça isto em nós, realmente é
eficaz! Observe, o plano de Deus para nós é realmente nos fazer perfeitos! Alguém
que está verdadeiramente caminhando em fé deveria expressar uma justiça que é
superior à lei. Jesus proclama: “Pois eu vos digo, a menos que a vossa justiça
exceda a justiça dos escribas e fariseus, vocês não entrarão no reino que vem
dos céus.” (Mt 5:20). Os escribas e fariseus se esforçaram para manter cada
parte da lei. De fato, suas vidas foram inteiramente dedicadas a este único
objetivo. Contudo Deus espera algo mais de nós. Ele espera que sejamos tão
cheios Dele que Sua justiça se expresse em nós e através de nós. A vida de Deus
em nós é capaz de revelar todo caráter e personalidade do Pai ao mundo,
“cumprindo” assim a lei. Outro argumento que o escritor de Hebreus apresenta é
que a lei da Antiga Aliança, juntamente com seus rituais e sacrifícios, não
satisfazem a Deus. Isto é importante. Guardar a lei não satisfaz o Pai, no
entanto, na nova aliança que envolve Cristo vivendo em nós, sim. Nós lemos:
“Por dizer primeiro, ’Sacrifícios e ofertas não satisfazem tuas verdadeiras
intenções e nem mesmo tens prazer neles’, (que são coisas oferecidas de acordo
com a lei) e então diz, ‘Olhe, aqui estou para fazer a tua vontade’, assim ele
elimina o primeiro para estabelecer o segundo.” (Hb 10:8,9). Jesus elimina a
lei, a fim de estabelecer a verdadeira justiça em nós através da ação da Sua
própria vida. UM NOVO
VENTO. Recentemente, um novo tipo de reviravolta para a ideia
de ”manter a lei” chegou ao meu conhecimento. Isto é, embora os gentios não
sejam obrigados a guardar a lei, os judeus que são convertidos ainda estão sob
essa obrigação. Pelo menos uma pessoa tem insistido que Pedro e outros judeus
convertidos ainda guardavam a lei. Fica claro lendo o Novo Testamento que nem
todos os judeus convertidos tinham o entendimento de Paulo, que ele alegou ter
vindo diretamente de Jesus (Gl 1:12), e que alguns deles continuavam a aderir a
lei. Uma vez que esta nova ideia veio à tona, passaremos algum tempo a
examinando à luz das escrituras. Até certo ponto este argumento depende de
insistir em que Pedro e outras figuras significantes em Jerusalém continuaram
aderindo a Lei. Ao examinar esta questão, a primeira coisa que notamos é que
Paulo alega que Pedro não “vivia como judeu” o que deve significar que ele não
cumpriu religiosamente todas as normas e regulamentos da lei. Paulo, enquanto
repreendia Pedro por se retirar e não comer com os gentios crentes, disse
ainda: “Se você, sendo um judeu, vive como os gentios e não como os judeus...”
(Gl 2:14). O que é isto? Pedro não vive como um judeu, mas em vez disso vive
como um gentio? Poderia isto significar que em algum nível ele tinha parado de
aderir estritamente à lei? Além disso, lemos que quando Pedro e os demais
judeus que com ele se retiraram, “traíram suas convicções” ou “agiram com
hipocrisia.” (Gl 2:13). Isto só pode significar que eles já tinham uma genuína
convicção formada que era contrária à lei que proibia comer com os gentios. Logicamente,
essa convicção era que não seria mais necessário que eles guardassem a lei. Mas
quando chegaram alguns da parte de “Tiago”, que ainda estavam presos à tradição
religiosa, seus sensos críticos, educação e o medo dos homens os levaram a
trair o que eles realmente pensavam e a agir de forma hipócrita. O próximo item
que devemos considerar é que em Jesus, “...não pode haver judeu nem grego.” (Gl
3:28). Em outras palavras, não há mais duas categorias separadas. Eles foram
feitos um. Nós lemos: “Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos, judeus e
gentios, fez um, tendo quebrado a barreira de separação entre eles, tendo
destruído o motivo de inimizade em seu corpo físico através da sua morte.” (Ef
2:14). Como Ele fez isto? “...desativando a lei constituída de mandamentos e
decretos para que ele pudesse criar em si mesmo dos dois um novo ‘homem’,
fazendo assim a paz.” (Ef 2:15). Importa salientar, a palavra
"desativar" neste versículo é KATAERGEO no grego e significa de
acordo com Thayer: 1) tornar ocioso, desempregado, inativo, inoperante. 1a)
fazer com que uma pessoa ou coisa não tenha mais eficácia. 1b) privar de força,
influência, poder. 2) fazer cessar, pôr fim, eliminar, anular, abolir. 2a)
cessar, desaparecer, ser eliminado. 2b) ser cortado de, separado de, dispensado
de, livre de alguém. 2c) terminar toda relação com alguém. À luz destas
escrituras, é impossível que ainda exista duas categorias de crentes: uma que é
livre para não guardar a lei e outra que ainda deve fazê-lo. Embora Paulo tenha
recebido a revelação diretamente do Senhor, parece que existem outros irmãos
que foram envolvidos na vida da igreja primitiva que pareciam não ter esta
revelação. Um desses irmãos que se destaca é Tiago. Este Tiago não foi um dos
apóstolos. O “Tiago” que foi escolhido por Jesus morreu no início da história
da igreja. Este outro Tiago foi um dos irmãos de Jesus que assumiu uma posição
de proeminência entre os crentes após a morte e ressurreição de Jesus. Em
alguns casos de diferentes cristãos primitivos voltando à pratica da lei,
encontramos este Tiago por trás disso. Por exemplo, quando Pedro recuou e parou
de comer com os gentios, foi porque “...certos irmãos chegaram da parte de
Tiago...” (Gl 2:12). Por favor, note que não disse que eles vieram de
Jerusalém, mas de “Tiago”. Quando Paulo e outros vieram à Jerusalém para resolver
a questão de saber se os gentios precisavam guardar ou não, a lei , parecia bem
claro para Pedro que eles não eram obrigados a fazê-lo. Nós lemos este relato
em Atos 15 onde ele dizia para eles o que Deus tinha lhe mostrado sobre os
gentios e como Deus agiu para com eles a respeito da fé e salvação. Mas então
Tiago entrou em cena. Parecia que ele simplesmente não podia suportar que os
gentios saíssem sem guardar nenhuma lei. Portanto, ele sentiu a necessidade de
escolher quatro “pequenas” leis para que eles a guardassem. Ele admite que esta
era sua própria ideia dizendo que: “Portanto, meu julgamento é...” (At 15:19).
Então ele vai para a lista dos seus quatro “dogmas” (GK). Parece que Paulo e os
outros concordaram com estas pequenas regras porque não era um fardo pesado,
estando longe de ser tão pesado, como tentar guardar toda a lei. Então, eles
foram “unânimes” (At 15:25) e concordaram com sua sugestão. Quando mais tarde
eles disseram: “Na verdade pareceu ser bom ao Espírito Santo e a nós não vos
impor maior encargo algum...” (At 15:28), eles devem ter dito meramente que
tinham paz sobre a questão de não impor maior encargo sobre os gentios. Em
nenhum lugar alguém diz que Deus falou com eles diretamente ou que foi Ele quem
ordenou que estes quatro dogmas fossem mantidos. A verdade é que foi Tiago quem
inventou esta exigência. Embora estes irmãos insinuem que o Espírito Santo lhes
confirmou esta conclusão, existem sérias dúvidas de que Deus a iniciou. Não
pode ser verdade que Deus valorize estas quatro leis acima de todas as centenas
ou mesmo milhares de outras contidas na Antiga Aliança, tais como: não matar,
mentir, cometer adultério, estuprar, cobiçar, roubar, etc. É impossível que
comer uma galinha estrangulada, por exemplo, é tão mau aos olhos de Deus e,
portanto, uma lei importantíssima para os crentes gentios manter do que estes e
muitos outros crimes extremamente graves. Comer uma galinha estrangulada é pior
que assassinar? É mais ofensivo para Deus que adultério? Pense um pouco sobre
isto. Não há lógica convincente para explicar porque os gentios deveriam manter
apenas estas quatro regras e não outras. Tiago estava correto quando disse que
era “meu julgamento” (versículo 19), que eles deveriam manter estas quatro
leis. Além disso, três destas quatro “leis” parece que dizem respeito ao que
nós deveríamos ou não comer. Contudo, Jesus ensinou que não é o que entra na
nossa boca que nos contamina, mas o que sai dela (Mc 7:15,16). O que devemos
concluir é que Tiago, que parece ter ainda uma forte conexão com a lei
cerimonial judaica, sugeriu isto e como ele parecia ser influente e era um
fardo leve, os outros cederam a esta exigência a qual lhes dava um senso de paz
espiritual. Todavia, mais tarde, Paulo contradiz esta admoestação, pelo menos
no que diz respeito à comida sacrificada aos ídolos (veja 1 Co 8:1-8). Uma
investigação mais profunda da influência de Tiago a respeito da lei, vemos em
uma viagem de Paulo à Jerusalém. Quando Paulo foi à Jerusalém foi feito
prisioneiro, ao que parece, ele fez isto contra uma orientação de Deus. Porque
pensar em algo assim? Primeiro, o Senhor falou para que ele não fosse. Nós
lemos em Atos 21:4: “Estes discípulos, pelo Espirito, disseram a Paulo que ele
não deveria ir para Jerusalém”. Vários outros profetas também lhe disseram de
muitas coisas ruins que aconteceriam a ele lá. No entanto, ele persistiu e foi
mesmo assim. Suas razões para ir são incertas, mas parece que Paulo tinha
alguns vestígios remanescentes da velha religião nele. O catalisador para que
ele fosse capturado e aprisionado foi fazer um voto juntamente com outros
homens e ir ao templo. Isto foi sugerido para ele pelos “anciãos” em Jerusalém
entre os quais estava Tiago, que é o único nome mencionado (At 21:18). Aqui
Tiago está novamente envolvido em sugerir que uma parte da lei fosse mantida,
para que os judeus locais não percebessem o que realmente Paulo pensava e
ensinava. Embora as escrituras não digam especificamente que foi Tiago que
sugeriu isto, é inteiramente possível e em conformidade com suas outras
atividades. Este escritor entende esta ação de Paulo de ir ao templo e fazer
este voto como um erro. Além dos resultados ruins desta ação, ele também estava
se envolvendo com algo que não estava em harmonia com seus ensinamentos. Além
disso, em todos os inúmeros versos que nós temos examinado, ele também nos
ensinou que somos o verdadeiro templo (1 Co 3:16). Além disso, ele aguardava no
templo durante um tempo de “purificação”, por uma “oferta” que seria feita por
ele e pelos outros. Esta palavra “oferta” pode significar uma oferta sem
derramamento de sangue ou um “sacrifício” provavelmente envolvendo sangue. Indago,
por que Paulo estaria esperando por uma coisa dessas? Como ele poderia precisar
de algum tipo de oblação ou sacrifício, após sua entrada em Jesus, o Ungido?
Que “purificação” concebível poderia ter sido realizada por qualquer tipo de
lavagem física ou abstinência que Jesus não cumpriu através da Sua morte e
ressurreição? Paulo e Pedro, ambos nos ensinaram que já estamos “lavados” e
“purificados” em Jesus (1 Co 6:11, 1 Pe 1:22). Paulo está claramente envolvido
aqui num compromisso de conciliar e apaziguar outros irmãos em algumas
atividades que não se encaixam bem com o resto dos seus ensinamentos. O fruto
do seu compromisso com alguma coisa que fosse menos que a verdade, culminou em
resultados desastrosos. Então, nós vimos que guardar uma pequena parte da lei
não foi abençoado. Paulo mesmo nos ensinou que: “Um pouco de fermento leveda
toda a massa.” (Gl 5:9). O contexto deste versículo é Paulo nos ensinando que a
lei não faz e não pode nos justificar. Portanto, está claro que um “pouco de
levedura” ou um “pouco de fermento” significa “guardar uma parte da lei”. Isto
é justamente o que Paulo fez em Jerusalém o que lhe custou sua liberdade. Este
escritor suspeita que esta experiência negativa deu a Paulo uma compreensão
maior referente a lei, sobre a qual ele refletiu em seus escritos mais tarde. www.graodetrigo.com. Abraço. Davi
Nenhum comentário:
Postar um comentário