Crítica
cinematográfica do filme SETE ANOS NO TIBET, escrita pelo jornalista José
Roberto de Almeida. “Brad Pitt já fez 59 anos. O ator nasceu no dia 18
de dezembro de 1963. Ainda é um galã e casado com uma das mulheres mais bonitas
do mundo, a atriz Angelina Jolie 47 anos. Mesmo ricos, bonitos e
famosos, têm participado de ações humanitárias em diversos lugares do mundo. O
casal tem seis filhos, três deles adotados. Infelizmente se divorciaram em
2016. Antes de trabalhar em Sete Anos no Tibete, o filme que iremos
comentar, Brad Pitt já era um ator reconhecido e prestigiado na América e em
todo o Ocidente. Atraídos Pelo Perigo, O Príncipe da Sombra, Thelma
& Louise, Entrevista com o Vampiro e Lendas da Paixão, foram realizados
antes do longa do francês Jean-Jacques Annaud (1943- ). O diretor
Annaud não tem tantos filmes conhecidos no currículo quanto o ator. Mas pelo
menos três de suas obras, além de Sete Anos no Tibete, tiveram boa
aceitação da crítica e do público: O Amante, O Urso e
principalmente O Nome da Rosa, baseado no livro de Umberto
Eco. Sete Anos no Tibete também é baseado num livro. O autor,
Heinrich Harrer, conta sua grande aventura de alpinista que termina preso na
segunda guerra mundial, foge e vai parar no Tibete, país localizado na Ásia
Central, num dos pontos mais altos do planeta. Por conta das questões
políticas, o filme de Jean-Jacques Annaud (1943- ) não pôde ser filmado
na China. Muitas das locações foram feitas na Cordilheira dos Andes, nas
proximidades da Argentina. O visual do longa é extraordinário. São mais de duas
horas de cenários deslumbrantes, exóticos, de rara beleza mesmo. Só este
aspecto do filme já confere ao mesmo um charme especial. E a sensibilidade do
diretor, o olhar da câmera sobre a natureza fazem de Sete Anos no Tibete um
produto de arte. Terminamos por fazer uma viagem cultural e espiritual ao
assistir essa produção americana (embora o diretor seja francês). Heinrich
Harrer (Brad Pitt) é o mais famoso alpinista austríaco. É um sujeito
convencido, egocêntrico que coloca em primeiro lugar as suas façanhas, ao ponto
de deixar em segundo plano a vida familiar, a esposa, o filho que vai nascer.
Sua mulher está grávida, porém seu interesse é escalar o Nanga Parbat,
um dos lugares mais altos do mundo, na região do Himalaia. Onze pessoas de
quatro equipes alemães diferentes já tinham tentado chegar a este alto e falharam,
morreram durante a missão. Harrer transformou essa conquista em obsessão e
estava disposto a tudo para escalar o Nanga Parbat. A aventura de Heinrich tem
início quando a Alemanha tentava realizar o sonho maluco de Adolf Hitler
(1889-1945) de dominar o mundo; começava o Terceiro Reich em 1933. A Áustria,
país de origem do alpinista, já estava sob o domínio dos nazistas. A escalada
do austríaco e sua equipe não é bem sucedida e Harrer com seus amigos terminam
por ser presos pelos ingleses, então já em guerra com a Alemanha. O personagem,
teimoso ao ponto de arriscar a vida usando de toda sua arrogância contra os
soldados britânicos, tenta mais de uma vez fugir de sua prisão. São
sempre tentativas individuais que não dão em nada. Quando prisioneiros se
organizam coletivamente para a fuga e Henrich depois de ironizar com o plano
deles decide ir junto, o alpinista consegue se livrar da prisão. Alguns morrem,
outros adoecem e voltam para o campo, mas o alpinista e seu colega Peter
Aufschnaiter, David Thewlis (1963- ) conseguem sobreviver. Depois
de muitos sustos e sofrimentos chegam a Lhassa, a cidade sagrada do
Tibete. Neste local os moradores vivem em clima de completa espiritualidade.
Respeitam a natureza e cada ser vivo do planeta. A tal ponto que ao
empreenderam a construção de um cinema, para atender ao desejo de sua Santidade
o Dalai Lama, que era um garoto à época, e atualmente seu nome é Tenzin Gyatso
(1935- ), os homens se recusam a trabalhar porque as minhocas
corriam o risco de morrer. Harrer, que dirigia os trabalhos atendendo um pedido
do líder espiritual, precisa encontrar um jeito de prosseguir sem que os
pequenos seres vivos sejam sacrificados. Enquanto o alpinista passa pelas suas
desventuras sua esposa dá a luz, pede o divórcio e casa novamente, por sinal
com um dos seus amigos dos tempos da Áustria. Nosso “herói” sofre o baque,
posteriormente começa a escrever cartas para o filho pequeno, até que recebe
uma resposta: “Você não é meu pai, pare de me escrever”. Ao tempo em que
Heinrich Harrer tenta escalar, falha, é preso e passa “sete anos no Tibete”, o
mundo passa por profundas transformações. Hitler, inicialmente vitorioso ao se
apossar de vários países, como a Tchecoslováquia, Áustria, Polônia, França
(...) termina por não resistir à grande aliança comandada pelos americanos,
russos e ingleses. A guerra está para terminar, com a derrota do nazismo,
e na China Mao Tse Tung (1893-1976) chega ao poder com os comunistas. Os
novos dirigentes chineses são frios e materialistas. Um momento muito forte do
filme é quando generais do regime de Mao visitam a cidade sagrada de Lhassa,
desrespeitam todas as crenças e costumes, um deles soltando esta pérola:
“Religião é veneno”. Uma leitura incompleta de Karl Marx (1818-1883), no local
e na hora errada. A religião pode ser mesmo um ópio e servir para anestesiar o
povo. Muito se usa o nome de Deus para explorar e até matar. Existem porém
doutrinas, filosofias, correntes espirituais que buscam sinceramente a harmonia
com o Universo e a sintonia com o Divino. Os tibetanos podiam ser primitivos ou
inocentes, naquele momento histórico, mas eram puros e humanos, se comparados
aos brutais chineses. Será que matar pessoas indefesas, praticar massacres,
pisar seres humanos como se fossem formigas não é um veneno muito mais perigoso
do que a religião? O Dalai Lama à época em que Heinrich estava no Tibete era
quase um garoto. Mesmo assim passou ao austríaco muita sabedoria, como também
aprendeu muitas coisas com este. Os chineses mataram mais de 1 milhão de tibetanos
para “exterminar o veneno”. Ainda hoje o Dalai Lama, Tenzin Gyatso (desde 1959,
na Índia) e muitos seguidores estão no exílio. Heinrich voltou para casa na
Áustria. Não reconquistou a esposa, que estava bem casada com seu amigo, porém
conseguiu se reconciliar com o filho. Já no final, aparecem pai e filho fazendo
alpinismo. Sete Anos no Tibete é como um tesouro. Tem beleza,
história, política, cultura e uma grande lição de vida. Brad Pitt e Peter
Aufschnaiter, os dois atores que viveram os personagens principais do longa e
se identificaram com a população do Tibete; até hoje são proibidos de entrar na
China”. Passo a fazer algumas observações. Algumas cenas da filmagem são
belíssimas, só isso, é suficiente para assistir a película. Em Viena, Áustria, a
despedida de Heinrich da esposa grávida, mostra sua obsessão pelo objetivo de
alcançar o topo da montanha. Um propósito perseguido pelo Fuhrer através da
organização de três expedições, mas sem sucesso. Ela tenta dissuadi-lo dessa
meta, mostrando a necessidade do filho tê-lo nos primeiros anos de vida, mas
sua decisão fora antecipadamente tomada. Quase chegando no topo da montanha,
escorrega num paredão de gelo quebrando a perna, e uma geada destrói o
acampamento onde estavam. Vários companheiros morrem, e os sobreviventes são
capturados pelo exército inglês estacionado na fronteira da Índia com o Tibete.
Após fugir da prisão, depois de várias tentativas, Heinrich e Aufschnaiter têm
uma convivência difícil, e numa discussão separam-se, principalmente, devido a
soberba e egoísmo de Heinrich, mas logo esse procura o companheiro arrependido,
e ambos prosseguem a viagem rumo a Lhasa, capital do Tibete. Num dos confrontos
com os transeuntes, peregrinos, que circulam na tríplice fronteira entre Índia,
China e Tibete, recebe de um deles o retrato de sua Santidade o Dalai Lama,
segundo dito, para dar sorte na jornada que empreenderiam. Quando faziam a
fundação para a construção do cinema, pedido por sua Santidade, um tibetano
rejeita matar a minhoca dizendo a Heinrich, que ela possivelmente poderia ser
sua mãe em encarnações passadas. Assim, numa conversar com o Dalai Lama, ele
explica que o Budismo Tibetano principia por não ofender (matar, machucar)
nenhum ser, desde os considerados insignificantes pelos ocidentais aos mais
importantes. O jovem Dalai, em sonho, prevê a invasão chinesa à sua pátria,
começando de sua cidade natal. Heinrich atrapalhasse ao ser levado à
encontrar-se pela primeira vez com o jovem Dalai em sua (palácio) residente
mosteiro, quando honrando sua santidade encurvando-se ao chão por três vezes.
Torna-se amigo do jovem Dalai Lama, indo a sua casa para dar-lhe aulas sobre
variados assuntos como: geografia, cinema, condutor de automóvel e outras.
Heinrich celebra o natal cristão em Lhasa com convidados tibetanos. Conta sua
história para sua santidade, que o encoraja a voltar para Viena, rever seu
filho. A esperança voltou depois dessas palavras motivadoras. Concede ao seu
amigo Aufschnaiter um relógio mont blanc como recordação de sua amizade no dia
da natividade. Interessante a entronização do jovem Dalai Lama, Tenzin Gyatso,
no palácio real, sendo considerado a 14ª reencarnação do (Budha) bodhissatva da
compaixão. As palavras ditas nessa cerimônia religiosa são de grande sabedoria,
mostrando o compromisso de sua Santidade com seu povo, sua religião (Budismo
Tibetano) e o entendimento da fraternidade humana num pacifismo universal. A
audiência concedida por sua Santidade aos generais chineses, que se apossaram,
a força, do território tibetano, mostra o orgulho e soberba dos militares.
Diante do jovem Dalai não disseram uma única palavra, saíram menosprezando o
povo e ridicularizando sua religião. Pouco antes de retornar a Viena,
Heinrich, encontrasse com seu amigo Aufschnaiter em sua casa em Lhasa, agora
casado; conversam, tomam chá, sendo-lhe oferecida mais uma xícara, ao que
recusa, mas Aufschnaiter diz-lhe que àquela, será guardada, para que ele
regresse novamente. Sua esposa anteriormente num diálogo diz a Heinrich que os
tibetanos não entendem o esforço dos ocidentais em serem famosos, alcançado
prestígio e glórias terrenais. Isso acontece quando ele, mostra a ela, seus
feitos memoráveis nas Olimpíadas esportivas alemãs. Ela diz-lhe que os
tibetanos procuram viver de maneira simples, esforçando-se pelo desapego
material e prazeres mundanos. Vivendo uma religiosidade e espiritualidade
vinculada ao cotidiano. Heinrich recebe de sua Santidade uma caixa de música,
que chegando em Viena, anos após o final da 2ª Guerra, oferece à seu filho. O
filme termina com pai e filho no topo de uma montanha gelada, reatando assim a
amizade filial, lembrando, que Heinrich escreverá várias cartas a ele, e em uma
delas ele disse para desconsiderá-lo como seu filho. Passasse a impressão nessa
última cena que o filho perdoou o pai e o pai perdoou o filho, assim, retomando
a harmonia entre ambos. Abraço. Davi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário