sábado, 26 de agosto de 2023

OS ANALECTOS - LIVRO XIV

 

Confucionismo. www.https//rt.br. OS ANALECTOS – LIVRO XIV. 1. Hsien perguntou sobre a vergonha. O Mestre disse: “É vergonhoso fazer do salário seu único objetivo, indiferente quanto a se o Caminho prevalece no reino ou não”. “Manter-se longe da tentação de tentar agir em proveito próprio, de jactar-se de si mesmo, de guardar rancores e de ser ambicioso pode ser considerado ‘benevolente’?” O Mestre disse: “Pode ser considerado ‘difícil’, mas não sei se se trata de benevolência”. 2. O Mestre disse: “Um cavalheiro que é apegado ao conforto não merece ser chamado de Cavalheiro”. 3. O Mestre disse: “Quando o Caminho prevalece no reino, fale e aja destemidamente e com altivez; quando o Caminho não prevalece, aja destemidamente e com altivez, mas fale com reserva e de modo suave”. 4. O Mestre disse: “Um homem de virtude com certeza é o autor de dizeres memoráveis, mas o autor de dizeres memoráveis não é necessariamente virtuoso. Um homem benevolente com certeza é corajoso, mas um homem corajoso não necessariamente é benevolente”. 5. Nan-kung K’uo perguntou a Confúcio: “Tanto Yi, que era bom no tiro com arco, e Ao, que era tão bom marinheiro que podia fazer um barco navegar sobre a terra seca, tiveram mortes violentas, enquanto Yü e Chi, que ajudaram a semear as lavouras, dominaram o Império”. O Mestre nada replicou. Depois que Nan-kung K’uo foi embora, o Mestre comentou: “Quão cavalheiro é esse homem! Como ele reverencia a virtude!”. 6. O Mestre disse: “Podemos supor que há casos de cavalheiros que não são benevolentes, mas não há um homem vulgar que seja, ao mesmo tempo, benevolente”. 7. O Mestre disse: “É possível amar alguém sem fazer com que essa pessoa trabalhe duro? É possível dar o melhor de si por alguém sem educá-lo?”. 8. O Mestre disse: “Ao redigir o texto de um tratado, P’i Ch’en escrevia o rascunho, Shih Shu fazia comentários, Tzu-yü, o mestre de protocolo, fazia os retoques, e Tzu-ch’an de Tung Li o embelezava”. 9. Alguém perguntou sobre Tzu-ch’an. O Mestre disse: “Era um homem generoso”. Amesma pessoa perguntou por Tzu-hsi. O Mestre disse: “Aquele homem! Aquele homem!”. Então perguntou sobre Kuan Chung. O Mestre disse: “Era um homem. [145] Tomou trezentas casas do domínio da família Po na cidade de P’ien, e Po, obrigado a viver apenas de arroz comum, não disse uma só palavra em reclamação, até o fim dos seus dias”. 10. O Mestre disse: “É mais difícil não reclamar da injustiça quando pobre do que não se comportar com arrogância quando rico”. 11. O Mestre disse: “Meng-kung ch’uo seria mais do que qualificado para o cargo de administrador de grandes e nobres famílias como Chao ou Wei, mas ele não seria qualificado para o cargo de ministro, nem mesmo em um pequeno reino como T’eng ou Hsüeh”. 12. Tzu-lu perguntou sobre o homem completo. O Mestre disse: “Um homem tão sábio quanto Tsang Wu-chung, tão livre de desejos quanto Meng-kung-ch’uo, tão corajoso quanto Chuang-tzu de Pien e tão talentoso quanto Jan Ch’iu, que é mais refinado em matéria de ritos e música, pode ser considerado um homem completo”. Então acrescentou: “Mas para ser um homem completo hoje em dia não é necessário ter todas essas coisas. Se um homem, à vista de uma vantagem a ser obtida, lembra-se do que é certo, se, em face do perigo, está pronto para dar a própria vida e se não esquece seus princípios mesmo quando passa por longos períodos de dificuldade, então ele pode ser chamado de completo”. 13. O Mestre perguntou a Kung-ming Chia sobre Kung-shu Wen-tzu: “É verdade que o seu Mestre nunca falava, nunca ria e nunca aceitava?”. Kung-ming Chia respondeu: “Seja lá quem for que disse isso, exagerou. Meu Mestre falava apenas quando era o momento de ele falar. De modo que as pessoas nunca se cansavam da sua fala. Ria apenas quando se sentia feliz. De modo que as pessoas nunca se cansavam do seu riso. Aceitava alguma coisa apenas quando era certo que o fizesse. De modo que as pessoas nunca achavam que ele aceitava demais”. O Mestre disse: “Será que essa pode ser a explicação correta para o modo como ele era?, é o que me pergunto”. 14. O Mestre disse: “Tsang Wu-chung valia-se do seu domínio sobre o seu feudo para exigir que esse fosse reconhecido como hereditário. Se alguém dissesse que ele não estava coagindo o seu senhor, eu não acreditaria”. 15. O Mestre disse: “O duque Wen de Chin era hábil e lhe faltava integridade. O duque Huan de Ch’i, por outro lado, tinha integridade e não era hábil”. 16. Tzu-lu disse: “Quando o duque Huan mandou matar o príncipe Chiu, Shao Hu morreu pelo príncipe, mas Kuan Chung, não”. Ele acrescentou: “Nesse caso, faltou benevolência a este último?”. O Mestre disse: “Foi por causa de Kuan Chung que o duque Huan pôde, sem ter de demonstrar força, reunir nove vezes os senhores dos estados feudais. Essa era a sua benevolência. Essa era a sua benevolência”. 17. Tzu-kung disse: “Não acho que Kuan Chung fosse um homem benevolente. Não apenas ele não morreu pelo príncipe Chiu, mas viveu para ajudar o duque Huan, que havia mandado assassinar o príncipe”. O Mestre disse: “Kuan Chung ajudou o duque Huan a se tornar o líder dos senhores feudais e a evitar que o Império entrasse em colapso. Até hoje, o povo ainda goza dos benefícios dos seus atos. Não fosse por Kuan Chung, poderíamos muito bem estar usando os cabelos soltos e dobrando nossos trajes à esquerda. [146] Certamente ele não foi como o homem ou a mulher que, por causa de suas pequenas fidelidades, cometem suicídio em uma vala sem que ninguém se aperceba”. 18. O ministro Chuan, que tinha sido um oficial na casa de Kung-shu Wen-tzu, foi promovido a um alto cargo no governo, servindo lado a lado com Kung-shu Wentzu. Ao ouvir isso, o Mestre comentou: “Kung-shu Wen-tzu merecia o epíteto ‘wen’”. [147] 19. Quando o Mestre falou sobre a absoluta falta de princípios morais de parte do duque Ling de Wei, K’ang Tzu comentou: “Sendo esse o caso, como é que ele não perdeu seu reino?”. Confúcio disse: “Chung-shu Yü era o responsável pelos visitantes estrangeiros, o sacerdote T’uo pelo templo ancestral, e Wang-sun Chia pelas questões militares. Sendo esse o caso, que possibilidade haveria de o duque perder o reino?”. 20. O Mestre disse: “Promessas feitas imodestamente são difíceis de cumprir”. 21. Ch’en Ch’eng Tzu matou o duque Chien. Depois de lavar-se cuidadosamente, Confúcio foi à corte e reportou-se ao duque Ai, dizendo: “Ch’en Heng matou seu próprio senhor. Posso pedir que um exército seja enviado para puni-lo?”. O duque respondeu: “Diga isso aos Três Senhores”. [148] Confúcio disse: “Reportei-o ao senhor simplesmente porque tenho o dever de fazê-lo, já que ocupo lugar junto aos ministros, mas mesmo assim o senhor diz: ‘Diga aos Três Senhores’”. Ele foi e reportou-se aos Três Senhores, e eles recusaram seu pedido. Confúcio disse: “Reporto isso aos senhores simplesmente porque tenho o dever de fazê-lo, já que ocupo um lugar junto aos ministros”. [149] 22. Tzu-lu perguntou sobre o modo correto de servir um senhor. O Mestre disse: “Certifique-se de que não está sendo desonesto quando ficar frente a frente com ele”. 23. O Mestre disse: “O progresso do cavalheiro é para cima; o progresso do homem vulgar é para baixo”. [150] 24. O Mestre disse: “Os homens de antigamente estudavam para aprimorar a si próprios; os homens de hoje estudam para impressionar os outros”. 25. Ch’ü Po-yü enviou um mensageiro a Confúcio. Confúcio sentou-se com ele e perguntou-lhe: “O que faz o seu Mestre?”. Ele respondeu: “Meu mestre tenta reduzir seus erros, mas não tem obtido êxito”. Quando o mensageiro foi embora, o Mestre comentou: “Que mensageiro! Que mensageiro!”. 26. O Mestre disse: “Não se preocupe com questões de governo a menos que sejam da sua alçada”. [151] Tseng Tzu comentou: “O cavalheiro não permite que seus pensamentos devaneiem além do seu cargo”. 27. O Mestre disse: “O cavalheiro tem vergonha de que suas palavras sejam mais ambiciosas que suas ações”. 28. Os cavalheiros têm sempre três princípios em mente, nenhum dos quais consegui seguir: ‘O homem benevolente nunca fica aflito [152] ; o homem sábio nunca fica indeciso [153] ; o homem corajoso nunca tem medo’”. [154] Tzu-kung disse: “Aquilo que o Mestre acaba de citar é uma descrição de si mesmo”. 29. Tzu-kung era dado a classificar as pessoas. O Mestre disse: “Quão superior é Ssu! De minha parte, não tenho tempo para essas coisas”. 30. O Mestre disse: “Não é quando os outros falham em apreciar as suas habilidades que você deveria ficar incomodado, [155] mas sim quando essas habilidades de fato faltam”. 31. O Mestre disse: “Não é superior um homem que, sem antecipar traições ou prever atos de má-fé, é, ainda assim, o primeiro a perceber quando tais ações ocorrem?” 32. Wei-sheng Mu disse a Confúcio: “Ch’iu, por que está tão inquieto? Está, talvez, tentando se exibir?”. Confúcio respondeu: “Não sou tão impertinente a ponto de me exibir. Só que detesto a inflexibilidade”. 33. O Mestre disse: “Um bom cavalo é exaltado por suas virtudes, não por sua força”. 34. Alguém disse: “‘Pague uma injúria com uma boa ação’. [156] O que você acha desse ditado?”. O Mestre disse: “Com o quê, então, você paga uma boa ação? Deve-se pagar a injúria com a retidão, mas pagar com uma boa ação apenas uma boa ação”. 35. O Mestre disse: “Ninguém me entende”. Tzu-kung disse: “Como assim, ninguém o entende?”. O Mestre disse: “Não estou reclamando do Céu, tampouco culpo os homens. Em meus estudos, começo de baixo e vou em direção às coisas mais elevadas. Se sou compreendido de algum modo, é, talvez, pelo Céu.” 36. Kung-po Liao falou mal de Tzu-lu para Chi-Sun. Tzu-fu Ching-po relatou-o, dizendo: “Meu Mestre mostra sinais inequívocos de estar sendo influenciado por Kung-po Liao, mas ainda tenho influência suficiente para expor seu cadáver no mercado público”. O Mestre disse: “Se o Caminho prevalece, é o Destino; também é o Destino se o Caminho cai em desgraça. Como pode Kung-po Liao desafiar o Destino?”. 37. O Mestre disse: “Homens que evitam o mundo vêm em primeiro lugar; aqueles que evitam um lugar em particular vêm em seguida; aqueles que evitam um olhar hostil, em seguida; aqueles que evitam palavras hostis vêm por último”. O Mestre disse: “Houve sete que se levantaram”. [157] 38. Tzu-lu preparava-se para passar a noite no Portão de Pedra. O porteiro disse: “De onde você vem?”. Tzu-lu disse: “Da família K’ung”. “Do K’ung que continua perseguindo um objetivo que ele sabe ser impossível?” 39. Enquanto o Mestre estava tocando os sinos de pedra em Wei, um homem que passava em frente à porta, carregando um cesto, disse: “O modo com que ele toca os sinos de pedra está carregado de sentimento”. Mas logo em seguida, disse: “Que medíocre esta musiquinha. Se ninguém entende este homem, [158] então ele deveria desistir, isso é tudo. Quando a água é funda, caminhe devagar; Quando é rasa, erga seu traje e caminhe”. [159] O Mestre disse: “Ele é muito decidido, de fato. Contra tal determinação, não pode haver qualquer argumento”. 40. Tzu-chang disse: “O Livro da História diz: Kao Tsung confinou-se no seu casebre, enlutado, e por três anos permaneceu em silêncio. [160] O que isso significa?”. O Mestre disse: “Não há necessidade de recorrer a Kao Tsung para exemplo. Isso sempre foi assim entre os homens de antigamente. Quando o governante morria, todos os oficiais juntavam-se e apresentavam-se ao primeiro-ministro e, por três anos, aceitavam seu comando”. 41. O Mestre disse: “Quando aqueles que governam são observadores dos ritos, o povo será facilmente comandado”. [161] 42. Tzu-lu perguntou sobre o cavalheiro. O Mestre disse: “Ele cultiva a si próprio e, portanto, obtém respeito”. “Isso é tudo?” “Ele cultiva a si próprio e, portanto, traz paz e prosperidade aos seus semelhantes.” “Isso é tudo?” “Ele cultiva a si próprio e, portanto, traz paz e segurança às pessoas comuns. Até mesmo Yao e Shun achariam penosa a tarefa de trazer paz e segurança às pessoas.” 43. Yüan Jang esperava sentado, com as pernas bem abertas. O Mestre disse: “Não ser nem modesto nem deferente quando jovem, não conquistar nada válido na idade adulta e recusar-se a morrer quando velho, isto é o que eu chamo de um parasita”. E assim dizendo, o Mestre cutucou-lhe o queixo com seu cajado. 44. Depois que um garoto de Ch’üeh anunciou um visitante, alguém perguntou sobre ele: “Trata-se de alguém que progredirá?”. O Mestre disse: “Já o vi afirmando que ocupará um cargo e andando lado a lado com seus colegas mais velhos. Ele não quer progredir. Ele está atrás de resultados rápidos”. www.https//rt.br. Abraços. Davi

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