Islamismo. www.mesquitadobras.org.br. Por Armed Ismail. O
CONSUMISMO E SEUS MALES. O estilo de vida que se tornou predominante nas
sociedades modernas, marcado pelo consumismo, tem sido objeto do estudo e da
preocupação dos cientistas sociais e filósofos nas últimas décadas. O estilo de
vida que se tornou predominante nas sociedades modernas, marcado pelo
consumismo, tem sido objeto do estudo e da preocupação dos cientistas sociais e
filósofos nas últimas décadas. Especialmente agora que se verifica a sua
expansão por todos os continentes, formando algo que seus adeptos e
propagandistas afirmam ser a nova cultura global que reflete, segundo eles, a
marca da vida moderna. Há uma forte tendência entre os intelectuais
críticos da cultura de massa a concordar em torno de certas características
deletérias presentes nos padrões comportamentais típicos da sociedade de
consumo. Padrões que parecem sugerir uma “nova religião” que substitui os
templos pelos shopping centers e que, mais do que isso: “transforma os templos
e a própria experiência místico-religiosa numa reprodução do mercado submetida
à mesma lógica do capital e da competição. Ao mesmo tempo, seus efeitos têm
contribuído de modo considerável para a desestruturação dos valores éticos e a
identidade cultural dos povos, para o agravamento das desigualdades e de quase
todos os males sociais. A estreita relação entre consumismo e violência
torna-se um tema desconcertante para uma sociedade que venera o dinheiro e que
assume o consumismo como um ritual dessa veneração; e que por outro lado, se vê
submersa numa condição crônica de sintomas ameaçadores, tais como a violência e
a criminalidade. Se na década de 60 do século passado, filósofos e
cientistas sociais se dedicaram a entender os mecanismos sociais, econômicos e
políticos que produziram a cultura de massa e o consumismo, na atualidade, os
mesmos se encontram voltados para as consequências a médio e a longo prazo de
uma progressiva e global onda de consumismo. A adoção, numa escala jamais
vista, do que se pode denominar de um estilo predatório de vida, o qual demanda
um consumo incessante de recursos naturais, maior do que o planeta pode suportar,
torna-se agora um novo e mais ameaçador sintoma. Estudiosos do meio ambiente
sustentam que no caso de um país como a China, o mais populoso da terra,
integrar-se a onda consumista de maneira a que todos os seus cidadãos alcancem
o mesmo poder de consumo do cidadão médio americano, será uma catástrofe
planetária. Uma Percepção Distorcida da Realidade. Tais evidências
nos parecem suficientes para demonstrar que esse estilo de vida é
essencialmente pecaminoso e contrário às diretrizes divinas. Sua origem reside
numa distorcida percepção da realidade e da condição espiritual do ser humano.
A perspectiva do comportamento consumista é a do acúmulo e do estabelecimento
do valor da vida nos bens materiais. Essa perspectiva só se torna possível com
a ausência dos valores espirituais superiores; e isso explica o processo de
degeneração dos valores éticos que acompanha uma sociedade submetida à lógica
do consumo. O Alcorão Sagrado aborda esse tema a partir de uma descrição
de um conjunto de características que definem esse estado de concepção
materialista da vida, e que se tornam predominantes nos indivíduos quando
reduzem suas expectativas a vida neste mundo. O Livro de Allah, orientação por
excelência para nossa felicidade neste mundo e no além, descreve a vida neste
mundo para despertar nossa consciência e nos libertar das falsas expectativas e
diz: “Sabei que a vida terrena é tão-somente jogo e diversão, veleidades,
mútua vanglória e rivalidade, com respeito à multiplicação de bens e filhos; é
como a chuva, que compraz aos cultivadores, por vivificar a plantação; logo,
completa-se o seu crescimento e a verás amarelada e transformada em feno. Na
outra vida haverá castigos severos, indulgência e complacência de Deus. Que é
vida terrena, senão um prazer ilusório?”. (C.57 – V.20). Com toda clareza o
versículo sagrado define em poucas palavras, o resumo do que é o esforço humano
em alcançar metas que satisfaçam seu ego neste mundo e o quão inúteis são suas
pretensões, desde que não esteja atento para o significado maior de sua vida.
Vemos, pois, que a tendência materialista que produziu o consumismo no mundo
moderno se baseia numa total inconsciência quanto ao verdadeiro propósito da
vida, e isso leva o indivíduo a tomar a si próprio como medida para todas as
coisas. Esta visão hedonista o incapacita de perceber o profundo engano que o
move. É interessante notar que o Islam, diferentemente da maioria dos
filósofos modernos, aborda o problema de uma ótica focada no indivíduo e no
âmago de seu ser. Isto é, não se limita aos sintomas (dos quais o consumismo é
apenas um exemplo) ou às manifestações que terminam por surgir no tecido
social. Ao contrário, diagnostica o problema essencial que habita o coração do
homem e que o arrasta a um estado de miséria existencial e mais do que isso,
oferece os meios de saná-lo. A abordagem sociológica e filosófica tende a
situar o problema nos fenômenos históricos e econômicos que produziram o que se
denomina “cultura de massa”. Não há dúvida sobre a importância dos mecanismos
cada vez mais eficientes dessa cultura global do consumo, que em menos de um
século tornou-se um poder que desafia culturas e tradições milenares impondo
seus valores. Contudo, o Islam identifica o processo dessa degeneração cultural
e social dentro dos indivíduos, ressaltando que a solução disso se encontra na
vontade e na natureza do homem. Entender o padrão psicológico que define
esse estado de distorção da realidade espiritual, nos parece fundamental para
que percebamos o que é essencialmente esta tendência materialista que se
manifesta na forma do consumismo. Esse padrão psicológico possui um conjunto de
características, das quais as principais são: • O condicionamento ao
desperdício. • O culto ao supérfluo e o gosto pela frivolidade. • A
ostentação e a vaidade. • A inclinação ao que é falso. • A busca incessante do
lazer. • O limitado entendimento da realidade da vida. Estas seis
características resumem a essência do comportamento humano condicionado e
submetido ao que chamamos hoje de “cultura de massa”. Essa incessante máquina
de produzir “o Novo” e transformar desejos em “necessidades” num processo de
sedução das mentes e dos corações no qual os indivíduos se tornam também
“mercadoria”. Sem o sentirem se tornam desprovidos de um senso crítico ao ponto
que seus valores e aspirações não são senão os valores e as aspirações da
“massa” definidos pela máquina de produção e propaganda. Na realidade,
essas características tornaram-se predominantes a medida que as sociedades
sofreram um processo de decadência em seus valores tradicionais e os laços
comunitários foram substituídos pela competição individualista. Como resultado,
o que temos verificado é um irônico estado de infelicidade, frustração e
solidão instalado na sociedade moderna, a despeito de tanto consumo de bens
materiais e das inovações e comodidades ao alcance de tantas pessoas. A
diretriz divina do Islam foi proporcionada pela misericórdia de Allah para
libertar o gênero humano de todas as formas de escravidão. E esse padrão
psicológico acima descrito é sem dúvida, uma prisão produzida na mente e no
coração. Agora que abordamos o processo desse padrão psicológico que escraviza
o homem a uma visão materialista, vejamos como o Islam nos orienta para que nos
libertemos dele. O Condicionamento ao Desperdício. A desconexão com a
sabedoria tradicional que se fundamentava numa relação direta com a natureza
produziu o condicionamento ao desperdício. O Islam nos ensina que tudo o que a
natureza nos proporciona é um bem, uma dádiva divina em relação a qual estamos
comprometidos em fazer uso sábio. A inclinação ao desperdício surge a partir de
uma incorreta noção da natureza e do valor dos benefícios que nos cercam. Diz o
Sagrado Alcorão: “Deus foi Quem criou os céus e a terra e é Quem envia a
água do céu, com a qual produz os frutos para o vosso sustento! Submeteu, para
vós, os navios que, com a Sua anuência, singram os mares, e submeteu, para vós,
os rios. (C.14 – V.32). E diz ainda: “Ó filhos de Adão, revesti-vos de
vosso melhor atavio quando fordes às mesquitas; comei e bebei; porém, não vos
excedais, porque Ele não aprecia os perdulários.” (C.7 – V.31). Assim, somos
lembrados de que os benefícios e dádivas provém de Allah e não são produtos do
acaso. Não podemos viver dirigidos por um sentido destrutivo de esbanjar tudo o
que está a nosso alcance. Não detemos a posse absoluta de nenhuma das dádivas
que provém de Deus, e portanto, devemos lembrar que as mesmas foram criadas
para todas as criaturas, o que naturalmente não nos dá o direito de agirmos
como “donos exclusivos”. É lamentável que tenha se tornado comum, por exemplo,
o desperdício de água, pela simples razão de que “se possa pagar por ela”. O
Islam nos ensina que tal atitude é uma forma de desrespeitar os direitos dos
outros, não importa o pretexto que se use para tal. O remédio para esse
condicionamento ao desperdício é adquirir a consciência de que todos os
benefícios e recursos materiais que nos são dados provém da bondade de Allah e
que a moderação no usufruto deles é um meio de adquirir felicidade neste mundo
e no além. O Culto ao Supérfluo e o gosto pela Frivolidade. Trata-se de
uma extensão natural do condicionamento ao desperdício. É um elemento
importante do consumismo um apelo a eleger o supérfluo como uma necessidade
vital. O Islam nos ensina a buscar a paz de espírito no cultivo da reflexão e
na prática da bondade. Reflexão é o melhor antídoto para não fazermos de nossa
própria mente o nosso pior inimigo. Isto é, considerar corretamente os nossos
desejos e inclinações, descobrir qual o propósito que nos move, e então buscar
o que for melhor e não o que seja conveniente aos nossos caprichos. Saibamos
que não alcançaremos paz de espírito e felicidade segundo o número de peças de
roupa que tenhamos em nosso guarda-roupa ou a quantidade de objetos que
consigamos comprar e acumular em nossas casas. E é exatamente nisso que
consiste o culto ao supérfluo e o gosto pela frivolidade: depositar
expectativas de que essas coisas nos farão felizes e satisfeitos quando, na
verdade, isso é impossível. Tal escolha e modo de pensar não leva senão a
frustração, a angústia e ao medo da vida. Não por acaso, os que não crêem no
que Deus revelou e que vivem segundo suas próprias concepções, são os que fazem
dessas coisas a meta de suas vidas. Despendem grandes esforços e recursos para
buscar satisfação naquilo que é supérfluo ou em preocupações com o que é
leviano, até que a morte lhes chegue e reduza tudo isso a nada. Alguém que
deseje escapar dessa armadilha da mente, deve preencher seu coração com a
lembrança de Deus, examinar seu próprio coração à luz da orientação divina e se
o fizer sinceramente, encontrará satisfação e clareza de entendimento.
Substituir maus hábitos por bons embora nos pareça difícil, é uma tarefa que é
facilitada quando substituímos nossos conceitos sobre a importância das coisas,
e isso é possível quando adotamos o conhecimento correto proveniente do Livro
de Allah, dos ensinamentos do Profeta (saas) e dos Imames de sua Casa
(as). A Ostentação e a Vaidade. Como consequência lógica da anterior,
esta característica se faz presente e se fundamenta na mesma visão incorreta
sobre a condição humana no mundo. A busca de afirmação e segurança nos leva de
maneira equivocada a acreditar que o nosso valor como pessoa é o resultado do
quanto possamos incrementar nossa aparência e ostentar perante os demais os
bens materiais que adquirimos. A palavra “sofisticação” ganhou uma posição de
prestígio e distinção no mundo moderno; sintetiza a medida predominante que
distingue o valor das coisas, ou ao menos a medida consagrada pela máquina de
consumo. O grande equívoco neste caso se encontra na própria palavra
“sofisticação” que significa apenas “falsidade, falácia, aparência enganosa”.
Similar equívoco nos induz a supor que seremos mais felizes do que hoje somos
se amanhã possuirmos mais e melhores bens de consumo, e, no entanto, esta é uma
competição perdida; o culto ao “novo” decreta que tal esforço está fadado a
frustração na medida que jamais há um fim para a “necessidade” de adquirir e
ostentar. Então o que vemos é uma constante insatisfação e infelicidade
instalada nas pessoas que, ironicamente possuem muito e do melhor e que não
podem dizer-se de modo algum mais felizes do que aquelas que pouco ou nada tem.
Esta constatação deveria por si só servir as pessoas para despertarem desse estado
de autoengano. Não há qualquer possibilidade de libertar-se desse jugo senão
reconhecer que toda Grandeza e Majestade pertence a Deus . O islã nos alerta
para o fato de que a ostentação e a vaidade em qualquer maneira que se
manifeste estão condenadas a encontrarem a ruína neste mundo ainda , desde que
o tempo desfaz a boa aparência e o acúmulo de bens não nos livra do
envelhecimento , da doença ou da morte. A Inclinação ao Que é Falso. Esta
inclinação tem como principal fundamento a inconsciente tendência a negar
aquilo que não “corresponde aos nossos desejos”. Enquanto uma pessoa elege seus
próprios caprichos e desejos como “medida para a verdade” estará submetido a
influência de tudo o que é falso e enganoso; porque a natureza da falsidade é
conformar-se aos desejos humanos para atrair e dominar os incautos. Assim,
vemos que a essência da propaganda e da publicidade é manipular nossos medos,
nossos complexos e problemas pessoais. E atualmente essas técnicas tem sido
empregadas mesmo em nome da “religião”; seitas e organizações religiosas com
cuidadosas “encenações” prometem a “solução fácil” para os problemas e a
satisfação dos desejos utilizando os mesmos métodos da publicidade. O
Islam nos ensina que “soluções fáceis” e satisfação dos desejos são as
principais armas que Xaitan utiliza para iludir os humanos e arrastá-los para a
perdição neste mundo e no além. Ninguém pode livrar-se dessas armadilhas a
menos que busque a compreensão da Verdade Revelada, não segundo seus caprichos
pessoais tampouco com o intuito de conformar a Orientação Divina a seus
desejos. Ou seja, somente renegando a adoração a nossos desejos e caprichos e
buscando a adoração sincera a Deus alguém pode ser liberto dessa prisão da
mente e do coração que o submete a falsidade. Ao contrário das
características anteriores, esta não é um hábito a ser substituído, é, antes,
uma má inclinação que sugere um desvio de caráter. Requer uma reforma pessoal a
partir de uma atenta autocrítica, que possibilite a pessoa abandonar a visão
egocêntrica que a leva a rejeitar o que não esteja de acordo com seus
desejos. A Busca Incessante do Lazer. Esta característica, que tem sido
explorada pela máquina de consumo, se apoia na reconhecida necessidade humana
de um tempo para o lazer no qual a mente se refaça das atividades e tarefas da
vida. Contudo, o que se constata em nossa época é uma obsessiva busca de lazer
e entretenimento que reflete uma inconsciente e constante “fuga” da realidade.
Como resultado, podemos dizer a visão da vida e do mundo que essas pessoas
possuem é mais o produto de uma mescla de sonhos, projeções, sensações
induzidas artificialmente e desejos inconscientes do que percepção da
realidade. O Islam nos orienta a não negligenciarmos nem a necessidade do
lazer e da distração tampouco renunciarmos a nossa obrigação de raciocinar
sobre as questões essenciais da vida. Nos orienta a buscarmos o conhecimento da
realidade espiritual e pautarmos nossas ações e escolhas segundo a diretriz
divina, e não vivermos como se a nossa existência se passasse num imenso
playground. Não há outro remédio para libertar o humano desse engodo para
o qual sua própria mente o induz senão o reconhecimento da efemeridade da vida
terrena e de seu objetivo real, tal como os profetas e mensageiros (as) predicaram.
Ninguém, pois, que seja sensato tratará sua própria vida com semelhante descaso
se tornar-se consciente de seu verdadeiro propósito. O Limitado
Entendimento da Realidade da Vida. Sendo a fonte de todas as
características anteriores, esta é, na verdade, a que se puder ser eliminada,
todas as outras o serão. O Sagrado Alcorão exemplifica a essência dessa
mentalidade tacanha dizendo: “Distinguem tão-somente o aparente da vida
terrena; porém, estão alheios quanto à outra vida. Porventura não refletem em si
mesmos? Deus não criou os céus, a terra e o que existe entre ambos, senão com
prudência e por um término prefixado. Porém, certamente muitos dos humanos
negam o comparecimento ante o seu Senhor (quando da Ressurreição). (C.30 V.7 e
8). Os versículos sagrados descrevem a condição dessas pessoas definindo sua
limitação de entendimento quer sobre a vida, sobre si próprios e sobre o mundo
que os cerca; o que os leva a não acreditar na promessa divina do acerto de
contas no dia do juízo. Em razão disso vivem de modo similar aos animais
irracionais: para comer, beber, acumular, acasalar e satisfazer suas paixões,
sem jamais considerar seriamente a razão de sua estada no mundo. É precisamente
essa alienação da realidade espiritual que produziu inúmeras falsas concepções
sobre o significado da existência; todas elas em harmonia com as conveniências
e as inclinações pessoais. Quer os sistemas filosóficos ateístas ou a pura
amoralidade, preconizam algo que pode se definir como “a ideologia do viver
bem”. Segundo os que a seguem desde que “não há outra vida senão esta, o ser
humano deve gozar o máximo dos prazeres do mundo”. O Sagrado Alcorão menciona a
estes dizendo: “Não tens reparado, naquele que idolatrou a sua
concupiscência! Deus extraviou-o com conhecimento, sigilando os seus ouvidos e
o seu coração, e cobriu a sua visão. Quem o iluminará, depois de Deus (tê-lo
desencaminhado)? Não meditais, pois? E dizem: Não há vida, além da terrena.
Vivemos e morremos, e não nos aniquilará senão o tempo! Porém, com respeito a
isso, carecem de conhecimento e não fazem mais do que conjecturar”. (C.45 - 23
e 24). Embora tal mentalidade não seja algo novo na história humana, podemos
dizer que nessa como em nenhuma outra época tornou-se predominante. Alguns dos
filósofos e cientistas sociais defendem a tese de que em razão da decadência do
pensamento religioso e da ética revolucionária no ocidente, a chamada ideologia
do “viver bem” efetivada pela lógica do consumo tornou-se algo como uma “nova
religião” que prega a “felicidade possível nesse mundo”. Costumes e modas
como o consumismo, a troca de casais, a gastronomia, o culto ao entretenimento,
os esportes de alto risco, o consumo de drogas ou os jogos de azar são alguns
exemplos da manifestação dessa mentalidade. Chega a ser impressionante que
mesmo pessoas que se dizem religiosas quando perguntadas sobre suas concepções
sobre a vida após a morte e um possível julgamento de Deus ou a existência do
paraíso e do inferno, respondem que não acreditam senão na vida neste mundo. O
Sagrado Alcorão resume a condição e o destino dessas pessoas
dizendo: “Aqueles que não esperam o Nosso encontro, comprazem-se com a
vida terrena, conformando-se com ela, e negligenciam os Nossos versículos.”
(C.10 – V.7) “Quanto àqueles que preferem a vida terrena e seus encantos,
far-lhes-emos desfrutar de suas obras, durante ela, e sem diminuição. Serão
aqueles que não obterão não vida futura senão o fogo infernal; e tudo quanto
tiverem feito aqui tornar-se-á sem efeito e será vão tudo quanto fizerem.”(C.11
– V.15 e 16). Assim, receberão no além na medida da consequência de sua
descrença e suas obras más perdurarão enquanto suas eventuais boas obras se
desvanecerão. Diante de tudo o que foi exposto aqui, percebemos que a
oportunidade que nos é dada neste mundo deve ser aproveitada antes que a morte
nos surpreenda. Não resta outra solução senão despertarmos para a realidade
espiritual, e esse despertar significa libertar-se de todas as visões limitadas
e falsas que pretendem escravizar nossa mente e nosso coração. Sanar a alma,
tal como sanar o corpo significa adotar o tratamento adequado. Um homem
fisicamente doente se apressa e se preocupa em buscar a cura, e, no entanto,
prevalece no ser humano uma incompreensível tendência a negligenciar a doença
de sua própria alma. Ao olhar ao nosso redor, vemos a todo instante os
efeitos maléficos da mentalidade materialista e irreligiosa, vemos uma
infelicidade que se aprofunda a despeito de tanta “alegria e prazer artificiais
que o sistema proporciona”. Julgamos que a paz e a segurança possam ser
garantidas pelo poder do cartão de crédito e, no entanto, não podemos explicar
a depressão, a angústia e mesmo o suicídio de tantos “bem sucedidos”. Imam
Asssadeq (as) disse: “aquele que devota seu coração a este mundo estará sujeito
a três condições: preocupação sem fim, insaciáveis desejos e fútil
esperança.” Possa Allah nos conceder a compreensão correta das coisas tal
como são e nos guiar para o melhor neste mundo e no além. www.mesquitadobras.org.br. Abraço. Davi
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