terça-feira, 19 de dezembro de 2023

UM SENHORIO DE AFETO

 

Cristianismo. Revista Arautos do Evangelho. Maio de 2022. UM SENHORIO DE AFETO. Ouçamos uma palavra de quem tanto se beneficiou da preciosa solicitude de Dona Lucília Correa de Oliveira (1876-1968). A propósito do exercício de sua autoridade materna, afirmou seu filho, Doutor e jurista Plínio Correa de Oliveira (1908-1995). “Havia um aspecto em mamãe que eu apreciava muito: o tempo inteiro, e até o fundo da alma, ela era senhora! Em relação aos filhos, guardava uma superioridade materna que me fazia sentir o quanto eu andaria, caso transgredisse a autoridade dela. E como semelhante atitude, de minha parte, lhe causaria tristeza, por ser ao mesmo tempo uma brutalidade e um malefício. Senhora ela o era, pois fazia prevalecer a boa ordem em todos os domínios da vida. Sua autoridade era amena. As vezes mamãe castigava um pouco. Mas mesmo em seu castigo, ou em sua repreensão, a suavidade era tão saliente, que confortava a pessoa. Com Roseé, minha irmã, o procedimento era análogo, embora mais delicado, por se tratar de menina. A reprimenda, entretanto, não excluía a benevolência, e mamãe estava sempre aberta a ouvir a justificação que seus filhos lhe quisessem dar. Assim, a bondade constituía a essência do senhorio dela. Ou seja, era uma superioridade exercida por amor à ordem hierárquica das coisas. Mas desinteressada e afetuosa em relação àquela sobre quem se aplicava”. Esta retidão de alma, que é a verdadeira bondade, cada vez menos era compreendida num mundo propenso a acabar com a incômoda distinção entre bem e mal. Dona Lucília, fiel ao espírito da igreja. Continuava a formar seus filhos nos mesmos princípios perenes, resistindo aos vagalhões de mudança que agitavam a sociedade. Um dos traços mais característicos da educação dada por Dona Lucilia consistia em transmitir lições morais através de contos ou histórias. Método cheio de sabedoria, utilizado pelo próprio Homem-Deus em suas pregações, constituindo as parábolas algumas das páginas mais belas e ricas dos Evangelhos, por seus divinos ensinamentos envoltos em poesia sem igual. Em suas narrativas, Dona Lucilia tinha muito em vista ensinar o desapego. Se fosse necessário sacrificar a posição social, a fortuna ou até mesmo a vida. Ela o faria, e salientava ser esta a única atitude cabível nessa circunstância. A vida não é feita para o prazer, mas para carregar aos ombros, de bom grado, a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Princípio amado e posto em prática por ela em sua existência diária, não só por sua resignação, como também por sua postura decidida em face das adversidades. Ao contar algum fato acontecido com outrem, participava da alegria ou das dores das pessoas envolvidas. Virtude esta própria a alimentar seu gosto em descrever pequenos episódios da vida real. Estimulava sempre os filhos a almejarem a honra e adquirirem respeitabilidade através de suas virtudes pessoais, sem se tornarem ambiciosos nem ávidos de dinheiro. Ela falava quase exclusivamente do bem, da verdade e do belo, dir-se-ia que não via a realidade senão através desses prismas. Entretanto, quando lhe cumpria censurar algo de mau, era difícil encontrar alguém que a excedesse no desempenho dessa obrigação. Por seu senso de justiça, a par do louvor aos méritos alheios, também a reprovação ao mal nunca lhe faltava nos lábios. Extraído com pequenas adaptações. Revisto Arautos do Evangelho. Abraço. Davi

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