quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

FILME SETE ANOS NO TIBETE

 

Crítica cinematográfica do filme SETE ANOS NO TIBET, escrita pelo jornalista José Roberto de Almeida. “Brad Pitt já fez 59 anos. O ator nasceu no dia 18 de dezembro de 1963. Ainda é um galã e casado com uma das mulheres mais bonitas do mundo, a atriz Angelina Jolie 47 anos. Mesmo ricos, bonitos e famosos, têm participado de ações humanitárias em diversos lugares do mundo. O casal tem seis filhos, três deles adotados. Infelizmente se divorciaram em 2016. Antes de trabalhar em Sete Anos no Tibete, o filme que iremos comentar, Brad Pitt já era um ator reconhecido e prestigiado na América e em todo o Ocidente. Atraídos Pelo Perigo, O Príncipe da Sombra, Thelma & Louise, Entrevista com o Vampiro e Lendas da Paixão, foram realizados antes do longa do francês Jean-Jacques Annaud (1943-   ). O diretor Annaud não tem tantos filmes conhecidos no currículo quanto o ator. Mas pelo menos três de suas obras, além de Sete Anos no Tibete, tiveram boa aceitação da crítica e do público: O Amante, O Urso e principalmente O Nome da Rosa, baseado no livro de Umberto Eco. Sete Anos no Tibete também é baseado num livro. O autor, Heinrich Harrer, conta sua grande aventura de alpinista que termina preso na segunda guerra mundial, foge e vai parar no Tibete, país localizado na Ásia Central, num dos pontos mais altos do planeta. Por conta das questões políticas, o filme de Jean-Jacques Annaud (1943-   ) não pôde ser filmado na China. Muitas das locações foram feitas na Cordilheira dos Andes, nas proximidades da Argentina. O visual do longa é extraordinário. São mais de duas horas de cenários deslumbrantes, exóticos, de rara beleza mesmo. Só este aspecto do filme já confere ao mesmo um charme especial. E a sensibilidade do diretor, o olhar da câmera sobre a natureza fazem de Sete Anos no Tibete um produto de arte. Terminamos por fazer uma viagem cultural e espiritual ao assistir essa produção americana (embora o diretor seja francês). Heinrich Harrer (Brad Pitt) é o mais famoso alpinista austríaco. É um sujeito convencido, egocêntrico que coloca em primeiro lugar as suas façanhas, ao ponto de deixar em segundo plano a vida familiar, a esposa, o filho que vai nascer. Sua mulher está grávida, porém seu interesse é escalar o Nanga Parbat, um dos lugares mais altos do mundo, na região do Himalaia. Onze pessoas de quatro equipes alemães diferentes já tinham tentado chegar a este alto e falharam, morreram durante a missão. Harrer transformou essa conquista em obsessão e estava disposto a tudo para escalar o Nanga Parbat. A aventura de Heinrich tem início quando a Alemanha tentava realizar o sonho maluco de Adolf Hitler (1889-1945) de dominar o mundo; começava o Terceiro Reich em 1933. A Áustria, país de origem do alpinista, já estava sob o domínio dos nazistas. A escalada do austríaco e sua equipe não é bem sucedida e Harrer com seus amigos terminam por ser presos pelos ingleses, então já em guerra com a Alemanha. O personagem, teimoso ao ponto de arriscar a vida usando de toda sua arrogância contra os soldados britânicos, tenta mais de uma vez fugir de sua prisão.  São sempre tentativas individuais que não dão em nada. Quando prisioneiros se organizam coletivamente para a fuga e Henrich depois de ironizar com o plano deles decide ir junto, o alpinista consegue se livrar da prisão. Alguns morrem, outros adoecem e voltam para o campo, mas o alpinista e seu colega Peter Aufschnaiter, David Thewlis (1963-   ) conseguem sobreviver. Depois de muitos sustos e sofrimentos chegam a Lhassa, a cidade sagrada do Tibete. Neste local os moradores vivem em clima de completa espiritualidade. Respeitam a natureza e cada ser vivo do planeta. A tal ponto que ao empreenderam a construção de um cinema, para atender ao desejo de sua Santidade o Dalai Lama, que era um garoto à época, e atualmente seu nome é Tenzin Gyatso (1935-   ), os homens se recusam a trabalhar porque as minhocas corriam o risco de morrer. Harrer, que dirigia os trabalhos atendendo um pedido do líder espiritual, precisa encontrar um jeito de prosseguir sem que os pequenos seres vivos sejam sacrificados. Enquanto o alpinista passa pelas suas desventuras sua esposa dá a luz, pede o divórcio e casa novamente, por sinal com um dos seus amigos dos tempos da Áustria. Nosso “herói” sofre o baque, posteriormente começa a escrever cartas para o filho pequeno, até que recebe uma resposta: “Você não é meu pai, pare de me escrever”. Ao tempo em que Heinrich Harrer tenta escalar, falha, é preso e passa “sete anos no Tibete”, o mundo passa por profundas transformações. Hitler, inicialmente vitorioso ao se apossar de vários países, como a Tchecoslováquia, Áustria, Polônia, França (...) termina por não resistir à grande aliança comandada pelos americanos, russos e ingleses. A guerra está para terminar, com a derrota do nazismo,  e na China Mao Tse Tung (1893-1976) chega ao poder com os comunistas. Os novos dirigentes chineses são frios e materialistas. Um momento muito forte do filme é quando generais do regime de Mao visitam a cidade sagrada de Lhassa, desrespeitam todas as crenças e costumes, um deles soltando esta pérola: “Religião é veneno”. Uma leitura incompleta de Karl Marx (1818-1883), no local e na hora errada. A religião pode ser mesmo um ópio e servir para anestesiar o povo. Muito se usa o nome de Deus para explorar e até matar. Existem porém doutrinas, filosofias, correntes espirituais que buscam sinceramente a harmonia com o Universo e a sintonia com o Divino. Os tibetanos podiam ser primitivos ou inocentes, naquele momento histórico, mas eram puros e humanos, se comparados aos brutais chineses. Será que matar pessoas indefesas, praticar massacres, pisar seres humanos como se fossem formigas não é um veneno muito mais perigoso do que a religião? O Dalai Lama à época em que Heinrich estava no Tibete era quase um garoto. Mesmo assim passou ao austríaco muita sabedoria, como também aprendeu muitas coisas com este. Os chineses mataram mais de 1 milhão de tibetanos para “exterminar o veneno”. Ainda hoje o Dalai Lama, Tenzin Gyatso (desde 1959, na Índia) e muitos seguidores estão no exílio. Heinrich voltou para casa na Áustria. Não reconquistou a esposa, que estava bem casada com seu amigo, porém conseguiu se reconciliar com o filho. Já no final, aparecem pai e filho fazendo alpinismo. Sete Anos no Tibete é como um tesouro. Tem beleza, história, política,  cultura e uma grande lição de vida. Brad Pitt e Peter Aufschnaiter, os dois atores que viveram os personagens principais do longa e se identificaram com a população do Tibete; até hoje são proibidos de entrar na China”. Passo a fazer algumas observações. Algumas cenas da filmagem são belíssimas, só isso, é suficiente para assistir a película. Em Viena, Áustria, a despedida de Heinrich da esposa grávida, mostra sua obsessão pelo objetivo de alcançar o topo da montanha. Um propósito perseguido pelo Fuhrer através da organização de três expedições, mas sem sucesso. Ela tenta dissuadi-lo dessa meta, mostrando a necessidade do filho tê-lo nos primeiros anos de vida, mas sua decisão fora antecipadamente tomada. Quase chegando no topo da montanha, escorrega num paredão de gelo quebrando a perna, e uma geada destrói o acampamento onde estavam. Vários companheiros morrem, e os sobreviventes são capturados pelo exército inglês estacionado na fronteira da Índia com o Tibete. Após fugir da prisão, depois de várias tentativas, Heinrich e Aufschnaiter têm uma convivência difícil, e numa discussão separam-se, principalmente, devido a soberba e egoísmo de Heinrich, mas logo esse procura o companheiro arrependido, e ambos prosseguem a viagem rumo a Lhasa, capital do Tibete. Num dos confrontos com os transeuntes, peregrinos, que circulam na tríplice fronteira entre Índia, China e Tibete, recebe de um deles o retrato de sua Santidade o Dalai Lama, segundo dito, para dar sorte na jornada que empreenderiam. Quando faziam a fundação para a construção do cinema, pedido por sua Santidade, um tibetano rejeita matar a minhoca dizendo a Heinrich, que ela possivelmente poderia ser sua mãe em encarnações passadas. Assim, numa conversar com o Dalai Lama, ele explica que o Budismo Tibetano principia por não ofender (matar, machucar) nenhum ser, desde os considerados insignificantes pelos ocidentais aos mais importantes. O jovem Dalai, em sonho, prevê a invasão chinesa à sua pátria, começando de sua cidade natal. Heinrich atrapalhasse ao ser levado à encontrar-se pela primeira vez com o jovem Dalai em sua (palácio) residente mosteiro, quando honrando sua santidade encurvando-se ao chão por três vezes. Torna-se amigo do jovem Dalai Lama, indo a sua casa para dar-lhe aulas sobre variados assuntos como: geografia, cinema, condutor de automóvel e outras. Heinrich celebra o natal cristão em Lhasa com convidados tibetanos. Conta sua história para sua santidade, que o encoraja a voltar para Viena, rever seu filho. A esperança voltou depois dessas palavras motivadoras. Concede ao seu amigo Aufschnaiter um relógio mont blanc como recordação de sua amizade no dia da natividade. Interessante a entronização do jovem Dalai Lama, Tenzin Gyatso, no palácio real, sendo considerado a 14ª reencarnação do (Budha) bodhissatva da compaixão. As palavras ditas nessa cerimônia religiosa são de grande sabedoria, mostrando o compromisso de sua Santidade com seu povo, sua religião (Budismo Tibetano) e o entendimento da fraternidade humana num pacifismo universal. A audiência concedida por sua Santidade aos generais chineses, que se apossaram, a força, do território tibetano, mostra o orgulho e soberba dos militares. Diante do jovem Dalai não disseram uma única palavra, saíram menosprezando o povo e ridicularizando sua religião.  Pouco antes de retornar a Viena, Heinrich, encontrasse com seu amigo Aufschnaiter em sua casa em Lhasa, agora casado; conversam, tomam chá, sendo-lhe oferecida mais uma xícara, ao que recusa, mas Aufschnaiter diz-lhe que àquela, será guardada, para que ele regresse novamente. Sua esposa anteriormente num diálogo diz a Heinrich que os tibetanos não entendem o esforço dos ocidentais em serem famosos, alcançado prestígio e glórias terrenais. Isso acontece quando ele, mostra a ela, seus feitos memoráveis nas Olimpíadas esportivas alemãs. Ela diz-lhe que os tibetanos procuram viver de maneira simples, esforçando-se pelo desapego material e prazeres mundanos. Vivendo uma religiosidade e espiritualidade vinculada ao cotidiano. Heinrich recebe de sua Santidade uma caixa de música, que chegando em Viena, anos após o final da 2ª Guerra, oferece à seu filho. O filme termina com pai e filho no topo de uma montanha gelada, reatando assim a amizade filial, lembrando, que Heinrich escreverá várias cartas a ele, e em uma delas ele disse para desconsiderá-lo como seu filho. Passasse a impressão nessa última cena que o filho perdoou o pai e o pai perdoou o filho, assim, retomando a harmonia entre ambos. Abraço. Davi.    

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