terça-feira, 1 de novembro de 2022

I. O DESPERTAR DA ASTROLOGIA

 

Astrologia. Coleção Zodíaco. Bloch Editores. I. O DESPERTAR DA ASTROLOGIA. As mais primitivas respostas do homem à influência celestial. Mesmo agora na década de 1970, sentimos certa inquietação quando a Lua cobre a face do Sol ocasionando um eclipse total. Ainda hoje, século XXI ano 2016, o Sol e a Lua têm um poderoso efeito físico sobre nossas vidas, mas em épocas pré-históricas esse efeito deve ter sido sentido de modo bem mais forte. Para o homem primitivo, a vida era selvagem e desconfortável. As temperaturas, o calor impiedoso, a fome e as doenças dificultavam a sua sobrevivência. Além disso, ele tinha de enfrentar os animais selvagens e defender-se dos ataques dos seus semelhantes. Quando caçava e pescava, na busca do alimento, ou quando estava frio, o homem sentia o calor do Sol. Observava a alternação de luz e trevas e os, movimentos rítmicos do mar na praia. Sua atenção, naturalmente, era atraída pelos corpos celestes que se moviam constantemente num cenário aparentemente estático. Aqueles corpos eram o Sol, a Lua e os planetas, nitidamente visíveis nas latitudes mesopotâmicas, onde a atmosfera era clara e brilhante e onde a civilização – e a astrologia – começaram. PODER AOS PLANETAS. As estrelas e planetas ofereciam ao homem primitivo um espelho, no qual ele via um mundo superior que não apenas refletia sua própria sorte mas – uma vez que pudesse interpretar os segredos do mesmo – o guiariam positivamente através de tempos difíceis, evitariam desastres e o colocariam nos caminhos certos para a paz e a prosperidade. Quase contemporaneamente aos mais antigos documentos sobre o homem, deparamos com a noção do Sol, da Lua e dos planetas como personalidades, seja comandando a vida humana, seja intervindo nela. O Sol e a Lua formavam um grupo familiar com Mercúrio e Vênus (para designá-los pelos conhecidos nomes que os romanos lhes deram mais tarde). Aos poucos, Mercúrio e Vênus adquiriram a reputação de serem, respectivamente, o bem e o mal. Marte, Júpiter e Saturno constituíram uma família rival, com Júpiter à frente: e porque este, como o líder, só podia ser bom, imaginou-se que os outros dois representavam o mal. Desde cedo os planetas adquiriram características mais ou menos fixas: Mercúrio, o rápido, astuto e manhoso planeta-deus, ficou associado a um tipo de sabedoria arguta (incidentalmente, ele também se tornou bissexual). Marte transformou-se no regente da violência e da guerra. Júpiter virou uma espécie de rei dominador dos homens. Saturno, um deus de certo modo cruel e soturno (sombrio, imerso em trevas). O Sol, Júpiter e Saturno eram particularmente ativos durante o dia, e a Lua, Marte e Vênus, à noite. Aos homens nascidos sob sua influência, quando esses astros ocupavam determinadas posições no céu, era atribuído um conjunto de características planetárias específicas da hora e do lugar de nascimento. OBSERVATÓRIOS ANTIGOS. A Grande Investigação Começa a Utilizar o Mundo Superior. Os antigos já se preocupavam com as posições dos planetas em relação ao ponto de visão do observador na Terra, e também com as relações angulares que eles pareciam formar entre si. Os primeiros astrônomos-astrólogos raciocinavam que, se os planetas deviam ser encarados como humanos e capazes de partilhar emoções como humanos e capazes de partilhar emoções humanas, então se poderia esperar que exercessem certos efeitos uns sobre os outros. Vênus e Mercúrio, por exemplo, teriam condições de discutir com o Sol e modificar os julgamentos deste. Os vizinhos deveriam ter alguma influência sobre a família real, e ao mesmo tempo tenderiam a discutir entre si, tomando partido e até adotando uma posição solitária junto ao bem ou ao mal. No México havia o Observatório Caracol de Chichenltza, onde os astrólogas maias estudavam os planetas. No dia do casamento de um chefe maia, astrólogos observavam uma estrela favorável entrar em seu bastão bifurcado. Na França existem Menires (monumentos formados por blocos de pedras) ou grandes pedras de Carnac, outrora relacionados a poderosos cultos do Sol. TÚMULOS E MEGALITOS. Entretanto, antes que pudesse ser interpretado o sentido oculto das posições tomadas pelos vários planetas, era essencial, evidentemente, que se fosse capaz de determinar essas posições com grande precisão. Para esse tipo de trabalho detalhado, dois métodos forma adotados – megálitos e túmulos. As imensas pedras levadas para os locais megalíticos de Stonehenge, Carnac e outros lugares foram dispostas com um a precisão quase miraculosa, a fim de registrar os movimentos progressivos de vários corpos celestes durante o ano. O princípio do “túmulo” foi aplicado em toda espécie de torres, pirâmides e outras estruturas monumentais que ofereciam uma visão mais vasta do horizonte. Em certos casos, esses “túmulos” continham corredores oblíquos ou janelas de ângulos especiais que serviam como pontos de observação. Os aparecimentos de determinados planetas nessas aberturas eram cuidadosamente registrados, compilando-se mapas celestes e calendários com a informação obtida. É realmente impressionante descobrir-se pelo mundo a fora – na Índia, China, Europa, Oriente Médio e América – a quantidade de estruturas gigantescas que ou foram construídas como observatórios ou torres de vigia, ou de algum modo foram adaptadas para o estudo dos fenômenos celestes – especialmente daqueles que ocorrem ao longo da rota anual do Sol, vista a partir da Terra. Ao longo dessa trajetória, que chamamos agora de eclíptica, fica região do Zodíaco, essa parte central do céu que contém os grupos de estrelas dos quais derivam os doze signos astrológicos, que vão de Áries a Peixes. Em Gizé, no Egito, as estrelas eram observadas dos corredores das pirâmides. Um dos zigurates, ou torres de vigia, de Ur na Caldéia – Mesopotâmia onde os astrólogos babilônicos foram os primeiros a observar que as esferas celestes moviam-se segundo um padrão, no qual estava a chave para a compreensão humana do mundo terrestre. ORIGEM DO ZODÍACO. Os Deuses Estelares Ocupam os Lugares Que Lhes Foram Designados. Num texto babilônico, escrito por volta de 700 AC, há uma referência ao cinturão zodiacal, descrevendo-se 15 constelações como compreendidas no mesmo. Com o tempo, o número de “constelações principais” foi reduzido a 12 e o cinturão zodiacal dividido em 12 seções de 30º cada uma. O Sol, que passa através do Zodíaco uma vez por ano, era então visto como “residindo” em cada signo do Zodíaco, sucessivamente, por um período de 30 dias. As criaturas escolhidas para representar as constelações foram tiradas do mundo cotidiano das civilizações primitivas da região do Mediterrâneo, especialmente as da Babilônia (incluindo a Caldéia) e Assíria. Há sete signos bestiais – Áries, o Carneiro; Touro; Câncer, o Caranguejo; Leão; Escorpião; Capricórnio, o Bode; e Peixes. Quatro signos são humanos – Gêmeos; Virgem; Sagitário, o Arqueiro; e Aquário, o Aguadeiro. (Embora seja metade cavalo, Sagitário é considerado humano por causa da atividade humana – disparando uma flecha – com a qual é associado). Libra, a Balança, não é bestial e nem humano, mas é julgado um signo humano devido à sua preocupação com a justiça. AS CASA. Á medida em que a Terra girava sobre seu eixo a cada 24 horas, os caldeus e outros observadores primitivos viam o Sol, a Lua e os planetas levantarem-se e se porém segundo esse padrão, com todo o céu atravessando um signo zodiacal (ou 30º) em duas horas. Em conjunção com esse movimento diário, os astrólogos desenvolveram um sistema de Casas. A partir da linha do horizonte do observador, a esfera celeste foi dividida em 12 seções. Cada seção representava uma área da vida, como se segue: 1. Vida; 2. Pobreza/riqueza; 3. Irmãos/irmãs; 4. Pais; 5. Filhos; 6. Saúde; 7. Marido/esposa; 8, Morte; 9. Religião; 10. Aspirações; 11. Amizade; 12. Família. Os planetas foram então descritos em termos dos signos e casas que ocupavam no momento do nascimento e determinando, dessa forma, sua influência. Em seu trabalho para documentar os movimentos dos planetas, os primeiros astrólogos da Babilônia e Assíria viram que os fenômenos nos céus se repetiam. Desse modo, criaram as primeiras tabelas dos movimentos planetários. As efemérides (anuário, calendário) mais de que se tem notícia datam do reino de Assurbanipal (669 AC 625). O futuro que os astrólogos previam geralmente não era de indivíduos, e sim dos estados. Eles sabiam que os céus e a Terra eram inter-relacionados, mas não possuíam provas de que um indivíduo podia sofrer influências planetárias determinadas – exceto um homem, o Rei, que era considerado como a corporificação do Estado, e cuja data de nascimento era ponto de partida dos prognósticos para o Estado. Esses prognósticos previam a aproximação de grandes acontecimentos e determinavam seus possíveis efeitos. Os Peixes, de uma pintura mural em Knossos, Creta, centro da civilização da Idade do Bronze. Em Astrologia, os piscianos se sentem, frequentemente, impelidos – como os peixes do seu signo – em direções opostas. Um dos primeiros sagitarianos – um centauro mítico, metade homem, metade cavalo, que aparece geralmente pisando um rival até a morte. Os deuses egípcios pesam a morte. Na religião babilônica, Libra era vinculada ao julgamento das almas. Na Suméria, existia uma tocante imagem dos capricornianos primitivos – um bode feito de ouro e lápis-lazúli. Capricórnio foi estabelecido como um bode com rabo de peixe, conhecido dos babilônios antigos como Ea, o “antílope do oceano subterrâneo” e como Kusarikku, o peixe-carneiro. Em Carnac, Egito, onde fica uma avenida de figuras, a esfinge de cabeça de carneiro era considerada como um símbolo de poder, mistério e sabedoria. Em todas as civilizações o touro era considerado como um símbolo de força e, frequentemente, de energia criativa. Há uma cabeça de touro em Knossos, Creta que representa o deus-touro. ASTROLOGIA CLÁSSICA. Antigo Egito, Grécia e Roma – Uma Nova Era de Horóscopo Para Todos. Os egípcios foram cientistas afamados e observadores entusiastas dos céus, produzindo mapas estelares desde o quinto milênio AC. Sua preocupação com a elaboração de calendários e com a matemática ajudou consideravelmente o progresso da Astrologia: as funções astrológicas das grandes pirâmides são pesquisadas até hoje. Um dos reis-astrólogos, mais famosos foi Ramsés II, “Osimandias, Rei dos Reis que, ao morrer, me 1223 AC, teve sua tumba ricamente decorada com símbolos astrológicos. Foi ele, ainda, quem fixou os quatro signos cardeais – Áries, Libra, Câncer e Capricórnio. Um relevo do templo de Denderá, datado de cerca de 30 AC, mostra a primeira representação pictórica do Zodíaco de que se tem conhecimento; mais precisamente, dois Zodíacos são retratados, um dentro do outro, apoiados em quatro figuras femininas em pé. Vem do Egito também um grupo de manuscritos colecionados sob o nome de Hermes Trismegistus, o fundador de um culto médico-astrológico. Muitos de seus elementos são puramente mágicos e esses documentos se constituem no primeiro exemplo concreto da ligação entre a Astrologia e o culto; uma das mais interessantes ideias contidas nos manuscritos é a de que existe uma correspondência entre o grande mundo exterior, o macrocosmo, e o homem, o microcosmo. A ASTROLOGIA CHEGA AO POVO. Também os gregos deram grande importância à Astrologia, como testemunha grande números de documentos e monumentos decorados com símbolos astrológicos, que se conservaram através dos tempos. Datam da época de Antíoco de Comena (130 AC 68) os primeiros horóscopos de fontes literárias gregas; aproximadamente dos cinco séculos seguintes em diante, cerca de 180 horóscopos individuais chegaram até nós. De fato, a grande contribuição dos gregos para a Astrologia foi racionalizá-la, elaborando mapas de nascimento ao alcance de todos e não apenas como privilégio do dirigente – como representante do Estado. Por volta do ano 280 AC, o astrólogo babilônio Berosus, cujos trabalhos foram encontrados em bibliotecas gregas, teve condições para criar uma escola de Astrologia de grande sucesso na ilha de Cos, e, já então, astrólogos fixavam e racionalizavam em livros para a posteridade a soma total de seus conhecimentos. Essa eclosão de estudos culminou com o primeiro texto moderno de Astrologia, o Tetrabiblos, atribuído ao grande astrônomo, matemático e geógrafo Claudio Ptolomeu, nascido na Grécia por volta de 120 e falecido em 168, que foi um dos maiores pensadores de seu tempo. Seu trabalho como geógrafo e matemático foi radical e revolucionário, e sua Syntaxis sobreviveu por 1400 anos como a fonte mais acessível das ideias gregas sobre Astronomia. O Tetrabiblos é um livro extraordinário, tão revelador como muitos livros modernos (e melhor do que alguns deles); muitos de seus princípios gerais são aceitos até hoje. ESCRAVOS DO DESTINO: ROMA IMPERIAL. Durante os dois primeiros séculos depois de Cristo, a atividade astrológica centralizou-se na Roma Imperial. Naquele tempo, assim que se evidenciava que um homem era candidato ao trono, os astrólogos se concentravam em seu redor. Naturalmente, os imperadores tendiam a monopolizar os astrólogos disponíveis mais convincentes, mais lúcidos e persuasivos, mantendo-os ocupados em torno do centro do poder – mesmo que fosse apenas para desencorajar os pretendentes ao trono. Esses imperadores consideravam qualquer tentativa de consultar um astrólogo como uma atitude extremamente suspeita, e como indicação provável de uma conspiração para tomada do poder. Tibério (reinou de 14 a 37 DC), de todos os imperadores romanos, foi talvez o mais apegado à Astrologia. Sua ascensão e “destino grandioso” haviam sido preditos em seu nascimento e até o fim de sua vida – principalmente durante seu retiro em Capri – Itália, quando seus excessos fizeram-no um dos homens mais desprezados, temidos e odiados – ele foi cercado pelo que Júnio Juvenal (60 -120) chamou de seu “bando de Caldeus”. O imperador Cláudio que reinou de 41 a 54 DC, tinha ideias antiquadas e preferia a adivinhação pelo voo dos pássaros (augúrios = previsão) à Astrologia; aliás, baniu do país os astrólogos – ainda que sua ordem não tenha sido inteiramente cumprida. Mais tarde, um nobre romano foi apanhado ao consultar um astrólogo para saber quando Cláudio morreria – e foi ele quem teve um fim repentino e violento. Nero que reinou de 54 a 68 DC, embora de modo geral não favorecesse nenhuma religião, era excessivamente supersticioso e foi encorajado por seus duvidosos profetas a cometer grande número de atrocidades. Um suposto astrólogo oficial Bilbilus, aconselhou-o a desviar os efeitos maléficos de um cometa massacrando os líderes das maiores famílias de Roma. A IMPERATRIZ E O GLADIADOR. Imperadores de épocas posteriores, ainda que manifestando ocasionalmente opiniões zombeteiras sobre as superstições antiquadas, tinham o cuidado de conservar um astrólogo em casa. Vespasiano exilou oficialmente todos os astrólogos, mas reteve o mais famoso deles para seu serviço pessoal. Seu filho Tito consultava astrólogos estrangeiros e acreditava firmemente na Astrologia. Domiciano confiava totalmente em astrólogos. Demitia e até assassinava nobre encontrados de posse do Horóscopo imperial, e estudava cuidadosamente os mapas de nascimento daqueles que imaginava poderem estar de olho no trono. Durante o fim de seu reinado cresceram seus temores. Um de seus últimos atos foi ordenar a execução de um astrólogo que havia sido especialmente convocado da Alemanha para interpretar uma série de presságios ameaçadores – e cujas respostas, obviamente, haviam chegado muito perto da verdade! Adriano (117-138) promovia uma espécie de soirée (noite) no primeiro dia de cada ano, quando predizia, com detalhes consideráveis, os acontecimentos do ano, chegando mesmo a prognosticar a hora de sua própria morte. O último dos grandes imperadores, Marco Aurélio (160-180), consultou astrólogos sobre a ligação de sua mulher Faustina com um gladiador, cujos músculos ela vinha admirando evidentemente mais de perto do que quando o via lutando em um estádio; esse mesmo imperador parece também ter mantido um “mago egípcio” provavelmente um astrólogo na corte imperial. Coleção Zodíaco. Bloch Editores. Abraço. Davi.

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