segunda-feira, 24 de outubro de 2022

DESTAS PEDRAS DEUS PODE SUSCITAR FILHOS A ABRAÃO

 

Editor do Mosaico. DESTAS PEDRAS DEUS PODE SUSCITAR FILHOS A ABRAÃO. O texto acima, título de nosso tema, está em Mateus 3,9-10. Basearei minha reflexão nele abordando alguns princípios da filosofia oculta. Os três primeiros Evangelhos Mateus, Marcos e Lucas recebem o codinome de Sinópticos. São conhecidos assim por terem uma grande quantidade de histórias em comum sobre  Jesus. Na mesma sequência e algumas vezes utilizando os mesmos esquemas de palavras. Nesses termos existe um grau de paralelismo relativo ao conteúdo, linguagem e estruturas das frases ocorrendo somente em uma literatura interdependente. Desse modo muitos estudiosos acreditam que esses evangelhos compartilham o mesmo ponto de vista e são claramente ligados entre si. Uma esclarecedora mística quanto a esses Evangelhos é que cada um tem uma simbologia específica. Dessa forma Mateus traz a representação do Cristo como o Leão o rei entronizado para governar seu povo com majestade e glória. Em João 19, 19-20 diz-se "E Pilatos escreveu também um título e pô-lo em cima da cruz e nele estava escrito: Jesus Nazareno o Rei dos Judeus. E muitos dos judeus leram este título porque o lugar onde Jesus estava crucificado era próximo da cidade e estava escrito em hebraico, grego e latim". Marcos traz a tipologia de Jesus como o Boi ou o Cordeiro que é oferecido como holocausto pelos pecados de toda a humanidade. Também nesse contexto se entende aquele que serve e ara a terra deserta preparando-a como nutriente. Tornando-se o calcário para diminuir sua acidez e proporcionar mais alcalinidade a uma melhor semeadora e boa colheita. Além de pulverizar e irrigar o solo. Marcos 10,45 fala "Porque o Filho do homem não veio para ser servido mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos". Lucas enfatiza em seus escrito o Cristo como um Homem de carne e osso frágil e tendo necessidades físicas, emocionais e sentimentais. Igual a qualquer ser humano. De certo um assunto para ser investigado mais minuciosamente pela ciência oculta. A tradicional teologia parece ter medo de mensurá-lo como homem em sua completude. Para alguns uma compreensão estereotipada do sentido misterioso da encarnação - Deus Homem. Reduzindo o Cristo apenas a uma figura de herói ou mártir. Coisas que se evidenciam de forma emblemáticas em sua época por feitos milagrosos, doutrinas, simplicidade, mansidão, amor, pureza e santidade. Contudo quando lermos os Evangelhos, devemos entender que Jesus “escondia” sua divindade na maioria das vezes. Não reivindicando pra si a deidade, preferindo ser tratado como um simples mortal. Nessa condição ele veio para esse mundo cumprir sua missão divina e na situação de Deus era impossível morrer vicariamente pela humanidade. Assim tendemos a acompanhar a argumentação exotérica dos técnicos em exegese. Com medo, não seguimos a intuição oculta que nos diz para considerá-lo também como um homem. Que cometeu deslizes e resvalos éticos até em alguns momentos se irou justamente percebendo a insensibilidade humana. Querendo manter o status quo sistematizado e religioso vigente em sua época. Lucas 12, 8 "E digo vos que todo aquele que me confessar diante dos homens também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus". O texto que analisaremos está em Mateus 3, 1-10 então iniciemos "Naqueles dias apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia e dizia: arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus". Para compreendermos melhor  vamos fazer uma conexão com outro trecho bíblico em que Jesus compara João Batista a Elias em Mateus 17, 11-13 "E Jesus respondendo disse-lhes: Em verdade Elias vira primeiro e restaurará todas as coisas mas digo-lhes que Elias já veio e não o conheceram mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padece o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista". Segundo a Sabedoria Antiga o Mestre Jesus sendo um Essênio viveu numa comunidade que existiu no ano 150 aC a 70 dC. Isso conforme os historiadores judeus Filon (10 aC 50 dC) e Flávio Josefo (37-100). Os Essênios eram uma ordem religiosa que tinham revelações manifestadas e esotéricas, havendo se afastado do Judaísmo por motivos desconhecidos. Todavia tinham leis, documentos sagrados, usos e costumes diferenciados. Foram mostrados pela famosa descoberta dos Manuscritos do Mar Morto (1950). Uma centena de textos e fragmentos encontrados nas Cavernas de Qunram em Israel. Os Essênios alimentavam-se basicamente de frutas e legumes banhando-se em águas para equilibrar o corpo e talvez tenha surgido daí o rito do batismo. João Batista era Essênio. Eles assim como os judeus tinham Escolas para Iniciados e possivelmente o Mestre Jesus frequentou em sua juventude e maioridade essa Academia do Conhecimento Oculto. Alguns ponderam que os sábios essênios trocavam comunicação com os Mestres da Escola de Alexandria, século I. Possivelmente Jesus estudou também nessa Casa do Saber Universal. Assim pensando no conhecimento oculto que o Mestre Jesus como Iniciado adquirirá. Podemos inferir que João Batista é uma encarnação do profeta Elias. Continuando seu ministério de "preparar o caminho do Senhor, endireitar as suas veredas". Os dois evidenciaram-se em diferenças e semelhança vejamos: Elias executou milagres e maravilhas e João Batista não fez nenhum sinal. Elias teve problemas com os profetas de Baal e João Batista teve dificuldades com os Fariseus. Elias feriu o rio Jordão atravessando-o sem se molhar. João batizava no rio Jordão e  todos saiam molhados. Elias viu uma pequena nuvem do tamanho de uma mão do homem. João Batista viu nascer o sol da justiça. Elias lutou contra a idolatria de Baal o deus Cananeu - Fenício da chuva, do clima, da tempestade que molha a terra. João Batista pregava principalmente o arrependimento e a vinda do Messias. Elias não morreu, subindo ao céu arrebatado numa carruagem puxada por cavalos de fogo dentro dum redemoinho II Reis 12,1-12. João Batista morreu decapitado preso por Herodes. Elias não foi preso mas sofreu perseguição. Elias tinha como discípulo Eliseu. João Batista tinha discípulos e alguns deles se tornaram discípulos do Mestre Jesus. Elias predisse profeticamente acontecimentos futuros. João Batista foi alvo vivo de profecias passadas. Cumprindo as previsões de Malaquias e Isaías.  Essas comparações podem provar que a encarnação dos dois é perfeitamente plausível em termos lógicos. Podemos pensar João Batista como um iniciado ou adepto dos mistérios ocultos. Sua roupa diferente das originais vestes sacerdotais judaicas denunciavam sua maneira excêntrica de servir ao Eterno. Assim como o Mestre Jesus que não deixou nenhum código de doutrinas exotéricas - exterior e nem fundou nenhuma nova religião. Preferindo proclamar o amor ao próximo e a fraternidade universal entre os homens. João Batista apesar de judeu não enfatizou nada de preceitos ou normas ritualísticas de sua religião judaica. Que aproximassem o fiel do seu Deus. Por ser diferente teve autoridade para falar com intrepidez dos mistérios – ocultos – maiores que estavam guardados. Enfrentando com coragem os desmandos e a hipocrisia moral da autoridade do governador Herodes Antipas (20 aC 39 dC) da Palestina. Esse malignamente influenciado por sua amante na festa de seu aniversário, mandou decapitar João Batista no cárcere. Marcos 6, 24 - 26 "Saindo ela perguntou a mãe: Que pedirei? Esta respondeu: a cabeça de João Batista. E enviando logo o executor mandou que lhe trouxessem a cabeça de João. Ele foi e o decapitou no cárcere, e trazendo a cabeça num prato a entregou à jovem e está por sua vez a sua mãe". O versículo 20 do texto acima diz que "Herodes temia a João Batista sabendo que era homem justo e santo e o tinha em segurança. E quando o ouvia ficava perplexo escutando-o de boa mente". Os Mestres iniciados tem testemunho dado por pessoas que os observam, mostrando que estão caminhando pela Senda Espiritual. Voltando para Mateus 3, 6 "E eram por ele batizados no rio Jordão confessando os seus pecados". Incrível imaginar que a mensagem do profeta João Batista era tão curta e simplesmente dizia: "arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus" Mateus 3,2. Bastante diferente do que estamos acostumados a ouvir nos dias de hoje. As pregações tentam converter as pessoas para sua bandeira de fé e prática. Sempre mostrando as vantagens e recompensas advindas dessa decisão. Aqui particularmente parece que João não oferece nenhum galardão. Só a esperança da evolução espiritual para entrar num reino superior e elevado. Acima do interesse e glórias humanas. Que fariam com que o discípulo percebesse que lhe aguardavam futuros processos de renascimentos à completar seu ser espiritual. O batismo era o primeiro passo para o iniciado percorrer esse caminho estreito, entrando pela porta apertada. Nada de organização ou filiação religiosa ou partidária. Porém um compromisso consigo mesmo de trilhar pela prece, meditação, contemplação o autoconhecimento. O desenvolvimento da espiritualidade superior. A referência a "raça de víboras quem vos induziu a fugir da ira futura" Mateus 3,7. É uma advertência de que apenas o conhecimento que alcançamos por nossa inteligência dos mistério maiores e menores da natureza e da mente humana. Não são suficientes para completar nossa formação espiritual. João sabia que na tradição mística a serpente simboliza o conhecimento humano. A chamada doutrina do olho dita por Buda (563 aC 483) nos seus escritos sagrados. Também como o Buda enfatiza precisamos da doutrina do coração. Revelada numa atitude de altruísmo,  resignação e compaixão ao próximo. Acolhendo-os e não considerando imundo aquilo de Deus santificou.  Usando a tolerância e o amor para com todos sem discriminação de cor, sexo, raça, opinião e religião.  Considerando todos como irmãos mesmo em situações de espiritualidade, culturas e tradições divergentes. Buscando a evolução integrada com todos os seres da natureza que vivem na Criação feita pelo Criador. Assim os hipócritas fariseus se orgulhavam de seu conhecimento. Achando que isso era suficiente para encontrarem os segredos que estavam encobertos. Classificavam aqueles que não podiam consegui-los como gentios e publicanos. Desmerecedores das recompensas celestiais. Seu orgulho e mesquinhez era o que os condenavam desviando-os da caminho da verdade. João Batista conhecia o processo natural da evolução humana e infiro que tinha conhecimentos ocultos da Cabala judaica. A referência "Temos por pai a Abraão porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão" Mateus 3,9. Esse é o tema de nossa reflexão. Mostra o conteúdo de um dos textos - Livro da Criação - dessa doutrina mística quando diz que: "do mineral tornou-se vegetal do vegetal tornou-se animal do animal tornou-se humano e do humano tornar-se-á espírito". Para mim está claro nesse trecho bíblico o desejo do Espírito Divino de continuar sua obra de evolução em nossa matéria - espírito ou espírito – matéria. Ela foi insuflada pela centelha divina a milhões de encarnações passadas. Percorrendo os planetas de nosso sistema solar até aportar em nossa terra. Interessante pensar que como a monada, átomo ou gene – partícula divina, fomos germinados por esse raio luminoso.  Mineralizados em um dos planetas de nosso sistema solar para iniciarmos nossa ronda evolutiva existencial. Acessando a astrologia através de um mapa astral podemos ter uma previsão de onde iniciamos esse enigmático processo. Em qual das casas astrais ou planeta de nosso sistema solar. Na terra estamos segundo os estudiosos da ciência oculta perfazendo um total de aproximadamente milhares de encarnações. Um número imaginário é claro, para podermos entender esse complexo veículo de evolução. Junto com nosso carma positivo ou negativo proporcionando nosso tempo entre vidas. Onde reparamos ou retificamos aquilo que precisa ser debitado como vício. Ou compensado como virtude para desfrutarmos o período de conforto antes das novas encarnações. Esse processo evolutivo na terra é feito primeiramente por uma anterior consciência elementar. Bem primitiva e sem coordenação estrutural nervosa. Seguindo posteriormente uma consciência primitiva mineral ainda se organizando. Mesmo que incipiente tentando formular relações de compartilhamentos moleculares e partículas. Onde átomos eletrovalentes se conectam a valências negativas nos elementos inorgânicos. Surgindo as interações de compostos que representam os atuais elementos químicos existentes. Dos quais somos uma totalidade de carbono, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio e outros. Continuando evoluímos para avançarmos como um vegetal em uma consciência adaptativa. Centrada em nosso próprio sustento. Agora tendo a necessidade de interdependência com outros reinos e cadeias alimentares. Principalmente a precedente da qual tiraremos nosso sustento e nutrientes e posteriormente uma consciência instintiva animal. Essa já bem organizada e sabedora de alguns processos de relacionamentos coletivos. Mesmo que para uma individualidade da espécie. Sem entender que os vários reinos da natureza são intercambiáveis e o equilíbrio é feito com a harmonia de todos. E finalmente chegamos a uma consciência intuitiva, imaginativa e cognitiva humana. A compreensão de que fazemos parte do todo da natureza. Fundamental estarmos conectados e atuando para o bem dos seres na face da terra. Dependemos de cada pedra, cada árvore e cada animal que estão vivendo sua existência. Com eles nós humanos construiremos uma Fraternidade Universal onde a Criação representa o Criador e o Criador tipifica a Criatura. Abraço. Davi.      

 

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