domingo, 5 de novembro de 2023

O SUFISMO COMO DIMENSÃO MÍSTICA DO ISLÂ - PARTE II

 

Sufismo. Continuamos com o artigo do professor Carlos Frederico Barboza de Souza. O SUFISMO COMO DIMENSÃO MISTICA DO ISLÃ. PARTE II. "Existem objeções contra a lista de termos acima, (estão no final da Parte I) pois eles são citados uma única vez no Corão, o que parece desproporcional se atribuir a eles o desenvolvimento de uma mística complexa como a Sufi. Porém, estes termos são os muitos bih t, isto é, termos ambíguos, que prendem o leitor e exigem dele uma istinb t, isto é, releitura constante e global do texto, uma ruminação sobre ele para uma melhor compreensão dele. Estes são termos difíceis, mas importantes, uma vez que, elucidados, oferecem a chave de leitura do texto corânico. Portanto, muitas vezes sua leitura se dedica explicitamente à compreensão destes termos. Ainda no Corão se encontram as alegorias típicas do Sufismo como: fogo e claridade de Deus, os véus de luz e trevas colocados sobre o coração, o pássaro, símbolo da ressurreição e imortalidade da alma, a água do céu, a árvore, representação da vocação humana e seu destino, o vinho, a salvação, símbolos da entronização dos santos privilegiados no Paraíso, correlativo do itinerário místico safar neste mundo. Temas como o Juízo Final, o Jardim do Paraíso, e o fogo do inferno, presentes no Corão, também foram importantes para os antigos ascetas, que concentravam, muitas vezes , suas meditações nessas temáticas. Porém, um tema muito desenvolvido pelos Sufis foi o do "pacto" que Deus realizou com a humanidade antes da criação, pois seu conteúdo é sempre associado a uma relação amorosa com Deus, já iniciada na eternidade, antes de qualquer coisa existir. A voz de Deus, ouvida neste momento primordial, é ecoada nas orações rituais salat, nos dikr e em todas as vozes e cânticos entoados em seu serviço. Mesmo os "sam" sãoi entendidos como uma tentativa de retornar ao movimento do contato primordial com Allah. Também a psicologia mística do Sufismo é marcada pela linguagem corânica, uma vez que o árabe nele presente emprega uma gama variada de termos para descrever os diversos aspectos do Eu Interior. Além do termo nafs, são utilizados termos como sadr (o peito, parte mais externa do coração e sede das emoções), qalb (parte mais interna do ser que representa o coração), fuad (pericárdio) e lubb (o coração interior), ruh (espírito) que Deus insuflou no ser humano. Fora está forte presença do léxico corânico nos termos técnicos Sufis, em suas metáforas e temáticas, o Corão também é marcante em seu ritmo pautado pelo duplo movimento da descida da revelação e da "ascensão" do Profeta. Uma segunda fonte da experiência mística Sufi é a figura do Profeta Muhammad que formata o compromisso do gnóstico como um juramento de fidelidade ao Profeta, principalmente baseado na passagem corânica no qual se lê que " ( ... ) aqueles que te juram fidelidade, a juram, em realidade, a Deus". Segundo Annemarie Schimmel (1922-2003), o Profeta Maomé, através de sua luz corresponde à substância primitiva criada por Deus. Assim, ele foi o primeiro ente criado e sua forma original é um caminho seguro que conduz a Deus. É a mística da "Luz de Muhammad", ou Luz Muhammadiana, que aborda a questão da luz divina, os místicos interpretam que a lamparina que ilumina o mundo é o Profeta Muhammad. Por isso muitos Sufis, até hoje, cultivam a integração à sua substância luminosa. Sua "viajem noturna" é outro elemento que se insere no Sufismo a partir de uma compreensão esotérica. Ela significa a ascensão que todo Sufi deve fazer rumo à Verdade, à "haqsqa". Além disso, Muhammad é o modelo da união com a divindade, sendo o ser humano que mais se aproximou de Deus. Também Nars (1966) lembra que o Profeta "(...) assinala o estabelecimento da harmonia e equilíbrio entre todas as tendências presentes no homem, sensuais, sociais, econômicas e políticas, que não podem ser superados, a menos que o próprio estado humano seja transcendido". Sua qualidade de analfabeto revela sua dimensão de aniquilamento, receptividade passiva e aberta diante da Verdade, a semelhança de Maria que após a anunciação do anjo Gabriel, virgem; gerou u filho. E o papel de Muhammad no Sufismo chega a tal ponto que o aniquilamento em Deus tem como trajetória quase que obrigatória o aniquilamento em Seu Profeta, itinerário de realização do amor de Deus. Um último aspecto que assevera a centralidade do Profeta junto aos Sufis e a reverência que se tributa a sua descendência, tanto entre os partidários do Sufismo quanto entre os do Sunismo, uma vez que, com exceção da Ordem Naqsbandi, todas as demais se remetem a pelo menos um "Iman" shiita em sua genealogia "silsila". Principais Elementos Constituintes de Sua Proposta Espiritual. Desde os primórdios do Islã, os seguidores do Profeta acreditavam que as observâncias externas só tinham valor se acompanhadas de um sentido interior, de um desejo de obedecer aos mandamentos de Deus, de uma experiência do reconhecimento da grandeza dele e da pequenez do ser humano. Esta forma de conceber o seguimento do Islã envolvia a totalidade da vida da pessoa, incluindo observâncias morais e espirituais. O desejo de pureza de intenção, com o passar do tempo, deu origem a práticas ascéticas, talvez sob influência dos monges cristãos orientais. Buscava-se uma forma de relação com Deus que passasse pelo amor e pela purificação do coração. Embora o surgimento destas concepções ascéticas tenha provocado reações anti místicas, elas darão origem, mais tarde, ao Sufismo. Este caminho "salik" de interioridade e purificação do coração que é o "Tasawwuf", no entanto, é concebido como sendo dividido em vários estágios e fases, que conduzem o Sufi através da "saria", para entrar na "tariqa" e atingir o haqsqa. A saria representa a prática exotérica da busca de um crente muçulmano. É a prática dos princípios básicos da Lei Islâmica como pressuposto para adentrar-se no Caminho. A 'tarsqa', de acordo com sua etimologia árabe, é o caminho, o meio para se chegar a algum lugar e, portanto, o método que se segue neste percurso. Implica em uma trajetória de busca esotérica e, como tal, se caracteriza por propor a adesão à guia e ao ensinamento de um sayh e aos métodos que ele e sua escola propõem como meios para se atingir a Haqsqa. Já significa em concreto o seguimento de uma proposta de vida caracterizada pela orientação Sufi. A saria representa o caminho largo, destinado a todos os homens, a tarsqa é um caminho mais estreito e supõe um passo a mais para os que se propõem chegar ao estado de Homem Perfeito na concepção Sufi, a plena realização das potencialidades humanas. Assim, pois, por meio da tarsqa, o gnóstico atinge a haqsqa, isto é, a Realidade última e absoluta por ele ansiada. Porém, apesar de serem momentos distintos na via Sufi, estas três etapas configuram uma unidade em si e não são vistos como momentos estanques e isolados na trajetória espiritual. Segundo Rums, há uma intimidade dos laços existentes entre a Lei Sagrada saria, o Caminho que os Sufis devem seguir tarsqa e a Realidade última que é buscada haqsqa. Entretanto, como há diversidade de temperamentos e de capacidades espirituais, os caminhos dentro da divisão tripartite acima representada são muitos. Supõem estágios que podem ser divididos e classificados em moradas, estações e estados. Junto a estes estágios e fases vem o termo técnico waqt, tempo, que é utilizado para designar o momento presente, isto é, o momento no qual uma graça é dada. Por isso o Sufi é chamado também de ibn al waqt, o filho do momento presente, aquele que se entrega completamente ao momento presente e recebe o que Deus lhe envia e permite no aqui e agora. As diversas Escolas Sufis definem vários tipos de estações que seus adeptos devem percorrer. Entretanto, estas divisões não são uniformes e ainda dependem, para serem percorridas, da capacidade do gnóstico e da ação de Deus neste percurso. Porém, mais que procurar atingir estágios, o Sufi deve procurar o próprio Deus. Dai que é condenável a atitude de taqyid, isto é, a atitude de todo aquele que se prende a um desses estágios e o associa à Realidade Divina, como se esta se identificasse plenamente com o que se experimenta em um estágio particular. Os meios que os Sufis utilizam para avançar nestes estágios são vários. Além da ascese e do jejum, pode-se citar a rememoração contínua de Deus, prática esta realizada principalmente por meio da recitação do dikr e da prática da meditação: também não se pode esquecer do agir conforme as prescrições contidas no Corão, do cultivo da "arte da conversação" (prática de troca de experiência espiritual e de busca conjunto no discernimento do caminho), da leitura de textos sagrados e da fraternidade pautada pelas regras da "cavalaria espiritual", centrada no amor, na interdependência e no sacrifício heroico. Os métodos Sufis insistem ainda na educação da sensibilidade espiritual, cordial e racional, além de uma busca de equilíbrio corporal por meio de movimentos rítmicos pautados na respiração e na percepção corporal visando ao favorecimentos da concentração e consciência interior. O dikr é a repetição dos Nomes de "Allah" com o objetivo de propiciar a rememoração deles, penetrando vivencialmente em seus significados profundos e assumindo-os na própria personalidade, do mundo e se libertar para o voo da união com Deus " ( ... ) na recordação de Deus, sossegam-se os corações". Pode ser um recolhimento por meio da recitação destes Nomes ou um recolhimento no coração interiorizando o sentido deles. Pode também ser uma recitação silenciosa, acompanhada de técnicas de respiração, concentração em partes do corpo ou no Profeta ou no "Sayh" e visualizações. Pode realizar-se durante o dia e em meio as atividades cotidianas, mas na maioria das vezes se realiza em um ritual coletivo mahlis ou hadra, praticado regularmente em certos dias da semana e acompanhado de música, poesias e danças, o que o tornaria um sam. Um suporte importante para a prática do dikr é a halwa, o retiro espiritual solitário para a invocação do Nome Divino e que pode durar horas ou até dias. Se a repetição de orações pode ser considerada extensão e intensificação de práticas comuns a todo muçulmano, o desenvolvimento de técnicas de meditação que utilizam os Nomes Divinos é original do Sufismo. Nelas se estabeleceram inumeráveis técnicas relacionadas a cada estágio espiritual. É comum também utilizar-se de um instrumento semelhante ao rosário cristão que é chamado wird, subha ou tasbsh. Porém, a condição sine qua non (impreterível) para a realização do dikr é uma absoluta sinceridade para recordar a Deus sem distrações e a busca da prática das virtudes. Esta experiência pode ser acompanhada de graças tanto emocionais como vivencias experiências. Neste sentido, o que sobressai no Sufismo é o seu caráter experimental. Embora sejam escritores e grandes produtores de literatura, inclusive uma literatura exigente em termos de capacidade de compreensão, os Sufis são, em geral, críticos das mesmas, pois a prática Sufi não é algo que se possa adquirir por meio da erudição, mas antes por meio de uma experiência do Sagrado. O órgão para se ter acesso a essas experiências é o coração qalb. O conhecimento intelectual sozinho é insuficiente, pois, mesmo a marifa - diferentemente da concepção ocidental que centraliza o conhecimento no intelecto e na razão - tem seu centro no coração, que lhe permite um conhecimento em contínua transformação. A este respeito, Nuri Al Said (1888-1958), de Bagdad (Iran) e Ibn Arabs (1165-1240), de Múrcia (Espanha) afirmam que, diante da infinidade de atributos divinos, somente um órgão espiritual como o coração, com sua plasticidade, seria capaz de assumir diversas formas para receber o coração, em sua essência, é mudança contínua, perpétua transformação taqallub, e não se prende a nenhuma configuração definitiva. A ideia do caminho Sufi ainda implica uma concepção de que o ser humano não é somente servo de Deus, mas pode se tornar também seu amigo wali, esposo de Deus sendo seu perfume sobre a terra. Com isto, surge em seu meio uma teoria dos amigos de Deus ou da santidade wilaya. Sempre haverá amigos de Deus no mundo, que serão responsáveis por mantê-lo em seu eixo. Os amigos de Deus intercedem junto d Ele pela humanidade e seu poder espiritual pode permanecer mesmo após sua morte, o que propicia a crença na permanência de sua baraka junto a seu túmulo e, portanto, a prática da visita aos mesmos, transformados agora em locais sagrados, que contêm, segundo hipótese de Ibn Arabs, uma concentração espiritual, himma. Em contraste com a missão privada e secreta. Para se chegar a ser um amigo de Deus Wali, o viajante deve adquirir algumas virtudes, como a pureza do coração e o desapego. Segundo uma metáfora, o coração humano é como um espelho que tem que ser polido para que possa refletir a beleza do Ser Divino. Para isto, deve se livrar do egoísmo, ambição, orgulho, vaidade e hipocrisia, entre outras coisas. Deve se libertar também de seus apegos. Ele deve realizar um processo de desidentificarão com as coisas do mundo e uma busca de identificação com Deus. Por isto, no meio Sufi se valoriza a qualidade de faqsr, isto é, de pobreza, de desapego de todas as coisas materiais e espirituais para que o viajante seja livre na sua busca do Real. Direcionando-se rumo a este objetivo, o Sufi deve aprender a confiar em Deus e dele depender, esperando o despertar espiritual, no qual o próprio Deus se revelaria a ele, produzindo uma aniquilação fan no seu ser, propiciando a união mística com a Divindade e a subsistência no Divino, quando, então, ele seria capaz de vivenciar o tawhsd, a confissão existencial  de que Deus é Um. Neste momento, o gnóstico acessa a experiência profunda de al haqq, o que equivale dizer que ele chegou a haqsqa. Segundo Al Gaz Is, existem quatro graus no monoteísmo islâmico que representam estágios na apreensão da Unicidade Divina: o primeiro é quando se diz com os lábios o Sah da, o segundo atinge-se quando o coração de quem pronuncia o Sah da nele crê, o terceiro é quando o ser humano vê a Unicidade de Deus por via de revelação mediante a luz do Verdadeiro, e o quarto é alcançado a partir do momento que o ser humano não vê no que existe a não ser Um Único. A partir daí, abre-se para o crente o caminho da meditação dos belos Nomes de Deus e da superação da multiplicidade aparente da realidade. Em seu percurso, os Sufis devem ser acompanhados por um mestre Sayh ou Pir, submeter-se a um processo de iniciação, que consiste em um juramento de aliança ao Sayh, recebimento de um manto especial hirqa, recebimento de uma oração secreta wird ou hizb e recebimento de um ritual do dikr. Assim, a relação do discípulo com o mestre ocorre na forma de um pacto que envolve ahirqa, a fórmula do dikr e a companhia do mestre, suhbat. Da parte do iniciante, este pacto implica no abandono completo nas mãos de seu orientador, que é o representante do Profeta e intermediário entre ele e Deus. O mestre ou sayh, escolhido por All h, é considerado um especialista no caminho justamente pelo fato de tê-lo já trilhado, e pode ensinar aos seus discípulos os desafios do mesmo. O contato com ele adquire um caráter profundo e especial, pois desta relação depende a travessia rumo a haqsqa, pois do sayh emana a luz que ilumina o coração de seu seguidor. No entanto, o Sufismo não é uniforme em suas propostas espirituais e acerca de seu método e concepções metafísicas e filosóficas. Assim é que, quanto à forma de se viver a experiência religiosa, surgem em seu interior algumas tendências. No tocante à relação com a religião islâmica e suas verdades, segundo Miguel Asin Palácios (1871-1944), pode-se afirmar a existência de um Sufismo Ortodoxo cujo expoente é Junayd, o grande mestre dos Sufis de Bagdad, enfatiza o estado de sobriedade sahw, que prioriza as virtudes, em oposição ao estado de embriaguez ou intoxicação sukr, que se caracteriza pelos êxtases, locuções teopáticas, iluminações e pela aniquilação fan em Deus. Desta segunda tendência, chamada por Palácios de Sufismo Heterodoxo, dois nomes são significativos: bistami e Hallaj, que foi discípulo de Junayd e terminou sua vida preso e condenado à morte, incompreendido e visto como herege pela ortodoxia muçulmana. Quanto à questão da foram de aproximação do Sagrado, uma outra distinção possível caracteriza, o Sufismo em Metafísico - cujo representante mácimo foi Ibn Arabs (1165-1240) - e outro que se concentra na experiência amorosa como meio para a união mística, tendo como representantes Rabi a al Adawiyya, Du I Num al Misri e Rãms. Quanto à questão da concepção acerca da finalidade do Sufismo, ou seja, a união mística com Deus, também se pode distinguir, segundo Louis Gardet (1904-1986), duas tendências, já observadas por Ibn Haldun, uma de irradiação da vida divina no coração do fiel, tjalli, segundo a qual o fiel deve ter seu coração polido como um espelho para irradiar da melhor forma a Divindade e seus atributos, e outra, a wahda, que apregoa a unidade ou identidade de substância entre a Divindade e o fiel. A primeira identifica-se com a união intencional de amor e de vontades, a segunda, com a união de substâncias, embora isto não signifique, a priori, a afirmação de um monismo substancial. Na primeira concepção se encontram os Sufis anteriores ao século XIII (Rabi a Hallaj, Hasan Basri (642-728)). A partir deste período, crescem os adeptos da segunda concepção, wahada, que enfatiza o aniquilamento do eu fan frente à potência divina e , simultaneamente. Encontram-se neste tendência Ibn al Farid (1181-1235) e Ibn Arabs (1165-1240). Conclusão. O Sufismo possui uma íntima relação com a tradição islâmica. Isto pode ser afirmado a partir do léxico de sua terminologia técnica e a partir de sua espiritualidade, que bebem no Corão e na tradição do Profeta. Ao mesmo tempo, é importante perceber sua singularidade no enfoque da tradição islâmica, pois sua interioridade e interpretação do Corão possuem configurações bem particulares. Da mesma maneira, vale ainda ressaltar a diversidade de formatos por meio dos quais ele se apresenta, com seus métodos e formas de organização diversos. Porém, em meio a esta diversidade, a tradição Súfica encontra sua unidade na busca pela experiência e não pelo racional do Sagrado e na concepção de que este, em sua Unidade, se manifesta em todas as coisas. E para que esta busca possa propiciar o resultado desejável que é a união com a Divindade, a presença do sayh assim como sua orientação são essenciais, juntamente com a prática do dikr. O Sufismo não é feito só de prática espiritual. Ou melhor, sua prática espiritual engloba toda a vida do Sufi, pois é entendida como não sendo desvinculada dos outros contextos da vida humana, como o político, o social, as relações intersubjetivas, etc. Ele inclui em seu bojo uma cosmo visão que possui várias dimensões complexas e conexas entre si: metafísica, cosmológica, psicológica e escatológica. Por isto, ao discorrer sobre as diversas dimensões com as quais o Sufismo se envolve. Seyyed Hossein Nars (1933-    ) afirma que o Tasawwuf aborda essencialmente três elementos: a natureza de Deus, a natureza do ser humano e a natureza de suas virtudes espirituais. O seu término é Deus, o seu princípio é o homem na condição terrena: a via, o caminho, é aquilo que une o homem a Deus, isto é, o método que desenvolve a virtude espiritual da alma e a doutrina que delineia os contornos do universo através do qual o peregrino, o místico, deve completar a viagem para atingir a Divina Presença e conseguir a verdadeira imortalidade. Esta complexidade que envolve o Sufismo precisa ser aprofundada. Cabe aos investigadores da atualidade, portanto, procurar ampliar o contato com o mesmo e o conhecimento a seu respeito, assim como acreditar na busca de seus seguidores. Para isto, torna-se importante a construção de referenciais adequados bem como desenvolver atitudes cognitivas e epistemológicas que propiciem um acesso o mais adequado possível à sua realidade. É necessário, sobretudo, o abandono do etnocentrismo a fim de que se possua um olhar  mais afinado com sua realidade, suas crenças e práticas. Somente munido de tais  pré requisitos é que tal conhecimento propiciará um enriquecimento de nossa cultura, pois saberá acerca de mais uma possibilidade humana de se realizar". Que Allah seja com o coração, mente e emoções de todos. Referencias consultados pelo autor para a pesquisa do artigo: Mística e Política. São Paulo: Loyola, 1994. Os Fundadores das Grandes Religiões. Petrópolis: Vozes, 2000. Introduzione alle dottrine esoteriche dell Islam. Roma: Edizione Mediterranne, 1987. Cristianismo e Islamismo. Porto: Editorial Perpétuo Socorro, 1991. El Corán. Barcelona: Helder, 2002. II Grande Libro della Sapienza Sufi. Milão: Mondadoria Editrice, 2000. Promessas do Islã. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988. O Sufismo como Dimensão Mística do Islã. Belo Horizonte. 2005. Nova Luz sobre a Antropologia. Rio de Janeiro: Zahar,2001. Uma História dos povos Árabes. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Abraço. Davi.

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