sexta-feira, 11 de agosto de 2023

II. MANSÃO CELESTIAL

 

Hinduísmo – Livro Mahabharata Recontado por Krishna Dharma. II. A MANSÃO CELESTIAL. Em poucos dias, Maya voltou com muitos rakshasas que carregavam os materiais para a construção do salão. Junto com as pedras preciosas, trouxe também uma grande maça, que deu de presente a Bima, além de uma concha celestial conhecida com Devadata, que ofereceu a Arjuna. Essa maça é igual a 100 mil outras maças, e o som desta concha encherá de terror qualquer inimigo. Então, numa data prefixada pelos sinais das estrelas auspiciosas, o danava começou a trabalhar. Marcou uma área de 5 mil cúbitos quadrados e, usando seus poderes celestiais, começou a construção. Levou mais de um ano para terminá-la. Milhares de pilares de ouro foram erigidos para apoiar o salão esplêndido, que parecia uma massa de nuvens novas alçando-se no céu. Cheio de luz terrestre e celestial, parecia estar incandescente. Era espaçoso, fresco, elegante e leve para a mente. Adornado com paredes e portões de joias, foi decorado com inúmeras pinturas e enfeites supra reais. Possuindo escadas de cristal, arcos de ouro e lindas piscinas, o salão ultrapassava em beleza até o salão Sudarma dos iadus, que tinha sido trazido diretamente dos céus. Então, Iudistira entrou no salão. Para invocar o bem e a prosperidade, distribuiu muitas doações entre milhares de brâmanes. Um festival foi aberto na cidade, com atletas, atores, bardos, lutadores e músicos, todos exibindo suas habilidades. Foram feitos muitos rituais e cerimonias, nas quais Vishnu e todos os deuses foram reverenciados com utensílios lindos e caros. Quando Iudistira se sentou no grande salão central, muitos rishis celestiais se aproximaram, de todas as partes do universo. Ocuparam lugares de honra, parecendo muitas luas que brilhavam, iluminando o salão. Um deles era Narada, sempre reverenciado por Iudistira e seus irmãos com todo o respeito. Depois de se sentar perto dos pandavas, Narada perguntou a Iudistira. Oh rei, está protegendo adequadamente o povo? Sua mente está firmemente centrada na virtude? Você os quatro objetivos da vida – religião, lucro, prazer e liberação – cada um no seu tempo correto? Narada fazia essas perguntas minuciosas ao rei atento, e suas questões constituíam efetivamente instruções sobre a arte de governar. A sabedoria e o conhecimento do rishi eram famosos no universo todo. Também era conhecido como um grande servidor de Vishnu, familiarizado com o plano divino do Senhor. Seus movimentos pelo mundo sempre eram feitos com o intuito de ajudar aquele plano. Os pandavas e toda a assembleia silenciaram, enquanto ele falava. Narada explicou que o dever essencial de um rei era proteger todos os seres vivos dentro de sua jurisdição, não apenas proporcionando-lhes os meios materiais de subsistência, como também assegurando o progresso de todos na vida rumo à emancipação espiritual. Quando Narada acabou de falar, iudistira respondeu: Oh sábio onisciente, o senhor descreveu perfeitamente a verdadeira religião e a verdadeira moral. Farei tudo o que me sugeriu. Meus conhecimentos aumentaram com suas instruções. Pela graça do Senhor, esforço-me para cumprir meu dever e para acompanhar os passos dos meus nobres ancestrais, embora não possua a mesma habilidade que eles possuíam. Percebendo que Narada admirava o salão celestial, Iudistira perguntou-se já havia visto algum outro que se igualasse àquele em todo o universo. O rei sabia que o sábio costumava visitar todos os planetas superiores. Então, Narada começou a descrever todos os salões de audiências que já havia visto, a começar pelo de Indra. Em suas descrições, mencionou os nomes de diversos ancestrais de iudistira que haviam ascendido aos céus. O rei soube, então, que seu pai Pandu vivia no grande salão de Yamaraja. Sabendo também que o grande rei Harischandra morava com Indra, iudistira ficou curioso e perguntou a Narada: Como é que meu pai ainda não alcançou a morada do rei dos deuses, como Harischandra? Que tipo de atos piedosos aquele rei realizou que meu pai deixou de realizar? Narada explicou que Harischandra tinha feito o grande sacrifício da Rajasuya, que subjugava todos os outros reis e estabelecia o monarca que o realizava como imperador do mundo. Durante sua realização, o monarca tinha de distribuir riquezas imensas, como caridade, a centenas de milhares de brâmanes. Qualquer rei que tivesse executado na terra esse sacrifício, mantendo o mundo inteiro na senda da virtude, tornava-se qualificado a alcançar a morada de Indra. Então Narada lhe disse: Oh rei, seu pai me pediu que lhe desse uma mensagem. Deseja que você faça a Rajasuya, para elevar a si próprio e a ele ao mundo celestial de Indra. Tanto Narada quanto Pandu sabiam que os deuses queriam que Iudistira fizesse o sacrifício. Era parte de um plano divino para livrar o mundo das influências demoníacas. Desde a morte de Pandu, muitos reis maus tinham se tornado poderosos e estavam explorando a terra com propósitos pecaminosos. Iudistira precisaria superá-los antes de fazer a Rajasuya. Narada compreendeu que Krishna amava Iudistira e seus irmãos, e que pretendia usá-los como instrumentos para restabelecer a religião no mundo. O sábio concluiu: Oh rei, pense sobre isso. Considere fazer a Rajasuya. Mas, cuidado, não será fácil. Espíritos poderosos das trevas serão seus oponentes. Como resultado, pode ocorrer uma guerra que destruirá todos os reis e guerreiros da terra. Sabendo disso, faça o que mais lhe convier. Narada disse que logo iria visitar Dwaraka para ver Krishna. Temendo não ter o poder nem os recursos necessários para fazer a Rajasuya, iudistira disse: Por favor, peça ao Senhor infalível que venha em breve a Indraprasta. Preciso de sua ajuda e orientação mais que nunca. Narada assentiu e se levantou. Junto com os outros rishis, se alçou no ar e desapareceu. Sentado em seu magnífico salão de audiências que recebera o nome de Mayasaba, Iudistira governava Indraprasta com justiça e compaixão. Seu procedimento virtuoso atraía a cooperação de todos os deuses e, assim, seu reino não se afligia nem com eventuais perturbações naturais. As chuvas caíam no tempo certo e a terra produzia frutos em abundância. Os homens viviam até a velhice, livres de doenças e ansiedade, tendo tudo o que queriam e de que necessitavam. Todos seguiam seus deveres religiosos adequadamente e se devotavam a Deus. Ninguém alimentava qualquer hostilidade contra Iudistira, e dessa forma ele se tornou conhecido como Ajatasharu, ou aquele que não tem inimigos. Os anos se passaram e os pandavas continuavam governando Indraprasta. Draupadi dera um filho a cada um dos irmãos que, como seus pais, floresciam como os deuses no céu. Mas iudistira não estava feliz. Pensava muito na Rajasuya. Reconhecendo que esse era o desejo dos deuses e, portanto, do próprio Senhor, desejava intensamente executá-la. Quando, por fim, sentiu que a ideia já estava suficientemente amadurecida, decidiu ir em frente com a Rajasuya. Convocou uma assembleia para discutir o que deveria ser feito. Quando todos estavam presentes, disse: Acho que devo fazer a Rajasuya. Embora não sonhe com o domínio dessa terra para mim, pretendo cumprir o desejo do Senhor. Iudistira entendia que ao sacrifício também seria uma oportunidade para firmar a posição suprema de Krishna pelo mundo todo. Se todos reconhecessem a supremacia de Krishna e o reverenciassem, progrediriam bastante no caminho para a libertação. Esse era o único objetivo apropriado para um imperador alcançar. Todos os ministros concordaram. Não podiam pensar em outra pessoa, além de iudistira, que pudesse se tornar imperador. Se seu governo virtuoso se estendesse até o outro lado da terra, esta se tornaria exatamente como o céu. Daumya se levantou e falou, em resposta: Oh grande rei, o senhor certamente deve fazer o sacrifício que lhe dará soberania universal. Primeiro, porém, terá de obter a aceitação de todos os outros reis. Iudistira tinha decidido enviar seus quatro irmãos nas quatro direções, para vencer os reis. Os que não aceitassem seu governo teriam de ser derrotados. O pandava sabia que alguns prefeririam lutar. Discutiu com seus ministros a melhor maneira de proceder. Todos concordaram que deveriam, primeiro, consultar Krishna. Iudistira rezou a ele em seu coração, sabendo que este certamente compreenderia seu desejo. E Narada também o informaria. Se Krishna realmente desejasse vir, sem dúvida logo chegaria a Indraprasta. Mahabharata – Recondato por Krishna Dharma. Abraço. Davi

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